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O objeto de estudo desta tese está circunscrito num contexto histórico permeado por conformações econômicas, políticas e sociais que marcam o cenário atual das relações estabelecidas pela sociedade capitalista contemporânea. Explorar a temática de pesquisa aqui proposta requer recuperar a teorização acumulada no campo marxista, no âmbito dos estudos sobre o trabalho na égide do sistema do capital, sobre o Estado no contexto de crise do capital, e sua relação com a política de educação, e sobre o Serviço Social no Brasil.

Nosso universo de pesquisa não pode ser dissociado das determinações advindas do conflito entre capital e trabalho, suscitadas pelo sistema de produção capitalista. Na trilha deste entendimento, buscamos desvelar as determinações conjunturais e estruturais que explicam os fundamentos da precarização das condições de trabalho dos assistentes sociais do IFAL, estabelecendo a relação entre a precarização do trabalho assalariado e das políticas sociais no contexto do capitalismo contemporâneo.

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Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar as condições de trabalho dos assistentes sociais, articuladas à precarização do trabalho e das políticas sociais no Brasil, visando identificar as expressões da precarização no exercício profissional na assistência estudantil do Instituto Federal de Alagoas (IFAL). Do objetivo geral, destrinchamos os seguintes objetivos específicos da pesquisa, que nortearam nosso processo investigativo:

• Estudar os fundamentos do trabalho assalariado, a particularidade dos serviços e os processos de precarização do trabalho no capitalismo contemporâneo, objetivando decifrar as bases ontológicas da precarização das condições de trabalho do assistente social;

• Pesquisar a precarização das condições de trabalho no Brasil, a precarização dos serviços sociais e os impactos para o assistente social como trabalhador assalariado; • Examinar as tendências da precarização do serviço público e das políticas sociais

brasileiras e seus rebatimentos no exercício profissional dos assistentes sociais;

• Analisar os determinantes do processo de expansão Institutos Federais de Educação (IFs), a consolidação dos programas de assistência estudantil no Brasil e as particularidades da precarização das condições de trabalho dos assistentes sociais do IFAL.

Como toda pesquisa demanda a adoção de um método que ilumine a apreensão do objeto investigado, para alcance dos objetivos do estudo nossa investigação foi fundamentada na perspectiva marxiana, tendo como pressuposto o materialismo histórico-dialético, cujo ponto de partida é a realidade em suas manifestações fenomênicas. O método de pesquisa, além de expressar a postura do pesquisador diante do objeto de pesquisa, possibilita captar as categorias de análise historicamente determinadas e apreender as contradições que dinamizam os processos sociais.

Importante mencionar que Marx não escreveu nenhuma obra específica sobre a questão do conhecimento; ele não descreveu nenhum conjunto de regras e procedimentos previamente estabelecidos, que podem ser apreendidos separadamente do objeto. O ponto de partida do procedimento marxiano é a gênese do ser social, o ato que funda a sociabilidade. “É na análise desse ato que ele descobrirá a origem da natureza e a função social essenciais do conhecimento” (TONET, 2013, p.74). Em Marx há uma indissociável conexão entre elaboração teórica e formulação metodológica, que impede uma abordagem que autonomize o método em face da teoria. É nesta conexão que se encontram plenamente articuladas três categorias: totalidade, contradição e mediação (NETTO, 2011b, p.56).

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O materialismo histórico-dialético considera a totalidade como categoria nuclear. No entanto, é importante distinguir totalidade de tudo. “Tudo significa o conjunto – obviamente infinito – de todas as partes e aspectos da realidade”. Já a totalidade, na perspectiva marxiana, “expressa o fato de que a realidade social é um conjunto articulado de partes. Cada uma dessas partes é, em si mesma, uma totalidade, de maior ou menor complexidade, mas jamais absolutamente simples” (TONET, 2013, p.96). A totalidade é a expressão de um modo de ser da realidade, expressão da existência social; é um complexo de complexos.

