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PARTE II – METODOLOGIA E PESQUISA EMPÍRICA

5.2 Objetivo específico 2: Aspectos metodológicos

5.2.6 Análise de regressão logística

No tocante à última etapa desta fase quantitativa da pesquisa, que visa a investigar que variáveis estão relacionadas com a variabilidade do índice médio de aprovação no exame de suficiência do CFC no Brasil, será utilizada a técnica estatística de regressão logística. Previamente se procederá uma análise descritiva, seguida de uma análise bivariada, usando os coeficientes de correlação, para verificar as relações entre as variáveis. Este exame objetivará a identificação das variáveis que mais interferem ou explicam a aprovação dos candidatos no exame de suficiência do CFC. A análise de regressão, de acordo com Bruni (2009, p. 200), “ocupa-se do estudo da dependência de uma variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas ou independentes”. Deste modo, seu objetivo consiste em “estimar ou prever a média da população ou o valor médio da variável dependente em função dos valores conhecidos ou fixos em amostragem repetida das variáveis explicativas”. (Bruni, 2009, p. 200). Esta análise permitirá provar ou refutar as hipóteses definidas na secção anterior.

Diferentemente das etapas anteriores de análise no estudo, em que são utilizados dados de vários períodos, num formato de estudo longitudinal, nesta etapa, são estudados dados apenas da última edição do exame realizada na época de aplicação da pesquisa, referente à edição de 2012.2. Ressalta-se que os dados disponibilizados pelo CFC a esta investigação eram referentes apenas às quatro últimas edições do exame, dos anos de 2011 e 2012, não se obtendo dados, a não ser agrupados por estados ou regiões, relativos à primeira fase de aplicação do exame, de 2000 a 2004. Assim, optou-se pela utilização das informações disponíveis da última edição do exame (2012.2). Como variáveis explicativas, foram escolhidas aquelas já definidas para as hipóteses, referentes a aspectos ambientais, econômicos e individuais. No Quadro 13 encontram-se essas variáveis.

Tipos de Variáveis Grupos de Variáveis Variáveis Descrição Variáveis institucionais Instituições de ensino superior Índice Geral de Cursos (IGC) – faixa de 1 a 5

Sintetiza em um único indicador a qualidade de todos os cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) de cada universidade, centro universitário ou faculdade do país.

Conceito

Institucional (CI) – faixa de 1 a 5

Composto a partir da avaliação in loco pelo MEC.

Cursos de Ciências Contábeis Conceito Preliminar de Curso (CPC) – faixa de 1 a 5

É composto a partir dos resultados do Enade e por fatores que consideram a titulação dos professores, o percentual de docentes que cumprem regime parcial ou integral (não horistas), recursos didático- pedagógicos, infraestrutura e instalações físicas. Conceito de Curso

(CC) – faixa de 1 a 5

Composto a partir da avaliação in loco do curso pelo MEC, que pode confirmar ou modificar o CPC.

Corpo docente

% mestres no curso – variação percentual de 0% a 100%

Valor que expressa proporção de professores com titulação mínima de mestrado em relação ao número total de professores.

% doutores no curso – variação percentual de 0% a 100%

Valor que expressa proporção de professores com titulação mínima de doutorado em relação ao número total de professores.

Variáveis econômicas

Produto interno bruto

(PIB)

PIB das regiões Valor do PIB, em R$ mil, de cada regiões à qual a IES do aluno é pertencente.

PIB dos estados Valor do PIB, em R$ mil, de cada estado da federação ao qual a IES do aluno é pertencente.

Variáveis individuais Corpo discente Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) – faixa de 1 a 5

Avalia o conhecimento dos alunos em relação ao conteúdo previsto nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades e competências. A classificação global é também uma classificação institucional

Idade Idade em anos dos candidatos na época de realização da prova.

Gênero Variável dummy representativa do gênero do candidato (1 para homens e 0 para mulheres).

Tendo como variável dependente uma variável dicotômica que representa a aprovação ou reprovação do candidato no exame (1 para candidatos aprovados e 0 para candidatos reprovados), optou-se pela utilização da técnica de regressão logística que, segundo Corrar et

al. (2009), é recomendada para casos em que a variável dependente é dicotômica.

A regressão logística também busca explicar ou predizer valores de uma variável em função de valores conhecidos de outras variáveis. Porém, existem algumas particularidades que a distinguem dos demais modelos de regressão. A principal delas é o fato de a variável dependente ser dicotômica. Isso exige que o resultado da análise possibilite associações a certas categorias, tais como positivo ou negativo, aceitar ou rejeitar, morrer ou sobreviver e assim por diante. (Corrar et al., 2009, p. 283).

Com o intuito de dar segurança aos resultados alcançados com a aplicação da técnica de análise de regressão logística, também serão aplicados testes que comprovem o respeito dos seus pressupostos de utilização. Estes encontram-se descritos no Quadro 14.

Pressupostos

Incluir todas as variáveis preditoras no modelo para que ele obtenha maior estabilidade. O valor esperado do erro deve ser zero.

Inexistência de autocorrelação entre os erros.

Inexistência de correlação entre os erros e as variáveis independentes. Ausência de multicolinearidade perfeita entre as variáveis independentes. Quadro 14 – Pressupostos do modelo de regressão logística

Fonte: Corrar et al. (2009, p. 292-293)

Por fim, vale ressaltar, supõe-se, com a utilização desta técnica ser possível a elaboração de um modelo de equação que possa representar o comportamento da variável dependente (aprovação no exame de suficiência) com procedência nas variáveis explicativas. Além disso, outra contribuição importante da sua aplicação reside na avaliação acerca dos impactos de cada uma dessas variáveis nos resultados finais de aprovação das IES no exame.

C

APÍTULO

6

-

A

F

ORMAÇÃO E

E

DUCAÇÃO

C

ONTÁBIL AO LONGO DA

H

ISTÓRIA DO

CFC/CRC

S

Com a publicação do Decreto-Lei nº 9.295, em 27 de maio de 1946, foram criados os Conselhos Federal (CFC) e regionais (CRCs) de Contabilidade. Concomitantemente, a profissão ganhou regulamento próprio, instituindo-se o princípio básico de que tudo o que envolve a matéria contábil constitui prerrogativa privativa dos contabilistas. Entre outras atribuições, ao CFC coube a competência para disciplinar as atividades dos conselhos, com a finalidade de manter a unidade da estrutura federativa. Dessa forma, as atividades operacionais e administrativas dos conselhos, em seu conjunto, passaram a ser realizadas de forma que não houvesse discrepância nos atos executados pelo CFC e CRCs, embora os regionais mantivessem autonomia no que se refere à administração de seus serviçoes, gestão de recursos, regime de trabalho e relações empregatícias.

Neste capítulo, serão abordadas de forma histórica a criação do sistema CFC/CRC e a sua nobre missão: dotar a sociedade de profissionais competentes e garantir que todos aqueles que aspirarem a exercer esta profissão obtenham o nível apropriado de competência técnica. Nesta seção responde-se a questões de como é que o sistema CFC/CRC trabalhou no sentido de melhorar o nível educacional do profissional de Contabilidade no Brasil e quais as razões que estiveram subjacentes a tais preocupações com a formação profissional dos seus membros. Na resposta a estas questões, e para melhorar o entendimento dos resultados obtidos, recorre-se à literatura da Sociologia das Profissões, que permitirá explicar como a formação e a educação contábil são importantes para defender o interesse público da profissão e livrar a sociedade de profissionais sem as necessárias competências técnicas.