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Trabalho precarizado, política social e Serviço Social: elementos para a análise das condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

JULIANA CARLA DA SILVA GOIS

TRABALHO PRECARIZADO, POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: elementos

para a análise das condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

NATAL/RN 2020

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JULIANA CARLA DA SILVA GOIS

TRABALHO PRECARIZADO, POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: elementos

para a análise das condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

NATAL/RN 2020

Tese de doutorado apresentada como parte dos requisitos exigidos para fins de obtenção do Título de Doutora no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da Profª. Drª. Maria Célia Correia Nicolau.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Gois, Juliana Carla da Silva.

Trabalho precarizado, política social e Serviço Social: elementos para a análise das condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto

Federal de Alagoas (IFAL) / Juliana Carla da Silva Gois. - 2020. 330f.: il.

Tese (Doutorado em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Natal, RN, 2020. Orientadora: Profa. Dra. Maria Célia Correia Nicolau.

1. Serviço Social - Tese. 2. Trabalho precarizado - Tese. 3. Política Social - Tese. 4. Condições de trabalho - Tese. 5. Assistência estudantil - Tese. I. Nicolau, Maria Célia Correia. II. Título.

RN/UF/CCSA CDU 364.4:331

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TERMO DE APROVAÇÃO

JULIANA CARLA DA SILVA GOIS

TRABALHO PRECARIZADO, POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: elementos

para a análise das condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

Tese de doutorado apresentada como parte dos requisitos exigidos para fins de obtenção do Título de Doutora no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e avaliada pela seguinte comissão examinadora:

Resultado: _______________________________________

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Profª. Drª. Maria Célia Correia Nicolau (Orientadora – UFRN)

______________________________________ Profª. Drª. Maria Dalva Horácio da Costa

(Examinadora Interna – UFRN)

______________________________________ Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos

(Examinadora Interna – UFRN)

______________________________________ Profª. Drª. Erlênia Sobral do Vale

(Examinadora Externa – UECE)

______________________________________ Profª. Drª. Moema Amélia Serpa Lopes de Souza

(Examinadora Externa – UEPE)

______________________________________ Profª. Drª. Ylka de Lima Souza

(Suplente - UFRN)

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Para Júlia que ainda em meu ventre já me proporciona experimentar uma forma diferente de amar.

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AGRADECIMENTOS

Ao Jarisson Montes, meu esposo e companheiro, pelo apoio e incentivo dados desde a graduação até o doutorado e por entender minha ausência física do cotidiano durante o tempo que tive que residir em Natal;

Aos meus pais, Cida e Sóstenis, por terem me proporcionado o acesso à educação, sempre oferecendo suporte material e afetivo em todas as etapas da minha vida de estudante;

Aos meus irmãos Jullieth e Júlio César pelo afeto e pela torcida;

A minha orientadora Célia Nicolau pela paciência e generosidade, pelo estímulo, críticas e sugestões e por aceitar o desafio de orientar minha pesquisa;

Às professoras Dalva Costa, Silva Mara, Erlênia Sobral e Moema Souza, membros titulares da banca avaliadora, bem como a Profª Ilka de Lima, membro suplente, por terem aceitado o convite de participar do processo avaliativo da tese;

Às professoras Alba Carvalho e Eliana Guerra pela disponibilidade em contribuir na qualificação do projeto;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação da UFRN pelo conhecimento compartilhado e pela importante contribuição ao meu amadurecimento acadêmico;

Aos meus colegas da primeira turma de doutorado em Serviço Social da UFRN, pela partilha de momentos de aprendizado e respeito, em especial à Luciana, Karol e Daniele pelos momentos de descontração fora da sala de aula. Dani, particularmente, por dividir comigo a convivência diária durante o tempo de residimos em Natal.

Aos amigos, em especial, ao Fernando Bizerra pela amizade e pelas ricas contribuições teóricas dadas à minha pesquisa;

Aos assistentes sociais do IFAL que se dispuseram a participar da pesquisa e expuseram sua experiência de trabalho nessa instituição;

Ao Instituto Federal de Alagoas pela concessão do afastamento integral das minhas atividades de trabalho para cursar o doutorado durante quatro anos.

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Numa fase superior da sociedade comunista, quando tiver sido eliminada a subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, a posição entre trabalho intelectual e manual; quando o trabalho tiver deixado de ser mero meio de vida e tiver se tornado a primeira necessidade vital; quando, juntamente com o desenvolvimento multifacetado dos indivíduos, suas forças produtivas também tiverem crescido e todas as fontes da riqueza coletiva jorrarem em abundância, apenas então o estreito horizonte jurídico burguês poderá ser plenamente superado e a sociedade poderá escrever em sua bandeira: “De cada um segundo suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades!”. (Karl Marx, Crítica ao programa de Gotha)

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RESUMO

Esta tese tem como objetivo investigar as condições de trabalho dos assistentes sociais, articuladas à precarização do trabalho e das políticas sociais no Brasil, visando identificar as expressões da precarização no exercício profissional na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL). A pesquisa tem caráter qualitativo, fundamentando-se numa perspectiva marxiana, tendo como pressuposto o materialismo histórico-dialético, cujo ponto de partida é a realidade em suas manifestações fenomênicas. Para o alcance dos objetivos da pesquisa, e respeitando a particularidade do objeto, os procedimentos metodológicos adotados na investigação foram a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo, onde construiu-se uma reflexão e análise sobre o exercício profissional dos assistentes sociais e as condições de trabalho no Instituto Federal de Alagoas (IFAL) diante das atuais transformações do capitalismo contemporâneo. O estudo desvelou que no estágio atual do capitalismo o incremento das formas de exploração da força de trabalho tem levado à ampliação da precarização do trabalho, que ocorre tanto no setor produtivo, quanto no setor improdutivo, a exemplo dos serviços, ainda que haja particularidades em cada um. Sendo assim, o assistente social também vivencia os efeitos nefastos da precarização das condições de trabalho em seu exercício profissional, seja por meio da relação de assalariamento, que o insere no processo de mercantilização da força de trabalho, seja pela condição da política social à qual seu exercício profissional vincula-se.Na trilha deste entendimento, os resultados da pesquisa permitem identificar que os elementos que envolvem a particularidade da precarização das condições de trabalho dos assistentes sociais do IFAL são semelhantes aos dos demais trabalhadores. Além do aspecto ontológico da precarização do trabalho do assistente social, que é o seu assalariamento, tem-se outros elementos que incidem nessa precarização, tais como: as condições dadas pela política social a qual ele está inserido (política de educação, na particularidade da assistência estudantil), sua carga horária de trabalho, os recursos físicos e materiais disponíveis na instituição, as formas de intensificação do seu trabalho, a exigência da polivalência, o excesso de demandas, a burocratização do trabalho, as questões subjetivas de trabalho, que englobam o controle intenso, a cobrança excessiva por metas e por alta produtividade no trabalho e o adoecimento profissional em decorrência do trabalho. Portanto, os assistentes sociais como sujeitos pertencentes à classe trabalhadora não se encontram imunes às mais diversas formas de precarização de suas condições de trabalho.