O conjunto articulado de partes, que compõe a totalidade, “é permeado por contradições e por mediações, que resultam no dinamismo próprio de todos os fenômenos sociais e na específica concretude de cada um deles” (TONET, 2013, p.96). A contradição dinamiza a categoria totalidade. A sociedade burguesa, enquanto totalidade concreta e articulada, é uma totalidade dinâmica, “seu movimento resulta do caráter contraditório de todas as totalidades que compõem a totalidade inclusiva e macroscópica”. Além disso, “sem as contradições, as totalidades seriam categorias inertes, mortas – e o que a análise registra é precisamente sua continua transformação” (NETTO, 2011b, p.57).

A questão fundamental localiza-se em descobrir as relações “entre os processos ocorrentes nas totalidades constitutivas tomadas na sua diversidade e entre elas e a totalidade inclusiva que á a sociedade burguesa” (NETTO, 2011b, p.57). Para isso é necessária a mediação. Portanto:

Tais relações nunca são diretas; elas são mediadas não apenas pelos distintos níveis de complexidade, mas, sobretudo, pela estrutura peculiar de cada totalidade. Sem os sistemas de mediação (internas e externas) que articulam as totalidades, a totalidade concreta que é a sociedade burguesa seria uma totalidade indiferenciada – e a indiferenciação cancelaria o caráter do concreto, já determinado como “unidade do diverso” (NETTO, 2011b, p.57- 58, grifos do autor).

Foi articulando estas três categorias (a totalidade, a contradição e a mediação) que Marx “descobriu a perspectiva metodológica que lhe propiciou o erguimento do seu edifício teórico”. Oferecendo-nos “o exaustivo estudo da ‘produção burguesa’, ele nos legou a base necessária, indispensável, para a teoria social” (NETTO, 2011b, p.58). Portanto, realizar uma pesquisa com base no materialismo histórico-dialético significa aproximar-se e mergulhar na realidade; refletir criticamente sobre as múltiplas determinações e conexões desta realidade com o objeto de pesquisa e apreender o que é próprio do objeto. Nesta perspectiva, as

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categorias não são criadas pelo pesquisador, mas extraídas do objeto de pesquisa, expressando formas de ser da realidade, que é movida por contradições e antagonismos.

No método marxiano o sujeito, primeiramente, toma os fatos em sua imediaticidade e através do mediato, submete-os a um tratamento histórico-dialético visando capturar sua legalidade interna. O objeto de pesquisa é dinâmico e deve ser traduzido em sua integralidade. Marx (1995a, p. 20), em relação ao método, aponta que:

[...] a pesquisa tem de captar detalhadamente a matéria, analisar as suas várias formas de evolução e rastrear sua conexão íntima. Só depois de concluído esse trabalho é que se pode expor adequadamente o movimento real. Caso se consiga isso, e espelhada idealmente agora a vida da matéria, talvez possa parecer que se esteja tratando de uma construção a priori.

Assim, partimos do entendimento de que "[...] o conhecimento teórico é o conhecimento do objeto - de sua estrutura e dinâmica - tal como ele é em si mesmo, na sua existência real e efetiva, independentemente dos desejos, das aspirações e das representações do pesquisador." (NETTO, 2011b, p.20, grifos do autor). Para Marx, a teoria é “a reprodução ideal do movimento real do objeto pelo sujeito que pesquisa: pela teoria o sujeito reproduz em seu pensamento a estrutura e a dinâmica do objeto de pesquisa” (idem, p.21, grifos do autor).

Para Marx, o objeto de pesquisa existe independentemente do pesquisador; ele não depende do sujeito para existir. No ato da pesquisa o sujeito deve apreender a essência do objeto. O pesquisador deve ir além da aparência imediata e empírica do objeto de pesquisa, “sendo essa aparência um nível da realidade e, portanto, algo importante e não descartável -, é apreender a essência (ou seja: a estrutura e a dinâmica) do objeto” (NETTO, 2011b, p.22). Logo, “numa palavra: o método de pesquisa que propicia o conhecimento teórico, partindo da aparência, visa alcançar a essência do objeto” (idem, grifos do autor).

Por nos filiarmos à tradição marxista entendemos que o ato de pesquisar é uma atividade complexa, que articula a teoria e os dados da realidade, particularidade e universalidade, trazendo a compreensão da singularidade do objeto para além de sua aparência e imediaticidade. Na busca do conhecimento é necessário aproximar-se sucessivamente do real com o objetivo de chegar o mais próximo possível de sua essência. Reiteramos que no processo de pesquisa "[...] o sujeito deve ser capaz de mobilizar um máximo de conhecimentos, criticá-los, revisá-los e deve ser dotado de criatividade e imaginação. O papel do sujeito é fundamental no processo de pesquisa” (NETTO, 2011b, p. 25).

