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5.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS

5.2.4 MEDIDAS PREVENTIVAS

No tocante às medidas preventivas, verificou-se que há a percepção de que existem, principalmente, aquelas relacionadas à higiene e conforto e medidas de proteção individual com aproximadamente 70% das respostas, porém todos que responderam, foram categóricos em afirmar que “existem parcialmente”, “existem, mas são insuficientes”, ou ainda “existem, mas são ineficazes”.

Entre as respostas obtidas, os respondentes, frequentemente lembraram que muitas das iniciativas são individuais e não da instituição, uma vez que não há políticas institucionais de aquisição de medidas preventivas, como citou um perito ao dizer que “a implantação de medidas preventivas não parece ser uma preocupação da organização DPF como um todo, ficando a cargo de cada SETEC buscar recursos e meios de implantar tais medidas, adequando à sua realidade”.

No tocante às medidas de proteção coletiva, vários respondentes dizem desconhecer planejamento, ações ou instruções institucionais relacionadas às medidas de proteção coletiva preventiva específica para o trabalho pericial. Um dos respondentes exemplificou a questão das medidas de proteção coletiva com “a questão do armazenamento de explosivos e materiais a serem examinados que podem ser tóxicos e/ou radioativos”. Apenas em duas respostas houve a menção de que existem normativos, porém observa-se desconhecimento de sua existência pela maioria dos respondentes:

(...) Não é possível dizer que, por exemplo, que não existem medidas de proteção individual e de grupo, pois o DPF tem normativos e são distribuídos alguns equipamento de proteção individual (EPIs). Mas sabemos que os normativos nem sempre são cumpridos pela administração e que a distribuição de EPIs não é suficiente em número, os tipos não contemplam todas as situações e muitas vezes não há informação sobre os riscos a que o perito se expõe.

No tocante às medidas de higiene e conforto os peritos foram categóricos em afirmar que apesar de existirem algumas, outras importantes não estão disponíveis como refeitório, vestiários com chuveiros disponíveis para o pós-operação, banheiros com estrutura adequada, e ainda questões de mobiliários fora do padrão e que causam problemas ergonômicos. Deve-se ressaltar que a realidade das unidades são bastantes distintas umas das outras.

Quanto às medidas de proteção individual a maioria dos respondentes diz que poucos são adquiridos pela unidade como luvas e máscaras, e outros são adquiridos pelos próprios peritos, como óculos e jalecos. Outro ponto interessante é que existem alguns EPIs à disposição, porém não há treinamento para sua utilização por pessoas que normalmente não as utilizam, com o um exemplo dado pelo perito: um perito contador pode precisar utilizar uma máscara para gases em um exame de local e não estar habituado a utilizar. Cita ainda que “em minha lotação também não há unidades de respiração autônoma, nem pessoas treinadas para utilizá-los” e complementa que “também não existem oxímetros e explosivímetros”.

Embora haja a distribuição de alguns equipamentos de proteção individual básicos (máscaras cirúrgicas, luvas descartáveis, houve uma distribuição de botas uma vez, embora o modelo não fosse adequado para caminhadas longas em áreas selvagens), e haja treinamento em tiro e distribuição de armas (para reação contra resistência armada), não há distribuição de EPIs adequados ao risco de cada situação. No caso de equipamentos específicos para a área veterinária (caneleiras para andar no mato, material de contenção para animais, luvas e especialmente máscaras específicas para evitar zoonoses, jalecos, etc.) esses equipamentos são comprados pelos próprios Peritos ou em alguns casos, são utilizados equipamentos de contenção de animais existentes no local de crime.

Não há planos coletivos de proteção, sendo estes elaborados pelo próprio Perito de acordo com o pedido em cada missão.

O treinamento para manuseio/operação dos equipamentos de segurança que utilizo vem de aulas da Faculdade de Medicina Veterinária, não tendo sido efetuado na Polícia Federal, com exceção de treinamento específico de tiro e segurança com armas de fogo."

Por fim, interessante observar a citação de um dos respondentes que disse que é possível que existam, porém “falta uma divulgação das medidas preventivas, para que os próprios peritos tenham consciência e passem a se precaver e a fiscalizar/exigir melhores condições de trabalho”, exemplificando várias respostas de outros peritos que também dizem desconhecer o que seriam as medidas preventivas citadas no formulário no contexto da instituição. Porém, mesmo sem saber identificar com precisão sugerem que sejam incluídos entre as medidas preventivas, o

acompanhamento psicológico, um plano preventivo em caso de acidente, e treinamentos periódicos.

O rol seguinte de sentenças questionava quanto a vários tipos de situações relacionadas à gestão de riscos no desempenho das funções, procedimentos operacionais e treinamento. As respostas obtidas foram as seguintes:

- Quanto ao conhecimento do respondente quanto a algum tipo de levantamento de riscos realizado para o desempenho das suas funções, 91% dos respondentes desconhecem e 9% conhecem;

- Quanto à existência de procedimentos operacionais padrão (POP) para a realização da função, 57% dizem não existir, 40% sim e 3% que não se aplica;

- No caso de existir POP´s perguntou-se se o perito conhecia seu conteúdo: mais de 60% dizem conhecer e quase 40% desconhecem; - Ainda no caso dos POP´s, perguntou-se caso exista o POP se o perito

utiliza efetivamente. Obtendo-se como resposta que aproximadamente 38% não utilizam.

- Quanto à questão do perito ter recebido treinamento para o manuseio de equipamentos que utilizam 65% afirmaram ter recebido e 28% não receberam.

- O questionamento seguinte perguntava se o perito já havia ignorado procedimentos existentes com o fito de agilizar alguma fase da perícia e 41% responderam afirmativamente.

- A última questão deste rol perguntava se o perito havia recebido treinamento a respeito de como agir em caso de acidentes, sendo que 79% afirmaram que não receberam nenhum tipo de treinamento.