Palavras-chave: Trabalho Precarizado. Política Social. Serviço Social. Condições de

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ABSTRACT

This thesis aims to investigate the working conditions of social workers, linked to the precariousness of work and social politics in Brazil, aiming to identify the expressions of precariousness in professional practice in student assistance at the Federal Institute of Alagoas (IFAL). The research has a qualitative character, based on a Marxian perspective, based on historical-dialectical materialism, whose starting point is reality in its chaotic manifestations. To achieve the research objectives, and respecting the particularity of the object, the methodological procedures adopted in the investigation were bibliographic research, documentary research and field research, where a reflection and analysis on the professional practice of social workers was built and working conditions at the Federal Institute of Alagoas (IFAL) in the face of the current transformations of contemporary capitalism. The study revealed that, in the current stage of capitalism, the increase in forms of exploitation of the workforce has led to the expansion of precarious work, which occurs both in the productive sector and in the unproductive sector, as in the case of services, although there are particularities in each one. Thus, the social worker also experiences the harmful effects of precarious working conditions in his professional practice, either through the wage relationship, which inserts him in the process of commodification of the work force, or by the condition of the social politics to which their professional practice is linked. In the wake of this understanding, the research results allow to identify that the elements that involve the particularity of the precarious working conditions of IFAL social workers are similar to those of other workers. In addition to the ontological aspect of the precariousness of the work of the social worker, which is his wages, there are other elements that affect this precariousness, such as: the conditions given by the social politics to which he is inserted (education politics, in particular the student assistance), their workload, the physical and material resources available at the institution, ways of intensifying their work, the demand for versatility, excessive demands, bureaucratization of work, subjective work issues, which include intense control, overcharging for goals and high productivity at work, and professional illness as a result of work. Therefore, social workers as subjects belonging to the working class are not immune to the most diverse forms of precarious working conditions.

Keywords: Precarious Work. Social Politics. Social Service. Work Conditions. Student

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RESUMEN

Esta tesis tiene como objetivo investigar las condiciones de trabajo de los trabajadores sociales, vinculados a la precariedad del trabajo y las políticas sociales en Brasil, con el objetivo de identificar las expresiones de precariedad en la práctica profesional en la asistencia estudiantil en el Instituto Federal de Alagoas (IFAL). La investigación tiene un carácter cualitativo, basado en una perspectiva marxista, basada en el materialismo histórico-dialéctico, cuyo punto de partida es la realidad en sus manifestaciones caóticas. Para lograr los objetivos de la investigación, y respetando la particularidad del objeto, los procedimientos metodológicos adoptados en la investigación fueron la investigación bibliográfica, la investigación documental y la investigación de campo, donde se construyó una reflexión y análisis sobre la práctica profesional de los trabajadores sociales. y condiciones de trabajo en el Instituto Federal de Alagoas (IFAL) ante las transformaciones actuales del capitalismo contemporáneo. El estudio reveló que, en la etapa actual del capitalismo, el aumento de las formas de explotación de la fuerza laboral ha llevado a la expansión del trabajo precario, que ocurre tanto en el sector productivo como en el sector improductivo, como los servicios, aunque existen particularidades en cada uno. Por lo tanto, el trabajador social también experimenta los efectos nocivos de las condiciones de trabajo precarias en su práctica profesional, ya sea a través de la relación salarial, que lo inserta en el proceso de mercantilización de la fuerza laboral, o por la condición de la política social a la que Su práctica profesional está vinculada. A raíz de esta comprensión, los resultados de la investigación permiten identificar que los elementos que involucran la particularidad de las precarias condiciones laborales de los trabajadores sociales del IFAL son similares a los de otros trabajadores. Además del aspecto ontológico de la precariedad del trabajo del trabajador social, que es su salario, hay otros elementos que afectan esta precariedad, tales como: las condiciones dadas por la política social a la que se inserta (política educativa, en particular la asistencia estudiantil), su carga de trabajo, los recursos físicos y materiales disponibles en la institución, las formas de intensificar su trabajo, la demanda de versatilidad, las demandas excesivas, la burocratización del trabajo, los problemas laborales subjetivos, que incluyen control intenso, sobrecarga por objetivos y alta productividad en el trabajo, y enfermedad profesional como resultado del trabajo. Por lo tanto, los trabajadores sociales como sujetos pertenecientes a la clase trabajadora no son inmunes a las formas más diversas de condiciones de trabajo precarias.

Palabras clave: Trabajo Precario. Política social. Servicio Social. Condiciones de Trabajo.

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...17

1.1 Notas introdutórias: delimitação do objeto de pesquisa ...18 1.2 Considerações sobre o método de investigação do objeto e os procedimentos da pesquisa...30 1.3 A realidade imediata do objeto em sua aparência e os dados empíricos sobre o perfil dos

assistentes sociais do IFAL: a epiderme do

objeto...39

2 TRABALHO ASSALARIADO, A PARTICULARIDADE DOS SERVIÇOS E OS PROCESSOS DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO ...53

2.1 Bases ontológicas do trabalho assalariado: fundamentos sócio-históricos da precarização do trabalho no capitalismo ...56 2.2 A expansão do trabalho assalariado nos serviços: elementos para análise da sua precarização ...71 2.3 Os fundamentos da crise estrutural do capital: reestruturação produtiva, neoliberalismo e as bases para o acirramento do trabalho precário ...84 2.4 Crise do capital e neoliberalismo no Brasil: exponenciação do trabalho precário ...102

3 PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO BRASIL, OS

IMPACTOS PARA O ASSISTENTE SOCIAL COMO TRABALHADOR

ASSALARIADO E A PRECARIZAÇÃO DOS SERVIÇOS

SOCIAIS ...122

3.1 As tendências da precarização das condições de trabalho no Brasil ...124 3.2 A precarização das condições de trabalho e os impactos na subjetividade do trabalhador ...142 3.3 O assistente social como trabalhador assalariado e a precarização no seu exercício profissional no Brasil ...157 3.4 Ampliação e precarização dos serviços sociais e as conexões com o trabalho do assistente social ...171

(12)

4 PRECARIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO E DAS POLÍTICAS SOCIAIS

BRASILEIRAS: repercussões para o trabalho do assistente social ...187

4.1 Reforma do Estado brasileiro e as expressões da precarização do trabalho no serviço público: impactos para os assistentes sociais das Instituições Federais de Educação ...189

4.2 A apropriação do fundo público pelo capital e os efeitos na precarização das políticas sociais no Brasil ...206

4.3 As tendências da precarização das políticas sociais no Brasil e os desdobramentos para o trabalho do assistente social ...222

5 O CAMINHO DE VOLTA E A RECONSTRUÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA: A EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL, A CONSOLIDAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E A PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS (IFAL) ...241

5.1 A reforma da educação superior brasileira e a expansão dos Institutos Federais no Brasil: democratização ou expansão com precarização? ...243

5.2 A regulamentação dos programas de assistência estudantil nas IFES brasileiras e o financiamento da assistência estudantil: determinantes para a análise da precarização dos programas de assistência aos estudantes ...256

5.3 Análise das particularidades da precarização das condições de trabalho dos assistentes sociais do IFAL ...274

6 APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS ...296

REFERÊNCIAS ...307

(13)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 01: Composição das equipes de assistência estudantil do

