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2 Referencial Teórico

DF Brasília

4.6 Visões do governo, universidade e empresa

4.6.3 Visão das empresas CN

No âmbito empresarial a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) representa a opinião de um grande segmento da economia brasileira, o diretor da CNI, R.L., foi entrevistado para coleta de informações a respeito.

O conhecimento gerado no âmbito interno das empresas, de acordo com a CNI, não é compartilhado. “A empresa naturalmente não compartilha conhecimento, nem mesmo quando ela coopera, mesmo quando há coalisão em APL. É natural a empresa reter o saber.” (R.L.). Entretanto, a CNI entende que há alternativa para que exista esse ambiente cooperativo, “as instituições associativas, confederações e federações, têm papel de criar um ambiente maior de interações institucionais, formação de redes, base para a coalisar, às empresas atuam juntas, mas não vão compartilhar o conhecimento tecnológico, estarão compartilhando saberes. Culturas, centrais de compras, apoio à pesquisa básica.” (R.L.).

Na visão empresarial a participação do governo, como parceiro estratégico, é no apoio ao financiamento de pesquisas comuns e básicas. “Nos EUA é comum programas de apoio a financiamento a pesquisas básicas, como supercarro. É a associação do governo com as montadoras que vão dar as inovações tecnológicas e que cada uma vai apropiar em seus modelos. É um conjunto de inovações que vão propiciar a melhoria do desempenho da competição das empresas daquele país.” (R.L.).

No Brasil existe os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e redes empresarias, envolvendo a conjunção de atores. Porém a participação das empresas no Brasil é pequena. “Faz parte do nosso maior desafio, ter um número maior de empresas participando desse processo. Um dos nossos desafios é fazer a empresa brasileira entender que muitas vezes cooperar é melhor do que competir.” (R.L.).

Para a CNI a comunicação de um Sistema de Inovação deve ser feita por redes institucionais. E a gestão deste sistema ainda passa por definições. “Governança é o grande desafio para gerenciamento da rede. É complicado para as empresas abrirem mão do seu centro de decisão, delas estabelecerem uma relação de coalisão, de como elas vão competir melhor. Esse é um elemento de cultura. Isso explica porque as empresas não abrem mão daquilo que elas consideram o seu limite” (R.L.).

Do ponto de vista empresarial os fatores essenciais para o êxito das inovações são:

o participação em um ambiente de Inovação;

o existência de gestão da inovação no ambiente interno;

o identificação e disseminação rápida de oportunidades tecnológicas e industriais futuras por parceiros de um ambiente de inovação.

Outros fatores favoráveis para ao ambiente de Inovação são “segurança, políticas públicas, maior instituições de apoio e de conhecimento para essa ação de cooperação, boas estratégias adaptadas a realidade local, agenda construída pela demanda das empresas, mobilização desses atores, redes com foco definido (qual é o alvo), as empresas terem um nível de harmonia muito grande, não precisam ser iguais, pode ter um conjunto de pequenas empresas e uma empresa grande, um cluster bem eficiente.” (R.L.).

Foram destacados também fatores que pouco influenciam as inovações, como participar de um processo constante de interações, discussões e negociações entre governo, universidades e compartilhamento sistemático do conhecimento com governo, universidades e outras empresas.

4.7 Resultados

O problema aqui levantado é saber quais são as condições necessárias para uma parceria estratégica entre governo, universidade e empresas desenvolver inovação, por meio da gestão do conhecimento e aprendizado organizacional. Mas, Carayannis; Alexander e Ioannadys (2000) advertem que, para cada estrutura

inovativa, é demandada gestão das competências e capacidades organizacionais para encorajar o compartilhamento de informações entre os membros.

Esperava-se com a pesquisa encontrar características e fatores que possam contribuir para a implantação de novos Sistemas de Inovação. Foram considerados para análise três pilares considerados essenciais para gerar inovação, eleitos pelo Council Competitiviss dos Estados Unidos e pelo Movimento Brasil Competitivo (2007), talentos, infra-estrutura e investimentos. Além de outros fatores como prospecção tecnológica, comunicação e gestão do conhecimento, modelo de gestão compartilhado e associação do ambiente com o bem-estar social.

Em geral, observaram-se algumas características comuns dos ambientes de inovação estudados:

o Conceito do Sistema de inovação

A integração dos atores, em geral, não é conceituada como um sistema de inovação. Por diversas razões, como estar iniciando-se o programa e ainda não ter uma concepção consensual do que seja, desconhecimento do conceito, nível de especialização em determinada área muito alto, falta de registros de inovações gerados no ambiente.

