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Alterações e ajustes do Programa UFGInclui

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CAPITULO 3 CONTEXTUALIZAÇÃO E TRAJETÓRIA DO PROGRAMA

3.4 UFGInclui

3.4.1 Alterações e ajustes do Programa UFGInclui

Instituído pela RESOLUÇÃO CONSUNI 29/2008, o Programa UFGInclui sofreu

algumas alterações ou ajustes, conforme foi anunciado nas Resoluções: CONSUNI Nº 20/2010, CONSUNI Nº 18/2011, CONSUNI Nº 31/2012. A primeira delas surgiu por iniciativa da Faculdade de Letras (FL), que solicitou pelo Memorando Nº 96/2010-FL de 3 de setembro de 2010, a inclusão do Curso de Letras: Libras no Programa UFGInclui, com a seguinte proposta:

1 - Do total de 40 vagas oferecidas para o Curso de Letras: Libras, 15 vagas serão destinadas, no edital do Processo Seletivo 2011, a candidatos surdos que serão submetidos a um processo seletivo especial.

2 - As 25 vagas remanescentes serão para candidatos ouvintes e para candidatos surdos que optem por fazer as provas regulares do processo seletivo 2011.

3 - Caso haja vagas não ocupadas entre as 15 reservadas aos surdos, essas poderão ser ocupadas por candidatos ouvintes, aprovados no processo seletivo regular e vice- versa (UFG, 2007d, p. 186).

Segundo o Processo do Programa UFGInclui (p. 189), o CEPEC aprovou por

unanimidade a solicitação da FL no dia 10 de setembro de 2010. No dia 24 do mesmo mês, o CONSUNI homologou por unanimidade, a alteração a ser feita no Programa, que se tornou regulamentada na forma da RESOLUÇÃO CONSUNI Nº 20/2010.

A segunda Alteração se refere aos candidatos das categorias: estudante oriundo de

escola pública; e estudante negro oriundo de escola pública. Esses ficariam desobrigados de comprovar os últimos cinco anos em escola pública se não fossem “[...] convocados adicionalmente da 1ª para a 2ª etapa e não [...] [precisassem] ser convocados por cotas para o resultado final” (UFG, 2007d, p. 251), ou seja, alcançassem pontuação suficiente para ingressar pelo sistema universal. Sendo assim, o candidato não se utilizaria das vagas reservadas, disponibilizando-as para quem delas necessitar.

Porém, o candidato que ao participar do Processo Seletivo, fizer a opção pela categoria

negra oriundo de escola pública, embora sustentando uma pontuação suficiente para ingressar pelo sistema universal, continua obrigado a participar da entrevista, segundo critérios definidos em edital. Essa alteração foi aprovada pela Câmara de Graduação do CEPEC no dia 8 de agosto de 2011 (p. 252) e regulamentada pela RESOLUÇÃO CONSUNI Nº 18/2011, por meio da sessão ordinária realizada dia 2 de setembro de 2011. A terceira alteração realizada no Programa refere-se aos candidatos surdos. Ela estabeleceu:

O candidato portador de deficiência auditiva que fizer a opção pelo curso de Letras-Libras do programa UFGInclui, como estudante surdo, e não entregar ou enviar o laudo médico ou, ainda, não for considerado portador de deficiência pela Junta Médica, deixa de participar desse Programa e, automaticamente, estará inscrito no curso Letras-Libras pelo Sistema Universal (Cf. UFG, 2007d, p. 253),

(sic) . Grifos da fonte.

Para que a alteração pudesse constar no edital do Processo Seletivo 2012-1, a Pró-

Reitora de Graduação aprovou-a ad referendum, por já não havia tempo hábil para a apreciação de tal alteração na Câmara de Graduação, pois a instância imediatamente superior já a tinha agendado, ou seja, já tinha “[...] em vista a convocação para a reunião extraordinária do CEPEC convocada para a data de hoje (26/08/2011) para analisar o edital do processo seletivo” (Cf. UFG, 2007d, p. 253). Assim, foi possível apresentar ao Conselho a referida

proposta para análise. Conforme a Certidão de Ata do CONSUNI, datada de 2 de setembro de 2011, esta matéria também foi regulamentada na RESOLUÇÃO CONSUNI Nº 18/2011 (Cf. UFG, 2007d, p. 255).