IFAL...45

Figura 01: Mapa da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica...250

Gráfico 01: Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica

(em unidades)...249

Gráfico 02: Campi provenientes da expansão do

IFAL...251

Gráfico 03: Orçamento da Assistência Estudantil para o IFAL (2010-2019)...266

Gráfico 04: Equipe suficiente para implementar as ações previstas pela assistência estudantil

na instituição...268

Gráfico 05: Carga horária semanal...281 Gráfico 06: Frequência que tem tido a impressão que tem trabalhado demais...283

Gráfico 07: Existência de aumento na informatização no processo de trabalho...284

Gráfico 08: Existência de doença relacionada ao

(14)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social AL- Alagoas

ANDIFES -Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar

CAGED - Cadastro Geral de Empregos

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas

CEFET/AL - Centro Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas CEFETs - Centros Federais de Educação Tecnológica

CF – Constituição Federal

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores

CRAS- Centros de Referência da Assistência Social

CREAS - Centros de Referência Especializados de Assistência Social CRESS- Conselhos Regionais de Serviço Social

CUT - Central Única dos Trabalhadores

DIAP – Departamento Interestadual de Assessoria Parlamentar

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos DORT - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

DPE - Diretoria de Políticas Estudantis DRU - Desvinculação de Recursos da União EAD - Educação a Distância

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EAFs - Escolas Agrotécnicas Federais ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio EPT - Educação Profissional Tecnológica ETFs - Escolas Técnicas Federais

EUA – Estados Unidos da América

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FHC- Fernando Henrique Cardoso

FIES – Financiamento Estudantil FMI – Fundo Monetário Internacional

FONAPRACE - Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis FUNPRESP - Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH- Índice de Desenvolvimento Humano

IFAL - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas

IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte IFs - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

IFSULDEMINAS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais

INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos INSS - Instituto Nacional do Seguro Social IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IQ - Incentivo à Qualificação

IR – Imposto de Renda

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LER - Lesões por Esforço Repetitivo

LOA - Lei Orçamentária Anual

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LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

MARE - Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado MPOG - Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão

NAPNEE - Núcleo de Atendimentos as Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas OIT – Organização Internacional do Trabalho

OMS - Organização Mundial de Saúde ONU – Organização das Nações Unidas OS’s - Organizações Sociais

PCCTAE - Plano de Carreira Única dos Trabalhadores em Educação PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional

PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado PEC - Proposta de Emenda à Constituição

PIB – Produto Interno Bruto PL - Projeto de Lei

PLC - Projeto de Lei da Câmara

PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAES – Programa Nacional de Assistência Estudantil PNE - Plano Nacional de Educação

PPA - Plano Plurianual

PPGSS – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social

PROEJA - Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

PROUNI – Programa Universidade Para Todos PT – Partido dos Trabalhadores

REUNI – Reestruturação e Expansão das Universidades Federais RN – Rio Grande do Norte

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SETEC - Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

SIMEC/SIOP - Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SISU - Sistema de Seleção Unificada STF – Supremo Tribunal Federal

SUAS – Sistema Único de Assistência Social SUS – Sistema Único de Saúde

TAEs - Técnicos Administrativos em Educação TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TCU – Tribunal de Contas da União

TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação UFAL - Universidade Federal de Alagoas

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNB - Universidade de Brasília

UNE - União Nacional dos Estudantes

(18)

17 1 INTRODUÇÃO

O interesse em investigar a temática “Trabalho Precarizado e Serviço Social: as

condições de trabalho dos assistentes sociais na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL)” surgiu a partir da minha vivência profissional enquanto

assistente social do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), desde 2012, atuando na execução dos programas de assistência estudantil. A aproximação com esta realidade permitiu vivenciar os dilemas e desafios impostos à prática profissional que é perpassada pela deterioração das condições de trabalho, interferindo no desempenho das atribuições profissionais e na qualidade dos serviços prestados aos usuários. Surgiu assim, não de forma aleatória, a primeira motivação a estudar o objeto ora proposto.

Acrescenta-se a isto, de forma não menos importante, as inquietações surgidas desde a experiência de inserção na iniciação científica, no Núcleo de Pesquisa e Extensão em Serviço Social, Trabalho e Políticas Sociais1 da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), enquanto

estudei sobre a temática das condições de trabalho dos assistentes sociais, culminando na produção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)2 e, posteriormente, na elaboração da Dissertação de Mestrado3 apresentada ao Programa de Pós Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, que teve como objeto de estudo a análise do assistente social enquanto trabalhador assalariado.

Na ocasião da dissertação questões importantes deixaram de ser aprofundadas, pelos limites temporais da pesquisa, tais como: a concepção de trabalho assalariado na literatura marxista, considerando as transformações históricas da produção mercantil no capitalismo contemporâneo, a exemplo do processo de reestruturação produtiva em curso, das novas formas de precarização do trabalho assalariado, das novas formas de extração do valor nas atividades e de assalariamento do setor de serviços e das transformações da classe trabalhadora (aquela que vive da venda de sua força de trabalho). Tais questões foram retomadas nesta pesquisa sendo examinadas com a devida profundidade e rigor de uma tese de doutorado. Vale destacar que a opção por esta temática se dá, principalmente, pela

1 O núcleo de pesquisa é coordenado pela Prof.ª Drª Rosa Lucia Prédes Trindade.

2 O trabalho teve como título: “O trabalho do assistente social na política de assistência social: análise sobre a

precarização das condições de trabalho do assistente social nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) em Maceió”.

3 A dissertação de mestrado foi apresentada no dia 08 de outubro de 2014 e foi intitulada como: “O Serviço

Social e o debate sobre a categoria trabalho: mediações para análise do assistente social como trabalhador assalariado”.

(19)

18

relevância deste objeto para a produção teórica do Serviço Social4, expondo-o ao debate crítico, com o intuito de problematizar de forma inédita as questões aqui apontadas.

1.1 Notas introdutórias: delimitação do objeto de pesquisa

Ao analisar as produções teóricas nas Ciências Sociais nos últimos trinta anos, não restam dúvidas de que o debate em torno da categoria trabalho e seus desdobramentos na sociedade capitalista, sobretudo atrelado ao contexto da crise do capital, vêm sendo discutidos na literatura das Ciências Humanas e Sociais, sob diversos enfoques e perspectivas5. O campo do

Serviço Social não foge à regra. Embora se tenha problematizado na literatura profissional sobre os efeitos da precarização do trabalho para o conjunto da classe trabalhadora em geral, ainda é incipiente a discussão em torno dos determinantes e das implicações desta

4 A pesquisa insere-se nas discussões trazidas nas Diretrizes Gerais para o curso de Serviço Social, que se

traduzem em núcleos de fundamentação constitutivos da Formação Profissional, mais especificamente na área dos fundamentos do trabalho profissional.

