CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo abrange o mercado mundial de arroz que inclui os principais paí-ses produt ores, importadores e exportadores. Para uma melhor análise da produção, con-sumo e comércio de arroz no mundo, estes países são agrupados em blocos econômicos e/ou regiões participantes desse mercado. O critério para escolha das regiões e países se dá em função da importância em termos de produção, consumo e comércio, como também leva em consideração as regiões que possuem uma maior afinidade comercial com o Brasil.

Quanto aos países pertencentes à ASEAN²⁴, à CAN²⁵, ao MERCOSUL²⁶, ao NAF-TA²⁷, a o SAPTA²⁸ e à UE²⁹, estes são agrupados por apresentarem maior afinidade come r-cial entre si e/ou por terem políticas comerciais comuns, conforme a análise feita no capí-tulo anterior. Por outro lado, os países de pequena relevância em termos de produção, con-sumo e comércio de arroz são agrupados seguindo critérios de afinidade geográfica e eco-nômica, embora não possuam acordos de livre comércio. Nessa categoria estão Outros pa í-ses da América do Sul (OAS)³⁰, Outros Países da Ásia e Oceania (OPA e Oceania)³¹ e Paí-ses da África, da Europa Oriental e da América Central. A China não é incluída em ne-nhum grupo de países em função da sua importância como produtora, consumidora e ex-portadora de arroz. A última região é chamada de “resto do mundo” , incluindo todos os países que não perte ncem às regiões e blocos comerciais apresentados acima.

A seguir, na tabela 1 são apresentados a produção, o consumo e os fluxos comerci-ais de arroz em equivalente beneficiado³². As informações correspondem a qua ntidades em toneladas, resultado de uma média do período de 1998 até 2000, a fim de reduzir distor-ções relativas principalmente a variadistor-ções climáticas.

A maior parte do arroz produzido e consumido no mundo encontra-se na Ásia (China, ASEAN, SAPTA e OPA). Neste sentido, observa -se que cerca de 91% da produ-ção e consumo situam-se na Ásia com uma participaprodu-ção importante da China, dos países da ASEAN e dos países do SAPTA que são responsáveis, por sua vez, por cerca de 95% do total produzido e consumido na Ásia. Em termos gerais, a região da Ásia apresenta-se co-mo exportadora líquida de arroz (6.677.808 t), destacando-se coco-mo exportadores líquidos os países da ASEAN, do SAPTA e a China e como importadora líquida de arroz a região chamada de OPA.

24 A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) tem como países -membros: a Indonésia, a Mal á-sia, as Filipinas, a Tailândia, Cingapura, o Vietnã, Laos, o Camboja, a Mianmar e o Brunei.

25 A Comunidade Andina (CAN) é constituída pela Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Ven ezuela.

26 O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) tem como membros: o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Par a-guai.

27 Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) é formado pelos Estados Unidos da América (EUA), Canadá e México.

28 O Acordo Preferencial de Comércio do Sul da Ásia (SAPTA) prevê uma cooperação regional entre a Índia, Bangladesh, Butan, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka.

29 A União Européia (UE) reúne os seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Fin-lândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia.

30 A OAS inclui os países da América do Sul que não participam do MERCOSUL e da CAN.

31 A OPA inclui todos os países asiáticos que não pertencem a ASEAN e SAPTA, bem como exclui a China.

A região “OPA e Oceania” considera além dos países asiáticos, descritos acima, os países da Oceania.

32 A produção, o consumo e os fluxos comerciais são apresentados em equivalente beneficiado. O equivalen-te beneficiado corresponde a 67% do total de arroz em casca comercializado e 100% das quantidades co-merci alizadas de arroz integral, beneficiado e quebrado (FAO, 2001a).

Na Ásia, a China destaca-se como a maior produtora e consumidora de arroz no mundo. A sua participação no mercado em relação às exportações totais é de 12,4% do total mundial. Por outro lado, as regiões consideradas mais relevantes em termos de expor-tações totais são a ASEAN e o SAPTA, com uma participação no mercado de 40,5% e 19%, respectivamente. A região que corresponde a OPA sobressai-se como a maior impor-tadora de arroz com uma participação de 25,1%. Neste grupo, os principais países importa-dores são o Irã, Iraque, Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Tabela 1- Produção, consumo e fluxos comerciais de arroz – média 1998-2000

Produção Consumo Exp. Totais Imp. Totais Exp. Líquidas

Países t % t % t % t % t

Argentina 797.919 0,20 255.097 0,06 557.907 2,14 15.085 0,07 542.822 Brasil 6.831.452 1,71 7.787.500 1,96 26.862 0,10 982.910 4,08 -956.049

Paraguai 61.187 0,02 58.615 0,01 5.730 0,02 3.158 0,01 2.572

Uruguai 772.489 0,19 73.417 0,02 699.868 2,68 796 0,00 699.072

MERCOSUL 8.463.046 2,12 8.174.629 2,05 1.290.367 4,94 1.001.950 4,16 288.417 CAN 4.104.661 1,03 4.348.525 1,09 89.417 0,34 333.280 1,38 -243.863

