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Larson (1988) as assimetrias de escopo e ligação na construção ditransitiva com OI preposicionado e a concha de Larson

Índice de tabelas do capítulo

Na literatura, as construções ditransitivas ─ quer sejam de duplo objecto (CDO)

3.2. Propostas no âmbito da Teoria de Princípios e Parâmetros 1 Questões centrais abordadas

3.2.1.4. Larson (1988) as assimetrias de escopo e ligação na construção ditransitiva com OI preposicionado e a concha de Larson

Larson, aplicando os testes de Barss & Lasnik (1986) à CDOIP em Inglês, mostra que esta difere da CDO relativamente aos argumentos que apresentam assimetrias de ligação e de escopo - é o DP-tema que liga/tem escopo sobre o PP alvo (/ beneficiário).

– CDOIP

Larson efectuou um estudo actualmente considerado clássico, embora não inteiramente consensual, no que respeita ao tratamento das CDO. Sugere, a partir de propostas de Jacobson (1983-1987), Bach (1979), Dowty (1979) e Chomsky (1955- 1975), a estrutura (22) para a frase John send a letter to Mary. Trata-se de uma estrutura binária em que o VP se desdobra em dois níveis (a concha de Larson), em que o tema é gerado como o mais baixo especificador do VP, sendo que o beneficiário, regido pela preposição to, é o seu complemento.

(22) VP ESPEC V’ V’ V VP John e DP V’ a letter V PP send to Mary

Na representação de (22), o VP interno possui uma estrutura do tipo frásico, na qual o Sujeito é o DP a letter, uma vez que se encontra em posição de especificador de VP. O verbo, juntamente com PP, forma algo equiparável a uma oração pequena. Na mesma estrutura, o verbo sobe de modo a ser governado por FLEX e desse modo receber Tempo e Concordância e, ao mesmo tempo, atribuir Caso ao DP a letter, visto a atribuição de Caso se efectuar sob regência.

- A hipótese transformacional – CDO

A intenção de Larson (1988) era a de unificar sob a mesma teoria a CDOIP e a CDO, partindo da proposta de Baker (1988b), na sua formulação da UTAH (Hipótese da Uniformidade de Atribuição Temática, Uniformity of Theta-Assignment Hypothesis), apresentada em 3.2.4., de acordo com a qual, a relações temáticas iguais corresponde

uma estrutura-P igual. Larson (1988) sugere que a CDO, tenha por base uma estrutura

como (22) e apresente uma derivação semelhante à da construção passiva, em línguas como o Inglês:

i. o Caso atribuído ao OI pela preposição to é absorvido, o mesmo é dizer que a preposição é absorvida;

ii. o papel temático de sujeito de SV é retirado, tornando-se numa posição não temática, sendo assim, o papel temático de objecto tem de ser atribuído a uma posição de adjunção a V’;

iii. estando o OI sem Caso, e a posição de Sujeito vazia, o OI move- se para essa posição de Sujeito, e o verbo move-se para a posição de núcleo de V, atribuindo Caso, à direita, ao Sujeito de SV, resultando a estrutura de (23).

Assim, a CDO em (23) é semelhante à operação da passivização, ao incidir sobre o baixo VP, movendo o beneficiário para a posição de especificador, gerando o tema na posição de adjunto, posição parecida à do argumento usualmente designado complemento Agente da Passiva (by-phrase) em construções passivas. Assim, Larson entende que as frases give a book to John e give John a book são derivadas por uma operação sintáctica pura. Esta proposta foi designada por Larson (1988) como a

(23) VP Spec V’ V’ V VP John send DP V’ Mary V’ DP V DP a letter t t

As estruturas exibidas parecem indicar que em estrutura subjacente, o tema c- comanda sempre o beneficiário, mas este facto não significa que o tema tenha de ser projectado sempre na mesma posição nessa estrutura. Em (22), o tema surge como especificador do VP mais baixo, enquanto que em (23) é um adjunto. Seja como for, as relativas posições sintácticas dos argumentos são consistentes com a hierarquia temática2 em ambos os casos, o que satisfaz a reanálise da UTAH. Na derivação da

2

Não há consenso alargado em relação à hierarquização temática. Para este trabalho, dada a natureza das LB, adoptamos (i), mas colocando o tema em igualdade de circunstancias com beneficiário/ alvo:

i. agente > benefativo/alvo > tema > locativo Kiparsky (1987) --(Inglês)

agente > benefativo>alvo/ experienciador >instrumental>paciente/ tema > locativo Bresnan,Kanerva (1989) e outros – línguas Bantu

ii. agente > alvo/experienciador/locativo > tema Jackendoff (1972) – reflexos em Inglês

Grimshaw (1990) – verbos light em Japonês, verbos psicológicos Li (1990) -- Chinês

Foley e Van Valin (1984) --(vários)

iii. agente > tema > alvo/beneficiário/locativo Carrier-Duncan (1985) – morfossintaxe do Tagalog Larson (1988) --(Inglês)

CDO, o beneficiário, em estrutura derivada, move-se para uma posição em que c- comanda o tema, o que também satisfaz as binding asymetries de Bars & Lasnik (1986). Em relação a atribuição de Caso, o Caso acusativo é atribuído duas vezes, sendo essa a situação canónica em estruturas ditransitivas. O objecto recebe um Caso acusativo estrutural atribuído por FLEX e um Caso acusativo inerente fornecido pelo verbo. Em CDO, ambos os Casos são atribuídos a argumentos diferentes.

Um dos objectivos centrais da proposta de Larson (1988) é a caracterização das assimetrias de escopo e ligação na CDOIP, apenas com base na noção de c-comando assimétrico, sem apelo à noção de precedência (como em Barss & Lasnik (1986)). Larson (1988) mostra que a representação que propõe para a CDOIP capta as assimetrias estruturais do OD e o OI directamente em termos de c-comando assimétrico: (24a)

I showed Mary to herself (b)

*I showed herself to Mary. (25a)

I gave every checki to itsi owner. (b)

??I gave hisi paycheck to every workeri. (26a)

I sent no presents to any of the children. (b)

*I sent any of the packages to none of the children.

Do mesmo modo, a representação que propõe para CDO dá conta das referidas assimetrias nesta construção. Larson (1988) e Demonte (1995) consideram que a CDO é derivada da CDOIP, em que o tema c-comanda o alvo. Este facto acarreta importantes

assimetrias no comportamento estrutural dos dois objectos nas CDO nas quais a anáfora não é c-comandada:

(27a)

I showed Mary herself. (b)

* I showed herself Mary. (28a)

I gave every workeri hisi paycheck.

(b)

* I gave itsi owner every paychecki.

(29a)

I showed Mary herself. (b)

* I showed herself Mary. (30a)

I gave every workeri hisi paycheck. (b)

* I gave itsi owner every paychecki. (31a)

I showed no one anything. (b)

*I showed anyone nothing.

No entanto, Larson (1988) demonstra que assimetrias semelhantes ocorrem em CDOIP (V-DP-PP):

(32a)

(b)

* I showed herself to Mary. (33a)

I gave every checki to itsi owner. (b)

?? I gave hisi paycheck to every workeri

3.2.1.5. Pinker (1989) e Gropen et al. (1989), Larson (1990) - A CDO em Inglês e as