Assim alguns programas se denominam de Arranjo Produtivo Local (APL) em determinada área, outros de parques tecnológicos, outros de programas ou iniciativas, ou, ainda, de redes. Mas todos os sistemas estudados enquadram-se como promotores da inovação a partir da interação entre governo, universidades e empresas. Então o conceito de Sistema de Inovação continua válido, e englobam todas essas denominações. Poderia se dizer que são Sistemas Locais de Inovação ou Sistemas Regionais de Inovação, que reunidos fazem parte de um Sistema Nacional de Inovação, em estruturação.

o Constituição de talentos

Na maioria dos programas a formação de uma base de cientistas e profissionais dispostos a articular em prol da geração de novas tecnologias e produtos. Na maioria dos programas existe a promoção do trabalho em grupo entre os trabalhadores, cientistas e os participantes (empresas, governo e sociedade).

Em alguns programas há também o interesse na formação de empreendedores, pois a geração de novos negócios a partir da utilização de novas

tecnologias, geradas dentro do ambiente do sistema de inovação, valoriza os resultados alcançados com a interação no sistema.

A academia muito valoriza os talentos, os quais devem ser empreendedores e criativos. Para Ed. M., do CDT/UnB, os talentos, no aspecto técnico associado no desenvolvimento de conhecimento, é a mola propulsora da inovação. Os talentos são importantes para que a inovação aconteça, mas eles precisam estar interagindo e dentro do ambiente que proporcione inovação. E segundo Amabilie (1996) para o ambiente inovador obstáculos devem ser eliminados, como a competição, as reações contrárias a novas idéias, a falta de compromisso para inovar. No Porto Digital esse ambiente foi encontrado.

Ainda, segundo Amabilie (1996), no ambiente é preciso existir estímulos redundantes, direção estratégica para projetos, autonomia processual para sua elaboração, trabalhos desafiantes, interessantes e importantes, ter prêmios e reconhecimento em razão da criatividade, bem como freqüente feedback com foco no trabalho, manter as equipes diversificadas e estimuladas, a comunicação aberta e colaborativa e, por fim, que haja comprometimento de adequar recursos e tempo para os projetos.

Ed. M., do CDT/UnB, reforça essa idéia quando fala que o ambiente capacite pessoas no aspecto técnico, de inovação e criatividade associado ao desenvolvimento de talentos e conhecimento.

o Necessidade de infra-estrutura

Apesar de o sistema ser formado por partes interdependentes (governo, universidades e empresas), não necessariamente reunidos em um mesmo local, há a necessidade da existência de uma infra-estrutura que dê suporte as ações dos atores envolvidos, uma pessoa jurídica responsável pelo sistema e promotora de ações que valorizem e aumente o trabalho desenvolvido. Em alguns casos é uma organização sem fins lucrativos; em outros casos é um órgão governamental. Nos programas formados existe essa figura institucional e naqueles em que, ainda, é só projeto, está prevista uma organização administrativa.

Outro aspecto relacionado com a infra-estrutura é o local físico. A maioria dispõe de terrenos para construção de parques tecnológicos, ou para a construção da sede do órgão gestor do sistema. Aqueles sistemas que não têm terrenos, já têm

a promessa de ganhar. É como se, não havendo um ambiente tangível, o programa não se desenvolvesse. As políticas e normas de participação podem acontecer virtualmente, pela web. Porém, os programas ficam na expectativa de mostrar ativos tangíveis, o que demonstra para eles, crescimento e consolidação do programa.

o Investimento é essencial

Capital para investir em infra-estrutura, formação educacional, pesquisas. A sobrevivência do sistema de inovação depende de investimentos, que podem ser do governo, maior financiador destas iniciativas, ou da iniciativa privada que acredita no projeto e tem prospecção no que está sendo desenvolvido no programa. No caso do Porto Digital, apesar do gestor ser sustentado pelos associados, o governo é peça essencial para manutenção dos investimentos. No Bahia Inovação praticamente o investimento inicial é do governo. No Sapiens o governo é sócio majoritário.

Tem programas mantidos por investimentos do governo e por sócios mantenedores da instituição gestora. Em outros programas depende-se quase que exclusivamente do aporte de capital do governo ou da instituição que o fundou. De qualquer forma o investimento é essencial, sendo fator comum em todos os programas.

o Interatividade entre os participantes

Fundamentado na idéia de que os processos inovativos são caracterizados por um aprendizado interativo; interatividade pavimenta o caminho para a visão sistêmica da inovação. Os sistemas ao se formarem buscam essas interatividades entre os atores envolvidos, com reuniões, listas de discussão, e-mails, elaboração de documentos, sites. Desta forma garantem a motivação dos participantes e constrói um aprendizado coletivo para alcançar o objetivo a que se destina o sistema, a inovação.

