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5.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS

5.2.3 ANÁLISE DE RISCOS

Após terem assinalados os possíveis riscos classificados de acordo com os grupos, solicitou-se aos peritos para que, além de considerar o grupo de riscos da NR- 5, identificassem riscos para cada uma das 17 áreas da perícia criminal federal. Para

0 10 20 30 40 50 60 70

Arranjo físico inadequado Máquinas e equipamentos sem proteção Iluminação inadequada Eletricidade Probabilidade de incêndio ou explosão Armazenamento inadequado Animais peçonhentos Outras situações de risco que poderão contribuir

para a ocorrência de acidentes

37 44 47 36 67 46 54 62 Quantidade de respostas

tanto deveriam considerar a experiência (independente de área de formação), bem como os diferentes contextos das regiões brasileiras e realidades das unidades de criminalística, apresentando os riscos que tinham conhecimento. Além de elencar os principais riscos os peritos foram questionados sobre o conhecimento de acidentes ocorridos.

Após a análise qualitativa dos principais riscos apontados pelos peritos para cada uma das áreas elaborou-se o quadro 5, a seguir, onde estão representadas as áreas e a intensidade do risco (leve, médio e elevado) conforme o tamanho da circunferência.

Quadro 5: Riscos e acidentes por áreas Área da Perícia Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes Contabilidade e Economia Eng. Elétrica/ Eletrônica Informática Agronomia Geologia Química Engenharia Civil Biomedicina/ C. Biológicas Engenharia Florestal Medicina veterinária

Engenharia Cartográfica Medicina Odontologia Farmácia Engenharia mecânica Física Engenharia de Minas

Quanto à área de Contabilidade e Economia os principais riscos identificados foram aqueles relacionados à lesões por esforços repetitivos, levantamento e transporte manual de peso, estresse, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade além de problemas posturais. Outros riscos estão relacionados à presença de ácaros, fungos, poeira que acarretam em problemas respiratórios e alergias. Quanto aos riscos de acidentes, foram relatados situações de incêndio, iluminação e armazenamento inadequados e até ameaças de morte.

Para a área de engenharia elétrica e eletrônica foram apontados casos de ruídos, radiação não-ionizante, choques elétricos e outros decorrentes da eletricidade. Em menor grau aparecem questões ergonômicas, de estresse e poeiras.

A área 3, informática, apresenta os mesmos riscos da anterior, acrescidos de diversos relatos de problemas ergonômicos, ritmo excessivo, trabalho em turno e

noturno, riscos de desenvolver problemas de visão e estresse. Além dos riscos que era possível classificar utilizando-se a NR-5 foram apontados outros como o risco de danificar um equipamento periciado e vários relatos quanto aos riscos psicológicos, conforme demonstram as citações a seguir:

Achei esta tabela da NR-5 por demais genérica, pois os dois principais riscos para o perito de informática, na minha opinião, entram na categoria de "outros". O principal risco é o psíquico. A razão são os exames de material contendo imagens e vídeos de pedofilia. Há diversos países que impuseram regras para minimizar os riscos de exposição prolongada a este tema e no Brasil não há nem discussão aberta sobre o tema. Não sei se pode ser chamado de risco. (...) no mínimo deveria haver acompanhamento psicológico com quem está trabalhando com isso.

(...) Não possuo conhecimento de acidente na área, no entanto minha experiência pessoal na área gerou memórias perturbadoras para toda a vida. Risco de sofrerem transtorno mentais por estarem seguidamente em contato com imagens fortes referentes a pedofilia e exploração sexual infantil. (...) os exames relacionados ao crime de pedofilia trazem grande risco de sofrimento e/ou transtorno psicológico, sobretudo aos peritos que possuem filhos.

Outra situação relatada tem relação com as questões de explosivos:

Diversos equipamentos chegam fechados, sem que seja possível visualizar o seu interior. Houve um caso em que um equipamento a ser periciado continha um explosivo. Se não estou enganado, foi tipo uma "carta-bomba" dentro do aparelho, enviada para uma mulher por seu ex-namorado, que queria se vingar.

Na área de Agronomia os principais riscos estão relacionados com as atividades de campo como insolação, queimaduras, hipotermia, frio, calor, umidade bem como contato com animais peçonhentos e envenenamento por plantas. Outros riscos em menor intensidade também foram apontados como endemias, doenças tropicais, poeiras, fumos, fungos, parasitas e bacilos.