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No processo de pesquisa, as técnicas e os instrumentos de pesquisa (que se diferem do método) são diversos, indo desde a análise documental, até a coleta de dados, observação, entre outros. “Esses instrumentos e técnicas são meios de que se vale o pesquisador para ‘apoderar-se da matéria’, mas não devem ser identificados como método” (NETTO, 2011b, p.26). Desta forma, para o alcance dos objetivos da nossa pesquisa e para darmos conta de responder as problemáticas do nosso estudo, respeitando a particularidade do objeto, traçamos um percurso de investigação que compreendeu os seguintes procedimentos metodológicos:

pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. Ao nos apropriarmos

destes procedimentos metodológicos, que estão intimamente articulados e que permitiram sucessivas aproximações ao objeto, buscamos explorar nosso objeto na perspectiva da totalidade, indo para além de sua aparência e imediaticidade e respeitando sua singularidade.

A pesquisa bibliográfica, por meio da revisão da literatura, deu início ao nosso processo investigativo, oferecendo alicerce teórico a uma análise crítica e reflexiva do objeto. Realizamos um criterioso estudo de obras clássicas e contemporâneas de autores que são referências no tema da nossa pesquisa e nas questões transversais ao nosso objeto de estudo. Procedemos a partir da leitura de textos que possibilitaram apreender o objeto de pesquisa no seu modo de ser, permitindo problematizá-lo, ultrapassando sua aparência externa e explicitando suas mediações e conexões que determinam sua essência e determinações.

Por meio do mapeamento e da leitura das produções relevantes para nosso objeto de pesquisa, selecionamos textos de autores que estudam e se debruçam sobre o nosso objeto e elegemos as obras que subsidiaram teoricamente nossa pesquisa. Estudamos as bibliografias que discutiam sobre trabalho assalariado e condições de trabalho no capitalismo, precarização do trabalho, serviços, serviços sociais e serviço público no Brasil, crise do capital, neoliberalismo, políticas sociais, processo de “contrarreforma” no Brasil, Serviço Social e as formas de assalariamento profissional, reforma da educação superior e a expansão dos Institutos Federais no Brasil, assistência estudantil na realidade brasileira e as demais temáticas pertinentes ao nosso objeto de pesquisa, através de leituras e fichamentos de livros, periódicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos científicos.

Nesta etapa estabelecemos diálogo e trabalhamos mais intensamente com alguns autores, dentre os quais destacamos: Alves (2006, 2007 e 2001), Antunes (2009, 2015 e 2018), Behring (2008 e 2010), Borges (2007 e 2015), Castelo (2011), Chesnais (1996), Costa (2010), Druck (2001), Engels (2010), Guerra (2005, 2010 e 2011), Harvey (2005 e 2008), Iamamoto e Carvalho (2008), Iamamoto (2012 e 2013), Marx (1985, 1987, 2010 e 2012), Mészáros (2006

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e 2011), Netto (2011a e 2011b), Raichelis (2009, 2011 e 2018), Rosso (2008) e Salvador (2010a e 2010b), dentre outros.

Nesta fase da investigação procuramos conhecer a produção bibliográfica sobre o tema da pesquisa e aprofundar os estudos sobre as categorias teóricas que subsidiaram a análise dos dados. A pesquisa bibliográfica permitiu articularmos as categorias de análise que iluminaram a investigação do nosso objeto em conjunto com os dados produzidos na pesquisa de campo.

A pesquisa documental, que não foi realizada isoladamente das outras etapas da pesquisa, foi feita a partir da análise das legislações brasileiras e informações de documentos oficiais (censos, estatísticas, pesquisas, relatórios, projetos de leis, decretos, normativas, comunicados e demais publicações) presentes em arquivos e documentos públicos promulgados pelos governantes e organismos financeiros que registraram dados detalhados específicos que trouxeram à tona as particularidades do objeto de pesquisa. Também recorremos a matérias jornalísticas publicadas em jornais de grande circulação nacional e notícias publicadas nos sites oficiais do governo e de seus órgãos executivos.