OAS 573.858 0,14 351.008 0,09 308.180 1,18 85.330 0,35 222.850

Canadá 0 0,00 259.576 0,07 1.621 0,01 261.196 1,08 -259.576

EUA 5.889.034 1,47 3.362.208 0,85 2.839.074 10,87 312.247 1,29 2.526.827

México 268.892 0,07 637.691 0,16 5.507 0,02 374.306 1,56 -368.799

NAFTA 6.157.926 1,54 4.259.474 1,08 2.846.201 10,90 947.749 3,93 1.898.452 Am. Central 885.005 0,22 1.472.331 0,37 16.587 0,06 603.913 2,50 -587.326 UE 1.716.932 0,43 2.220.047 0,56 1.413.620 5,41 1.916.735 7,95 -503.115 China 131.942.860 33,01 128.937.015 32,42 3.227.090 12,36 221.244 0,92 3.005.845 ASEAN 96.672.803 24,18 91.135.152 22,91 10.565.429 40,46 5.027.778 20,86 5.537.651 SAPTA 119.787.844 29,97 116.286.103 29,24 4.956.949 18,98 1.455.207 6,03 3.501.742 OPA e Oceania 17.227.145 4,31 22.340.811 5,62 934.070 3,58 6.047.736 25,08 -5.113.666 África 11.411.695 2,85 16.037.867 4,03 402.539 1,54 5.028.711 20,85 -4.626.172 Eur. Oriental 29.283 0,01 406.473 0,10 31.663 0,13 408.853 1,70 -377.189 R. Mundo 757.925 0,19 1.762.485 0,44 30.138 0,12 1.034.697 4,29 -1.004.560

Fonte: FAO, 2002.

Embora a produção e o consumo de arroz nas Américas sejam pequenos em termos mundiais, existe um intenso comércio deste cereal na região. Considerando o total das ex-portações e imex-portações nesta região, elas representam cerca de 15% das quantidades co-mercializadas no mundo. Nas Américas destacam-se como exportadores os países do NAFTA e do MERCOSUL, em que os EUA, a Argentina e o Uruguai têm uma particip a-ção de 10,9%, 2,1% e 2,7%, respectivamente; e como maiores importadores a América

Central, a CAN, o Brasil e o México, com uma parcela no comércio mundial de 2,5%, 1,4%, 4,1% e 1,6%, respectivamente.

O Brasil é o maior consumidor de arroz nas Américas, suas importações de arroz são oriundas principalmente dos excedentes da Argentina e do Uruguai. Por outro lado, o EUA é o maior exportador de arroz das Américas e fornece arroz para os demais países do NAFTA, bem como para os países da América Central, CAN e países da região denomina-da de OAS (Outros Países denomina-da América do Sul). Além destas regiões apresentadenomina-das, os países da UE e da África destacam-se como importadores com uma parcela de 8% e 20,9% das quantidades totais comercializadas.

Em termos gerais, os informes da USDA consideram que as posições dos países exportadores e importadores devam se manter no curto e médio prazo. Neste sentido, espe-ra-se que a ASEAN continue sendo a maior região exportadora líquida do mundo, princ i-palmente em função do desempenho da Tailândia (maior exportador do mundo) e do Vie t-nã (segundo maior exportador do mundo). De um lado, o arroz oriundo da Tailândia copete com os EUA nos mercados de arroz longo (indica) de alta qualidade como, por exe m-plo, na UE, países do Oriente Mé dio (região OPA) e sul da África; de outro lado, o arroz ta ilandês compete no mercado de arroz longo de qualidade média com o Vietnã, a Índia e o Paquistão (ambos do SAPTA) (USDA, 2001a).

Os EUA, por sua vez, considerados um dos maiores exportadores de arroz do mun-do, vêm reduzindo a sua participação no mercado internacional desde meados da década de 1970. A razão para isto deve-se a redução dos custos de produção dos países asiáticos e a consolidação da Argentina e do Uruguai como exportadores após a formação do MERCO-SUL. Os principais mercados para o arroz americano, nos últimos anos , têm-se concentra-do nos países da América Latina, na UE, na Arábia Saudita, no Canadá e nos países da África do Sul (USDA, 2001a).

Quanto ao destino das exportações (ou origem das importações) dos demais países em estudo, existe uma concentração do comércio em grupos de países, não somente em função dos acordos de comércio em vigor e da afinidade geográfica, conforme já discutido, mas também em função das semelhanças e diferenças como, por exemplo, as preferê ncias dos consumidores (tipos de arroz), as condições edafo-climáticas (sazonalidade e fertilida-de do solo), as tecnológicas (produtividafertilida-de) e os preços entre as regiões.

4. 3 O DESEMPENHO DOS PRINCIPAIS PAÍSES E REGIÕES NO MERCADO DE