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Fonte: Bardin, (2009).

4.1. O Sistema Elétrico Brasileiro

A apresentação detalhada do sistema elétrico brasileiro foi considerada necessária nesta dissertação para que se pudesse construir um dos quadros apresentados na etapa de conclusões deste trabalho e também para compor o exato cenário que influi na tomada de decisão das corporações envolvidas na pesquisa, conforme se poderá depreender da leitura e previsto em análises categoriais, onde as unidades de registro são frases que representam ações. Assim a pesquisa buscou levantar os intervenientes institucionais no ambiente, sua atuação e interrelação no cenário da produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica no Brasil.

O novo marco regulatório do setor elétrico brasileiro foi definido pela Lei 10.848/2004, que estabelece regras visando possibilitar a efetiva garantia do suprimento para o mercado e a expansão permanente das atividades intrínsecas do setor (geração, transmissão

62 e distribuição), sendo tal expansão vinculada à segurança e à busca da remuneração para os investimentos, assim como à universalização do acesso e do uso dos serviços - além da modicidade tarifária, em um horizonte de curto, médio e longo prazos, conforme definido pelo Ministério das Minas e Energias (MME, 2009).

As modificações introduzidas pela Lei 10.848/2004 trouxeram novas perspectivas ao setor, tendo como horizonte a retomada dos investimentos na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O Decreto 5.081/2004 - que regulamentou o novo marco regulatório do setor elétrico - especifica as providências necessárias para alcançar os objetivos proposto (MME, 2009):

a. Promover a modicidade tarifária; b. Garantir a segurança do suprimento; e c. Criar um marco regulatório estável.

Para implementar tais metas, foram detalhadas regras de comercialização de energia ligadas a leilões com critério de menor tarifa, com garantias legais de suprimento, marco regulatório estável, construção eficiente de novos empreendimentos, leilões específicos, contratos bilaterais de longo prazo entre distribuidoras e os vencedores dos leilões e licenças ambientais prévias de empreendimentos hidrelétricos candidatos.

Este conjunto de medidas permitiu reduzir os riscos do investidor, possibilitando o financiamento do projeto a taxas atrativas, com benefícios para o consumidor. A criação de um marco regulatório estável requereu uma clara definição das funções e atribuições dos agentes institucionais. Assim, em particular, o novo modelo (ONS, 2009):

Esclareceu o papel estratégico do Ministério de Minas e Energia, enquanto órgão mandatário da União;

Reforçou as funções de regulação, fiscalização e mediação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel);

Organizou as funções de planejamento da expansão, de operação e de comercialização.

Também dentro do novo marco regulatório para o setor elétrico brasileiro foi criada a Aneel - A Agência Nacional de Energia Elétrica, que é autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia - MME, e que foi criada pela Lei 9.427 de 26 de dezembro de 1996 (MME, 2009).

A Aneel, segundo informações obtidas em seu site, tem como atribuições: regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica,

63 atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as partes e em benefício da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços (ANEEL, 2009). A missão da Aneel é proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em benefício da sociedade (ANEEL, 2009).

A Geração e Distribuição de energia elétrica no Brasil são coordenadas pelo ONS – Operador Nacional do Sistema. O ONS é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, criada em 26 de agosto de 1998, responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O Operador é constituído por membros associados e membros participantes (ONS, 2009).

São membros associados os agentes de geração com usinas despachadas de forma centralizada, os agentes de transmissão, os agentes de distribuição integrantes do SIN, além de agentes importadores e exportadores e consumidores livres com ativos conectados à Rede Básica (ONS, 2009). São membros participantes o Poder Concedente por meio do Ministério da Minas e Energia, os Conselhos de Consumidores, geradores não despachados centralizadamente e pequenos distribuidores (abaixo de 500 GWh/ano). Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil - SIN é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional - SIN é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte (ONS, 2009). Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontram-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica.

Os membros associados e participantes do Sistema Nacional Interligado são classificados em (ONS, 2009):

a. Agentes de geração; b. Agentes de Transmissão; c. Agentes de Distribuição; d. Agentes de Comercialização

64 f. Consumidores Livres.