São frequentes os relados de reação armada à presença do perito, bem como outros relacionados com o tipo de ambiente onde se realiza a perícia como demonstra o relato a seguir:

Risco de acidentes com arame farpado ou plantas com espinhos, quedas ao se andar em lugares enlameados, animais peçonhentos, ataque de animais (especialmente cães, bovinos e bubalinos, que podem reagir mal à entrada de humanos desconhecidos em seu ambiente, e são em grande número pelo país - embora não tenha presenciado investidas de bovinos contra Peritos, (...) presenciei uma colega errar ao não fugir da investida de um bovino e terminar na UTI por isso) e semelhantes, comuns ao andar em ambientes externos rurais/selvagens.

No caso dos geólogos, os principais riscos estão relacionados ao grupo de riscos físicos como insolação, envenenamento crônico por radiação, calor e umidade. Já quanto aos riscos de acidentes são comuns os relatos de riscos relacionados a animais peçonhentos, trabalho em altura (minas a céu aberto), soterramento (minas de confinamento) e explosões. Também há relatos de riscos químicos relacionados a gases, vapores e doenças tropicais. Estes riscos podem ser melhor compreendidos a partir da fala dos próprios peritos:

Risco de envenenamento crônico ou agudo por radiação (é frequentemente pedido aos Peritos da Região Norte que examinem torianita, minério de urânio, e houve um caso em Belém em que caixas de torianita foram guardadas em depósito comum durante meses antes que se examinasse o minério e se descobrisse que se tratava de material radioativo, e não minério de ouro, como havia sido encaminhado).

No caso dos geólogos, a visita a minas, cavernas, lavras e outros locais com riscos variados distintos do típico ambiente urbano, como explosivos, radiação, desmoronamentos, produtos e organismos danosos à saúde. Em visitação a Minas e locais de exploração mineral ilegal estão sujeitos a acidentes tipo ficarem presos em uma mina ou quedas em precipícios devido a deslizamentos.

Para a área de química a maior presença de riscos estão relacionados aos físicos e químicos. Exemplificam-se com contato com produtos químicos em geral, envenenamento, exposição a gases, vapores, poeiras, fumos, substancia carcinogênicas, contaminação com produtos químicos, drogas e outras substâncias, além dos riscos físicos de radiação, queimadura, envenenamento, frio e calor. São relatados ainda riscos biológicos (bactérias e fungos) bem como riscos de acidentes ocasionados por lesões, cortes com vidrarias, explosões e contato com máquinas e equipamentos sem proteção.

Alguns relatos apontam a extensão destes riscos na atividade laboral dos peritos químicos:

Exposição a grande variedade de produtos químicos, dos corriqueiros (drogas, fertilizantes). A rotina pode fazer o perito relaxar com os procedimentos de segurança. Há produtos químicos que se acumulam no corpo ao longo do tempo, provocando sintomas "quando é tarde demais". Armazenagem inadequada de reagentes e produtos questionados pode apresentar risco. Laboratórios mal projetados ou mal organizados podem apresentar riscos.

Os principais riscos referentes ao trabalho na área de química estão relacionados com a exposição a agentes químicos, podendo ocorrer contaminação aguda ou crônica, bem como acidentes, tais como, explosões, incêndios, derramamento de ácidos e bases. Em caso de acidentes, sequer

dispomos de chuveiro e lava-olhos para proteção. Os EPIs são precários e os equipamentos de proteção coletiva, tipo capela de exaustão, não têm manutenções periódicas ou avaliações de sua eficácia. Tampouco existe almoxarifado para estocar reagentes, ficando todos eles guardados no laboratório, o que faz com que o ambiente do laboratório esteja permanentemente com gases e vapores de ácidos e solventes. Também existem risco de cortes. Já sofri um acidente por corte ao tentar perfurar um saco para colocação de lacre em um saco grosso. Por não dispor de uma tesoura no momento da lacração, utilizei um canivete que se dobrou e fez um corte profundo em meu dedo. Existe também o risco de contaminação biológica ao se analisar cápsulas de cocaína que estavam sendo transportadas no intestino de traficantes. Dependendo das bactérias que este portador tenha ela pode ser transmitida ao analista em caso de acidentes ou descuido."

