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RACIONALIDADE INSTRUMENTAL RACIONALIDADE SUBSTANTIVA Elemento Definição Elemento Definição

3.4. Análise dos dados

A Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicas de pesquisa usado para analisar em profundidade as mensagens produzidas por uma pessoa ou por um grupo de pessoas buscando inferências em relação ao emissor, ao receptor e ao tema abordado (BARDIN, 2009; FREITAS, 2000).

A partir da mensagem e das referências aos elementos presentes nas condições de sua produção, busca-se informações sobre outra realidade não explícita na superfície textual sobre o emissor, o receptor, as relações entre estes e os objetivos envolvidos na produção da mensagem, como por exemplo, concepções de mundo, valores de referência do emissor, modelos de comportamento presentes e representações sociais (FRANCO, 2003).

49 Na visão de Franco (2003), esse processo de inferência sobre uma situação a partir de uma informação exposta constitui o nível central da análise de conteúdo: a passagem entre a informação descrita e a informação interpretada com significação atribuída.

Em relação aos procedimentos para realização da análise de conteúdo, conforme estabelece Bardin (2009) foram adotadas três etapas: pré-análise, exploração do material e, tratamento dos resultados e interpretações. Descrevem-se a seguir os procedimentos utilizados na pesquisa,

3.4.1. Pré-Análise

Esta foi a fase de organização propriamente dita. Visou operacionalizar e sistematizar as idéias, elaborando um esquema preciso de desenvolvimento do trabalho. Na pré-análise foi feita uma leitura livre dos objetos empíricos com a proposta de confirmar sua escolha, observar a adequação dos materiais aos objetivos da pesquisa previamente delineados, formular novos objetivos e possíveis hipóteses a serem averiguadas e elaborar as categorias que orientaram a manipulação das mensagens (BARDIN, 2009).

Seguindo Richardson (1999, p. 231-233) foi realizada uma leitura superficial do material, visando conhecer a estrutura da narrativa e ter as primeiras orientações e impressões em relação à mensagem dos documentos e depois foi realizada uma seleção dos documentos, compondo uma amostra representativa do material a ser utilizado, pautando-a pelos princípios básicos da Exaustividade (considerando um mesmo tipo de documento, foram elencados os mesmos para todas as companhias), o da Representatividade (os documentos básicos da análise – Balanço Social e Balanço Contábil – a princípio, continham todas as informações necessárias) o da homogeneidade (a participação na pesquisa somente das empresas que utilizam as regras da Bovespa para a divulgação de demonstrativos garantiu isso) e Adequação, considerada atendida, posto que os documentos analisados são considerados os únicos trazer as informações indispensáveis às análises.

Ainda pensando na questão da exaustividade, ao detectar que as ações inseridas no site da Bovespa divergiam em quantidade, para as diferentes corporações analisadas, buscou- se outras ações não inseridas no site, mas que compunham os balanços sociais das empresas, realizando análises adicionais, com o objetivo de dar maior representatividade aos discursos emanados.

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3.4.2. Análise do Material

Em seguida, passou-se para a etapa de exploração do material na qual ocorreu a realização da classificação dos elementos da mensagem, ou seja, foi feito o processo de categorização a partir das decisões tomadas na etapa anterior. Segundo Richardson (1999, p. 233) e confirmado pela experiência da presente pesquisa, esta fase foi longa e cansativa, consistindo basicamente na codificação, categorização e quantificação da informação.

Miles e Huberman (1994, p. 10) chamam esta etapa de ‘data reduction’ e a definem como etapa em que se “seleciona, foca, simplifica, abstrai e transforma os dados que aparecem em documentos escritos ou em transcrições”, procedimento utilizado na presente pesquisa.

3.4.3. Tratamento dos Resultados

Por fim, realizou-se a terceira etapa: os tratamentos e a interpretação dos resultados. Foi neste momento que ocorreu a atividade central da análise de conteúdo já que a partir dos dados classificados em categorias e das informações levantadas sobre as condições de produção da mensagem - o emissor, o receptor, as relações entre estes, o suporte do código, entre outras – foram feitas inferências sobre situações não expostas na superfície textual, mas relacionadas com a mensagem produzida (RICHARDSON, 1999. p. 234). Nesta etapa permitiu-se notar regularidades, padrões, explicações, possíveis configurações, fluxos causais e proposições (MILES e HUBERMAN, 1994, p. 11).

A organização da codificação incluiu três etapas fundamentais, conforme preceitua Richardson (1999, p. 234): determinação das unidades de registro, escolha das regras de numeração e definição das categorias de análise.

