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5 A EAD E AS TECNOLÓGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

5.1 O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Além do aluno e do professor, outra peça fundamental para o ecossistema EAD é o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), onde se dá este processo educacional. Nesse sentido, deve haver uma preocupação, tanto computacional como pedagógica, em torno dos pressupostos capazes de proporcionarem uma interações sociais realmente significativas neste ambiente.

O AVA é o ambiente, o cenário online. É composto de interfaces ou ferramentas decisivas para a construção da interatividade e da aprendizagem. Silva (2003) afirma que este ambiente virtual deve favorecer a interatividade entendida como participação colaborativa, bidirecionada e dialógica, além da conexão de teias abertas como elos que traçam a trama das relações.

O software de suporte às atividades de ensino-aprendizagem, via Internet, deve ser um ambiente capaz de integrar recursos que facilitem as interações entre docente e aprendiz. O ambiente deve conter informações gerais sobre o curso, agenda de atividades planejadas, material de apoio pedagógico, indicação de textos para leitura, espaço para veiculação de notas, grupo de discussão, chats, troca de correspondências, perfil dos participantes do curso, portfólio dos trabalhos produzidos, possibilidade dos discentes disponibilizarem seu material e gerenciarem o curso. Valente (2003) denomina a integração entre todos estes recursos e o aprendiz de “estar junto virtual”.

Ao relatar sua experiência com EAD, Silva (2003) sintetiza alguns itens que fazem a composição do ambiente online.

Mural – onde são publicados avisos sobre o andamento do curso. As mensagens ali dispostas visam acolher, aconchegar e motivar os participantes.

Perfil – cada participante, inclusive professor e monitor disponibilizam informações pessoais que podem ser visualizadas por todos. Desta forma, o cursista poderia encontrar o perfil mais próximo ao seu e propor a colaboração na produção de atividades do curso.

Chat – ambiente de bate-papo em tempo real, capaz de potencializar a socialização

online. Promove sentimento de pertencimento, vínculos afetivos e interatividade. Permite

discussões temáticas e elaborações colaborativas que estreitam laços e impulsionam a aprendizagem.

Correio – o participante pode disparar mensagens para quem queira, o que possibilita livre trânsito pelo coletivo. Provoca parcerias, críticas, bi-direcionalidade no trâmite das informações e co-criação.

Secretaria – permite ao participante obter informações sobre o seu histórico no curso, solicitar e receber relatórios, atestados e outras informações de ordem administrativa. Mais do que um mero atendimento burocrático, trata-se de acionar o suporte técnico, o aconselhamento e o acompanhamento permanente.

Anotações – Caderno digital de anotações que possibilita a organização de idéias e a demarcação de dúvidas, destacando insights que poderão ser desdobrados em maiores articulações.

Galeria – Espaço de exposição das criações de todos os cursistas. Um espaço de colaboração, troca entre os participantes e estímulo ao aprofundamento do conteúdo, fortalecendo a capacidade de análise, crítica e auto-crítica.

Midiateca – Espaço onde é disponibilizado um banco de dados para realização de atividades do curso. É possível incluir, além de textos, apresentações de PowerPoint, gráficos, imagens, animações e música.

Fórum – local onde o professor, ou mesmo o cursista, pode abrir provocações em forma de texto, desdobrando elos dinâmicos de discussões sobre temas do curso.

Tutor – local para interlocução direta com o professor, onde ambos podem tratar de especificidades do curso e da situação pessoal e acadêmica do cursista.

Ajuda – com orientações sobre a plataforma virtual e sobre como atuar no curso.

Reforçando a idéia sistêmica da aprendizagem virtual, Silva (2003) ressalta que o sucesso do curso deve-se, particularmente, ao cuidado com o outro, tal como na sala de aula presencial. A partir do comportamento do professor no coletivo, esse cuidado tem maior chance de estender-se para o emaranhado de elos que traçam a trama entre os vários sujeitos do processo educacional. O cuidado com o outro no ambiente virtual significa também a socialização online.

Para Okada (2002), também a estética do ambiente virtual é essencial para um ambiente agradável e atraente. A estética compreende a escolha das interfaces, o design, a cor, as imagens, os símbolos, os sons, as animações, a disposição do conteúdo, as opções disponíveis, as conexões internas e externas, a mapeamento do espaço virtual, entre outros aspectos.

A autora ressalta quatro itens importantes para a composição da estética: ambiente clean, não poluído de informações, porém com quantidade de informação suficiente para compreensão; boa navegabilidade que permita acessos práticos, simples e fáceis às informações; design harmonioso com equilíbrio nas cores, tipos de letras, fundo da página, escolha de imagens e animações, além de sons, filmes, etc.; padronização suficiente para reconhecer as páginas que fazem parte do ambiente e as que não fazem.

No entanto, Santos (2003) afirma que alguns AVA ainda assumem estéticas que tentam simular as clássicas práticas presenciais, com signos e símbolos comumente utilizados em experiências tradicionais de aprendizagem. É comum, nos AVA, a utilização de metáforas da escola clássica como: “sala de aula” para conversas formais sobre o conteúdo, “biblioteca” para acessar textos ou outros materiais para download, “cafés” para ambientes de conversas informais, “mural” para envio de notícias, etc. Por isso, é necessário desafiar educadores e

designers a criar e gerir novas formas e conteúdos, para que tenhamos no ciberespaço não um

depósito de conteúdo, mas ambientes virtuais próprios para educação. Santos (2003) relata:

O site ou AVA precisa ser uma obra aberta, onde a imersão, a navegação, a exploração e a conversação possam fluir na lógica da complementação. Isso significa que o AVA deve agregar a criação no devir, todos os participantes poderão contribuir no seu design e na sua dinâmica curricular. (SANTOS, 2003, p. 225).

Segundo Andrade e Vicari (2003), os ambientes de aprendizagem computacional, em sua maioria, estão distantes de representar o modelo de aprendizagem colaborativa que se deseja efetivar. Os sistemas não proporcionam uma colaboração efetiva, pois não se enxerga o grupo, o coletivo, a ênfase é sempre no indivíduo. Assim, percebe-se que os AVA apresentam níveis de complexidade bem superiores em relação aos ambientes existentes no mercado.