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Análise comparativa dos Modelos Organizadores ao longo do estudo

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Com 40 anos espero já ter completado minha vida acadêmica com o doutorado

5.8 Considerações sobre os resultados

5.8.4 Análise comparativa dos Modelos Organizadores ao longo do estudo

Considerando que os projetos de vida não são construções estanques, blindadas de transformações que podem ser operadas devido a diversos fatores, tais como o desenvolvimento pessoal e a interação com o meio, apostamos em um desenho de pesquisa que nos possibilitasse investigar o processo de construção dos projetos, assumindo portanto uma investigação longitudinal.

Essa opção nos permitiu coletar dados dos mesmos participantes, em quatro momentos distintos, resultando em uma análise que evidencia o comportamento dos modelos de organização do pensamento no decorrer da pesquisa. Assim, os resultados que iremos apresentar nas páginas seguintes se referem a relevância que cada modelo assume nesses quatro momentos do estudo, em cada grupo estudado.

Para fundamentarmos essa discussão, apresentamos a seguir uma tabela com a sistematização da frequência numérica e percentual dos participantes que aplicaram cada modelo, ao longo das quatro fases da pesquisa de cada grupo.

Tabela 5.21 – Distribuição dos participantes do grupo A nos seis modelos ao longo das quatro fases

do estudo.

Para corroborar a leitura dos dados da Tabela 5.21, a seguir apresentamos um gráfico com os resultados em percentual, que permite visualizar com maior facilidade as mudanças empreendidas ao longo da pesquisa no que se refere a quantidade de participantes que aplicou cada modelo. f(N) f(%) f(N) f(%) f(N) f(%) f(N) f(%) 1 21 30 15 21,42 4 5,71 3 4,28 2 17 24,28 16 22,85 11 15,71 3 4,28 3 13 18,57 15 21,42 11 15,71 3 4,28 4 18 25,71 21 30 34 48,57 40 57,14 5 1 1,42 3 4,28 9 12,85 17 24,28 6 0 0 0 0 1 1,42 4 5,71 TOTAL 70 100 70 100 70 100 70 100 FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4 MODELOS

Gráfico 5.1 - Distribuição em percentual, dos participantes do grupo A nos seis modelos ao longo das

quatro fases do estudo.

Os resultados apresentados na Tabela 5.21 e no Gráfico 5.1 nos permitem fazer as seguintes considerações:

• Os modelos 1 e 2, que não podem ser considerados projetos de vida, eram formas de organização frequentes no início do estudo, mas tiveram sua frequência diminuída ao longo das fases, chegando à quarta fase com baixíssima representatividade na população.

• O modelo 3 sofreu um pequeno aumento na segunda fase da pesquisa e em seguida, nas fases 3 e 4, perdeu consideravelmente sua representatividade, chegando ao final da pesquisa com a mesma relevância dos modelos 1 e 2.

• Os modelos 4 e 5, que representam aqueles jovens que possuem projetos de vida, apresentam um considerável aumento de frequência ao longo das fases, sendo na quarta e última fase os modelos com maior representatividade.

• O modelo 6, que é aplicado apenas a partir da terceira fase, apresenta um crescimento na última fase, ainda que conte com uma expressividade muito reduzida na população estudada.

• 81,4% dos participantes chegaram à quarta fase da pesquisa com um projeto de vida bem estabelecido (modelos 4 e 5).

• Aqueles que terminaram a pesquisa sem um projeto de vida ou indícios de sua construção (modelos 1, 2, e 6) correspondem a 14,28% da amostra.

0 10 20 30 40 50 60 70 1 2 3 4 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6

• No começo da pesquisa, contávamos com um maior número de jovens sem um projeto de vida formalizado, e terminamos com o expressivo crescimento do modelo 5, o qual não podemos deixar de mencionar, coincide com o conceito de purpose, ao estabelecer projetos para além do self.

Esses resultados criam evidências de que: a) os participantes podem aplicar modelos diferentes, em momentos distintos, o que prova o processo de construção dos projetos de vida; b) os modelos menos complexos perdem representatividade ao longo do tempo, concedendo espaço para formas de organização do pensamento mais complexas; e c) um novo modelo pode surgir ao longo da elaboração dos projetos, em decorrência de situações experimentadas pelos participantes, como foi o caso do Modelo 6.