Na área de Engenharia Civil os principais riscos estão relacionados às questões ergonômicas com o esforço físico intenso e jornadas de trabalho prolongadas. Também estão presentes os riscos de acidentes relacionados a quedas, desabamentos e animais peçonhentos. Em menor número, porém não menos importante estão as condições climáticas, como calor, frio e umidade e também a presença de poeiras.

Interessante o relato deste respondente quem apontou em todo o processo pericial riscos a que estão sujeitos os engenheiros civis:

Nesta área o principal risco é o exame de local.

1. Iniciamos sempre com deslocamentos, às vezes bastante longos (os acidentes de trânsito devem ser os mais frequentes no DPF). Também há os riscos de acidentes aéreos (viajamos muito para periciar obras em outros estados).

2. Depois disso, adentramos O AMBIENTE DO INVESTIGADO. Uma obra com o dono dentro, uma estrada com o pessoal da empresa investigada trabalhando no trecho, uma fazenda SUDAM em que somos obrigados a pernoitar (com os donos e empregados nos quartos ao lado) etc.

3. No momento dos exames em si, geralmente somos dois colegas, um com a prancheta e outro com máquina fotográfica/GPS/trena, os dois concentrados no levantamento de vestígios, rodeados por estranhos, muitas vezes os próprios investigados. É um momento em que estamos completamente desprotegidos, pois é fácil nos atingir, até mesmo com um tijolo ou um pedaço de pau...

4. Além de tudo isso, muitas vezes estamos no meio do sertão/floresta, sujeitos a cobras, carrapatos, carros quebrados sem socorro por perto etc. 5. E, para finalizar, as abordagens da polícia em diversas cidades. Frequentemente somos abordados (eu já fui quatro vezes) e sempre há o risco de um policial com "dedo nervoso".

Outro respondente cita a questão de que as perícias de engenharia exigem a vistoria de obras que muitas vezes estão inacabadas, em mau estado, onde há riscos

de quedas, desabamentos ou mesmo ferimentos em materiais de construção expostos.

No tocante à área de biomedicina e ciências biológicas os principais riscos identificados pelos respondentes foram sangue contaminado, bactérias, vírus, fungos, fluidos corporais, parasitas, vapores, doenças tropicais, contaminação, exposição a substâncias carcinogênicas e neurotóxicas. Outros riscos, em menor intensidade estão relacionados a animais peçonhentos e radiações. O respondente a seguir relatou vários riscos que são inerentes à área, além do manuseio de vestígios encontrados em cena de crime que podem ser riscos potenciais:

Atividades externas (campo) envolvem riscos de interação negativa com diversos elementos naturais e antrópicos. Acidentes de trânsito (rodoviários, aéreos, aquáticos), acidentes ofídicos, confronto com bandidos, indígenas, etc. Há ainda que se considerar a maior exposição a risco de zoonoses e doenças endêmicas tropicais (malária, leishmaniose, chagas, etc.), Hepatite, Raiva, Tétano e outras. A lida com material biológico possui riscos específicos, inclusive envolvendo doenças humanas (i.e., Aids).

Quanto à área de Engenharia Florestal os principais riscos são aqueles decorrentes da interação do perito com o ambiente, ou seja, insolação, calor, umidade, frio, doenças tropicais, parasitas, bactérias, fungos, bacilos e exposição a animais peçonhentos. Também foram relatados riscos no levantamento e transporte manual de peso no quesito riscos ergonômicos.

Além dos riscos apontados anteriormente, deve-se considerar as seguintes situações apontadas pelos respondentes:

Deslocamentos por estradas vicinais na Amazônia Legal sem o adequado treinamento para situações de sobrevivência e direção de carros 4 x 4. Já ocorreram acidentes com viaturas nesta região.

Uso de equipamentos pesados durante perícias como GPS Precisão Trimble e Estação Total, acidentes com máquinas e outros equipamentos do trabalho florestal em florestas, serrarias e unidades de processamentos de produtos florestais, acidentes com animais peçonhentos e animais selvagens, estresse geral de ossos, ligamentos e especialmente da coluna nas longas jornadas de perícias ambientais em estradas de péssima conservação, acidentes com veículos terrestres e aquáticos em perícias em lugares longínquos como a Amazônia e interior dos Estados etc.