3.4.3.1. Determinação das Unidades de Registro

no caso desta pesquisa optou-se por adotar como unidades de registro as frases, recortando-se o texto em função de tais unidades. As frases nesta análise representavam unidades de ação, que necessitaram de boa contextualização para seu correto enquadramento e entendimento.

3.4.3.2. Escolha das regras de numeração:

Neste caso foi escolhida a presença de elementos de uma ou outra das duas racionalidades tratadas nesta pesquisa, ou a ausência de seu oposto para contar a frequência

51 das unidades de registro, denotando-lhe importância. Considerou-se cada um dos itens detectados como do mesmo valor, deixando então a regularidade com que aparecem nas análises como o aspecto mais significativo. Não se levou em consideração a ordem em que as unidades apareceram e nem a co-ocorrência.

Neste caso vale acrescentar mais uma informação, que dirima dúvidas, no tocante à premissa de que a ausência de uma racionalidade constituir-se-ia na presença do seu tipo oposto – se não for detectada a racionalidade substantiva, pressupõe-se a presença da instrumental e vice-versa. No estudo realizado pode-se utilizar tal afirmação apenas nos casos da categoria ‘Não-avaliação’, posto que ficou patente em todas as observações que as organizações primam pela avaliação dos resultados de suas ações de responsabilidade social corporativa.

3.4.3.3. Definição das categorias de análise

Neste caso considerou-se as categorias como classes ou rubricas que reúnem um grupo de elementos (unidades de registro) em razão de características comuns. A categorização escolhida foi puramente léxica, seguindo a semântica das palavras unidas nos conceitos escolhidos para representar os tipos de racionalidade detectados.

Buscou-se seguir as considerações de Bardin (2009) de que para serem consideradas boas as categorias devem possuir certas qualidades: a) exclusão mútua – cada elemento só pode existir em uma categoria; b) homogeneidade – para definir uma categoria, é preciso haver só uma dimensão na análise; c) pertinência – as categorias devem dizer respeito às intenções do investigador, aos objetivos da pesquisa às questões norteadoras, às características da mensagem, etc.; d) objetividade e fidelidade – se as categorias forem bem definidas, se os índices e indicadores que determinam a entrada de um elemento numa categoria forem bem claros, não haverá distorções devido à subjetividade dos analistas; e) produtividade – as categorias serão produtivas se os resultados forem férteis em inferências, em hipóteses novas, em dados exatos.

A figura 2 ilustra as três etapas de realização da análise de conteúdo propostas por Bardin (2009). Nessa figura estão apresentados diversos procedimentos identificados pela autora como possíveis práticas a serem realizadas dentro de cada etapa. Entretanto, a utilização desses procedimentos refere-se à abordagem da metodologia utilizada – qualitativa ou quantitativa – e às técnicas de pesquisa aplicadas. Neste trabalho, em que a análise de

52 conteúdo foi exclusivamente de natureza qualitativa e com a utilização de algumas das ferramentas de Miles Huberman (1994), as operações estatísticas não foram utilizadas.

Nas próximas seções deste trabalho se detalham as técnicas de pesquisa utilizadas nesse estudo - análise categorial, análise de discurso e ferramentas, de analise qualitativa sugeridas por Miles e Huberman (1994) - escolhidas em função dos objetivos da pesquisa.

Figura 2 - Etapas da Análise de Conteúdo

L e itu ra F lu tu a n te E sco lh a d o s d o c u m e n to s E sc o lh e r d o cu m e n to s p a ra a n á lis e P re p a ra ç ã o d e m a te ria l R e fe re n cia çã o d e ín d ic e s E la b o ra r in d ica d o re s R e g ra s d e C a te g o riza ç ã o F o rm u la çã o d e h ip ó te s e s e o b je tiv o s D im e n s ã o e d ire ç ã o d a a n á lise A d m in is tra çã o d a s té c n ic a s so b re o s d o cu m e n to s p a ra a n á lis e E L A B O R A Ç Ã O D O M A T E R IA L T R A T A M E N T O D O S R E S U L T A D O S E IN T E R P R E T A Ç Õ E S O p e ra çõ e s e sta tística s S ín te se e se le çã o d e re su lta d o s In fe rê n cia s In te rp re ta ç ã o

O rie n ta ç õ e s p a ra n o v a s a n á lis e s U tiliz a ç ã o d o s re s u lta d o s p a ra fin s te ó ric o s o u p ra g m á tic o s P R É -A N Á L IS E