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PARTE II – METODOLOGIA E PESQUISA EMPÍRICA

5.2 Objetivo específico 2: Aspectos metodológicos

5.2.3 Dados da pesquisa e hipóteses do estudo

Os dados secundários que serão usados reportam-se às diversas edições do exame de suficiência do CFC, realizadas dos anos de 2000 a 2004 e 2011 a 2012, sendo assim utilizados os dados referentes aos resultados de todas as edições do exame fornecidos, mediante solicitação que se dirigiu ao próprio CFC. Além da aprovação dos candidatos no exame (variável dependente na análise multivariada), o CFC disponibiliza ainda dados referentes a: número total de inscritos e resultados obtidos, por instituição de ensino, Estado da Federação, conforme região do País. A informação está ainda desagregada por gênero e idade. Assim, desde já, se chama a atenção para o fato de se estar a usar dados secundários, o que situa desde logo a possibilidade de não se poder usar, no caso brasileiro, algumas variáveis explicativas aplicadas em estudos prévios.

Este estudo usa ainda o banco de dados do MEC, que permitiu ter acesso ao desempenho das IES e dos cursos. Assim, foram retirados os dados relativos aos rankings por instituição do ensino superior (Indice Geral de Cursos e Conceito Institucional), curso de Ciências Contábeis (Conceito Preliminar de Curso e Conceito de Curso), corpo docente (percentagem de mestres e pecentagem de doutores no curso), corpo discente (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Este estudo inclui ainda dados do PIB conforme regiões e estados, obtidos em relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para testar se o fato de pertencer a um estado ou região mais ricos leva a maior probabilidade de sucesso ou não.

Para estudar os determinantes da taxa de aprovação no exame de suficiência, foram usados os dados relativos ao segundo exame do ano de 2012, a que se teve acesso mediante solicitação ao CFC. Os determinantes da taxa de aprovação no exame de suficiência serão testados no plano da análise multivariada em três fases: 1: Variáveis institucionais e

econômicas (ou ambientais); 2: Variáveis relacionadas com as características dos alunos (ou pessoais); 3: Análise global, incluindo todas as variáveis.

Considerando as váriáveis ambientais (institucionais e econômicas), atendendo à revisão da literatura do tema, aos dados disponíveis e à realidade brasileira, foram testadas várias hipóteses. Estudos anteriores revelam que os candidatos obtêm melhor taxa de aprovação no exame CPA quando são graduados por programas acreditados pela AACSB (Marts et al., 1988; Grant et al., 2002). Também os estudantes das faculdades ou escolas mais seletivas e mais bem classificadas mostram classificações mais elevadas nos exames de acesso (por exemplo, Grant

et al., 2002; Boone et al., 2006). Boone et al. (2006) e Bell et al. (1993) encontraram alguma

evidência de que as taxas de aprovação estavam positivamente relacionadas com a produtividade científica dos professores e com a qualidade dos docentes. Dado que no Brasil existem rankings de IES, de cursos (incluindo corpo docente, nomeadamente titulação e regime integral), e avaliação do corpo docente em termos de formação (percentagem de mestres e doutores), serão testadas as hipóteses introduzidas agora.

Hipótese 1: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende do Indice Geral de Cursos e do Conceito Institucional da IES.

Hipótese 1a: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do Indice Geral de Cursos da IES.

Hipótese 1b: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do conceito institucional da IES.

Hipótese 2: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do conceito preliminar do curso e do conceito de curso.

Hipótese 2a: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do conceito preliminar do curso.

Hipótese 2b: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do conceito de curso.

Hipótese 3: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente da sua percentagem de mestres e doutores.

Hipótese 3a: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente da sua percentagem de mestres.

Hipótese 3b: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente da sua percentagem de doutores.

Estudos anteriores revelam ainda que crianças mais ricas obtêm melhores resultados nos seus estudos e que aqueles com melhor educação ganham mais (Blanden et al., 2007). Assim, é importante saber se os resultados dependem do PIB de cada região ou estado e se candidatos de variadas regiões ou estados no Brasil têm resultados no exame significativamente diferente:

Hipótese 4: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do PIB da região e do estado onde o candidato estudou.

Hipótese 4a: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do PIB da região onde o candidato estudou.

Hipótese 4b: A aprovação do candidato no exame de suficiência depende positivamente do PIB do estado onde o candidato estudou.

Hipótese 5: A aprovação dos candidatos difere significativamente entre regiões e estados do Brasil.

Hipótese 5a: A aprovação dos candidatos difere significativamente entre regiões do Brasil.

Hipótese 5b: A aprovação dos candidatos difere significativamente entre estados do Brasil.

Nos Estados Unidos, estuda-se a necessidade de estabelecer um requesito mínimo de formação em Contabilidade de 150 horas (ver, por exemplo, os estudos de Grant et al., 2002; e Gramling e Rosman, 2013). Dado que o CFC não impõe requisitos mínimos de formação, até porque no Brasil os bacharelados têm cinco anos, esta variável não é relevante. No Brasil, também, só licenciados em Ciências Contábeis podem chegar à profissão, sendo estes cursos regulados em termos de estrutura horária pelo MEC, exprimindo, assim, bastante

homogeneidade, retirando relevância à variável número de horas de formação em Contabilidade.

Considerando as váriáveis pessoais (características dos alunos), atendendo à literatura e aos dados disponíveis, foram testadas várias hipóteses. Estudos anteriores comprovam que a capacidade dos estudantes está positivamente relacionada com a passagem nos exames (Colbert & Murray, 1998; Davidson, 2002; Grant et al., 2002; Raghunandan et al., 2003; Boone

et al., 2006; Segall et al., 2007), sendo considerado que as classificações anteriores dos

estudantes prevêem em grande medida as classificações futuras. Assim, é estabelecida a hipótese:

Hipótese 6: A aprovação dos candidatos depende positivamente do desempenho do candidato no exame nacional de desempenho dos estudantes (ENADE). As habilitações prévias dos estudantes, nomedamente a detenção ou não do grau de bacharel ou de mestre são também determinantes do grau de sucesso nos exames e estudos anteriores mostram que candidatos com mais habilitações e mais formação nas universidades obtêm melhores resultados nos exames (por exemplo, Titard & Russell, 1989; Grant et al., 2002; Raghunandan et al., 2003; Boone et al., 2006; Howell e Heshiger, 2006). No Brasil, não é provável haver candidatos com o grau de mestre ou com curso de especialização, dado que como discutido antes, este tipo de habilitação acontece no Brasil já numa fase posterior e dada a escassa oferta formativa.

Alguns estudos revelam que a idade tem um impacto ligeiro no sucesso no exame (Segall et al., 2007), mas Howell e Heshizer (2006) não encontraram uma relação significativa para a idade. Presume-se que candidatos com maior idade têm mais maturidade ou mais experiência na profissão; daí por que é sugerida a hipótese 7:

Hipótese 7: A aprovação dos candidatos está relacionada com a idade.

Alguns estudos anteriores não conseguiram provar que o gênero influencia a classificação no exame. Bagamery et al. (2005), contudo, encontraram um melhor desempenho masculino no exame Educational Testing Service Major Field Exam in Business. Assim, testa-se a hipótese 8:

A variável cursos de preparação para o exame de suficiência do CFC não será testada porque, apesar de algumas IES começarem a oferecer, de momento, esta variável não está disponível e, por isso, deverá ser deixada para estudos futuros.