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ASSALARIADO E A PRECARIZAÇÃO DOS SERVIÇOS SOCIAIS

3.4 Ampliação e precarização dos serviços sociais e as conexões com o trabalho do assistente social

Abordar e analisar as condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil, visando identificar as formas de precarização presentes no exercício profissional no Instituto Federal de Alagoas (IFAL), remete a compreensão do Serviço Social enquanto uma profissão que se insere na divisão social e técnica do trabalho, necessitando de uma relação de assalariamento para o desenvolvimento das atividades de seus agentes profissionais. Assim, os assistentes sociais têm a execução de sua prática profissional

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condicionada ao processo de compra e venda de sua força de trabalho em troca de um salário, por intermédio das diversas instituições empregadoras, sejam elas públicas, privadas e/ou filantrópicas.

A tarefa de investigar as expressões da precarização do trabalho dos assistentes sociais demanda situá-los como trabalhadores assalariados que têm uma função específica na lógica de produção e reprodução da sociedade capitalista. Portanto, nesta análise, aqui empreendida, localizamos os assistentes sociais atuantes na esfera estatal no âmbito dos trabalhadores improdutivos, ou seja, aqueles que não produzem diretamente mais-valia para o capital e que operam seu exercício profissional no âmbito dos serviços, mais especificamente nos serviços sociais, enquanto implementa as políticas sociais.

Como trabalhadores assalariados, os profissionais constituem-se em equipes responsáveis pela estruturação e concretização dos programas e projetos institucionais, mediando a implementação das políticas sociais em resposta às diferentes expressões da questão social, base fundante do seu exercício profissional. Os assistentes sociais, assim como os demais trabalhadores, se deparam com a exploração e com desgaste físico e mental do trabalho decorrentes da relação de assalariamento.

Com a complexificação das funções150 do Estado surge uma gama de atividades de serviços, serviços sociais, e com isso uma diversidade de trabalhadores assalariados, expandindo o assalariamento para além do operariado fabril. É aí que reside uma das mediações para a análise da precarização do trabalho dos assistentes sociais. O trabalho nos serviços está subsumido ao trabalho abstrato e seu exame permitirá desvendar um dos nexos da teia que compõe os elementos do assalariamento dos assistentes sociais e da precarização do seu exercício profissional.

Faz-se necessário para o desvelamento do objeto deste estudo passarmos para a análise do espaço que a ampliação das políticas e serviços sociais abre para algumas profissões, especialmente para o Serviço Social. Como apontamos nas exposições anteriormente apresentadas, que “prepararam o terreno” para a que apresentaremos neste item, para execução dos serviços foi imperativo o assalariamento dos trabalhadores que atuam fora da

150 “Justamente neste nível dá-se a articulação das funções econômicas e políticas do Estado burguês no

capitalismo monopolista: para exercer, no plano estrito do jogo econômico, o papel de ‘comitê executivo’ da burguesia monopolista, ele deve legitimar-se politicamente incorporando outros protagonistas sócio-políticos. O alargamento de sua base de sustentação e legitimação sócio-política, mediante a generalização e a institucionalização de direitos e garantias cívicas e sociais, permite-lhe organizar um consenso que assegura o seu desempenho” (NETTO, 2011a, p.27, grifos do autor).

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esfera da produção material, como o assistente social, mas que não se encontram imunes à precarização do trabalho.

Os assistentes sociais atuam na execução de políticas e serviços sociais por meio de procedimentos diferenciados, onde a profissão “não desempenha funções produtivas, mas se insere nas atividades que se tornaram acólitas dos processos especificamente monopólicos, da acumulação e da valorização do capital” (NETTO, 2011a, p. 76). Decorre daí a justificativa de que o assistente social no âmbito do desempenho de tais funções é um assalariado improdutivo, uma vez que não produz diretamente mais-valia, mas auxilia no processo de reprodução das relações sociais capitalistas.

Reitera-se que ser um trabalhador improdutivo não anula a condição de assalariado do profissional, inserido no trabalho precário, que depende da venda da sua força de trabalho para se reproduzir e é explorado pela classe dominante. Ou seja, é por meio da mercantilização da força de trabalho do assistente social que ela se torna mercadoria disponível no circuito das relações mercantis constituintes do capitalismo.