Passando para a análise dos dados do grupo B, apresentamos a seguir a tabela correspondente à sistematização da frequência numérica e percentual dos participantes que aplicaram cada modelo, ao longo das quatro fases da pesquisa de cada grupo.

Tabela 5.22 – Distribuição dos participantes do grupo B nos seis modelos ao longo das quatro fases

do estudo.

Uma vez mais, para corroborar a leitura dos dados da Tabela 5.22, apresentamos a seguir um gráfico com esses resultados em percentual, com a finalidade de permitir a melhor visualização das mudanças operadas ao longo da pesquisa, no que se refere à quantidade de participantes que aplicou cada modelo.

f(N) f(%) f(N) f(%) f(N) f(%) f(N) f(%) 1 15 45,45 17 51,51 14 42,42 9 27,27 2 4 12,12 6 18,18 7 21,21 10 30,3 3 5 15,15 4 12,12 3 9 5 15,15 4 8 24,24 6 18,18 9 27,27 9 27,27 5 1 3 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 TOTAL 33 100 33 100 33 100 33 100 MODELOS FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4

Gráfico 5.2 – Distribuição em percentual, dos participantes do grupo B nos seis modelos ao longo das

quatro fases do estudo.

Os resultados apresentados na Tabela 5.22 e no Gráfico 5.2 nos permitem fazer as seguintes considerações:

• O modelo 1, mais frequente nesse grupo na primeira fase da pesquisa, sofreu um aumento de frequência na segunda fase e, em seguida, foi progressivamente diminuindo, chegando ao final do estudo como o segundo modelo mais frequente nessa população, posição que compartilha com o modelo 4.

• O modelo 2, que não abarca projetos de vida, sofreu um aumento progressivo ao longo das fases, chegando à quarta e última fase como o modelo com maior representatividade nesse grupo.

• O modelo 3 teve perda de frequência nas fases intermediárias do estudo e chegou à quarta fase com mesma frequência da fase inicial.

• O modelo 4 iniciou o estudo com a segunda maior frequência, teve queda na segunda fase e um ligeiro aumento na terceira, que se manteve estável até a quarta fase, momento em que compartilha com o modelo 1 a posição de segundo modelo mais frequente.

• O modelo 5 contou com apenas uma participante na primeira fase da pesquisa, deixando de ser abstraído nesse grupo nas demais fases.

• 27,27% dos participantes chegaram à quarta fase da pesquisa com um projeto de vida bem estabelecido (modelo 4), sendo que sua frequência na fase inicial era de 24,24%.

0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5

• Aqueles que terminaram a pesquisa sem um projeto de vida ou indícios de sua construção (modelos 1 e 2) correspondem a 57,57% da amostra.

• Na primeira fase da pesquisa, contávamos com 57,57% de jovens sem um projeto de vida (modelos 1 e 2), e terminamos o estudo com exatamente a mesma quantidade de participantes nesses modelos.

Esses resultados criam evidências de que: a) de forma geral os jovens desse grupo não desenvolveram seus projetos de vida ao longo do Ensino Médio; b) a preocupação com mudanças sociais não foram integradas aos projetos de vida desses estudantes; e c) a não abstração do Modelo 6 por nenhum desses participantes pode indicar que eles não desenvolveram as capacidades de reflexão e autoconhecimento que, gerando conflitos internos, podem promover a construção de uma identidade mais fortalecida que repercuta na construção de um projeto de vida.

Tendo apresentado os tipos de organização do pensamento sobre os projetos de vida, a representatividade de cada um deles na população estudada e seu comportamento ao longo das fases do estudo, passaremos agora para o sexto capítulo desta tese de doutoramento, que tem como finalidade compreender, mais a fundo, os processos de conservação e mudança que os participantes operaram em seus projetos de vida.

CAPÍTULO 6

ANÁLISE DOS PROCESSOS DE CONSERVAÇÃO E MUDANÇA DOS MODELOS