5 Dentre as diferentes tendências, teses e concepções acerca desta temática, destacam-se as publicações surgidas

na segunda metade do século XX com teorias que promulgam o fim da centralidade do trabalho no mundo dos homens. Com argumentos variados têm-se as teses de Schaff, Lojkine, Bell, Toffler, Offe, Gorz que sustentam, embora com diferenças, a premissa de que o incremento pujante das tecnologias computadorizadas na produção, a exemplo da automação e da informatização, ao estender as possibilidades de disseminação do conhecimento, constitui a potencialidade de uma nova civilização, pós-mercantil, que seria de caráter mais justo e igualitário sendo distinta da sociedade industrial: a “sociedade de informação”, onde a humanidade seria levada a um novo patamar organizacional situado para além do capitalismo. Nas palavras de Kumar: “A sociedade de informação, segundo seus teóricos, gera mudanças no nível mais fundamental da sociedade. Inicia um novo modo de produção. Muda a própria fonte da criação de riqueza e os fatores determinantes da produção. O trabalho e o capital, as variáveis básicas da sociedade industrial, são substituídas pela informação e pelo conhecimento. A teoria do valor do trabalho, da maneira formulada por uma sucessão de pensadores clássicos, de Locke e Smith a Ricardo e Marx, é obrigada a ceder lugar a uma "teoria do valor do conhecimento, e não do trabalho, e a origem do valor" (KUMAR, 2006, p. 24). Nessa mesma linha de pensamento, adepta da corrente da sociedade do não-trabalho, que nega a centralidade do trabalho na práxis humana, tem-se as argumentações marcadas pela alegação de que a produção flexível típica das fábricas toyotistas e a expansão do setor de serviços provocaram mudanças que, ao serem positivas para os trabalhadores, deixaram para trás o trabalho tedioso, cansativo, monótono que implica a desqualificação dos operários, abrindo espaço para a requalificação do trabalho, para a fusão entre o trabalho manual e o intelectual e, do produtivo e do improdutivo. Os antagonismos que balizam a divisão do trabalho tipicamente capitalista estariam, por definitivo, sendo superados. Por outro lado, tem-se no Brasil as teses de Lessa, Antunes, Alves que defendem a centralidade ontológica do trabalho na sociedade, como a categoria basilar, protoforma originária do ser social presente em todas as formações sociais. Reconhecem as mudanças no “mundo do trabalho”, nas formas de exploração e do controle do capital sobre o trabalho, impactando nas condições de trabalho e na reprodução da classe trabalhadora, em especial aquelas ocorridas pós crise estrutural do capital, advindas das metamorfoses da produção capitalista, mas não deixam de admitir que a produção flexível, apesar de promover alterações substantivas no processo de trabalho propiciadas pelo desenvolvimento tecnológico, não conseguiu, nem conseguirá, suplantar a centralidade do trabalho em todo e qualquer tipo de sociedade, inclusive no capitalismo.

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19

precarização na particularidade do exercício profissional do assistente social6. Sobre esta questão Raichelis enfatiza que:

[...] a temática da superexploração e do desgaste físico e mental no trabalho profissional é um tema novo, pouco debatido, pouco pesquisado, portanto pouco conhecido pelo Serviço Social e seus trabalhadores, e que não apresenta acúmulo na literatura profissional. O que se observa com maior frequência — certamente em função da centralidade da classe operária na produção capitalista e dos inúmeros estudos sobre os impactos da reestruturação produtiva nas relações e condições de trabalho desta classe — é o assistente social analisar (e indignar‑se) frente à exploração e ao desgaste a que são submetidos os trabalhadores assalariados, mas estabelecendo com estes uma relação de exterioridade e de não pertencimento enquanto um segmento desta mesma classe (RAICHELIS, p.426, 2011).

Para Alves (2007, p. 115) “a precarização não apenas desvela uma condição ontológica da força de trabalho como mercadoria, mas explicita novos modos de alienação/estranhamento e fetichismo da mercadoria no mundo social do capital”. Nesta direção, não se pode tratar a singularidade da precarização das condições de trabalho dos assistentes sociais, considerando seu estatuto de assalariado, sem recorrer ao conhecimento dos fundamentos do trabalho na tradição marxista, das determinações e implicações para a profissão advindas da crise do capital e de suas formas de enfrentamento, tais como a reestruturação produtiva e o neoliberalismo, que determinaram as redefinições no âmbito do Estado e das políticas sociaisno contexto da sociedade brasileira.

Inicialmente, partimos do pressuposto marxiano de que em qualquer forma de organização social haverá no seu interior o trabalho como uma forma específica, organizada e historicamente determinada7. Em geral, o trabalho sempre se concretizará como condição

eterna do gênero humano de satisfação de suas necessidades básicas através da transformação da natureza. Portanto, sendo o trabalho um ato específico da atividade humana, o indivíduo realiza o confronto com a natureza de modo que ele próprio, através dessa ação, possa mediar, regular e controlar esse ato, dominando o processo de trabalho em sua totalidade (MARX, 1985a).

6 Sobre a discussão da precarização na particularidade do exercício profissional do assistente social, destacam-se

as publicações de Alencar e Granemann (2009), Boschetti (2011), Guerra (2010), Iamamoto (2009), Predes e Cavalcante (2010), Raichelis (2011) e Santos (2010).

7 Vale ressaltar que embora o trabalho exista em qualquer tipo de sociabilidade, não podemos afirmar que a

totalidade da reprodução social seja resumida somente a ele. Conforme o pensamento marxista e lukácsiano o processo de reprodução social também é composto por outras atividades, a exemplo do Direito, o Estado, a religião, a política, etc. A propósito consultar a obra de LUKÁCS “Il Lavoro, de Per l’ontologia Dell’ Essere Sociale”.

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Nesse movimento, o homem, através do trabalho, ultrapassa seus limites naturais produzindo a si como gênero humano. Todavia, o trabalho, que genuinamente seria uma atividade livre em que o homem controla a totalidade de seu processo de trabalho, adquire no capitalismo o caráter de trabalho assalariado, onde o trabalhador vende sua força de trabalho enquanto mercadoria8, para ser explorada pelo detentor dos meios de produção. Por este

motivo, o ato de trabalhar, ao invés de se constituir em uma atividade livre e consciente, estabelece-se como atividade precarizada e alienante9. É “com a modernidade do capital que, pela primeira vez na história humana, a força de trabalho torna-se mercadoria e constitui-se um trabalhador de novo tipo, o ‘trabalhador livre’, ou seja, o trabalhador assalariado, integrado ao regime do salariato” (ALVES, 2007, p.85).

A partir do momento em que há expropriação dos meios de produção e a mercantilização da força de trabalho, mediante a relação de assalariamento, o trabalho perde sua dimensão original de ser fonte de humanização constituindo-se em trabalho precarizado10 e desumanizante11. E, neste sentido, podemos apontar que todo trabalho assalariado carrega o elemento da precarização, que reside na lógica imanente do capital.

Entendemos nesta lógica que a geração e acumulação de riquezas no capitalismo têm como centro o trabalho do proletariado, ou seja, o trabalho daqueles que realizam o

8 “É importante salientar que, com o capitalismo, a força de trabalho, isto é, o trabalho vivo incorporado na

produção de mercadorias, é também mercadoria. Eis um fato histórico da mais alta importância. É a instituição social da força de trabalho como mercadoria que irá contribuir para que a forma-mercadoria se torne a célula-mater da sociabilidade ocidental” (ALVES, 2007, p.81).

