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2 Referencial Teórico

DF Brasília

4.1.2 Ambiente ou Sistema de Inovação no Brasil

Iniciativas de Sistemas de Inovação estão sendo realizadas em diversos estados do Brasil, como Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal, como demonstra a ilustração 1.

Ilustração 1 – Iniciativas de Sistemas de Inovação no Brasil. Desenvolvido pela autora.

Essas iniciativas podem ser conceituadas como Arranjos Produtivos Locais (APLs), Pólos Tecnológicos, Parques tecnológicos, ou nomeadas de maneira diversa. Mas todas fazem parte do Macrossistema Nacional de Inovação, ou Sistema Brasileiro de Inovação, no qual políticas e incentivos governamentais, esforços empresariais, de instituições não-governamentais e de universidades vêm

contribuindo para a difusão e aumento da inovação no país.

Esses movimentos regionais espontâneos surgem de todas as partes do Brasil e têm pouca interação entre si. Algumas experiências obtiveram êxito, outras simplesmente ficaram estagnadas e outras estão em fase inicial de formação. Assim, o critério de escolha das iniciativas foi que houvesse um órgão gestor desses sistemas regionais de inovação com documentos constituintes, que houvesse o envolvimento dos atores governo, universidade, empresas e que tivesse algum tipo de liderança para relatar a experiência.

Com as informações e documentos obtidos em seus respectivos sítios, foi possível caracterizar e entender como se conceituam e como é cada uma dessas iniciativas. Para contextualizar a pesquisa, segue uma síntese de cada Sistema de Inovação.

No Rio Grande do Sul, surgiu em 1995 o projeto Porto Alegre Tecnópole (PAT). Iniciativa, na época, de nove instituições representativas do poder público, do meio empresarial, do meio acadêmico e dos trabalhadores, que formalizaram parceria para desenvolver ações conjuntas e articuladas visando à promoção socioeconômica da Região Metropolitana de Porto Alegre, com base na inovação e no desenvolvimento tecnológico. O PAT era gerido por um comitê executivo com membros representantes de cada um dos parceiros e desenvolvia diversos projetos.

Os objetivos do Porto Alegre Tecnópole eram:

o contribuir para o desenvolvimento econômico e social da Região Metropolitana de Porto Alegre, com a reavaliação dos modelos já existentes em decorrência do surgimento do novo paradigma da Sociedade do Conhecimento;

o conduzir ao desenvolvimento pleno as potencialidades existentes no âmbito da ciência e da tecnologia na Região Metropolitana de Porto Alegre com a participação do poder público, da sociedade civil e das instituições de ensino e pesquisa;

de habitats de inovação com a promoção de sinergias entre os atores do processo;

o aprimorar as condições locais de inserção competitiva no âmbito da produção de bens e serviços, tendo em vista o processo de globalização da economia, por meio da promoção dos processos de inovação tecnológica;

o promover a elevação do nível de renda, a geração de oportunidades de trabalho qualificado e a ampliação da capacidade de investimento público como efeito do processo do surgimento de um ambiente favorável ao novo modelo de gestão de desenvolvimento tecnológico nas cidades.

Em Florianópolis, Santa Catarina, o projeto Sapiens Parque foi concebido com o objetivo de criar um Parque de Inovação que promovesse e fortalecesse os setores econômicos vocacionais da cidade, como turismo, serviços e tecnologia, priorizando o estudo de questões ambientais e de bem-estar da sociedade. O projeto, com previsão para implantação em módulos, ao longo de 17 anos, objetiva construir um ambiente com alta tecnologia no qual a criação de novas competências, conhecimentos e valores devam ser utilizados como o principal fator de sustentabilidade e competitividade. O Parque de Inovação possui infra-estrutura e espaço para abrigar empreendimentos, projetos e outras iniciativas inovadoras estratégicas para o desenvolvimento de uma região, e se distingue por possuir um modelo para atrair, desenvolver, programar e integrar essas iniciativas, visando estabelecer um posicionamento diferenciado, sustentável e competitivo.

No Rio de Janeiro, uma associação sem fins lucrativos, denominada Rede de Tecnologia (Redetec), reúne 45 das principais universidades, centros de pesquisa e instituições de fomento do estado. A Redetec estimula, fomenta, apóia e mobiliza os diversos segmentos da sociedade e dos poderes públicos em toda e qualquer atividade que promova a pesquisa, o desenvolvimento e a implantação de inovações

tecnológicas, científicas e culturais realizadas no Rio de Janeiro. Assim, a Redetec aproxima as empresas das instituições de ensino e pesquisa associadas, visando ao desenvolvimento socioeconômico e tecnológico do estado do Rio de Janeiro.

A Redetec oferece soluções por meio de consultas tecnológicas; capacita o empreendedor por intermédio de clínicas tecnológicas e treinamentos; gera negócios por meio do Escritório de Tecnologia (Entec); promove a divulgação das atividades de ciência e tecnologia com o Programa Rio Inteligente; forma grupos de interesse comum para estudar temas relevantes ao desenvolvimento socioeconômico do Rio de Janeiro por intermédio de Redes Temáticas; estabelece canais de comunicação eficientes para seus diferentes públicos.