É dentro do universo dos serviços sociais que o assistente social encontrará espaço para desenvolver sua atuação profissional. Portanto, analisar a especificidade dos serviços no capitalismo, sobretudo os serviços sociais, é tarefa essencial e necessária para entendermos em que condições de trabalho ocorre o exercício profissional do assistente social. Este é um dos eixos que possibilitará o deciframento das condições de trabalho dos assistentes sociais no Instituto Federal de Alagoas, instituição que oferece serviços educacionais à população. Pretendemos contribuir com o desvelamento dessa face do nosso objeto de pesquisa a partir das seguintes indagações: como ocorre a expansão dos serviços sociais no capitalismo

contemporâneo? Quais as particularidades da precarização do trabalho nos serviços sociais e suas implicações para o exercício profissional dos assistentes sociais?

Para responder a essas questões e atender ao objetivo aqui proposto julgamos necessário, no estudo da particularidade dos serviços sociais, analisar sua expansão e precarização nos dias atuais na sociedade brasileira, o que implica em refletir sobre a ampliação do mercado de trabalho para os profissionais que são requisitados para execução desses serviços. Grosso modo, essa expansão se dá de forma mais acentuada nos serviços de saúde, assistência social151 e educação, e demandam agentes profissionais qualificados,

151 “A implantação e a expansão do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social

(SUAS) foram decisivas para a ampliação do mercado de trabalho para assistentes sociais, sendo estas as políticas sociais que atualmente mais incorporam profissionais nas três esferas de governo. As condições de implementação desses dois sistemas públicos, bem como de política de Previdência Social, são responsáveis, contudo, por uma forma de expansão do mercado de trabalho que, não necessariamente, assegura as relações e

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principalmente com nível superior, para atuarem nas atividades que os serviços sociais ofertam. Há que se considerar, inclusive, que os serviços sociais “revestem-se também de relevância do ponto de vista qualitativo, por envolver atividades essenciais à esfera da reprodução social e cuja efetividade é determinante para a qualidade de vida da população”, pondo “destaque a importância da dimensão dos recursos humanos nessas atividades” (BORGES, 2015, p. 96).

As formas de inserção dos profissionais nos serviços sociais se dão no setor privado, em organizações não governamentais e no setor público, espaços institucionais que mais os contratam, principalmente na execução das ações advindas das políticas sociais. São esses serviços sociais que demandam a emergência de novas profissões assalariadas na esfera estatal para seu planejamento e execução, abrindo um mercado de trabalho e a necessidade do assalariamento de novos profissionais no âmbito desses serviços, como o assistente social.

O exercício profissional do assistente social é mediado pelo mercado de trabalho, uma vez que os assistentes sociais exercem uma atividade assalariada, implicando em sua inserção no reino capitalista do trabalho precário. Logo, a condição do assistente social de trabalhador assalariado, que se regula por um contrato de trabalho “impregna o trabalho profissional dos dilemas da alienação e de determinações sociais que afetam a coletividade dos trabalhadores, ainda que se expressem de modo particular no âmbito desse trabalho complexo e qualificado” (IAMAMOTO, 2012a, p.215).

Tomando o Serviço Social numa perspectiva totalizadora, conectando-o aos processos societários históricos, econômicos e sociais que engendram a ordem burguesa, é possível afirmar que a profissão tem sua legitimidade social extraída da relação inseparável da esfera da “prestação de serviços sociais, públicos e privados, associando trabalho, profissão, ‘questão social’ e políticas sociais como dimensões que se determinam reciprocamente à luz da historicidade que caracteriza a totalidade social”, necessitando esta ser revelada (RAICHELIS, 2018, p. 33).

As políticas sociais constituem mediação privilegiada, embora não exclusiva, para o trabalho profissional e base institucional que impulsiona a profissionalização de assistentes sociais, por meio da formação de um mercado de trabalho que passa a requisitar agentes habilitados para a formulação e implementação das políticas sociais (RAICHELIS, 2018, p. 27)

condições de trabalho defendidas pelo Serviço Social brasileiro nos últimos trinta anos com base no Projeto Ético, Político Profissional” (BOSCHETTI, 2011, p.558-559).