9 Sobre este trabalho assalariado que aliena, Mészáros (1981, p.110) escreve: “Mas o uso da força de trabalho, o

trabalho, é a própria atividade vital do trabalhador, a manifestação de sua própria vida. E ele vende essa atividade a outra pessoa para conseguir os meios de subsistência necessários. Assim, sua atividade é para ele apenas um meio que lhe permite existir. Ele trabalha para viver. Não considera nem mesmo o trabalho como parte de sua vida, é antes o sacrifício de sua vida. É uma mercadoria, que ele transferiu a outro. Daí, também, não ser o produto de sua atividade o objeto dessa atividade. O que ele produz para si mesmo não é a seda que tece, nem o ouro que arranca do fundo da mina, nem o palácio que constrói. O que ele produz para si são os salários, e a seda, o ouro e o palácio se resolvem, para ele, numa quantidade definida dos meios de subsistência, talvez num paletó de algodão, algumas moedas de cobre e um quarto num porão. E o trabalhador, que durante 12 horas tece, fura, drila, constrói, quebra pedras, carrega pesos etc., considera essas 12 horas como uma manifestação de sua vida, como vida? Ao contrário, a vida começa para ele quando essa atividade cessa; começa na mesa, no bar, na cama. As 12 horas de trabalho, por outro lado, não têm significado para ele como tecelagem, mineração etc., mas como ganho, que o leva à mesa, ao bar, à cama. Se o bicho-da-seda tivesse de tecer para continuar sua existência como lagarta, seria um trabalhador assalariado completo”.

10 Não queremos afirmar que não existiam formas de trabalho precárias nas sociedades pré-capitalistas.

Entretanto, nessas sociedades a precarização e a pobreza se davam pelo baixo desenvolvimento das forças produtivas, onde havia o predomino da escassez de bens materiais e condições inadequadas ao desenvolvimento do trabalho. Já no capitalismo temos um grande desenvolvimento das forças produtivas, com a capacidade de atender as necessidades materiais de todos os indivíduos. As bases produtivas mudam e a precarização no capitalismo é dada pela separação dos produtores dos seus meios de produção e pela relação de assalariamento (consultar a propósito: Marx, 1985a).

11 “O que deveria se constituir na finalidade básica do ser social - a sua realização no e pelo trabalho - é

pervertido e depauperado. (...) tem-se a desrealização do ser social. O resultado do processo de trabalho, o produto, aparece junto ao trabalhador como um ser alheio, como algo alheio e estranho ao produtor e que se tornou coisa” (ANTUNES, 2015, p.171-172).

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intercâmbio orgânico com a natureza. E é do trabalho do proletariado, que produz a riqueza material e a mais-valia, que se retira a fonte do assalariamento dos demais trabalhadores, inclusive dos assistentes sociais (LESSA, 2011). Mas, devemos levar em conta que nos últimos anos o trabalho fora desta esfera produtiva ampliou-se e os trabalhadores improdutivos não se encontram fora do processo de agudização da precarização do trabalho, a exemplo do assistente social.

Nesse sentido, como substrato teórico para analisarmos as condições de trabalho do assistente social temos também a categoria trabalho improdutivo, que pode ser diretamente relacionada à condição de trabalhador assalariado do assistente social no âmbito estatal, como é o caso dos assistentes sociais que atuam na assistência estudantil dos Institutos Federais de Educação no Brasil. O assistente social faz parte do grupo de assalariados que operam como auxiliares no processo de reprodução das relações sociais, tendo uma importância para a reprodução do modo de produção capitalista, ainda que não produzam mais-valia. Suas atividades estão voltadas tanto ao controle12 sobre os demais trabalhadores, que se encontram diretamente no processo produtivo, como também para execução de políticas e serviços sociais.

Como tanto os trabalhadores da esfera do trabalho produtivo quanto os da esfera do trabalho improdutivo padecem das consequências nefastas da exploração e degradação do trabalho, temos a ampliação da precarização do trabalho, sob o aumento e reedição de novas e velhas modalidades de exploração, que desregulamentam o mercado de trabalho e corroem os direitos trabalhistas e sociais, isso sob os auspícios do Estado neoliberal13 que oferece ao

capital condições legais de exploração da força de trabalho.

Sendo assim, o assistente social que trabalha majoritariamente no âmbito dos serviços também vivencia os efeitos nefastos da ampliação da precarização das condições de trabalho em seu exercício profissional e por meio da relação de assalariamento se insere no processo de mercantilização da força de trabalho. Deste modo:

12 Não afirmamos com isto que a prática profissional do assistente social só tem a funcionalidade de controle

sobre os trabalhadores da esfera produtiva. Sabe-se que a prática profissional não é embasada em uma neutralidade. Atuando com uma orientação ética estratégica, baseada em princípios e valores orientados na defesa da emancipação humana e contrário aos interesses de quem o contrata, o assistente social pode auxiliar também no projeto de fortalecimento das lutas sociais da classe trabalhadora.

13 É possível afirmar que o neoliberalismo instaura-se no final da década de 1970, após a Segunda Guerra

Mundial, na região da Europa e da América do Norte. Nascido como uma resposta econômica e política contra o Estado de bem-estar social, visa implementar propostas de redução de gastos sociais, para manter a “ordem da sociedade” e equilibrar a economia, garantindo o funcionamento do sistema capitalista.

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22 O trabalho assalariado não perde sua centralidade sociológica nas sociedades capitalistas, como supõem alguns analistas sociais (Claus Offe e André Gorz, entre outros). O que ocorre é a constituição de novas formas de salariato por conta da crise estrutural do capital, que desmonta as implicações salariais vigentes no capitalismo global, buscando recompor a base de exploração da força de trabalho e produção de mais-valia. A disseminação da precarização do trabalho e das novas formas de trabalho precário nos países capitalistas é evidência empírica do novo salariato do capital (ALVES, 2007, p.88).

O estudo teórico e histórico nos permite perceber que no capitalismo contemporâneo o incremento das formas de exploração da força de trabalho tem levado ao agravamento da precarização do trabalho, o que ocorre tanto no setor produtivo quanto no setor improdutivo, a exemplo dos serviços, ainda que haja particularidades em cada um. Embora defendamos que a precarização do trabalho no capitalismo existe desde seus primórdios, pela expropriação dos meios de produção e pela relação do assalariamento, não se constituindo numa questão contemporânea determinada pela conjuntura de crise do capital, não podemos negligenciar que é nesse período que há sua ampliação, em todas as esferas sociais, manifestando-se em níveis e graus distintos para o conjunto de trabalhadores14. Portanto, “a precarização é um processo social de conteúdo histórico-político concreto, de natureza complexa, desigual e combinada, que atinge o mundo do trabalho, principalmente setores mais organizados da classe do proletariado” (ALVES, 2007, p.115).