A alteração seguinte surgiu da necessidade de manter a isonomia entre os candidatos

participantes do Programa UFGInclui. Para tanto, foi preciso exigir dos candidatos das categorias Indígenas e Quilombolas a comprovação de que estudaram os dois últimos anos do Ensino Fundamental e os três anos do Ensino Médio, integralmente, em escola pública. Desta forma, estariam cumprindo com as mesmas exigências impostas às categorias estudante de escola pública e estudante negro de escola pública. Essa proposta foi encaminhada à Câmara de Graduação pela Pró-Reitora no dia 4 de junho de 2012 e, assim, após a aprovação nessa Câmara, CEPEC e CONSUNI, passou a ser normatizada pela RESOLUÇÃO CONSUNI Nº 31/2012.

Em 15 de outubro de 2012, outra alteração tornou-se necessária, em função da publicação da Lei nº 12.711 de 29 de agosto de 2012. Entre outras medidas, essa lei dispôs sobre o ingresso nas universidades federais, ou seja, impôs a implementação de reserva de vagas, regulamentadas pelo Decreto nº 7824 e normatizadas pela Portaria nº 18, ambos datados em 11 de outubro de 2012. Essa nova Lei, apresentada no Capitulo II desta tese, provocou a quase extinção do Programa UFGInclui, que ficou assim configurado:

1) Ficam excluídas as categorias estudantes de escola pública e negros de escola pública; 2) Ficam mantidas as demais categorias, seguindo o que determina o Programa UFGInclui (Cf. UFG, 2007d, p. 261).

Portanto, a partir de 2013, o Programa UFGInclui se apresentou com nova configuração,

excluindo as categorias estudante de escola pública e negro de escola pública por considerá-las contempladas com a nova Lei 12.711. Foram mantidas as categorias Indígenas e Quilombolas, oferecendo a cada uma delas, uma vaga em todos os cursos que tivessem demanda, seguindo o que determinava o Programa. Essa alteração também se efetivou na RESOLUÇÃO Nº 31/2012 de 19 de outubro de 2012, que se apresentou com mais alguns ajustes e ratificações, apontados em três de seus artigos, expostos a seguir:

Art. 1º O Programa de Inclusão da UFG – UFGInclui será aplicado da seguinte forma: I – acréscimo, quando houver demanda, de uma (1) vaga em cada curso de graduação da UFG para serem disputadas por indígenas oriundos de escola pública (3 anos do ensino

médio) que se inscreverem para estas vagas especiais. O indígena deverá apresentar

documento que comprove esta condição segundo o exigido em edital;

II – acréscimo, quando houver demanda, de uma (1) vaga em cada curso de graduação da UFG para serem disputadas por negros quilombolas oriundos de escola pública (3 anos do ensino médio) que se inscreverem para estas vagas

especiais. O negro quilombola deverá apresentar documento que comprove esta condição segundo o exigido em edital;

III – do total de vagas oferecidas no curso de graduação em Letras: Libras, quinze (15) serão destinadas a candidatos surdos, os quais serão submetidos a processo seletivo especial.

Parágrafo único. Caso não existam candidatos classificados nas vagas destinadas aos candidatos surdos no curso de Letras: Libras, as vagas serão preenchidas por ordem de classificação pelos candidatos que optaram no ato da inscrição, pelo sistema universal.

Art. 2º O programa UFGInclui compreende, ainda, o aproveitamento das notas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, no cálculo da nota final de todos os candidatos convocados para a 2ª etapa.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor nesta data, revogando-se as disposições em contrário (UFG, 2007d, p. 265).