A Medicina Veterinária apresenta exposição a diversos riscos, entre eles aqueles relacionados às questões climáticas que podem causar insolação, por exemplo, ao contato e doenças decorrentes de vírus, bactérias, fungos, parasitas e

bacilos, bem como outras como exposições a animais peçonhentos, mordidas e contaminações por zoonoses, como se pode verificar nos relatos a seguir

Risco de contaminação por zoonoses: já SOFRI acidente desse tipo, sendo contaminada por Mycoplasma avium durante o exame dos animais (...) contaminação esta que me levou ao hospital com septicemia (...).

Risco de mordidas, inclusive de animais peçonhentos, ao se manipular os animais (já participei de operações em que foi necessário manipular cobras peçonhentas, jacarés, araras de Lear, etc.

Exposição a Vírus, Bactérias, Fungos, Parasitas, Bacilos que podem estar presentes em carcaças de animais, principalmente as que se encontram em avançado estágio de decomposição.

Riscos biológicos durante o contato e manipulação de animais, carcaças, secreções e/ou resíduos de origem animal. Risco físico por agressão, reação ou contenção de algum animal. Risco químico pelo contato com substâncias químicas durante algum exame ou procedimento, inoculação de peçonhas durante exames à campo.

Riscos biológicos são os principais: Ataques por animais examinados e/ou em áreas em exame (perícias externas), infestação por ectoparasitos, infecção por microrganismos diversos (animal em exame e/ou ambiente). Os riscos da área de Engenharia Cartográfica são semelhantes aos da área de engenharia civil, relatados anteriormente. Alguns respondentes acrescentaram situações que aparecem cotidianamente, principalmente aquelas relacionadas a pericias em campo:

Como parte dos exames se faz em medição topográfica de obras de engenharia e/ou demarcações de terras, há riscos de: atropelamento, picadas e/ou ferroadas de animais peçonhentos, quedas de grandes alturas quando da medição de cristas.

Perícia de local em florestas para fins de verificar demarcações de terra do INCRA. Longas e extenuantes caminhadas dentro da mata com risco de acidentes, desidratação, ataque de animais selvagens, peçonhentos e picada de mosquitos contendo doenças. Rotavírus etc.

Trabalhos externos em atividade de campo (realização de local) podem ter riscos imprevisíveis, desde relacionado à segurança pessoal (longas distâncias e locais ermos como fazendas no interior do Brasil) como o desgaste físico e mental associado à exposição à intempéries (chuvas e insolação).

Na área de Medicina os principais riscos estão relacionados à exposição a doenças, microorganismos, bactérias, fungos, agentes químicos e vapores. Apesar de não ser frequente a casuística nesta área, há riscos de contaminação, como apresentados nos relatos a seguir:

Risco biológico de contaminação por doenças ao se realizar necrópsias. Praticamente toda doença contagiosa pode ser transmitida por contato com sangue, especialmente se houver contato entre sangue e feridas. Um dos reagentes usados para preservação de corpos, o formol, é altamente cancerígeno.

Alto risco biológico, devido a manipulação de amostras biológicas. Quanto maior a unidade, maior o laboratório e, consequente exposição a maior diversidade de risco.

Exposição a Vírus, Bactérias, Fungos, Parasitas, Bacilos que podem estar presentes em corpos, principalmente as que se encontram em avançado estágio de decomposição.

A área de Odontologia apresenta os mesmos riscos da medicina, sendo o principal o risco biológico de contaminação por doenças durante a realização de necropsias:

Risco biológico de contaminação por doenças ao se realizar necropsias. Praticamente toda doença contagiosa pode ser transmitida por contato com sangue, especialmente se houver contato entre sangue e feridas.

As perícias da área de Farmácia expõem os peritos a riscos biológicos como bactérias, fungos e vírus, além de riscos químicos como gases, vapores, substâncias químicas e poeiras. A radiação também se faz presente. Um dos respondentes aponta a questão do contato com fármacos de natureza hormonal e abortivos. Outro respondente acrescenta que:

Risco de envenenamento, agudo, e, principalmente crônico (manipular drogas causa absorção de pequenas quantidades, em base quase diária, isso pode levar a problemas neurológicos e de rins e fígado) por manipulação de produtos químicos.