O século XX foi marcado por inúmeras transformações no mundo do trabalho decorridas, principalmente, da crise de produção do sistema capitalista que, por sua vez, adotou mecanismos para se reestruturar e garantir a manutenção de sua acumulação nos países cêntricos, e posteriormente nos países periféricos, a exemplo do Brasil. No final da década de 1960 e início dos anos 1970, como expressão dessa crise estrutural do capital, o mundo vivenciava uma crise no padrão taylorista/fordista e a ascensão de um novo modelo de produção japonês, o toyotismo, objetivando a recuperação do seu ciclo reprodutivo, bem como a reposição de seu projeto societal que trouxe repercussões negativas para os trabalhadores15 (ANTUNES, 2015). Identifica Mészáros (2011, p. 697, grifos do autor) que a

14 Segundo Alves (2012, n.p.) “a precarização do trabalho que caracteriza o capitalismo histórico assumiu uma

dimensão estrutural e fez emergir a precarização do homem-que-trabalha. Trata-se de uma nova dimensão da precarização do trabalho que não se reduz a precarização salarial. A precarização do homem-que-trabalha não se trata da mera afirmação do trabalho estranhado, mas sim a sua radicalidade qualitativamente nova capaz de desefetivar o ser genérico do homem em largas camadas sociais do proletariado hoje, com impactos na saúde dos homens e das mulheres que trabalham. A amplitude e intensidade do fenômeno do estranhamento hoje alterou o significado político da precarização do homem-que-trabalha”.

15A organização do trabalho toyotista implementa um modelo de gerência que utiliza estratégias de

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crise é “um continuum depressivo, que exibe as características de uma crise cumulativa, endêmica, mais ou menos permanente e crônica, com a perspectiva última de uma crise estrutural cada vez mais profunda e acentuada”.

As tensões no mundo do trabalho, inseridas e inseparáveis da crise estrutural, são interpretadas equivocadamente como a crise da sociedade do trabalho. De fato, tem-se uma crise; mas trata-se da crise do trabalho abstrato, que é marcado ontologicamente pela precarização e pela alienação. Isso em vista, o trabalho abstrato converte a vida dos homens em algo penoso e degradante que destroça a humanidade e precariza a vida humana. Essa é a contradição do trabalho no capitalismo: “o sentido que estrutura o capital (o trabalho abstrato) é desestruturante para a humanidade”, enquanto do lado contrário, “o trabalho que tem sentido estruturante para humanidade (o trabalho concreto que cria bens socialmente úteis), torna-se potencialmente desestruturante para o capital” (ANTUNES, 2018, p.27).

Na discussão sobre as atuais condições de trabalho é imprescindível suscitar a reestruturação produtiva e uma nova cultura no mundo do trabalho dela decorrente, implicando em mudanças na divisão internacional do trabalho. Significa que houve uma redução no limite entre os processos de “subsunção real e formal” do trabalho ao capital, ao mesmo tempo em que compôs uma nova “morfologia do trabalho”, segundo expressão de Antunes (1990). Na perspectiva de dá respostas a essa conjuntura, o sistema capitalista iniciou um processo de reorganização do capital e de seu sistema econômico, político e ideológico:

[...] cujos contornos mais evidentes foram o advento do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal (...); a isto se seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumento necessário para tentar repor os patamares de expansão anteriores (ANTUNES, 2009, p. 33, grifos do autor).

A superexploração da força de trabalho é endossada pelo controle intenso do trabalho, facilitado pela tecnologia. A exploração é intensificada, para o alcance de metas de produtividade no trabalho, num curto espaço de tempo. Acresce-se a isto a padronização e rotinização do trabalho, a exigência da polivalência do trabalhador e o acirramento do despotismo dos assalariados supervisores de trabalho. Como consequência, acentua-se o

trabalhador como “associado” ou “colaborador”. É prioridade desta conjuntura um trabalho altamente qualificado e intelectualizado, que, contraditoriamente, associa-se com o trabalho precarizado e superexplorado, para obter a extração intensa de mais-valia. Ao contrário do modelo de produção taylorista-fordista, onde o trabalhador não era requisitado a pensar sobre seu trabalho, o toyotismo demanda um trabalhador participativo, conjugando elementos subjetivos com formas flexíveis de emprego. Tais características são essenciais para que o controle e a disciplina dos trabalhadores sejam assegurados.

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adoecimento dos trabalhadores, expresso em grande parte no aumento de doenças psicológicas como a depressão.

Atrelado a esse processo, a emergência do neoliberalismo16 ampliou os elementos da

precarização do trabalho. No panorama mais geral, Harvey (2008) sintetiza que a “virada neoliberal” foi uma resposta à crise de 1970, onde a conjuntura era de longa e profunda recessão com altas taxas de inflação e baixas taxas de crescimento, adotando novas práticas que possibilitassem a continuidade do capitalismo, por meio de medidas de cunho neoliberais, no intuito de recuperar o poder da classe capitalista. O neoliberalismo, como nova estratégia hegemônica de resposta à crise estrutural do capital, implica em redução de políticas sociais, aumento da desigualdade social, novas formas de flexibilização do trabalho, entre outras medidas que permitem a superexploração do trabalho. As desregulamentações das políticas sociais e das relações de trabalho tornam-se a “questão do dia” para serem efetivadas com muito mais rigor.

Para Alves (2012, n.p.), a crise estrutural do capital, que surgiu na década de 1970, implantou uma nova “temporalidade histórica do desenvolvimento civilizatório, caracterizada por um conjunto de fenômenos sociais qualitativamente novos que compõem a fenomenologia do capitalismo global com seus ‘trinta anos perversos’ (1980-2010)”. Nesse sentido, “a década de 70 significou, no plano histórico-mundial, a inauguração de um ‘corte histórico’ no processo civilizatório do capital” onde emergiram “novos fenômenos sociais radicalmente novos que merecem ser investigados numa perspectiva rigorosamente dialética. Enfim, alterou-se o timing da luta de classes e da dinâmica sócio-reprodutiva do sistema do capitalismo mundial” (idem).

Como tendência de grande relevância no mundo do trabalho contemporâneo podemos citar a ampliação dos assalariados nos serviços. É notório que, especialmente nas últimas décadas do século XX, há “uma significativa expansão dos assalariados médios no ‘setor de serviços’, que incialmente incorporou parcelas significativas de trabalhadores expulsos do mundo produtivo industrial”, isso enquanto “resultado do amplo processo de reestruturação

16 O neoliberalismo surge após a II Guerra Mundial, na Europa e na América do Norte, regiões do capitalismo

avançado, tendo como referencial teórico Friederic Hayek. Conforme Anderson (1995) o neoliberalismo “foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar” (idem, p. 09). O neoliberalismo ganha materialidade a partir das vitórias eleitorais de candidatos das alas conservadoras, inicialmente em alguns países da Europa e da América do Norte, e finca seu sucesso por meio de “de um consenso construído e moldado segundo a imagem e semelhança da burguesia rentista, com diferentes variações nos diversos países”. Consenso esse muitas vezes consolidado nos pleitos eleitorais com a participação dos trabalhadores e da classe média, que legitimaram com seus votos o consubstanciamento do projeto neoliberal. Vale destacar que o uso de métodos coercitivos de repressão também é uma estratégia do projeto neoliberal, seja por meio da desmobilização da classe trabalhadora, como também através da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais (CASTELO, 2011, p.234).

