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7 UMA ANÁLISE EMPÍRICA SOBRE OS IMPACTOS DOS ACORDOS DE

7.3 VARIAÇÕES NOS EXCEDENTES DOS PRODUTORES E DOS

Nesta seção são apresentadas as principais mudanças nos excedentes dos produtores e dos consumidores em cada cenário simulado para países e re giões selecionados. Os exce-dentes estão expressos em milhões de dólares, e as informações referentes aos exceexce-dentes do produtor estão na tabela 4 (expressos em percentual), enquanto os resultados completos referentes aos excedentes e preços para todas as regiões estão nas tabelas C.3, C.4 e C. 5 em anexo.

Basicamente, no cenário 1, as maiores mudanças concentraram-se no grupo 1b que considera a eliminação das barreiras tarifárias e dos subsídios concedidos à produção. Nes-se cenário, as maiores variações no excedente do produtor ocorreram na Argentina, Uru-guai e México, os quais apresentaram acréscimos de 7,5%, 5,1% e 4,8%. Em termos abs o-lutos , esta mudança representou um ganho líquido anual para os produtores destes países (a partir do cenário base) de 11,7, 11 e 3,5 milhões de dólares por ano, respectivamente. As mudanças nos excedentes dos produtores nestas regiões deveram-se ao aumento na produ-ção, apresentadas na seção anterior, e ao aumento nos preços na Argentina, no Uruguai e no México de 4,9%, 4,6% e 3,5%, respectivamente.

Por outro lado, as maiores pe rdas em termos de excedente do produtor ocorreram nos países da UE e nos EUA, com reduções de 27,1% e 34,8%, respectivamente. Estas variações nos excedentes dos produtores destes países correspondem a perdas anuais de 374,8 e 839,7 milhões de dólares, respectivamente. Neste caso, as perdas em termos de excedentes do produtor possuem diferentes explicações para os EUA e a UE. Em relação à UE, os excedentes do produtor diminuíram pela redução nos preços (39,1%) e na produção (15,9%). Já no caso dos EUA, apesar de os preços crescerem 4%, houve uma redução na produção e nas transferências do governo (subsídios), ocasionando uma redução de 34,8%

nos excedentes do produtor. Considerando conjuntamente o aumento nos preços do arroz e a redução nas transferências do governo neste cenário, ocorreu uma redução líquida de 45% no valor recebido pelos produtores americanos.

Quando analisado sob o ponto de vista do excedente do consumidor, os maiores ganhos foram para os consumidores da UE, cujo excedente aumentou em 51,8% e os con-sumidores da região “OPA e Oceania” que apresentou um aumento de 7,8%.

Tabela 4- Variações nos excedentes dos produtores nos diversos cenários em relação ao cenário base em regiões selecionadas (%)

cenário 1a cenário 1b cenário 2 cenário 3a cenário 3b cenário 4 cenário 5a cenário 5b

Argentina 2,1 7,5 5,4 1,2 8,2 19,7 0,0 0,0

Brasil 1,0 3,5 2,5 0,6 3,8 8,9 0,0 0,0

Uruguai 1,4 5,1 3,7 0,8 5,6 13,2 0,0 0,0

CAN -11,9 -8,5 -9,8 -12,4 -8,1 5,0 0,0 0,0

EUA 0,6 -34,8 0,0 0,2 -34,2 -0,4 0,0 0,0

México 0,9 4,8 0,1 0,4 5,8 -0,6 0,0 0,0

UE -27,3 -27,1 0,0 0,2 5,3 -15,2 0,0 0,0

China 0,8 0,9 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0

ASEAN 1,6 1,9 0,0 0,1 0,3 0,0 0,0 0,0

SAPTA 0,6 0,9 0,0 0,2 0,4 -0,3 0,0 0,0

OPA e Oceania -6,1 -5,9 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0

Fonte: resultados de pesquisa.