As respostas dos riscos da área de Engenharia Mecânica são bastante similares ao da área de Engenharia Civil. Foram acrescidos, entretanto, os riscos no uso de ácidos para obtenção de chassis adulterados.

Os riscos dos peritos da área de Física estão relacionados principalmente com acidentes com armas de fogo, exposição a substâncias químicas e radiação, conforme demonstram os relatos a seguir:

Em geral, lidam com laudos balísticos, riscos associados ao manuseio intensivo de armas, munições e explosivos.

Risco de lesão corporal relacionados aos exames de balística. Exposição a produtos químicos usados nos exames metalográficos. Risco de explosão de munição em mal estado de conservação. Risco de explosão de armas artesanais ou em mal estado de conservação. Risco de dano auditivo.

Os físicos (e os profissionais que trabalham com armas e munições) estão mais sujeitos à riscos com névoas e poeiras de metais pesados.

Os peritos da área de Engenharia de Minas estão sujeitos aos mesmos riscos da Geologia e os relatos apontam as seguintes situações:

Risco de acidentes com produtos químicos (é usado ácido clorídrico para testes habituais, zonas de mineração podem ser contaminadas com mercúrio, etc.).

de envenenamento crônico por partículas suspensas (poeira).

Explosões em geral, incêndios, choques elétricos, desabamento de taludes e bancadas, desabamento de tetos de galerias, desmoronamento de túneis e poços de minérios, problemas de ventilação e inundação em minas subterrâneas, gases tóxicos e explosivos (metano), queda e lançamento de rochas, colapso e rompimento em barragens de rejeitos de minérios e de armazenamento de água, acidentes com máquinas e equipamentos pesados de mina, acidentes com equipamentos e produtos químicos da usina de processamento mineral, acidentes em deslocamentos de transportes. Os engenheiros de minas (e os geólogos) também estão sujeitos à riscos com poeiras e névoas, inclusive de minerais radioativos.

Apesar dos riscos terem sido estratificados por áreas foi comum a citação de riscos a que todos os peritos estão sujeitos. Em termos gerais, algumas situações de potenciais riscos, decorrentes das condições de trabalho, foram citadas, como a pressão por produtividade e estresse bem como os decorrentes de perícias externas: riscos nos deslocamentos, acidentes com viaturas (veículos, embarcações, aeronaves), esforço repetitivo (digitação), confronto ou enfrentamento com meliantes (presença dos investigados durante a realização da maioria das perícias), emboscadas na mata, deslocamentos longos de viatura (perigos das estradas, acidentes) e vulnerabilidade da equipe em locais remotos.

Outros riscos apontados são inusitados ou estão mais relacionados com a atividade policial do que a perícia propriamente dita, são eles: mordidas de cães, risco de ter que arcar com os custos de reparo da viatura devido à ausência de seguro; risco de ficar isolado no mato em caso de acidente devido à ausência de comunicação (uso do telefone satelital não é regra), risco de confronto; risco de sofrer sabotagens e emboscadas.

Quando questionados a respeito de acidentes ocorridos na atividade pericial, vários foram os relatos:

Vivenciei e testemunhei acidentes com insetos nocivos e animais peçonhentos, acidentes com veículos e aeronaves.

Sei que já ocorreu queda com morte de um perito que estava numa beirada de local de extração mineral.

Conheço o caso de um PCF (...) que aposentou-se após perda significativa da visão, decorrente de acidente com agente químico.

Acidente em laboratório com ácido. Explosão de bomba de pesca em Manaus.

Os maiores riscos são ligados à insalubridade da função. É comum lidar-se com produtos químicos em grande quantidade, sem proteção adequada. É rotineiro estar exposto a produtos desconhecidos, com periculosidade desconhecida, ou produtos altamente tóxicos, mutagênicos e teratogênicos. Já ocorreram intoxicações agudas no meu local de trabalho, inclusive comigo. Já ocorreram casos de gravidez com mal formação fetal, possivelmente ligadas à exposição ocupacional. Existe exposição a hormônios, que são ativos fisiologicamente em doses baixíssimas, invisíveis, e não existe uma política institucional adequada para proteção dos funcionários e nem para o descarte dos produtos tóxicos. (Embora se tente fazer o melhor possível, por iniciativas individuais). (...)

Tenho conhecimento no SETEC/xx de uma explosão envolvendo um reagente altamente corrosivo utilizado em exames metalográficos. O frasco