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Análise comparativa das relações e implicações estabelecidas entre elementos e significados

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Com 40 anos espero já ter completado minha vida acadêmica com o doutorado

5.8 Considerações sobre os resultados

5.8.3 Análise comparativa das relações e implicações estabelecidas entre elementos e significados

atribuídos significados a todos os elementos centrais, sendo que a família recebeu a maior quantidade deles. Nos Modelos 3, 4 e 6, foram atribuídos diversos significados cognitivos, sendo que sua quantidade comparece equilibrada entre os elementos. Já no Modelo 5, os elementos estudo e trabalho receberam uma quantidade significativamente maior de significados cognitivos.

Para além da quantidade de significados atribuídos aos elementos, devemos destacar as diferenças em relação à qualidade desses significados. Enquanto que no Modelo 1 os significados são relativos ao aspecto utilitarista desses elementos na vida dos participantes, nos modelos subsequentes, eles vão se tornando cada vez mais relacionados à construção da identidade, à realização pessoal e à possibilidade de contribuir para a transformação social. Esse fenômeno confere aos elementos o sentido necessário para que eles se tornem suficientemente importantes para os sujeitos que projetam e, portanto, menos vulneráveis a mudanças.

Uma consideração importante a ser feita é que a família é um elemento que apresenta significados muito conservados nos diferentes modelos, sendo abstraída, quase sempre, em função do apoio e do cuidado que oferece aos seus membros. Fenômeno parecido ocorre com os elementos estudo e trabalho, o primeiro partilhando o significado de meio para a conquista de objetivos profissionais e o segundo, de realização pessoal.

Assim, tanto a quantidade de significados atribuídos, quanto a qualidade desses significados nos ofertam subsídios para afirmar a existência de uma relação direta entre a quantidade e a qualidade dos significados cognitivos e o aumento de complexidade dos modelos, que parte do Modelo 1 em direção ao Modelo 5. Contudo, não devemos deixar de mencionar que o Modelo 6 também é composto por um intenso processo de significação dos elementos, inclusive com significados cognitivos relativos à constituição da identidade, o que faz com que, apesar de não formalizar um projeto de vida, seja uma dinâmica muito distinta do Modelo 1 em termos de coesão e complexidade.

5.8.3 Análise comparativa das relações e implicações estabelecidas entre elementos e significados

As relações/implicações estabelecidas entre os elementos e os significados também constituem uma importante via de análise da complexidade dos modelos, visto que são elas

que garantem sua estabilidade e coesão, aspectos fundamentais para que um projeto de vida seja levado a cabo, mesmo com o passar dos anos e as mudanças que o tempo infringe à identidade e. portanto, aos desejos, interesses e projeções dos participantes.

A tabela abaixo tem a finalidade de permitir a comparação das relações e/ou implicações dos modelos extraídos.

Tabela 5.20 – Comparação das relações e/ou implicações de cada modelo.

Os resultados apresentados na Tabela 5.20 revelam a associação direta entre a presença de relações e/ou implicações e a complexidade dos modelos, já que o Modelo 1, considerado o menos complexo, não estabelece qualquer tipo de relação e/ou implicação entre os elementos e os significados que o compõe. Já nos demais modelos, podemos observar um gradiente contínuo de complexificação das relações/implicações, na medida em que no Modelo 2 apenas os elementos trabalho, estabilidade financeira e viagens encontram-se implicados; no Modelo 3 ocorre a formação de dois blocos de relações/implicações, com os elementos família e estudo; e família e trabalho; no Modelo 4 todos os elementos estão relacionados/implicados, formando um cluster de elementos e significados; e no Modelo 5 ocorre novamente a formação de dois blocos de relações/implicações: entre os elementos

estudo e compromisso social; e trabalho e compromisso social, estando esses fortemente

imbricados. O Modelo 6, assim como o Modelo 2, estabelece uma única relação/implicação entre o conflito identitário e o trabalho.

1 2 3 4 5 6 o trabalho é um meio para obter a estabilidade financeira e possibilitar as viagens a família é exemplo de dedicação aos estudos e lhes proporciona condições de estudar,

por isso desejam fazer o mesmo por

seus filhos

desejam ajudar seus filhos nos estudos,

orgulhar seus pais com suas conquistas acadêmicas e pagar a faculdade por ser uma despesa muito

alta para a família

o estudo é o meio para a realização do compromisso social e para a conquista do trabalho a ausência de definição da carreira profissional gera o conflito identitário o trabalho é o meio para cuidar e se responsabilizar financeiramente pela família o estudo é o meio para a conquista do trabalho e uma forma

de desenvolver a carreira profissional

o trabalho é o principal meio para a

realização do compromisso social o trabalho é o meio para pagar os estudos universitários e sustentar a família; a escolha profissional deve ser respaldada

pelos familiares

*

Um aspecto importante a ser mencionado se refere ao fato de que o Modelo 5 é o único em que todos os elementos que estabelecem relações foram mencionados como significados uns dos outros. Desse modo, todos eles estabelecem relações entre si, o que os torna interdependentes e favorece muito a coesão interna do modelo.

Concluindo a análise sobre a comparação dos modelos, compreendemos que o Modelo 1 – Projeções Normativas, é a forma de organização menos complexa de nossa população, devido ao fato de apresentar poucos significados afetivos, significados cognitivos exclusivos da dimensão utilitarista, e não estabelecer nenhuma relação e/ou implicação entre seus elementos. Em seguida, temos o Modelo 2 – Projeções Idealizadas, que conta com poucos significados afetivos, mas diversos significados cognitivos, e estabelece uma única relação/implicação entre os elementos. Depois temos o Modelo 3 – Projetos em Construção, em que são atribuídos poucos significados afetivos, diversos significados cognitivos e são estabelecidas duas relações/implicações. Na sequência temos o Modelo 4 – Projetos de Vida, que é composto por elementos repletos de significados afetivos e cognitivos, além de relações/implicações entre todos os elementos centrais. Por fim, encontramos o Modelo 5 – Projetos de Vida e de Sociedade, composto, assim como o modelo 4, por elementos carregados de significados afetivos e cognitivos, e com o estabelecimento de relações/implicações entre 3 de seus 4 elementos centrais. Apartado da lógica de aumento de complexidade, há o Modelo 6 – Conflito Identitário, em que os elementos centrais comparecem com diversos significados afetivos e cognitvos, e há uma relação/implicação entre elementos, embora não haja a formalização de um projeto de vida.

Essa análise, extremamente importante para os objetivos de nossa pesquisa, combinada com a análise quantitativa dos participantes que aplicaram cada modelo, em cada fase, nos permite avaliar a qualidade das mudanças que foram operadas por esses jovens em seus projetos de vida. Em outros termos, é por meio dela que podemos identificar se houve ou não aumento de complexidade na construção dos projetos de vida dos participantes de nossa pesquisa, ao longo das quatro fases que compõem esse estudo.

Assim, mais do que compreender como os jovens organizam seus pensamentos sobre seus projetos de vida, nosso interesse também centra-se no entendimento sobre o processo de construção dos projetos. É por essa razão que apresentaremos a seguir uma análise do comportamento dos modelos ao longo das fases da pesquisa.