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4 O MERCADO DE ARROZ NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS E

4.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO, CONSUMO E COMÉRCIO AGRÍCOLA NO

Nesta seção é discutido o comportamento da produção total e das exportações totais (inclui a produção agrícola, de minerais e industrial), bem como da produção e da

exporta-ção agrícola , separadamente , em nível mundial. Ao final, são avaliados os comportame ntos da produção, da exportação, do estoque e dos preços de arroz no mercado internacional.

A fim de responder aos pontos inicialmente propostos, a análise tem como referen-cial de partida as informações apresentadas no gráfico 1, onde podem ser observadas as tendências em te rmos de produção total e agrícola em nível mundial, no período de 1991-2000. Quanto à produção, os resultados são semelhantes para os setores analisados; a pro-dução total cresce cerca de 27%, enquanto a propro-dução agrícola e industrial cresce ao redor de 22% e 30% neste período, respectivamente.

60 80 100 120 140 160 180 200

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

índice (%)

Produção Total Produção Agrícola

Exportação Total Exportação Agrícola

Gráfico 1- Produção e exportação total e agrícola no mundo 1991-2000 Fonte: Banco Mundial, 2001b; OMC, 2002.

Ao contrário do comportamento em termos de produção, as exportações no mesmo período apresentam um crescimento diferenciado conforme o setor analisado. As exporta-ções totais, por exemplo, crescem 81% no mesmo período, enquanto o comércio de produ-tos agrícolas cresce 35%. A diferença deve -se basicamente a maior intensidade no cresci-mento do comércio de produtos industrializados, que chega a crescer 94% no mesmo perí-odo, mais do que o dobro do crescimento das exportações de produtos agrícolas e minerais.

Estas informações apresentadas estão de acordo com as idéias discutidas no segun-do capítulo, ou seja, devisegun-do às medidas protecionistas e aos subs ídios concedisegun-dos pelos países ricos ao setor agrícola, ocorre um menor crescimento do comércio entre os países, apesar de a produção crescer a taxas praticamente iguais durante este período (o que não

ocorre com os produtos industrializados , cujo processo de liberalização do comércio ava n-çou significativamente).

Apesar de os produtos agrícolas apresentarem este comportamento médio, no caso do arroz as exportações têm um melhor desempenho. De um lado, a produção de arroz no mundo (base beneficiado) aumenta no período de 1991-2000 cerca de 21,5% (gráfic o 2), apr oximadamente, o mesmo comportamento da produção agrícola mundial (22%); de outro lado, as exportações de arroz, no mesmo período, crescem 62,1% durante aquela década , enqua nto a média dos produtos agrícolas é de 35%.

50,0 70,0 90,0 110,0 130,0 150,0 170,0 190,0 210,0

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

índices (%)

Produção de arroz beneficiado Exportações Estoques finais

Gráfico 2- Produção, exportações e estoque final de arroz no mundo – 1991-2000

Fonte: USDA, 2001b.

Uma das causas para tal crescimento das exportações deve-se à formação de acor-dos regionais de livre comércio que têm estimulado um maior comércio entre os países membros. Dentre as regiões que contribuem para este comportamento diferenciado tem-se a China (devido à parcial abertura comercial e à transição para a economia de mercado) e os países da ASEAN, do SAPTA, do NAFTA e do MERCOSUL (devido à redução das barreiras comerciais). Conforme comentado, estes arranjos têm incentivado o comércio de arroz nas regiões que reúnem os maiores produtores e consumidores de arroz, ainda que os fluxos c omerciais entre os diversos blocos regionais sejam restritos.

Ao se analisar as diferenças entre o crescimento do comércio de produtos agrícolas (média) e o do arroz devem ser considerados outros aspectos, além dos acordos de livre comércio. É necessário avaliar que, tradicionalmente, os produtores de arroz têm recebido uma maior proteção dos governos locais em função das posições em defesa da segurança a limentar (países asiáticos) ou pela suposta fragilidade dos setores ligados à produção de arroz (países americanos e europeus). Quando implementados os acordos regionais e mult i-laterais , os impactos são mais acentuados do que para os demais produtos , devido às maio-res diferenças entre as regiões produtoras e consumidoras em termos de pr eços de arroz.

Segundo Cramer, Wailes e Young (2001), o mercado internacional de arroz é cara c-terizado por um elevado grau de intervenção governamental quando comparado com os demais mercados de cereais e oleaginosas. Os autores argumentam que há um aument o no comércio internacional acima da média dos produtos agrícolas em função dos acordos de livre comércio de âmbito multilateral e regional. A Rodada Uruguai garante o acesso mí-nimo a mercados como o Japão e a Coréia do Sul, enquanto acordos regionais, a exemplo do NAFTA e do MERCOSUL, intensificam o comércio de arroz entre os principais produ-tores e consumidores de arroz das Américas. Os auprodu-tores defendem que estes acordos coo-peram no sentido de incrementar o comércio de arroz, em nível mundial, ao longo da déca-da de 1990.

Na última década, as medidas protecionistas têm sido eliminadas apenas parcia l-mente, sendo mantido um conjunto de regras e mecanismos de sustentação de preços23. Os efeitos destas medidas também podem ser observados a partir da análise da e volução dos estoques finais de arroz ao longo daquela década. Neste período, os estoques aumentam 21,1% enquanto a produção cresce 21,5%, ou seja, a formação de estoques tem acompa-nhado o crescimento da produção (USDA, 2001b).

As medidas protecionistas, que estimulam a produção e a formação de estoques em níveis superiores aos que provavelmente são definidos via regime de livre mercado, vêm contribuindo para manter a tendência de queda nos preços de arroz no mercado internacio-nal, conforme pode ser observado no gráfico 3. Desta forma, entre os anos de 1991-2000, os preços de arroz no mercado internacional chegam a cair 20% . Outro elemento relevante na análise de preços é a intensa variação dos mesmos ao longo dos anos, basicame nte isto ocorre em função do elevado grau de intervenção dos países, associado a nenhum esforço

23 Maiores detalhes quanto às políticas adotadas e os mecanismos de sustentação de preços são apresentados na seção políticas domésticas e de comércio exterior.

conjunto dos principais países produtores e consumidores em exercerem uma ação estabil i-zadora sobre os preços internacionais.

60 70 80 90 100 110 120 130

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

índice (%)

Gráfico 3- Comportamento dos preços de arroz no mercado internacional – 1991-2000 Fonte: OMC, 2002.

Com o propósito de aprofundar a análise do mercado de arroz no mundo são apr e-sentadas as variáveis fundamentais deste estudo nas diversas regiões e países. Neste senti-do, na próxima seção são avaliados a produção, o consumo e o comércio, seguindo o enf o-que regional, a fim de diferenciar e destacar as diferenças entre os países e regiões.