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produtiva, das políticas neoliberais e do cenário de desindustrialização e privatização, mas que também sentem consequências do processo de reestruturação” (ANTUNES, 2007, p.19).

O modelo neoliberal e a reestruturação produtiva afetaram as relações de trabalho no mundo inteiro e ocasionaram mudanças qualitativas, alcançando os trabalhadores das indústrias e dos serviços, inclusive dos serviços públicos, a exemplo dos serviços prestados através dos assistentes sociais. Podemos remeter este processo de precarização das condições de trabalho nos serviços públicos à conjuntura brasileira a partir dos anos 199017 até aos tempos mais recentes, considerando as reconfigurações do mundo do trabalho no sistema do capital em crise, tendo presentes os percursos do ajuste aos circuitos do capitalismo mundializado e financeirizado, em face da gestão dos serviços públicos.

No Brasil, a década de 1990 marca, por um lado, os primórdios da operacionalização das políticas sociais conquistadas na Constituição de 1988 e, por outro, um período de contrarreformas que incidirão nessas políticas. Com a elevação de juros e o aumento inflacionário o país passa por um processo de agudização do empobrecimento da classe trabalhadora, pela crise e sucateamento dos serviços públicos, pelo desemprego18, fragilização das condições de trabalho, com redução dos direitos, incentivo à terceirização, entre outras regressivas medidas que incidem nas condições de vida e de trabalho dos trabalhadores, inclusive os trabalhadores dos serviços públicos.

O cenário da década de 1990 introduz as políticas neoliberais no Estado brasileiro, materializadas no desmonte das políticas sociais e da legislação protetora do trabalho. O quadro pós-redemocratização desencadeia a ascensão das políticas neoliberais no Brasil, iniciadas no governo de Fernando Collor e prosseguidas pelos demais governos, marcadas por uma política econômica de ajuste fiscal.

No caso brasileiro, as medidas neoliberais atingem de forma negativa todos os trabalhadores, inclusive o dos setores dos serviços públicos/estatal. Os assalariados dos

17 A partir da década de 90 instala-se uma crise estrutural, quando a sociedade brasileira se inscreve na nova

ordem econômica mundial, sob os imperativos do capital financeiro, responsáveis pela redefinição das estratégias de acumulação do capital e pela reforma do Estado que segundo Behring (2008) no caso brasileiro se trataria de uma contrarreforma do Estado.

18 “Ao longo os anos 90 foram queimados cerca de 3,3 milhões de postos de trabalho formais da economia

brasileira. Desde que FHC assumiu em 1995 foi contabilizada uma queima de nada menos de 1,8 milhão de empregos formais, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregos (CAGED), do Ministério do Trabalho. Até maio de 1999 a indústria de transformação reduziu seus empregos formais na década em cerca de 1,6 milhão (73% do que dispunha em 1989) e os subsetores mais atingidos foram os das indústrias têxtil (-364 mil), metalúrgica (-293 mil), mecânica (-214 mil), química e produtos farmacêuticos (-204 mil), e material de transporte (-92 mil). A construção civil viu desaparecerem 322 mil empregos formais. O comércio também foi duramente atingido (-294 mil). O setor financeiro reduziu sua mão de obra formal em cerca e 354 mil. Apenas apresentou um comportamento positivo o heterogêneo subsetor Serviços, compreendido por alojamento, alimentação, reparação e diversos (cerca de 160 mil)” (MATTOSO, 1996, p. 18, grifos do autor).

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serviços públicos, nos últimos anos, foram vítimas das privatizações, demissões – inclusive as demissões “voluntárias” – aposentadorias precoces, terceirização e congelamento dos salários, refletindo num perfil do mercado de trabalho brasileiro com um maior índice de precarização. O assistente social, que tem como seu maior empregador o setor público, não fica imune à ampliação das expressões da precarização, que são manifestadas em diferentes formas, não podendo ser apreendidas de modo linear e determinista.

Concordamos com Cavalcante e Prédes (2010) que as condições de trabalho dos assistentes sociais também estão precarizadas porque as políticas sociais são precárias desde a sua gênese. Faz-se necessário lembrarmos que as políticas sociais19 suscitam a formação de profissionais com qualificações específicas para formular e operacionalizar os serviços por elas oferecidos, como, por exemplo, o assistente social. Portanto, a criação de um espaço sócio-ocupacional para o Serviço Social no interior da divisão social e técnica do trabalho no capitalismo monopolista “tem sua base nas modalidades através das quais o Estado burguês se enfrenta com a ‘questão social’, tipificadas em políticas sociais” (NETTO, 2011a, p. 74). Essas políticas sociais demandarão profissionais para sua formulação e sua implementação. Neste período “está posto o mercado de trabalho para o assistente social: ele é investido como um dos agentes executores das políticas sociais” (idem, grifos do autor).

Ora, no contexto das transformações do mundo do trabalho, os assistentes sociais também têm seu exercício profissional tensionado pelas mudanças ocorridas no âmbito do Estado e, consequentemente, das políticas sociais, por ser este profissional um dos gestores e executores dessas políticas. Isto porque, “a política social está subordinada à política econômica, interferindo na qualidade dos serviços públicos que são prestados à população, bem como reflete nas condições de trabalho dos profissionais que atuam na área social” (CAVALCANTE; PRÉDES, 2010, p. 01).

Frente a essa realidade, esse estudo objetiva desvendar os determinantes da precarização do trabalho e das políticas sociais, a partir do movimento sócio-histórico do capitalismo, especialmente os rebatimentos para o exercício profissional dos assistentes sociais. Partimos da constatação que os assistentes sociais são trabalhadores inseridos no mercado de trabalho, inscritos na divisão sociotécnica do trabalho, e vendem sua força de

19 A intervenção social do Estado concede formalmente direitos sociais, atendendo a algumas demandas dos

trabalhadores, sem obstaculizar o pleno desenvolvimento do sistema do capital. O Estado por um lado reconhece, no plano formal, a luta dos trabalhadores em torno da garantia de direitos, mas por outro, oculta e atenua os conflitos da relação entre capital e trabalho. É por meio da reconfiguração da ação estatal na era dos monopólios que as políticas sociais são efetivadas para auxiliar no controle e na preservação da força de trabalho e amortecer os conflitos sociais.

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trabalho em troca de um salário, uma vez que não dispõem das condições e dos meios de trabalho. A instituição empregadora define sua jornada de trabalho, seu salário e as demais condições de trabalho. Embora o Serviço Social seja regulamentado como profissão liberal, majoritariamente o assistente social exerce seu trabalho de forma assalariada, o que o coloca vivenciando os mesmos dilemas e desafios postos aos demais trabalhadores (IAMAMOTO, CARVALHO, 2008), a exemplo dos processos de intensificação da exploração da força de trabalho.