Como exemplo, recorremos aos documentos que regulamentam: a legislação trabalhista brasileira; o orçamento público para as políticas sociais no Brasil; as relações de trabalho no serviço público; as Instituições Federais de Ensino Técnico-profissional e Superior no Brasil; o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado; os documentos disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC), pela SETEC (Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica); os relatórios de gestão do IFAL e do Serviço Social na instituição; a Política de Assistência Estudantil do IFAL; o Plano de Ação do Serviço Social do IFAL (2016-2018); o decreto que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, dentre outros que se fizeram necessários no decorrer da pesquisa. Foi realizada uma leitura seletiva desses documentos, elegendo os que foram analisados por meio de uma leitura crítica, a partir da relevância do documento para o objeto de estudo.

A pesquisa de campo possibilitou nos aproximarmos da realidade objetiva do nosso objeto. Ela foi planejada com o respaldo das produções teóricas, preparando-se antecipadamente o instrumento de coleta de dados empíricos, que contemplou, inicialmente, indicadores que viabilizaram a investigação das problemáticas previstas no projeto de pesquisa. Para nossa pesquisa de campo foi definido como universo da pesquisa o Instituto Federal de Alagoas (IFAL). Como meio de coleta dos dados empíricos junto aos sujeitos pesquisados, nos propomos inicialmente a coletar os dados em todos os campi do IFAL que

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possuíssem assistentes sociais, inclusive na reitoria, o que totalizou dezesseis21 (16) assistentes sociais.

Utilizamos a entrevista estruturada, aplicada por meio de um questionário online22, com

perguntas abertas e fechadas sobre o trabalho dos assistentes sociais nesses espaços, especialmente através dos indicadores que expressam suas condições de trabalho (perfil pessoal e profissional, lócus de trabalho/instituição, trabalho profissional, condições e relações de trabalho, assistência estudantil, dentre outros detectados na pesquisa). Entramos em contato com todos os assistentes sociais do IFAL através de e-mail e contato telefônico. Apresentamos os objetivos da pesquisa e fizemos o convite para a participação voluntária dos profissionais. As entrevistas foram realizadas entre os meses de março e abril de 2019. Tivemos o retorno dos questionários respondidos de 14 assistentes sociais, o que corresponde 87% do universo total de assistentes sociais do IFAL.

Realizadas as entrevistas, procedemos a sua análise, estabelecendo as mediações necessárias com as bases teórico-metodológicas que orientaram a discussão do nosso objeto. Os dados empíricos coletados foram sistematizados e analisados qualitativamente, através do mapeamento das temáticas abordadas na pesquisa de campo e da elaboração de textos descritivos e analíticos. Também recorremos ao uso de tabelas e gráficos para visualização e ilustração, de modo sistematizado, dos indicadores de análise. Vale destacar que a pesquisa qualitativa no âmbito das ciências sociais responde a questões particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado, além de ser uma base relevante para uma abordagem dialética da realidade. “Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1994, p. 21-22).

Analisamos as falas e angústias dos sujeitos da nossa pesquisa adotando a análise de conteúdo, que é designada por Bardin (1977) como o conjunto de técnicas de análise das falas, que visa obter, através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos das mensagens, os indicadores que admitam inferir conhecimentos relativos às condições de produção e recepção das mensagens/falas dos entrevistados. A relevância desta técnica reside na possibilidade de analisar profundamente as falas dos entrevistados, ponderando as determinações que elas carregam.

21 Na ocasião da pesquisa, o IFAL contava com 17 assistentes sociais. Mas, a referida autora desta tese, enquanto

assistente social do IFAL, não participou da pesquisa dada sua condição de pesquisadora do objeto de estudo.

22 Devido à indisponibilidade de recursos para a realização das entrevistas in loco, visto que esta pesquisa não

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Para preservar a identidade das pessoas que concordaram em participar da pesquisa, substituímos os nomes originais pela nomenclatura ASSISTENTE SOCIAL, seguida de um número: 01, 02, 03, etc. Além disto, como esta pesquisa envolve seres humanos, a sua realização se deu em conformidade com as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados obtidos diretamente com os participantes. Os procedimentos metodológicos e direitos foram esclarecidos e assegurados aos participantes da pesquisa, assim como o sigilo e a confidencialidade sobre a identidade dos mesmos.

