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Análise da coleta de dados do grupo “Nova Cybertron ATB”

3. ESTUDO DE CASO SOBRE A FRANQUIA TRANSFORMERS

3.6 Análise da coleta de dados do grupo “Nova Cybertron ATB”

Trinta e seis membros do grupo “Nova Cybertron ATB” responderam ao formulário, sendo todos brasileiros do sexo masculino; o que não significa que não existam mulheres ou alguns estrangeiros no grupo. Dentre eles, 47%, quase a metade dos respondentes, estão entre os 41 a 50 anos de idade, com a outra metade mais concentrada entre os 15 a 40 anos. 15 deles, ou 42%, já possuem ensino superior completo, com os demais já possuindo no mínimo o ensino fundamental completo. As suas profissões variam principalmente entre professores,

designers gráficos, administradores de empresas e vendedores, com alguns

estudantes e desempregados. 56% deles vivem na região sudeste do Brasil; 19% vivem na região nordeste e outros 19%, na região sul; apenas 6% localizam-se na região norte e nenhum participante reside na região centro-oeste. É importante ressaltar que, dos respondentes que optaram por se identificar, foi observado que todos encontram-se entre os membros mais participativos dentro da comunidade, ou seja, que mais compartilharam informações, postam imagens, curtem, comentam e interagem entre si; apesar do grande número de membros, é possível observar que muitos deles não interagem com tanta frequência.

Nas questões sobre como e quando descobriram a franquia (gráfico 1), 58% afirmaram que a conheceram entre 1984 e 1995, ou seja, na época da Geração 1, com os demais tendo a conhecido entre 1996 e 2013, não mais recentemente do que isso. Todos se encontravam na faixa de 3 a 13 anos quando tiveram seus

primeiros contatos, estando a maioria com 7 anos na época do ocorrido. Podemos observar que, conforme Silva (2014) havia colocado, estes fãs foram conquistados quando crianças e, agora que estão na fase adulta, lembram-se das memórias de infância com tanto carinho que procuram revivê-las, conectando-as com uma das marcas que mantém vivas essas lembranças.

Gráfico 1 – Ano do primeiro contato com a franquia Transformers.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

47% dos participantes conheceram Transformers através dos desenhos animados; 36%, dos brinquedos; 14%, dos filmes; e os últimos 3%, dos jogos (gráfico 2). Segundo os relatos deixados, a maioria conheceu assistindo à série da Geração 1 ou através das propagandas de brinquedos sendo exibidas na televisão; aqui podemos observar os resultados da narrativa transmídia, como descrita por Jenkins (2009), na proliferação da marca por diferentes mídias contemporâneas.

Gráfico 2 – Primeiro produto de Transformers que consumiu.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

58% 3% 20% 19% 0% De 1984 a 1995. De 1996 a 2000. De 2001 a 2006. De 2007 a 2013. De 2014 a 2019. 36% 47% 14% 0% 3% Brinquedo. Desenho animado. Filme. História em quadrinhos. Jogo.

De todos os participantes, 92% gostaram da franquia imediatamente após conhecê-la, sendo os principais motivos a fascinação pelo conceito de robôs que mudam de forma e as suas personalidades variadas; os outros 8% passaram a gostar apenas depois de algum tempo. Mesmo assim, a maioria afastou-se da franquia em algum momento de suas vidas (gráfico 3), com 11% chegando a passar de 21 a 30 anos afastados. Os principais motivos dados pelos membros para os seus afastamentos foram o desaparecimento da franquia durante boa parte das décadas de 1980 e 1990 no Brasil e devido à perda de interesse ao atingirem a adolescência. O que proporcionou o retorno à franquia para a maioria foi a popularização da internet e a facilitação da busca por informações, assim como os lançamentos de Beast Wars, do filme de 2007 e, mais recentemente, da linha Studio

Series; este resultado remete à importância da expansão de linha e de se assumir

riscos para gerar mudanças, como trazido por Aaker (1998). Apenas 36% afirmaram nunca terem se afastado da franquia desde que a conheceram.