A agudização da precarização do trabalho atinge as mais diversas categorias de trabalhadores assalariados, expressando-se nos níveis econômicos, sociais e políticos, acirrando a instabilidade e a insegurança nas relações de trabalho. As características do trabalho precário do assistente social têm seu fundamento na própria condição do trabalho assalariado, que já é precário por natureza. No entanto, a precarização se intensifica por meio do desemprego estrutural, que assola a maioria dos trabalhadores da sociedade, e pelas relações de flexibilização do trabalho, traduzidas na superexploração da força de trabalho. Na trilha desse entendimento, pretendemos analisar as inflexões ao exercício profissional do assistente social ocasionadas pela gestão do trabalho, considerando a força de trabalho humano como um elemento central na elaboração, planejamento e execução das políticas sociais, estando subordinada às relações de assalariamento impostas pela instituição empregadora. Portanto:

As reflexões iniciais aqui desenvolvidas permitem afirmar que as condições de trabalho dos assistentes sociais pioraram nas décadas de 1990 e de 2000 e seguiram igual tendência auferida em estudos de outras categorias profissionais, em particular, e na classe trabalhadora como um todo. Todavia investigações amiúde são mais do que necessárias para capturar e problematizar as tendências centrais nestes quase 20 anos de contrarreformas do Estado e das políticas sociais. O aprofundamento da pesquisa neste campo certamente contribuirá para o desvanecimento de perspectivas ilusórias sobre os potenciais das políticas sociais, bem como para compreender a condição histórica do trabalho dos profissionais nelas envolvidos (ALENCAR, GRANEMANN, 2009, p.168).

Com todas essas transformações permeando e redimensionando o exercício profissional do assistente social, e, consequentemente, suas condições e relações de trabalho, torna-se relevante discutir a particularidade das condições de trabalho do assistente social na assistência estudantil da rede federal de educação brasileira, tendo em vista que esta área de atuação ampliou-se bastante nos últimos anos, abrindo um mercado de trabalho significativo

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para os assistentes sociais, decorrente do movimento intenso de expansão nas Universidades e Institutos Federais.

Alguns elementos empíricos justificam a escolha deste universo. Um deles é a ampliação do mercado de trabalho para os assistentes sociais na assistência estudantil nos Institutos Federais de Educação (IFs) e nas Universidades Federais, decorrente da criação do PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil) em 2007, sendo este o primeiro documento a regulamentar a assistência estudantil no Brasil, e evidentemente a expansão da rede federal de ensino técnico-profissionalizante e ensino superior. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), até o ano de 2010 havia 354 institutos federais no Brasil. Já entre o período de 2011-2014, houve a inauguração de mais 208 unidades, totalizando assim 562 institutos federais em todo o Brasil.

A referência empírica de análise desta pesquisa, ou lócus da pesquisa, é o Instituto Federal de Alagoas20 (IFAL). É importante assinalar que embora Alagoas conte com dezenas

de campi do IFAL, os índices de educação do Estado não revelam uma realidade animadora. Sabemos que o estado de Alagoas apresenta um dos maiores indicadores de desigualdade social do Brasil, acompanhados de uma realidade social e econômica precária e limitadora. Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o estado de Alagoas apresentou o pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país, seguido também da posição de estado com maior proporção de pobres. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2016 também revelam que Alagoas liderou o ranking nacional de analfabetismo, apresentando uma taxa de analfabetismo das pessoas de 15 ou mais anos de idade, de 19,4%. A pesquisa mostrou que a taxa alagoana está muito acima da média nacional, que registrou 7,2% de analfabetismo. Embora seja um dos menores estados do Brasil, Alagoas se destaca como um dos maiores aglutinadores de pobreza e desigualdade social, sendo o terceiro estado do país com maior índice de pobreza, de acordo com a pesquisa Síntese de

20 Contextualizando o instituto supracitado, entende-se que este possuiu outras nomenclaturas. De 1909 a 1937,

se denominava Escola de Aprendizes Artífices de Alagoas, com cursos de sapataria, marcenaria, carpintaria, entre outros, mas vale ressaltar que tais cursos eram ofertados para crianças de 10 a 13 anos de idade. A partir de 1937 até 1961, a antiga Escola passou a ser Liceu Industrial de Maceió. De 1967 a 1999, o antigo nome deu lugar à Escola Industrial Deodoro da Fonseca e Escola Industrial Federal de Alagoas, em que a partir de sua expansão em 1986, nos anos 1990 ocorreu um alto índice de superlotação e reprovação na Escola, é a partir daí que vai surgir o processo seletivo para a entrada na referida Escola, com o intuito de reduzir o número de alunos ingressantes (BONAN, 2010). Vale ressaltar que em 1993, chega em Palmeira dos Índios a Escola Industrial Federal de Alagoas, que recebe, em 1994, a nomenclatura de Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’s). A instituição só passou a receber a nomenclatura de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas com a fusão, em 2008, da Escola Agrotécnica Federal de Satuba/AL e do Centro Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (CEFET), a partir da criação da Rede Federal de Educação Profissionalizante, que, no entanto, possuíam bases educacionais distintas, mas que se uniram e passaram a compor uma nova realidade à educação em Alagoas.

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Indicadores Sociais 2017 – SIS 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

OInstituto Federal de Alagoas (IFAL) foi implantado em 2009, e expandido no ano de 2010, com a inauguração dos campi nas cidades de Arapiraca, Maragogi, Murici, Penedo, Piranhas, Santana do Ipanema e São Miguel dos Campos. Expansão que abriu a possibilidade de ampliação do quadro de assistentes sociais, bem como de outros profissionais. Contudo, os espaços de atuação do Serviço Social foram criados nestes campi somente no final do ano de 2011, com a contratação de 07(sete) assistentes sociais, sendo lotado 01(um) em cada campus. Tais profissionais foram requisitados na instituição para trabalharem com os programas de assistência estudantil, a partir do qual se passou a enviar orçamento específico para as ações de assistência estudantil das Instituições Federais de Ensino. Até o ano de 2019, o Serviço Social do IFAL era composto por 17(dezessete) profissionais, lotados nos diversos campi, havendo carência de profissionais na maioria dos campi e, em especial, nos 04(quatros) campi (até o momento sem assistente social) implantados em 2014, nas cidades de Batalha, Coruripe, Rio Largo e Viçosa e no campus Benedito Bentes inaugurado em 2016.

Tendo em vista essa realidade, esta proposta de pesquisa aborda as particularidades das condições de trabalho dos assistentes sociais do IFAL, no âmbito da assistência estudantil, pensadas no conjunto das mudanças no mundo do trabalho, que ao longo do tempo vem configurando amplas e profundas transformações, bem como na desregulamentação das ações do Estado no contexto neoliberal que rebatem diretamente no exercício profissional do assistente social. Pretendemos desvelar como as condições de trabalho gestadas/financiadas no âmbito das políticas sociais se expressam para os assistentes sociais, em suas dimensões objetivas e subjetivas do seu exercício profissional.

Em síntese, partimos dos pressupostos que:

1. Todo trabalho assalariado no capitalismo é precário, em decorrência da relação mercantil de compra e venda da força de trabalho. As condições de trabalho, inclusive as do assistente social, são imbricadas à condição de assalariamento no capitalismo, que carrega o elemento da precarização. Portanto, o determinante ontológico da precarização do trabalho do assistente social reside na sua condição de trabalhador assalariado, ou seja, na sua condição de assalariamento.

2. O exercício profissional do assistente social torna-se mais precário devido ao contexto de intensificação da exploração da força de trabalho, advindo da

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