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De fato, ao relacionar o assistente social dentro da discussão dos serviços sociais, notamos que é com a institucionalização deles que a profissão encontra um espaço para sua legitimação. No âmbito dos serviços sociais, a profissão exerce a função de partícipe da reprodução das relações sociais capitalistas. Pois, a profissão serve “como um instrumento auxiliar e subsidiário, ao lado de outros de maior eficácia política e mais ampla abrangência, na concretização desses requisitos básicos para a continuidade da organização social vigente” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008, p. 104-105).

Nosso ponto de partida é a constatação de que a ampliação dos serviços ocorreu

‘capital, assumindo as funções de controle e de preservação da força de trabalho, por

intermédio da implantação das políticas sociais. Atrelado ao processo de surgimento das políticas sociais, o Estado, almejando mecanismos de disciplinamento e controle social, subsidia o aparecimento das instituições sociais, que desempenham funções políticas, econômicas e ideológicas. Elas atuavam para recuperar e escamotear as lutas da classe trabalhadora, de modo a assegurar a reprodução da exploração da força de trabalho. No âmbito dessas instituições sociais as políticas sociais são operacionalizadas. “O peso dessas políticas sociais é evidente, no sentido de assegurar as condições adequadas ao desenvolvimento monopolista”, uma vez que “oferecem um mínimo de respaldo efetivo à imagem do Estado como ‘social’, como mediador de interesses conflitantes” (NETTO, 2011a, p. 31).

Com o aumento incessante das desigualdades sociais produzidas no interior do capitalismo monopolista, intensificando a contradição entre capital e trabalho, com destaque maior para os países subdesenvolvidos, os serviços sociais são organizados para controlar as consequências das refrações da questão social. Nesse âmbito, o Estado como “braço direito” da burguesia amplia suas funções e seu papel de modo a atender as novas necessidades da burguesia advindas do estágio monopolista do capital. Uma das medidas necessárias foi a institucionalização dos serviços sociais oferecidos à classe trabalhadora.

Para tal finalidade foram necessários profissionais especializados para

operacionalização das funções de controle e de preservação da força de trabalho, como, por

exemplo, o assistente social. Tenha presente que no capitalismo monopolista152, por meio da

152 No capitalismo monopolista a “questão social” passa a ser alvo de uma intervenção mais sistematizada

através da implantação das políticas sociais. Segundo Netto e Braz (2011, p. 213) “o estágio imperialista não apresenta qualquer solução efetiva para nenhuma das contradições imanentes” ao modo de produção capitalista. Pelo contrário, ele acentua. E é justamente para gerir essas contradições que esse período requer uma postura do Estado diferente da que existia no capitalismo concorrencial. Conforme os autores, o imperialismo requer um Estado que intervenha de forma mais contundente, que venha garantir suas condições gerais de funcionamento. Para isto, o Estado vai desonerar o capital de “boa parte dos ônus da preservação da força de trabalho,

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política social, o Estado burguês “procura administrar as expressões da questão social de forma a atender às demandas da ordem monopólica conformando, pela adesão que recebe de categorias e setores cujas demandas incorpora, sistemas de consenso variáveis, mas operantes (NETTO, 2011a, p. 30).

Os fenômenos tecidos no/pelo fluxo histórico da ordem monopólica foram marcados pelo alto desenvolvimento das forças produtivas e uma crescente ampliação da divisão do trabalho, demandando o aparecimento de várias profissões, não ligadas diretamente à produção capitalista, mas auxiliares na manutenção do seu funcionamento, e atuantes na execução de políticas153 e serviços sociais. São atividades de controle demandadas pelo Estado e exercidas por trabalhadores assalariados improdutivos, pois no âmbito estatal não se produz diretamente mais-valia.