Outra experiência é o Porto Digital em Recife, Pernambuco, resultado do ambiente de inovação que se consolidou em Pernambuco nas últimas décadas. Em um ambiente atrativo para inovação, instituições, empresas, universidades e governos, foram fomentadas mudanças econômicas e sociais que estão gerando riqueza, emprego e renda. Definido como Arranjo Produtivo de Tecnologia da Informação e Comunicação, com foco no desenvolvimento de software, o Porto Digital está situado no Recife, capital de Pernambuco, no Nordeste brasileiro. O Porto Digital surgiu em julho de 2000 e é um projeto de desenvolvimento econômico que agrega investimentos públicos, iniciativa privada e universidades, compondo um sistema local de inovação que tem, atualmente, 94 instituições entre empresas de Tecnologia Informação e Comunicação (TIC), serviços especializados e órgãos de fomento.

Em cinco anos de operação, o Porto Digital transferiu 3.000 postos de trabalho para o bairro onde está instalado, atraindo dez empresas de outras regiões do país e quatro multinacionais, abrigando, ainda, quatro centros de tecnologia. Vieram do governo do estado os recursos iniciais, de R$ 33 milhões, destinados a criar a infra-estrutura e as condições necessárias para a implantação e operação do Porto Digital, cuja missão é inserir Pernambuco no cenário tecnológico mundial. Para implantar o modelo de governança e os projetos estruturadores, foi criado o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD), associação civil sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social (OS). O NGPD também desenvolve projetos de capacitação para jovens e fornece ferramentas para promover a inclusão social da

comunidade do Pilar, situada ao norte do Bairro do Recife.

O programa Bahia Inovação busca disseminar na Bahia os programas e projetos de apoio nacionais e estaduais que possam fomentar as principais atividades das áreas prioritárias do estado, com o objetivo de promover o desenvolvimento da inovação e do empreendedorismo, especialmente para o estímulo à cooperação entre as empresas, as instituições de ensino superior, os centros de pesquisa, organizações não-governamentais e o governo.

A Agência de Inovação Inova Unicamp, criada em 2003 e instituída em 2004, tem como objetivo estabelecer uma rede de relacionamentos da Universidade de Campinas (Unicamp) com a sociedade para incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento. Como missão, busca fortalecer as parcerias da Unicamp com empresas, órgãos de governo e demais organizações da sociedade, criando oportunidades para que as atividades de ensino e pesquisa se beneficiem dessas interações e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país. É uma instituição que gera benefícios para a Unicamp e busca se consolidar como modelo auto-sustentável de efetivação de parcerias.

Em Brasília, a proposta desde 2003 é o Parque Tecnológico Capital Digital, um empreendimento que oferece condições privilegiadas à instalação e operação de empresas que atuam na fronteira da tecnologia. O Parque será um pólo de tecnologia da informação no DF e reunirá empreendimentos intensivos em conhecimento, no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação. Em uma área de 123 hectares, o Pólo se situa na saída de Brasília, na Rodovia DF-003, perto da Granja do Torto, uma das residências oficiais do Presidente da República.

O projeto Parque Capital Digital terá condições de oferecer espaço e infra- estrutura técnica para interação e sinergia entre empresas, clientes, governo e instituições de ensino e pesquisa. Outras propostas do Parque são a promoção de Projetos Cooperativos de Desenvolvimento, a gestão estratégica voltada ao marketing das empresas, a atração de novos empreendimentos e um ambiente de inovação e estimulo à criatividade.

O projeto do Parque Tecnológico Capital Digital tem como objetivos específicos (SPOLIDORO e FISHER, 2006):

produção de bens e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação e na aplicação dessa tecnologia para resolver problemas e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos; o contribuir para o desenvolvimento econômico e

social, de forma integrada e sustentada, de todo o Distrito Federal e Entorno, assim como na Região Centro-Oeste como um todo, por meio do uso da Tecnologia da Informação; o promover, ao mesmo tempo, a cooperação e a

competição. O estimulo à cooperação por intermédio da concretização de alianças estratégicas gera ganhos internos e a competição gera inovação, obtendo-se ganhos contínuos de produtividade, rentabilidade, qualidade e competitividade;

o estabelecer uma rede de relações que permita fluxo de conhecimento e de informações entre empresas e as instituições governamentais, de ensino e pesquisa e representativas de categorias profissionais, para estimular a inovação no setor de Tecnologia da Informação.

O quadro abaixo demonstra as características básicas de cada sistema de inovação identificado. Sistema de Inovação Gestor Qualificação gestor

Terreno Org. Fundação

Porto Digital (PE) NGPD – Núcleo de Gestão do Porto Digital Associação Civil sem fins lucrativos, organização social 100 hectares 104 Julho 2000 Bahia Inovação (BA) Tecnovia Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) Fundação pública 500 mil m2 (destinado) 24 2006 Porto Alegre Tecnópole (RS) Comitê Executivo do Programa s/c s/c 9 1995 Sapiens Parque (SC) Conselho de Administração do Sapiens Parque Fundação Certi 4 mil m2 inicial 4,5 milhões m2 projetados 24 2005 Redetec (RJ) Redetec Associação sem fins lucrativos s/c 45 s/c Inova (SP) Universidade de Campinas (Unicamp) Universidade Federal s/c s/c Julho 2003 Parque Capital Digital (DF) Grupo Executivo para Implantação do Parque Tecnológico Capital Digital – GEIPAC Órgãos do governo, como: SDCT SDE Terracap 123 hectares Estimativa de 2000 empresas 2003 (lei)

Quadro 4 - Levantamento inicial das características dos ambientes de inovação estudados. s/c – sem conhecimento