Gráfico 3 – Período de afastamento antes de retornar à franquia.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Quanto aos produtos que os fãs consomem com maior frequência, em uma questão de múltipla escolha (gráfico 4), 35 dos 36 participantes responderam que consomem os brinquedos; 22 consomem os filmes; 16, os desenhos animados; 11, os jogos; e 9 dizem consumir as histórias em quadrinhos. Novamente, os conceitos transmidiáticos e convergentes de Jenkins (2009) podem ser observados, desta vez com uma presença ainda maior no cotidiano dos consumidores. Referindo-se especificamente à franquia Transformers, torna-se evidente como os brinquedos são o seu principal produto, seguido pelas suas produções de filmes e animações.

11% 20% 22% 11% 0% 36%

Sim, me afastei por um período de 5 anos ou menos.

Sim, me afastei por um período de 6 a 10 anos. Sim, me afastei por um período de 11 a 20 anos. Sim, me afastei por um período de 21 a 30 anos. Sim, me afastei por um período de 31 anos ou mais.

Não, nunca me afastei da franquia desde que comecei a gostar.

Gráfico 4 – Produtos de Transformers mais consumidos pelo fandom.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Quando questionados sobre qual alternativa melhor representa o que sentem por Transformers, 36% dos participantes afirmaram que amam a franquia e a têm como seu hobby favorito, enquanto 42% adoram a franquia e a têm como um de seus hobbies favoritos; 17% alegam que gostam muito de Transformers, mas preferem outros hobbies, e os últimos 5% afirmam ter apenas um pequeno interesse pela franquia. (gráfico 5). Aqui podemos observar, na prática, os quatro níveis de fidelização elaborados por Aaker (1998).

Gráfico 5 – Alternativa que melhor descreve o que sentem por Transformers.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Para analisar a relevância dos personagens da franquia para os fãs (gráfico 6), foi pedido para que cada participante mencionasse os nomes de até cinco de seus favoritos e, ao fim da coleta, 40 personagens foram citados no total. Optimus Prime, o líder dos Autobots, foi o mais lembrado, considerado um dos favoritos por

9 11 16 22 35 1 Brinquedos. Filmes.

Desenhos animados. Jogos. Histórias em quadrinhos.

36%

42% 17%

5% Amo Transformers, é sem dúvidas o meu hobby

favorito.

Adoro Transformers, é um dos meus hobbies favoritos.

Gosto muito de Transformers, mas tenho outros hobbies que gosto mais.

Gosto um pouco de Transformers, tenho apenas um pequeno interesse ou curiosidade.

29 participantes; Em segundo lugar, foi o líder dos Decepticons, Megatron, citado por 17 participantes; Em terceiro lugar ficou Bumblebee, especificamente em sua encarnação vista nos filmes live-action, com 13 menções; Em quarto lugar, Starscream com 9 menções, e, empatados em quinto lugar, Shockwave e Soundwave, com 7 menções cada. Os seis personagens mais votados como favoritos estão entre os mais presentes na ficção da franquia desde a sua concepção em 1984 e continuam recebendo destaque nos filmes, desenhos animados e quadrinhos mais recentes, comprovando a noção de Jenkins (2009) de que personagens memoráveis são mais importantes do que suas próprias histórias.

