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5 O MODELO DE EQUILÍBRIO PARCIAL: ALTERNATIVAS E

5.2 ANÁLISE DO BEM-ESTAR EM EQUILÍBRIO PARCIAL

A análise de equilíbrio parcial trata a questão específica do equilíbrio de mercado para um determinado produto em certa região e período. Para isto, considerse que os a-gentes atuam de forma eficiente, avaliando-se dois tip os de aa-gentes. De um lado, os con-sumidores buscam maximizar as suas preferências sujeito a suas restrições orçamentárias, de outro lado, os produtores buscam maximizar a sua receita sujeito aos custos de produ-ção. Como resultado deste processo simultâneo de maximização dos agentes são obtidos os preços e as qua ntidades de equilíbrio que correspondem à situação de máximo bem-estar social em um certo mercado.

Com base nesta abordagem, que considera o equilíbrio parcial, a seguir é discutido como medir as variações em termos de bem-estar social, através dos conceitos de exceden-te do produtor , do consumidor e o excedenexceden-te tota l, quando ocorrem mudanças que alexceden-teram os preços e as quantidades de equilíbrio.

5.2.1 O Excedente do Consumidor, do Produtor e o Total

Segundo Samuelson (1952) citados por Waquil (1995) e Ellery Jr. (2001) , o equilí-brio de mercado pode ser alcançado pela maximização da função Net Social Payoff, obtida a partir da soma dos excedentes do consumidor e do produtor (excedente total).

O excedente do consumidor (EC) é a quantia que os compradores estariam dispos-tos a pagar por um bem menos o valor que eles pagam. O EC corresponde à área abaixo da curva de demanda , acima da linha de preço, e pode ser calculado a partir da seguinte ex-pressão:

(5.1) 0 0

0

) (

0

q p dq q p EC

q

d

= ∫

onde pd(q) representa a função demanda inversa. A parte da expressão com a integral re-presenta o ganho total dos consumidores à medida que eles compram a quantidade q0. O termo p0q0 equivale ao valor pago pela quantidade q0. Neste sentido, o EC corresponde ao ganho líquido dos consumidores ao comprar a quantidade q0.

Já o excedente do produtor (EP) é a quantia recebida pelos produtores menos a qua ntia gasta na produção, equivalente à área acima da curva de oferta e abaixo da linha de preço. O EP pode ser calculado a partir da seguinte expressão:

(5.2)

EP p q p q dq

onde ps(q) representa a função de oferta inversa. A expressão p0q0 equivale ao montante que os produtores recebem ao vender seu produto (receita total). Já a integral repr ese nta o custo de produzir q0 unidades do bem.

A partir da soma dos excedentes dos consumidores e dos produtores, obtém-se o excedente total. Quando se maximiza o excedente total, se está determinando as condições de equilíbrio onde existe uma alocação eficiente, e, portanto, maximizando o bem-estar de ambos os agentes. Embora produtores e consumidores busquem diferentes posições no mercado a fim de maximizar os seus excedentes, produtores procurando maiores preços e consumidores menores preços, o máximo de bem-estar é obtido quando é impossível me-lhorar a pos ição de um agente sem piorar a do outro. No equilíbrio de mercado não existe excesso de oferta e de demanda, pois o preço de equilíbrio garante que toda a qua ntidade produzida seja consumida. Matematicamente pode-se representar o excedente total a partir da seguinte expressão:

Quando acontece uma mudança nos preços de mercado, ocorrem obrigatoriamente modificações nos excedentes dos consumidores e dos produtores que são mais ou menos inte nsas dependendo das inclinações das curvas de demanda e de oferta. No caso particular deste estudo, as elasticidades-preço da oferta e da demanda são distintas conforme a região estudada e, portanto, certas mudanças nos preços podem ocasionar variações mais ou

me-nos intensas me-nos excedentes do produtor e do consumidor dependendo da elasticidade-preço de cada região.

De acordo com a teoria econômica, existem, principalmente, dois fatores que de-terminam a elasticidade -preço da demanda: a disponibilidade de bens substitutos e o núme-ro de usos que o bem pode ter (FERGUSON, 1994). No caso específico do arnúme-roz, para a maior pa rte das regiões, existem poucos ou nenhum produto substituto ao arroz, como também a possibilidade de uso deste produto restringe-se à alimentação humana. Desta forma , o arroz apresenta, em geral, elasticidades-preço da demanda inelásticas (MA R-QUES e AGUIAR, 1993).

Com relação à oferta, entre os principais fatores que afetam a elasticidade-preço da oferta destaca m-se: a disponibilidade e a mobilidade dos fatores de produção (quanto ma or a dificuldade em disponibilizar os fatores necessários para a produção e menor a mobil i-dade dos fatores de produção, mais inelástica será a curva de oferta), a disponibilii-dade tec-nológica, o acesso a mercados organizados e as informações (quanto menor a possibilidade de acesso a estes pontos, mais inelástica será a curva de oferta) (MARQUES e AGUIAR, 1993) . Por esta razão, o arroz apresenta, no geral, elasticidades -preço menores do que “1”, ou seja, curvas de oferta inelásticas, nos principais países e regiões analisadas.

Apesar das diferenças em termos de elasticidade-preço da demanda e da oferta en-tre as diversas regiões analisadas, todas as regiões apresentam elasticidade -preço demanda e oferta inelásticas. Desta forma, as variações nos excedentes do produtor e do consumidor são menores do que no caso de produtos com elasticidade-preço elástica. Outro aspecto relevante relacionado com a característica inelástica das curvas e a análise do bem-estar é o fato de os produtos com esta característica (oferta e demanda inelástica) resultarem em menores erros na estimação das variações nos excedentes do consumidor e do produtor do que produtos cujas curvas de oferta e demanda são elást icas. Neste último caso, deveriam ser também considerados todos os produtos complementares e substitutos para uma melhor análise do bem-estar a partir das variações dos excedentes dos produtores e dos consumi-dores (ELLERY Jr., 2001) .

Na próxima seção é apresentada a função Net Social Payoff que corresponde à so-ma de todos os excedentes dos produtores e consumidores. Ao so-maximizar a função NSP , obtém-se uma situação de equilíbrio de mercado, com preços e quantidades ótimas.