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PARTE II – METODOLOGIA E PESQUISA EMPÍRICA

5.1 Objetivo Específico 1: Aspectos metodológicos

5.1.3 Dados de arquivo utilizados

Em termos de dados, além de serem usados indicadores escritos recolhidos no CFC, coletaram-se, ainda, entrevistas gravadas com ex-presidentes do CFC e ilustres professores de Contabilidade no Brasil, que fazem parte do acervo histórico e que foram preparadas pelo CFC para fazer o resgaste da sua história em 2006. Assim, como referido por Gomes e Rodrigues (2010), junta-se à história escrita em documentos a “história oral”, que tal como referido por essas autoras, se traduzem em dados adequados na preparação de estudos na área da história institucional. Neste sentido, “democratiza-se a história”, considerando múltiplas vozes e múltiplicas perspetivas, que poderiam não se encontrar nos arquivos documentais do CFC. Esta tese adota assim uma interpretação ampla do que deve ser definido como arquivo na investigação em história da Contabilidade, incluindo todos os tipos de documentos, como relatórios, cartas, atas de reuniões bem como as entrevistas gravadas (Carnegie & Napier, 1996).

De acordo com Sá-Silva et al. (2009), o uso de documentos em pesquisa deve ser apreciado e valorizado. A riqueza de informações que deles se pode extrair e reaver justifica o seu uso em áreas diversas das Ciências Humanas e Sociais visto que possibilita ampliar o entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural. Por exemplo, na reconstituição de uma história vivida:

[...] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito freqüentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente. (Cellard, 2008, p. 295).

Deste modo, quanto ao método de coleta de dados para esta fase de pesquisa histórica nos moldes da abordagem clássica, esta coleta se dará mediante a forma documental. De acordo com Godoy (1995), a principal diferença entre a pesquisa bibliográfica e de teor documental reside na variedade de documentos com possibilidade de uso para extração de dados por parte desta última, que pode incluir: diários, cartas, memorandos, relatórios, estatísticas e elementos iconográficos. Com efeito, Gil (2010) destaca, nomeadamente, os registros institucionais escritos como importantes fontes documentais – projeto de lei, relatórios de órgãos governamentais, atas de reuniões, sentenças judiciais, documentos registrados em cartórios etc.

Da mesma forma também anota Helder (2006, pp.1-2) que a “técnica documental vale- se de documentos originais, que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor. *...+ é uma das técnicas decisivas para a pesquisa em ciências sociais e humanas”.

Haja vista esse quadro de eventos históricos, explorado e constituído com base na busca bibliográfica realizada na fase inicial deste estudo, seguiu-se o período de recolha de dados no arquivo do CFC, em Brasília. Foram pesquisados documentos históricos acerca da criação do CFC/CRC e sobre a preocupação que este sistema sempre teve com a educação contábil e com a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais de Contabilidade. Espera-se que com esta pesquisa se consiga suprir em parte a carência de estudos no que se refere à história do próprio Conselho Federal de Contabilidade e dos seus 27 conselhos regionais. Aceita-se o fato de haver uma grande lacuna, ao se desconsiderar o papel do sistema CFC/CRCs na procura da melhor educação contábil para o profissional de Contabilidade.

Dentre essas opções, a reconstituição da história do sistema CFC/CRCs se baseará, principalmente, nas informações contidas nos relatórios internos do próprio Conselho Federal de Contabilidade e de seus conselhos regionais. Estes relatórios, produzidos ao longo de toda a história do CFC, reúnem grande conjunto de informações a respeito da atuação do CFC junto aos profissionais da Contabilidade no País, sendo, portanto, fundamentais para o desafio de registrar essa história. Em complemento, também serão utilizados documentos de comunicação do CFC e CRCs, como jornais, revistas e boletins institucionais que guardam acontecimentos marcantes dos 68 anos de história desta entidade.

A fim de ampliar a apreciação histórica da ação do sistema CFC/CRCs transposta às informações contidas nos documentos reunidos e analisados, também serão utilizados como fontes de dados acerca deste agente institucional da Contabilidade brasileira excertos dos arquivos de audiovisual que contêm entrevistas com ex-presidentes do CFC, atuantes durante o século XX e início do século XXI e ainda a três professores muito conhecidos no Brasil: Eliseu Martins, Lino Martins da Silva e Lopes de Sá. Com a utilização de um roteiro de entrevista semiestruturado, o CFC realizou entrevistas junto a seis ex-presidentes do CFC, aplicadas em fevereiro de 2006 por profissionais do CFC: Ynel Camargo (1974-1977); João Juenemann (1982- 1985); José Maria Mendes (1994-1997); José Serafim Abrantes (1998-2001); Alcedino Barbosa (2002-2004); Martónio Coelho (2004-2006). O guia da entrevista incluía itens relacionados com a profissão, nomeadamente problemas enfrentados e principais fatos históricos, desafios, aspirações e ainda algumas perguntas relacionadas com a educação contábil.

Dessa maneira, ante a necessidade de analisar a influência do sistema CFC/CRCs na procura de uma melhor formação para o profissional de Contabilidade, torna-se necessário recorrer aos dados do arquivo em Brasília, que permitem perceber como o CFC foi criado e como evolui, considerando as preocupações do CFC com a educação, qualificação, formação e desenvolvimento contínuo dos contadores brasileiros, de forma a assegurar ao Brasil profissionais que sirvam o interesse público e que cumpram a sua missão na sociedade.