Gráfico 6 – Personagens favoritos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Convidados a se expressar livremente sobre as diferentes versões da franquia e seus produtos midiáticos, a maioria dos participantes afirmou ter a série animada da Geração 1, incluindo o seu longa animado, como uma de suas favoritas, ou então a tratam com admiração por ser o início da franquia. Um dos participantes esclareceu sua resposta, dizendo: “Mesmo não sendo um sortudo de ter nascido nos anos 80, é o universo mais rico de Transformers na minha opinião”. A segunda animação preferida foi Prime, seguida por Animated e algumas menções a Beast

Wars, Robots in Disguise (2001) e Armada. Os filmes Transformers (2007), Dark of the Moon e Bumblebee foram os melhor avaliados pelos fãs, enquanto alguns

também destacaram os jogos War for Cybertron e Fall of Cybertron e os quadrinhos da IDW como suas mídias preferidas. Um dos participantes expandiu sua resposta com a seguinte afirmação: “Uma das coisas que mais gosto na franquia é quem em

Soundwave; 7 Shockwave; 7 Starscream; 9 Bumblebee; 13 Megatron; 17 Optimus Prime; 29 1

cada desenho/jogo/filme, as coisas podem ser diferentes. Não existe um cânone obrigatório a ser seguido, o que dá liberdade de fazer algo novo”.

Por outro lado, quando citaram as versões que menos gostam, um maior número de participantes revelou desaprovar a série Beast Wars e a sua sequência,

Beast Machines. Um dos participantes foi bastante direto em sua resposta,

escrevendo: “Beast Wars foi um erro”. Entre os filmes, Age of Extinction e The Last

Knight foram unanimemente os mais criticados, com um dos participantes afirmando

que eles “fizerem de personagens como Optimus e Megatron coisas que eles não são”. Alguns respondentes desprezaram todas as produções cinematográficas, levantando novamente a questão da expansão e mudança de Aaker (1998) e como elas podem não ser bem recebidas por todos e causam divisão entre os consumidores. Já a maioria das séries de animação japonesas, além de séries mais recentes como Robots in Disguise (2015), Cyberverse, Rescue Bots e Rescue Bots

Academy, julgadas como as mais infantis da franquia, são as mídias que menos

despertam o interesse e a opinião dos membros do grupo analisado.

Gráfico 7 – Meios mais usados para consumo de mídias de ficção.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Quando questionados sobre quais métodos mais utilizam para consumir as mídias de ficção da franquia (gráfico 7), 22 dos 36 participantes responderam que realizam downloads pela internet para ter acesso a essas mídias. Esse é um efeito da cultura da convergência que, como Jenkins (2015) coloca, causa a união dos fãs para distribuir e compartilhar esses conteúdos entre si, mesmo quando não estão legalmente disponíveis em seu país ou em seu idioma. O YouTube vem em segundo lugar, com 20 participantes afirmando utilizá-lo; isso se deve ao crescente aumento

2 2 7 16 17 20 22 1

Downloads da internet. YouTube.

Serviços de streaming e jogos (Netflix, Steam, etc). CDs / DVDs / Blu-Rays.

Canais de televisão. Revistas impressas.

de conteúdos sobre a franquia disponibilizados no site, tanto por canais oficiais quanto por fãs, incluindo até mesmo episódios completos das séries animadas. Outros métodos utilizados também incluem serviços de streaming, como a Netflix, canais de televisão, mídias físicas como CDs, DVDs e Blu-Rays, e revistas impressas. Apenas 2 participantes alegaram não consumir a ficção da franquia.

Gráfico 8 – Questão sobre colecionismo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Na categoria sobre colecionismo (gráfico 8), 53% se consideram colecionadores e acreditam que possuem uma grande coleção; outros 33% também se consideram colecionadores, mas ainda dizem possuir coleções pequenas; 11% não se consideram colecionadores, mesmo possuindo algumas figuras; e apenas 3% afirmam não ter interesse em colecionar.

Gráfico 9 – Objetivos da coleção.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

53% 33%

11%

0% 3%

Sim, já possuo uma grande coleção. Sim, mas a minha coleção ainda é pequena. Não, mas possuo algumas figuras mesmo assim. Não possuo nenhuma figura, mas tenho vontade de começar a colecionar.

Não, e não tenho interesse em colecionar.

5% 53% 3% 3% 8% 28%

Sou focado em uma linha ou universo específico e não adquiro nada fora do meu foco.

Sou focado em um ou mais objetivos, mas possuo alguns itens fora do meu foco.