O cenário 2 (ampliação do MERCOSUL) permite maiores ganhos em termos de excedente do produtor aos países do MERCOSUL e as maiores perdas ocorrem na CAN.

As maiores variações positivas foram observadas na Argentina e no Uruguai com 5,4% e 3,7%, respectivamente. Estas mudanças determinaram ganhos a estes países da ordem de 8,4 e 7,9 milhões de dólares anuais, respectivamente. Estes ganhos foram determinados pelo aumento na pr odução, conforme comentado na seção anterior, e nos preços do arroz argentino e uruguaio de 3,6% e 3,3%, respectivamente. Enquanto a região perdedora foi a CAN com reduções da ordem de 9,8%, que representa ram perdas de 114,9 milhões de dólares produtores de arroz por ano. Em termos gerais, para os países do MER-COSUL existem maiores ganhos do que perdas quando somados os excedentes dos produ-tores e dos consumidores.

No cenário 3 (ALCA), os maiores ganhos se dão quando se considera a eliminação das barreiras tarifárias e dos subsídios (cenário 3b). A exemplo disto, os excedentes dos produtores aumentaram na Argentina, no Uruguai e no Brasil, 8,2%, 5,6% e 3,8%, respec-tivame nte. Estas variações representaram para estes países ganhos anuais da ordem de 12,8, 12 e 105,6 milhões de dólares, respectivamente. As mudanças nos excedentes do produtor deveram-se ao aumento da produção e nos preços na Argentina (5,2%), no Uru-guai (5,2%) e no Brasil (4,6%). Porém, os ganhos deram-se a partir das perdas dos produ-tores dos EUA e da CAN que tiveram seus excedentes reduzidos na ordem de 34,2% e 8%, o que representou perdas de 824,6 e 94,6 milhões de dólares por ano, respectivamente.

Enquanto os excedentes do produtor nos países do CAN reduzira m em função dos menores preços (6,2%) e da redução na produção (4,2%), nos EUA os excedentes diminuíram em função de uma menor produção (20,9%) e da eliminação dos subsídios concedidos à pro-dução, mesmo com os preços aumentando em 4,7%. Considerando o aumento nos preços e a eliminação dos subsídios concedidos à produção, o valor recebido pelos produtores ame-ric anos neste cenário reduziu em 44,4%. Neste cenário, as regiões produtoras que mais se beneficiam deste acordo são o MERCOSUL e a UE.

O cenário 4 apresenta os maiores ganhos aos produtores de arroz dos países do MERCOSUL, principalmente para a Argentina e Uruguai, cujos excedentes aumentaram em 19,7% e 13,2%, garantindo ganhos aos produtores da ordem de 30,5 e 28,4 milhões de dólares. Novamente, os excedentes do produtor aumentaram em função das maiores qua n-tidades ofertadas e pelo aumento nos preços recebidos pelos produtores argentinos e uru-guaios de 12,1% e 11,7%, respectivamente. Como o acordo pode gerar desvios de comé

r-cio , existem outros perdedores além dos produtores da UE, como os EUA e o México. O maior ganhador em termos de excedente do consumidor é a UE com incrementos da ordem de 25,1%.

O último cenário, que envolve os acordos comerciais com a China (cenários 5a e 5b) , como não houve alterações nos preços, nas quantidades produzidas e consumidas, e não ocorre ram mudanças nos excedentes do produtor e do consumidor. Portanto, no caso do arroz não houve variação no bem-estar das regiões e países analisados na medida em que são simuladas a entrada da China na OMC e a criação do acordo de livre comércio entre a China e a ASEAN.

Na próxima seção, são discutidos, comparativamente, as principais mudanças na produção, consumo e preços de arroz no Brasil, considerando os cenários descritos anteri-ormente. Espera-se com esta análise estabelecer os cenários mais vantajosos em termos de negoc iação de acordos de livre comércio, especificamente para o Brasil.

7. 4 COMPORTAMENTO DA PRODUÇÃO, DOS PREÇOS, DAS IMPORTAÇÕES