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Alteração da base tributária

Capitulo 2 – ESTADO DA ARTE

2.3. A sustentabilidade fiscal (terrenos e edifícios)

2.3.2. Alteração da base tributária

"Igualdade" e equidade são geralmente reconhecidos como elementos essenciais para um imposto sobre a propriedade.

No entanto, "justiça" é um conceito muito subjetivo e pode variar tendo em conta os divergentes pontos de vista dos diferentes proprietários. Por exemplo, é geralmente aceite que as propriedades com atributos similares em locais similares devem ter os mesmos valores tributáveis (equidade horizontal); de modo a quem contribuiu, esteja a pagar uma quantia semelhante, para desfrutar substancialmente das mesmas comodidades. Isso normalmente é interpretado como a garantia de que as propriedades com valores de

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mercado similares têm autos de infração semelhantes e, portanto, passivos fiscais semelhantes (Plimmer & Mccluskey, 2011).

Na Califórnia, em 1978, a "revolta do contribuinte" garantiu uma mudança do valor de mercado para o valor de aquisição como a base de tributação para as habitações. O valor de avaliação é, portanto, fixada no preço do imóvel (mais 2% todos os ano devido a inflação) de compra. Assim, um contribuinte que comprasse uma habitação em 1980, poderia pagar um imposto baseado no valor de compra desse ano, enquanto um vizinho que comprou uma propriedade idêntica no ano passado, estaria a pagar um imposto baseado no valor de compra do ano passado - e, portanto, um valor acumulado de mais 2% em relação ao ano posterior (Plimmer & Mccluskey, 2011).

Com um sistema de avaliação fixado por PREÇO DO IMÓVEL + 2% do valor da habitação (valor tal que fica sujeito a parâmetros pessoais de avaliadores), levava a uma desvalorização real, caso o valor da inflação fosse superior a 2% - por exemplo, se tivermos uma inflação média de 3% ao ano, como se pode exemplificar no Gráfico 3 com a “Habitação 2”, em comparação com a “Habitação 1” que obedece a base de tributação de 1978, concluiu-se, que no final do 4º ano, estava a ter uma desvalorização real de 4% do valor base. Ora, além de ter um sistema de avaliação da habitação, sujeito a parâmetros pessoais – avaliadores –, logo subjetiva, criava uma tendência de não investir na habitação, pois, a mesma ia perder valor real e nunca ia valorizar.

23 Gráfico 3 – Exemplo da valorização real

A revolta do contribuinte foi desencadeada por um escândalo envolvendo assessores fiscais. Numa altura em que a confiança nos avaliadores é baixa, um custo de aquisição base é preferível porque remove qualquer subjetividade a partir do valor da avaliação e pode, portanto, ser visto como uma figura tributável mais precisa e objetiva. "... nenhum avaliador, nem mesmo um com meios ilimitados, poderia definir uma avaliação da propriedade que fosse estritamente atual e precisa em todos os aspetos." (California Taxpayers’ Association, 1993, citando o The State Board of Equalization, antes para a introdução de Proposition 13) (Plimmer & Mccluskey, 2011).

Esta base de valor de aquisição, a chamada “Proposition 13”, foi julgado "mais justo" pelo Poder Judiciário do Estado, porque, tal base tributária incentiva proprietários residentes a não vender sua propriedade (e, assim, perder o patamar atrativo do imposto a pagar) e isso contribui para preservação bairro, continuidade e estabilidade que, argumenta-se, são resultados altamente desejáveis e sustentáveis (por exemplo, Beaumont, de 1994; Picker, 2005). Essa base de imposto também oferece um alto grau de previsibilidade sobre fatura fiscal do próximo ano. Pesquisa (Beaumont, 1994) mostra que o valor de aquisição é percebida como mais inovadora do que uma base ad valorem e que os grupos de renda idosos e baixos foram os mais beneficiados com a mudança - também um resultado sustentável e útil, pode-se argumentar (Plimmer & Mccluskey, 2011). 94% 96% 98% 100% 102% 104% 106% 108% 110% 112% 114%

Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Áno 4

Valor Real da Habitação

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Beaumont (1994) fornece uma nova justificação, citando a partir do caso “Amador Vale Joint Union High School vs. State Board of Equalization” (1978). Assim:

“Proposition 13” não discrimina contra os proprietários que adquiriram a sua propriedade após 1975, pois estes são avaliados e tributados, exatamente da mesma maneira, que aqueles que compraram em 1975, ou seja, o valor base é previsto a partir do preço de compra do proprietário.

Argumenta-se (California Taxpayers Association, 1993) que "os donos dos imóveis na Califórnia provavelmente não pagam nenhuma penalidade fiscal real sob a “Proposition 13”, porque as avaliações diferenciais são capitalizadas no preço de compra." No entanto, na venda de uma habitação, qualquer “valor de reserva” – valor que se acumulou 2% ao ano – tem de ser construída novamente na compra e subsequente ocupação de uma nova habitação. Isto teve um impacto negativo sobre o mercado imobiliário.

No entanto, o resultado inevitável da “Proposition 13” foi uma grave perda de receita, nos ganhos das autoridades, bem como uma perda de equidade horizontal e vertical (Beaumont, 1994). Existe evidências (Beaumont, 1994) dos proprietários investirem nas suas casas, quando comparado, com outros tipos de oportunidades de investimento de capital. Isto levou a que menos (e insuficiente) habitações novas fossem construídas e transformando o incentivo no sistema fiscal, num estímulo a que os proprietários não vendessem. Isto significa que os custos de aquisição de imóveis residenciais fossem particularmente elevados e que o mercado seja ineficiente na redistribuição da oferta em relação as novas exigências para moradias, deixando em desvantagem os proprietários mais jovens e as empresas mais recentes.

Também houve uma redução significativa no rendimento do imposto sobre a propriedade, o que forçou os municípios a confiar mais em outras formas de rendimento (por exemplo o imposto sobre vendas locais) e também a serem inovadores e criativos com outras oportunidades de aumentar a receita com taxas e remuneração de serviços (especificamente fontes não-fiscais). De acordo com Beaumont (1994) tais encargos e taxas “...têm características positivas no seu potencial de receita e eficiência na alocação de recursos."

25 No entanto, isso resultou em municípios a competirem uns contra os outros para incentivar os contribuintes comerciais sob a sua jurisdição (“Proposition 13” só se aplica a imóvel residencial). Como Beaumont (1994) diz: "A Califórnia tem um excesso de centros comerciais”.