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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS

4.3.3 Análise da Formulação de Estratégias

Pela definição de formulação de estratégias de Miles e Snow (1978), as tipologias modificaram em todos os momentos. No primeiro se destaca como defensiva por fazer parte do objetivo dos empreendedores estarem buscando algo para suprir uma necessidade. No segundo momento, com a entrada do investidor-anjo, passa a ser prospectora e focada em buscar novas oportunidades de mercado. O terceiro momento, que é muito focado em internalizar a tecnologia e melhorar os processos, é uma fase de estratégias analistas, sendo que no quarto momento, com a entrada dos novos investidores, os empreendedores voltaram a ter estratégias prospectoras, que os ajudaram com os novos produtos, formação de equipe e estratégias de crescimento.

Pela tipologia de Quinn e Voyer (1980), é possível perceber a existência do incrementalismo lógico em todos os momentos. Os empreendedores precisaram se adaptar incrementalmente principalmente no segundo e terceiro momentos. No segundo momento pela repentina entrada do investidor-anjo com novas concepções e objetivos, e no terceiro por ser um momento de grande necessidade de se adaptar e resolver os

problemas do sistema, recrutando um profissional para internalizar a tecnologia. O primeiro momento foi mais de adaptação do que de incrementalismo lógico.

Os autores Oliveira (1991) e Mintzberg (1998) classificam as estratégias respectivamente como reativas ou proativas e deliberadas ou emergentes. Pode-se perceber que os primeiro e terceiro momentos foram marcados por estratégias reativas e emergentes. Em ambos os momentos os empreendedores precisaram tomar decisões para resolver problemas, sendo que essas decisões foram criadas de forma não planejadas e não esperadas. Já no segundo e quatro momentos as situações foram opostas. Exatamente com a entrada do investidor-anjo e Fundo de Investimento respectivamente, os empreendedores tiveram estratégias mais prospectoras, proativas, e deliberadas, na busca de novas oportunidades de mercado.

Pela tipologia de Wright et al. (2000) que mostra o foco da estratégia, o primeiro momento pode ser classificado como setorial, ou seja, preocupado em resolver o problema do setor de logística da antiga empresa Metta. O terceiro momento, diferente de todos os demais, foi marcado por estratégias com foco funcional, visando resolver o problema da tecnologia e da produção do produto. No segundo e quarto momentos o enfoque foi empresarial, sendo que os empreendedores buscaram estratégias para o crescimento do negócio como um todo, com objetivos mais sistêmicos.

Já pela tipologia de Hardy e Fachin (1996), as estratégias começaram desconexas e impostas, quando os empreendedores buscavam reduzir custos e solucionar um problema de logística. Foram estratégias sem consenso, pois precisam resolver um problema da empresa. No segundo momento essas estratégias passaram a ser empreendedoras, com a entrada do investidor-anjo, com diversas iniciativas de produtos inovadores. No terceiro momento as estratégias foram focadas nos processos de internalizar a tecnologia (processuais) e criadas no consenso dos empreendedores para resolver um problema no desenvolvimento do sistema, o qual estava lento e ruim. O quarto momento continuou processual, consensual, mas com um novo enfoque empreendedor, novamente com a entrada de investidores no negócio.

Os momentos, pela tipologia de Mintzberg (2006) foram adaptativos no primeiro e terceiro momentos, em que os empreendedores foram reativos e buscaram apenas solucionar problemas internos (de logística e do sistema respectivamente). No segundo e quarto momentos, as estratégias foram empreendedoras e planejadas, em que o investidor-anjo e fundo de investimento entraram no negócio. Os momentos foram resumidos a seguir para facilitar a análise comparativa de cada etapa.

As estratégias do momento 1 foram conseqüência de uma necessidade na antiga empresa Metta e por isso foi um estágio muito defensivo, reativo, desconexo, emergente e adaptativo. Todas essas características desse primeiro momento mostraram que os empreendedores se adaptaram para encontrar uma solução, ou seja, não foram estratégias planejadas, mas sim emergentes e tiveram foco em apenas um setor do negócio da antiga empresa, de logística de transportes.

O retrato do momento 2 é completamente diferente, pois com a entrada do investidor-anjo as estratégias tiveram caráter muito mais prospector, proativo, empreendedor, planejado e deliberado. As estratégias vieram de iniciativas dos próprios sócios, e não do ambiente, como no primeiro momento. O foco foi sistemático, ou seja, em todo o negócio, com a criação de novos produtos, início de estrutura física, contratação do primeiro colaborador, etc. Apesar de predominantemente planejado, adaptações incrementais foram realizadas intuitivamente pelos empreendedores.

Já o terceiro momento se parece mais com o primeiro, pois as estratégias de internalizar o desenvolvimento do sistema surgiram de uma necessidade, e não de uma iniciativa proativa. Por conta disso, as estratégias foram consideradas reativas, incrementais, intuitivas, emergentes e adaptativas. A diferença central para o primeiro momento é que o foco foi mais nos processos e que não houve uma imposição, mas um consenso entre os empreendedores de que internalizar seria a melhor alternativa. O foco da direção desse momento foi funcional, pois as estratégias foram concentradas no desenvolvimento do produto.

O último momento foi bastante similar ao segundo, pois houve uma nova injeção de capital que permitiu aos empreendedores formarem uma equipe, criarem uma nova estrutura, prospectarem novos produtos e terem novas iniciativas em diversas diretrizes: marketing, vendas, financeiro e equipe técnica. Assim como no momento 2, houve um caráter bastante empreendedor, planejado, prospector, proativo e focado nas busca de melhorias de produtos e processos. Também teve enfoque sistemático, com abrangência em todo o contexto organizacional, pois os empreendedores iniciaram parcerias externas importantes com parceiros importantes: transportadoras e empresas de tecnologia.

Quadro 45 – Tipologias de formulação de estratégias em cada momento

Fonte: Elaborado pelo autor