Considerando que os dados empíricos são a epiderme do real, realizamos uma análise rigorosa destes dados, extraindo os elementos dos dados, que nos deu respaldo para o alcance dos objetivos geral e específicos da tese. Procedermos às análises, fundamentadas pela pesquisa bibliográfica e documental, abrangendo as referências teóricas basilares para compreender o contexto contemporâneo e as condições de trabalhos dos assistentes sociais.

Na exposição dos resultados da pesquisa procuramos nos apoiar em uma análise crítica e reflexiva, que nos permitiu captar as contradições da realidade no qual nosso objeto está inserido, situando-o na lógica da sociedade capitalista contemporânea. Expusemos nossa tese em cinco capítulos, incluindo a introdução ora exposta. Esta última apresenta as notas introdutórias e delimitação do objeto de pesquisa; as considerações sobre o método de investigação do objeto, os procedimentos da pesquisa e a organização da tese; e a realidade imediata do nosso objeto em sua aparência, além de alguns dados empíricos sobre o perfil dos assistentes sociais do IFAL, que são a epiderme do objeto de pesquisa.

No capítulo II procuramos desvendar nosso objeto de pesquisa a partir da análise das bases ontológicas do trabalho assalariado e dos determinantes sócio-históricos da sua precarização no capitalismo, sendo este o fio condutor que revelou a singularidade das formas de precarização do exercício profissional dos assistentes sociais do IFAL. Ainda neste capítulo investigamos a expansão do trabalho assalariado produtivo e improdutivo nos serviços e os elementos para análise da sua precarização. Na sequência expusemos a análise dos processos de precarização do trabalho no capitalismo contemporâneo, explicando os fundamentos e os cenários macroscópicos da atual crise estrutural do capital, tendo presente os seus mecanismos de enfrentamento expressos na restruturação produtiva e no neoliberalismo. O capítulo é finalizado evidenciando as características da crise do capital no

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Brasil e as particularidades do neoliberalismo brasileiro, como resposta a essa crise, e como elas amplificaram a precarização do trabalho dada a condição periférica do país.

No capítulo III exploramos, incialmente, as interfaces que compõem as tendências que acentuam a precarização das condições de trabalho no Brasil e, posteriormente, demonstramos as tendências expressas na precarização das condições de trabalho que incidem na subjetividade do trabalhador. Na sequência, nossa discussão explicitou as particularidades do assistente social como trabalhador assalariado e as tendências atuais que exacerbam a precarização do exercício profissional dos assistentes sociais brasileiros. Por fim, analisamos as particularidades e os aspectos que esta precarização se reveste no âmbito do trabalho nos serviços, na especificidade dos serviços sociais, um dos espaços de atuação profissional dos assistentes sociais.

A precarização do serviço público e das políticas sociais brasileiras e repercussões para o trabalho do assistente social foi a temática norteadora do capítulo IV desta tese. Analisamos incialmente como a reforma do Estado brasileiro acentua a precarização do trabalho no serviço público e quais as implicações da reforma para as condições de trabalho dos servidores públicos, incluindo os assistentes sociais dos Institutos Federais de Educação. Na sequência do capítulo problematizamos como o capital apropria-se do fundo público e quais as implicações desta apropriação na precarização das políticas sociais, e, por conseguinte, no exercício profissional dos assistentes sociais. Por fim, investigamos as tendências da precarização das políticas sociais no Brasil e as implicações na precarização do exercício profissional dos assistentes sociais.

O capítulo V da tese nos exigiu um grande esforço para reconstruir e apreender a processualidade do objeto de pesquisa. Neste capítulo, buscamos fazer “o caminho de volta”, reconstruindo e analisando as singularidades do nosso objeto de pesquisa, tendo como alicerce os fundamentos teóricos desvendados ao longo da tese. Para alcance deste objetivo, inicialmente discutimos os traços gerais da “contrarreforma” da política de educação superior brasileira, como mediação para analisarmos a expansão dos Institutos Federais de Educação,