4.1.1. Agentes de Geração

Agentes de Geração são as empresas que operam usinas encarregadas da produção de energia, seja para fins públicos, seja para fins particulares. Segundo dados da Aneel (2009) existem atualmente 1.049 agentes de geração no sistema, conforme mostra a tabela 2. A atividade de geração consiste na transformação em energia elétrica de qualquer outra forma de energia, seja qual for sua origem ou fonte, haja vista que a energia elétrica não se encontra disponível para aproveitamento na natureza (ONS, 2009).

Dessa forma, as empresas geradoras de energia elétrica basicamente realizam a transformação de diferentes formas de energia (cinética, química, solar, eólica) em energia elétrica. A tradição setorial é denominar as diferentes usinas geradoras de energia elétrica levando-se em consideração a fonte primária de energia utilizada. Dessa forma, fala-se em usina térmica (gás, carvão, óleos combustíveis etc.), hidráulica (água), nuclear (tipo especial de usina térmica) e renovável (eólica, solar etc.).

Tabela 2 – Agentes de Geração no Sistema Elétrico Nacional Agentes Distribuídos entre os Destinos da Energia

Destino da Energia Quantidade de Agentes

Serviço Público 90

Autoprodução de Energia 228

Produção Independente de Energia 742

Comercialização de Energia 4

Autoprodução c/Comerc. De Excedente 40

Registro 7606

Fonte: Aneel, 2009.

4.1.2. Agente de Transmissão

A atividade de transmissão consiste no transporte da energia elétrica gerada pelo sistema produtor às subestações distribuidoras, bem como na interligação de dois ou mais sistemas geradores. Analisando o fenômeno físico da eletricidade, pode-se afirmar que as empresas transmissoras obrigam-se a, basicamente, construir, operar e manter a infraestrutura (redes de alta tensão) necessária ao escoamento da energia elétrica entre os pontos de geração e distribuição (ONS, 2009). A rede interligada de transmissão é conhecida como Sistema Interligado Nacional – SIN (ONS, 2009), conforme mencionado em outro contexto.

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4.1.3. Agente de Distribuição

Agente de distribuição é o titular de concessão, permissão ou autorização de serviços e instalações de distribuição para fornecer energia elétrica ao consumidor final exclusivamente de forma regulada (ONS, 2009). O serviço de distribuição consiste, basicamente, na construção, operação e manutenção da infraestrutura (redes de média e baixa tensão) necessária à disponibilização da energia elétrica aos consumidores finais (ONS, 2009).

As grandes torres com cabos espessos que se veem espalhados por todo o território nacional são a face mais visível deste tipo de agente, que praticamente não tem contato com o grande público, tendo em vista serem intermediários no processo.

4.1.4. Agente de Comercialização

A atividade de comercialização foi autonomizada pelo atual modelo competitivo do setor de energia elétrica. Nesse sentido, confira-se o art. 1º do Decreto nº 2.655/98: Art. 1º “A exploração dos serviços e instalações de energia elétrica compreende as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização, as quais serão desenvolvidas na conformidade da legislação específica e do disposto neste regulamento” (PIMENTA, 2009, p. 5). No atual marco regulatório do setor, a comercialização de energia elétrica pode ser realizada de forma conjugada com outros serviços de energia elétrica ou autônoma (ONS, 2009).

4.1.5. Agente de Importação

Agente de importação é o titular de autorização para fins de importação de energia elétrica (ONS, 2009). Tratam-se de grandes empresas, ou mesmo órgãos governamentais que se utilizam de energia do exterior para manutenção de suas operações internas, ou para vendê- las no mercado de varejo.

O quadro 6 lista as companhias escolhidas para a pesquisa e o tipo de agente que representam. O agente de importação não foi incluído no quadro pois nenhuma das empresas atua neste setor, dominado por grandes indústrias, que importam mormente gás (ONS, 2009). Pelo quadro 6 vemos que somente a CEMIG atua como todos os tipos de agente.

O quadro 6 também é ilustrativo da dependência que as empresas têm entre si, posto que muitas delas dependem das redes de transmissão e distribuição de outras, que por sua vez

66 compram ou intercambiam energia gerada pela disponibilização de equipamentos de transmissão e/ou distribuição, como linhas, subestações, postes etc. (ONS, 2009).

Quadro 6 – Tipo de atividades desenvolvidas por Cia. de Energia.

Geração Transmissão Distribuição Comercialização

CEMIG X X X X CELESC X X X CPFL X X X COELCE X X X COPEL X X X X DUKE X X ENERGISA X X EDP X X X Fonte: www.ons.gov.br, 2009.