Metade da minha coleção possui um foco, mas a outra metade não.

A maior parte da minha coleção é desfocada, mas recentemente determinei meu foco.

Coleciono um pouco de tudo pois quero

experimentar todas as épocas e versões da franquia. Não possuo foco algum e coleciono de forma aleatória.

Quanto ao objetivo de suas coleções (gráfico 9), 53% dos participantes afirmam ter um foco bem definido para o que desejam – por exemplo, colecionar apenas uma determinada linha ou encarnação da franquia –, mas também possuem algumas figuras que fogem a esses objetivos; 28% afirmam colecionar de forma totalmente aleatória; 5% afirmam nunca sair do foco; 3% dizem ter um foco em apenas metade da coleção; e outros 3% afirmam ter adquirido um foco apenas recentemente. 8% alegam que colecionam um pouco de tudo, não de forma aleatória, mas sim porque desejam experimentar todas as versões diferentes.

Gráfico 10 – Quantia de itens oficiais na coleção.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

O tamanho da coleção de produtos oficiais de cada participante é bastante variado, como observado nas respostas da coleta de dados (gráfico 10). 19% dos participantes possuem de 1 a 10 figuras; outros 19%, de 11 a 50 figuras; 11%, de 51 a 100 figuras; e 28%, de 101 a 200 figuras. O restante 20% afirmam possuir acima de 200 figuras, e apenas 3% não possuem nenhuma figura.

Gráfico 11 – Quantia de itens não oficiais na coleção.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

19% 19% 11% 28% 3% 5% 6% 6% 0% 3% De 1 a 10 figuras. De 11 a 50 figuras. De 51 a 100 figuras. De 101 a 200 figuras. De 201 a 300 figuras. De 301 a 400 figuras. De 401 a 500 figuras. De 501 a 1000 figuras. Mais de 1000 figuras. Nenhuma 42% 22% 3% 8% 25% De 1 a 10 figuras. De 11 a 50 figuras. De 51 a 100 figuras. Mais de 100 figuras. Nenhuma.

Quanto a produtos não oficiais (gráfico 11), 42% possuem até no máximo 10 itens; 22% afirmam possuir até 50 figuras; 3%, até 100 figuras; e 8%, mais de 100 figuras. Por outro lado, 25% alegam não possuir nenhuma, mostrando que, apesar da crescente presença desses produtos na comunidade, muitos membros ainda preferem não obtê-los e manterem-se leais às fabricantes oficiais.

No entanto, quando questionados sobre o que pensam dos itens não licenciados que se popularizaram nos últimos anos (gráfico 12), 28% dos participantes afirmam que preferem sempre as figuras oficiais, mas às vezes recorrem a esses itens; 25% dos participantes alegam que não veem nada de errado neles e até os preferem, enquanto outros 25% colecionam igualmente figuras oficiais e não oficiais; 8% são indiferentes à existência delas; 6% afirmam que não gostam, mas que entendem a opinião das pessoas que gostam; e os últimos 8% não souberam responder. É importante observar que nenhum dos participantes optou por respondeu que não gosta e nem mesmo apoia esses produtos, mostrando que nenhum deles acredita totalmente que essa concorrência desleal não deveria existir.

Gráfico 12 – Opinião sobre a existência de figuras não oficiais.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Em relação ao seu comportamento durante as compras (gráfico 13), 44% afirmaram que são muito cautelosos e pensam muito bem em cada item que desejam antes de comprar, enquanto 17% são cautelosos apenas com itens mais caros; 28% afirmam que geralmente só compram o que os interessam, mas às vezes aproveitam promoções e descontos fora dos planos; 8% compram qualquer figura que conseguem e não resistem a promoções; e os últimos 3% não

25% 25% 28% 6% 0% 8% 8%

Não vejo nada de errado e até prefiro elas do que as oficiais.