Embora a proposta do Programa, implantado em 2009, tenha sido planejada para

permanecer efetiva durante dez anos, a Lei das Cotas definiu outro Norte, provocando o fim de sua primeira configuração que se manteve em vigor até 2012, portanto, com quatro anos, registrando menos da metade do tempo previsto. Fechando, pois, o que foi exposto neste capítulo, ficou claro que a proposta do Programa UFGInclui que partiu da Reitoria não foi a primeira iniciativa tomada na direção da inclusão. Outras já tinham sido efetuadas, há algum tempo, com a preocupação de construir uma proposta de educação inclusiva para a UFG, firmada e fundamentada em discussões dialogadas com a comunidade acadêmica com vistas a alcançar um projeto mais abrangente e eficaz.

Todavia, por que não dizer, a proposta que se consolidou não atendeu de forma

adequada as expectativas do movimento negro, conforme foi abordado nas discussões sobre esse segmento, que requer um olhar diferenciado e atento no sentido de contribuir para superar o abismo que existe entre os universitários brasileiros brancos e negros. Em que tenha pesado tal limite, cabe ressaltar que a vivência da implantação de ações afirmativas propiciou uma reflexão capaz de contribuir para preencher as lacunas encontradas no Programa, especialmente se os gestores “[...] reconhecerem que as políticas afirmativas se fazem a partir de uma construção coletiva que envolva relações dialógicas, francas e abertas” (Cirqueira, 2012, p. 284).

Faltaram também diálogos que poderiam enriquecer as discussões entre as Pró- reitorias e os gerenciadores de recursos da assistência estudantil (caso da PROCOM) sobre experiências voltadas para estudantes cotistas. A questão da permanência, evidenciada na literatura sobre a inclusão, requer uma política ampla e diferenciada, que deve ser debatida e ampliada, por se tratar de fator central para a consolidação e eficácia das ações afirmativas de inclusão no ensino superior.

Em síntese as proposições politicas de ações afirmativas na UFG, em termos mais efetivos ocorreram a partir do ano de 2004 conforme explicitação do Quadro 6.

Quadro 6: Síntese das Proposições Políticas de Ações Afirmativas na UFG – 2004 a 2013

1ª alteração - Inclusão Letras libras para Surdo

2ª alteração - desobriga o cotista, caso seja convocado pelo sistema universal, de comprovar ser egresso de escola pública 3ª alteração - para candidatos surdos - caso não enviem laudo médico concorrerá pelo sistema universal

4ª alteração - para manter a isonomia - candidatos quilombolas e índios terão que comprovar ser egresso de escola pública

** O Programa UFGInclui continuou apenas com: uma vaga para Negro Quilombola; uma vaga para Indígenas e Letras Libras para Surdos

1ª Proposta 2004 Proposta de Ação Afirmativa para estudantes Negros(as) de Graduação na Universidade Federal de Goiás, elaborada

por Joaze Bernardino e Alex Ratts

2ª Proposta 2006

Pré-Projeto de Ações Afirmativas para Estudantes e Docentes Negros(as) na UFG, elaborado pelos grupos CANBENAS

e o NEAAD-UFG

3ª Proposta 2007

Programa UFGInclui (primeira versão) elaborada pelos gestores da UFG

4ª Proposta 2007

Programa de Ações Afirmativas para Estudante de Escola Pública, Negros (as),

Indígenas e Quilombolas na Universidade Federal de Goiás, elaborada por profs e

membros do movimento negro.

5ª Proposta 2008 Programa UFGInclui (versão final), elaborado pela Comissão presidida pela Pró-Reitora da PROGRAD, com sugestões

que vieram da 4ª proposta. Resolução CONSUMI nº 29/2008, “cria o

Programa ‘UFGInclui’ na Universidade

Federal de Goiás e dá outras providências”. *

2013

Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012 “Dispõe sobre o ingresso nas universidades

federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras

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