É por intermédio da intervenção estatal que os serviços de controle serão implementados, tendo em vista a finalidade de assegurar o funcionamento da sociedade. Logo, apesar de esses serviços situarem-se no âmbito da improdutividade, eles são essenciais para a garantia das condições de reprodução do capital. Como o capital necessita do controle e da amenização dos conflitos sociais, advindos da relação antagônica e conflituosa entre capital e trabalho, os serviços sociais cumprem papel importante nesta tarefa, sendo destinados à parte da classe trabalhadora para o atendimento de algumas necessidades básicas de sobrevivência. Ou seja, são profissões que atuam no âmbito da prestação de serviços, na maioria das vezes públicos, e seus assalariados denominados de improdutivos, pois não produzem mais-valia diretamente. Nas palavras de Netto:

[...] a monopolização dá corpo a uma generalizada burocratização da vida social, multiplicando ao extremo não só as atividades improdutivas stricto sensu, mas todo um largo espectro de operações que, no “setor terciário”, tão somente vinculam-se a formas de conservação e/ou de legitimação do próprio monopólio (NETTO, 2011a, p.22, grifo do autor).

financiados agora pelos tributos recolhidos da massa da população” (idem, p.214-215). É esse financiamento que vai assegurar a prestação de serviços públicos à população. De tal modo, para os autores, o Estado vai reconhecer os direitos sociais, consolidar e ampliar as políticas sociais, configurando um conjunto de instituições sociais.

153 As políticas nasceram fragmentadas, com o objetivo essencial de controlar a força de trabalho, e não eram

oferecidas universalmente, mas sim a quem participava diretamente da produção por intermédio do trabalho. Para Netto (2011a) o Estado antecipa respostas às mobilizações da classe trabalhadora por meio das políticas sociais. O Estado, no capitalismo monopolista, utiliza a política social como meio de “administrar as expressões da ‘questão social’ de forma a atender às demandas da ordem monopólica conformando, pela adesão que recebe de categorias e setores cujas demandas incorpora, sistemas de consenso variáveis, mas operantes” (idem, p.30).

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Na era monopolista do capital os serviços sociais expandem-se de modo a atender às exigências do capital, executando atividades improdutivas no interior da reprodução das relações sociais capitalistas e auxiliando na conservação das condições básicas de reprodução da força de trabalho. Com a organização das políticas sociais, colocou-se a demanda por profissionais para sua formulação e implementação. Sendo assim, no interior da divisão social e técnica do trabalho do capitalismo observa-se a criação de um espaço sócio-ocupacional para o Serviço Social, estabelecendo-se condições histórico-sociais no mercado de trabalho.

Vale ressaltar que “as profissões são construções históricas que somente ganham significado e inteligibilidade se analisadas no interior do movimento das sociedades nas quais se inserem” (RAICHELIS, 2009, p.01). Portanto, a divisão do trabalho no capitalismo propiciou o aparecimento de várias modalidades de profissionais que não existiam nas sociedades precedentes. Desponta uma grande diversidade de profissões que vão se institucionalizar com as atribuições do Estado decorrente do desenvolvimento da sociedade (COSTA, 2011, p.120).

Compreendemos que com o desenvolvimento da divisão do trabalho no interior do capitalismo monopolista as atividades de controle se profissionalizam e seus executantes tornam-se assalariados que atuarão nos serviços que, na maioria das vezes, terão o Estado como seu empregador. No entanto, esses assalariados não estão imunes ao controle realizado por quem compra sua força de trabalho. Em geral:

Na medida em que na sociedade capitalista moderna as contradições não são meramente resolvidas ou suprimidas, mas basicamente manipuladas e “absorvidas”, é natural que o seu controle requeira atividades remuneradas que, em sua aparência, se confundem com o resto da atividade econômica e passam a ocupar uma parcela crescente da população ativa (SINGER, 1979, p. 135).

A abertura do mercado de trabalho para profissionais com um nível de qualificação mais elevado inicia-se no capitalismo monopolista, com a expansão de alguns serviços e políticas sociais destinadas ao controle da força de trabalho e da vida da classe trabalhadora. Apesar de incipiente, essa expansão de serviços sociais foi um marco para a regulamentação de profissões, como o Serviço Social.