Coleciono igualmente figuras oficias e não oficiais. Prefiro sempre as oficiais, mas às vezes quero algo que só uma não oficial oferece.

Não gosto, mas entendo quem gosta.

Não gosto e não apoio, por serem cópias e plágios criminosos de propriedades intelectuais da Hasbro. Sou indiferente à existência de figuras não oficiais. Não sei responder.

colecionam. Este resultado nos permite observar que, apesar do consumo compulsivo descrito por Silva (2014) se fazer presente em algumas compras, a maioria dos membros do fandom mostra-se cuidadosa para evitá-lo.

Gráfico 13 – Comportamento em relação à compra de Transformers.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Como colocado por Dooley (2012), arrependimentos podem acontecer quando compramos por impulso, ou mesmo quando passamos muito tempo comparando o que compramos com outras opções no mercado. Apenas 8% dos participantes afirmam ter comprado várias vezes por impulso sem nunca terem se arrependido; já 39%, dizem já ter se arrependido após várias compras impulsivas. 20% alegam que ainda compraram poucas vezes por impulso e sem arrependimentos; enquanto 14%, mesmo tendo comprado poucas vezes por impulso, já se sentiram arrependidos. 19% dos respondentes, por outro lado, defendem que nunca compraram por impulso, por sempre pensarem duas vezes antes de realizar a compra (gráfico 14).

Gráfico 14 – Compras por impulso e arrependimentos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

44%

17% 28%

8%

3% Sou muito cauteloso, penso muito bem em

cada item que desejo adquirir antes de comprar.

Sou cauteloso com itens caros, mas itens mais baratos compro sem me preocupar.

Geralmente só compro os que me interessam, mas às vezes aproveito promoções e

descontos fora dos planos.

Compro qualquer figura que conseguir e não resisto a promoções. 8% 39% 20% 14% 19%

Várias vezes, mas nunca me arrependi.

Várias vezes e já me arrependi.

Poucas vezes, mas nunca me arrependi.

Poucas vezes e já me arrependi.

Entre 32 dos 36 participantes, o principal meio de aquisição de figuras para suas coleções são lojas físicas localizadas no Brasil (gráfico 15). Outros meios populares são lojas virtuais brasileiras e internacionais, com 23 e 24 menções respectivamente, sites de vendas entre usuários brasileiros e internacionais, com 23 e 21 menções respectivamente, e grupos de vendas entre amigos e colecionadores, com 24 menções. Apenas 8 afirmaram já ter comprado em lojas físicas no exterior. Adicionalmente, 19 dos respondentes já ganharam figuras de presente ou brinde, e 7 já ganharam figuras em concursos ou sorteios.

Gráfico 15 – Principais meios de aquisição de Transformers.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Podendo comentar livremente sobre quais ações e processos de expansão promovidos pela Hasbro ou pela TakaraTomy mais agregaram valor à franquia, muitos concordaram que a expansão para os cinemas foi uma decisão certeira, pois tornou a franquia muito mais conhecida e lucrativa ao redor do mundo. Um dos participantes comentou: “Os filmes live-action levaram a franquia para o mainstream. Nada teve tanto impacto na franquia quanto isso”. Em especial, a linha Studio Series recebeu diversos elogios, por ser considerada a melhor linha de brinquedos baseada nos filmes até o presente. Outra ação que acreditam ter sido positiva foi o lançamento das linhas direcionadas aos colecionadores adultos, como Masterpiece e Generations, permitindo a eles que continuem conectados à franquia mesmo após a infância. Outro participante acredita que a franquia “apela ao fator nostalgia dos fãs

7 19 24 21 23 24 23 8 32 1

Lojas físicas no Brasil. Lojas físicas no exterior. Lojas virtuais brasileiras. Lojas virtuais internacionais.

Sites de vendas entre usuários brasileiros (Mercado Livre, OLX, etc). Sites de vendas entre usuários internacionais (eBay, Aliexpress, etc). Grupos de vendas entre amigos e colecionadores no Facebook. Já ganhei Transformers de presente ou brinde.

mais antigos, mas busca refinar a engenharia dos seus produtos para não espantar os fãs mais novos”.