No Porto Digital criou-se até uma rede, chamada Edunet, das organizações que participam do Porto para que possam comunicar entre si e colocar o aprendizado em discussão. É uma forma de transferir o conhecimento tácito, as redes propiciam isto. Enquanto no Bahia Inovação a transferência de conhecimento é menos periódica ou não controlada pelos gestores. Mas existe nas reuniões de resultados.

neste sentido de compartilhamento, as instituições associativas e confederações fazem esse papel de criar uma ambiente de interações, formando redes e gerando uma base de coalisão com outras instituições. Essa é uma das principais responsabilidades de um gestor de sistema de inovação, promover efetivamente a interação entre as instituições participantes.

No Porto Digital os documentos estatutários exigem a realização de projetos e programas de criação e difusão de conhecimento em tecnologia da informação, comunicação e cultura. No Sapiens e no projeto do Capital Digital também são previstos projetos cooperativos. Esses projetos propiciam a identificação e disseminação rápida de oportunidades tecnológicas e industriais futuras por parceiros de um ambiente de inovação. Fatores colocados como essenciais pelas empresas e academia.

o Desenvolvimento fortemente integrado em paralelo

Fortes articulações com principais consumidores, integração estratégica com fornecedores primários. Articulações horizontais acontecem em alguns programas, de diversos tipos: desenvolvimento conjunto de produtos e grupos de pesquisa cooperativa. A integração estratégica se refere às parcerias em P&D e redes de produção.

Percebe-se que é uma conseqüência natural essa integração paralela, pois na medida em que existe a comunicação entre os participantes, na maioria gerada pelos gestores, flui o pensamento criativo, e as articulações acontecem sem a influência do gestor do sistema. Exemplos de empresas concorrentes que interagem em busca de um produto complementar, aproveitando suas especialidades. Outro exemplo é a fundação de instituições de pesquisa que integram ao sistema e são criadas a partir de acordos entre os participantes para estudar uma determinada tecnologia ou para desenvolver pesquisa conjunta e compartilhar os resultados entre os integrantes do sistema.

o Transferência de conhecimento

Os sites dos sistemas são alimentados frequentemente e têm diversas informações como notícias e documentos. Em alguns dispõe de ambiente restrito para que os associados tenham acesso a maior número de informações. Por meio de LANS, EDI, intranets e internet, a comunicação é baseada na web.

Observa-se, ainda, que o ambiente de inovação a interação entre os atores envolvidos, como governo, universidade e empresas é produtor de conhecimento. Pois, por meio de investimentos é possível adquirir informações para subsidiar os talentos institucionais na solução de problemas demandados pelo mercado. Assim ao produzirem soluções estarão produzindo propostas de conhecimento, que poderão ser compartilhadas com outras organizações, concorrentes ou não, participantes deste ambiente de inovação ou disseminadas, disponíveis para ser buscadas por quem necessite daquele conhecimento. Esse aprendizado individual ou grupal é registrado por meio de projetos, atividades e tarefas que são realizados por competências individuais existentes que colocarão aquela inovação para ser testada no mercado. Assim, os clientes e/ou fornecedores retornarão com feedback necessário para possíveis correções ou alterações na idéia original ou no produto, ou serviço ofertado no mercado.

Mesmo o conhecimento gerado em cada organização ou Sistema somente ser transferido por meio da proteção da propriedade intelectual, existe um sistema de geração do conhecimento, que é armazenado e propagado. O ciclo de vida do conhecimento de McElroy (2003) coloca como o conhecimento é gerado periodicamente. Assim, para entender como funciona, é produzido e integrado o conhecimento nos Sistemas de Inovação a figura 3 explica a aplicação do ciclo de McElroy (2003) em um sistema de inovação.

São quatro etapas: produção, integração, processamento e feedback. No ciclo, a fase de produção do conhecimento equivale à criação do ambiente propício para gerar o conhecimento em um ambiente de inovação, utilizando os fatores de sucesso. Na fase de integração, o ambiente de inovação proporciona a disseminação e o compartilhamento das idéias e tecnologias novas. É uma forma de comunicar o que tem de novidade, de conhecimento produzido no ambiente e que está disponível para utilizar. Na fase de processamento os indivíduos e grupos atuam com toda a informação e conhecimento disponíveis, gerando novas interações e, por conseqüência, inovações. No feedback é possível avaliar o conhecimento e o que precisa ser remodelado para que o ciclo possa continuar efetivamente.

Gerado a partir da interação entre governo- univesidades-empresas, por meio dos pilares de talentos, infra-estrutura e investimentos.

Propostas geradas por meio de P&D no ambiente de inovação que podem ser compartilhadas ao longo da cadeia produtiva.

O aprendizado individual ou grupal é registrado por meio de projetos, atividades e tarefas executados pelos “talentos invisíveis” das organizações.

Feedback de

clientes e fornecedores