Uma característica relevante a ser considerada nas atividades dos serviços sociais no Brasil é que ela “constituem o espaço mais qualificado do mercado de trabalho, isto é, apresentam a proporção mais elevada de trabalhadores com escolaridade média e superior – 77,1% em 2003 e 88,6% em 2013”. Essas atividades no interior dos serviços sociais

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representaram, no ano de 2013, 34,4% dos ocupados no Brasil urbano que tinham curso superior completo (BORGES, 2015, p.99). Esse perfil de trabalhadores mais escolarizados nos serviços sociais é decorrente das exigências de certificações profissionais para execução de atividades específicas. Os “profissionais do ensino com diploma de nível universitário que representavam, em 2013, 29,1% dos ocupados nos Serviços Sociais no universo do Brasil urbano; os psicólogos e os assistentes sociais somam 1,7% do total de ocupados nesse universo. Em síntese, os cinco principais conjuntos ocupacionais154 atrelados “às atividades de Educação, Saúde e Assistência somavam, no final do período considerado, 70,9% dos ocupados nos Serviços Sociais, correspondendo os 29,1% restantes a ocupações gerenciais, de atendimento ao público, administrativas e dos serviços em geral” (BORGES, 2015, p.99).

Segundo Costa (2010, p. 109, grifos da autora), a expansão dos serviços sociais, que são destinados ao atendimento de algumas necessidades de reprodução do trabalhador e de sua família, “expressa a complexa e contraditória tensão entre a sua existência como um serviço que tem um valor de uso social e coletivo” e a probabilidade “de serem transformados em um serviço cuja utilidade social passa a depender da geração de lucros, isto é, da sua mercantilização”. São serviços voltados ao atendimento de necessidades sociais dos trabalhadores e expressam “o poder que tiveram as lutas dos trabalhadores pelo seu reconhecimento; no entanto, tal reconhecimento não se dá independente das necessidades do próprio capital” (idem, p. 109). Embora os serviços sociais sejam destinados ao atendimento de necessidades da classe trabalhadora, eles também existem em decorrência de necessidades do capital, como, por exemplo, o controle dos trabalhadores.

Nessa perspectiva, os serviços sociais “oferecidos” aos trabalhadores são uma alternativa para não elevar os salários, pois são retirados da própria sociedade e direcionados sob a forma de complementação salarial. Os serviços sociais, na perspectiva dos autores, além de manterem o equilíbrio psicofísico do trabalhador, também são parte do valor criado pela classe trabalhadora que é apropriada pelo capital que, por sua vez, é redistribuído à classe subalterna sob a forma de serviços sociais (IAMAMOTO E CARVALHO, 2008).

Na ótica do capital, os serviços sociais “tornaram-se, ainda, um reforço para a garantia dos elevados níveis de produtividade do trabalho exigidos pela elevação da composição orgânica do capital” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008, p.101). A rigor, os serviços sociais servem ao capital como uma forma de controle da força de trabalho, promovendo as

154 Borges (2015, p.99) refere-se às atividades aos “professores com diploma de nível médio e especialidades em

educação, que representam 14,7%; os profissionais com diploma universitário das ciências biológicas, bioquímicas e da saúde, com 11,6%; os técnicos de nível médio atendentes, auxiliares e agente da saúde, com 13,9% e psicólogos e assistentes sociais, que somam1,7% do total.

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condições necessárias para que ela possa ser explorada. Entretanto, não negligenciamos o fato de que os serviços sociais também são expressões da luta155 dos trabalhadores por melhores

condições de vida. Reforça os autores que, os serviços são “uma forma transfigurada de parcela

do valor criado pelos trabalhadores e apropriado pelos capitalistas e pelo Estado, que é devolvido a toda a sociedade (e em especial aos trabalhadores, que deles mais fazem uso) sob a forma transmutada de serviços sociais” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008, p.92).

Assim como os serviços sociais têm para os capitalistas um caráter complementar à reprodução da força de trabalho a menor custo, para os trabalhadores assalariados tais serviços são também complementares na sua reprodução física, intelectual e espiritual da sua família, já que a base de sua sobrevivência depende da venda de sua força de trabalho. Ainda que complementares não significa que sejam absolutamente secundários, especialmente face à política de contenção salarial que mantém o salário real aquém do necessário à satisfação das necessidades básicas de reprodução da família trabalhadora, como alternativa para a elevação da taxa de lucro. Tal tendência é acentuada nos períodos cíclicos de crise econômica em que as condições de vida da classe trabalhadora atingem dimensões críticas. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008, p.102).

Há que se levar em conta o crescimento da prestação de serviços sociais, nas áreas da