No entanto, quando comentam sobre as ações que mais prejudicaram a imagem da franquia, os filmes são mencionados novamente; todos acreditam que Michael Bay não foi uma boa escolha para o cargo de diretor. Um dos participantes escreveu: “Os filmes têm qualidade duvidosa e fazem muitas pessoas se afastarem da franquia em geral.” Outro comentou: “É necessário focar a história nos próprios Transformers e não nos humanos”, referindo-se aos roteiros dos filmes. Um dos momentos mais infames da franquia, segundo alguns relatos, foi a breve linha

Transformers: Kiss Players de 2006, que apresentava em seus quadrinhos cenas

eróticas e perturbadoras entre os Transformers e um grupo de meninas humanas; naturalmente, muitos fãs preferem ignorar a existência desta curta fase da franquia. Outras críticas deixadas pelos participantes foram feitas às reduções de tamanho nas classes dos brinquedos enquanto os preços aumentam gradativamente, e a crescente quantidade de defeitos de fabricação passando pelo controle de qualidade da Hasbro (figura 44).

Figura 44 – Exemplo de produto com defeito de fabricação.

(Um Barricade da linha The Last Knight, 2017, apresentando dois braços direitos).

Fonte: Fotografia tirada pelo autor, 2019.

Sobre as interações entre a Hasbro Brasil e o fandom (gráfico 16), 86% dos participantes afirmaram nunca ter entrado em contato com o serviço de atendimento da empresa. 8% dizem que entraram, foram bem atendidos e tiveram suas situações bem resolvidas; já 3% afirmam que foram bem atendidos, mas não tiveram suas

situações resolvidas, enquanto outros 3% alegam que não foram bem atendidos e também não obtiveram resolução.

Gráfico 16 – Serviço de atendimento da Hasbro Brasil.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Dentre os que já entraram em contato, dois deles relataram tê-lo feito em 2014, quando questionaram o porquê da ausência de revistas em quadrinhos que deveriam ser inclusas como brinde dentro da embalagem de algumas figuras da linha Generations; a Hasbro Brasil respondeu que, por lei, as revistas deveriam ser traduzidas para serem vendidas no Brasil, o que implicaria em mais custos para a empresa além da importação. Para a surpresa dos fãs que entraram em contato, porém, a empresa possuía as revistas avulsas guardadas em sua sede brasileira, na cidade de São Paulo, e as ofereceu gratuitamente a quem comprovasse que já havia comprado as figuras que as acompanhavam originalmente. Outro participante relatou que entrou em contato no começo de 2019 para trocar uma figura defeituosa; a empresa falhou em mencionar que não possuía o mesmo modelo para troca antes de o cliente enviá-la pelo correio, mas ofereceu outras figuras em seu lugar. O cliente aceitou a troca porque, segundo ele, a figura escolhida pertencia a uma classe maior e mais cara que a figura trocada, o que foi visto como vantajoso.

Sobre as ações da Hasbro no Brasil (gráfico 17), a empresa promove muito mal a franquia, de forma a prejudicar a sua imagem, para 25% dos participantes, com um deles considerando a sua presença “inexistente”; 11% também acreditam que a empresa promove mal a franquia, mas não veem problema nisso. Apenas 5% acreditam que a Hasbro a promove muito bem, enquanto 17% concordam, mas ainda acreditam que isso poderia melhorar. Um maior número de participantes,

8% 3% 3%

86%

Sim, fui bem atendido e a situação foi bem resolvida.

Sim, fui bem atendido mas a situação não foi resolvida.

Sim, não fui bem atendido mas a situação foi bem resolvida.

Sim, fui mal atendido e a situação não foi resolvida.

compondo 42%, acredita que a presença da franquia no Brasil é dividida em algumas áreas boas e outras nem tanto.