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Que o risco faz parte da atividade pericial e da atividade policial não há dúvida, porém além de identificar os principais riscos em cada uma das áreas faz-se mister apresentar algumas sugestões de caráter preventivo para que os riscos se efetivem e causem incidentes ou acidentes.

Além dos equipamentos de segurança policial que incluem o colete balístico, faz-se necessário pensar em outros equipamentos. Assim, deve-se fazer um levantamento dos EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual) por áreas com a finalidade de proteger a saúde e integridade física dos peritos. Cada uma das áreas periciais tem necessidades distintas e deve ser considerada a disponibilização de EPI´s conforme preconiza a NR 6, quais sejam:

- proteção para a cabeça (máscaras, máscaras faciais com respirador, capacetes, capacetes com protetor facial, óculos de segurança),

- proteção para membros superiores (luvas, luvas de malha de aço, luvas de kevlar, luvas anticorte, mangas de proteção),

- proteção para membros inferiores (botas, calçados impermeáveis, calçados com proteção contra riscos de origem térmica, radiações, agentes biológicos, riscos de origem elétrica, mecânica, etc.);

- proteção contra quedas com diferença de nível (cinto de segurança trava-queda de segurança, cadeira suspensa);

- proteção auditiva (protetores auriculares);

- proteção respiratória (máscara facial, respiradores contra poeira, respiradores e máscaras de filtro químico);

- proteção de tronco (aventais, jaquetas, capas e outras vestimentas especiais para trabalhos em locais com riscos de lesões provocadas por agentes físicos e químicos);

- proteção para membros inferiores (calças com proteções especiais para riscos de origem térmica, radioativa, mecânica, agentes químicos, agentes meteorológicos, umidade etc.);

- proteção para o corpo inteiro (vestimentas e aparelhos de isolamento para locais de trabalho com exposição a agentes químicos absorvíveis pela pele, vias respiratórias e digestivas e prejudiciais à saúde;

- proteção da pele (cremes protetores).

Segundo Garcia e Cremonesi (2006) quem recomenda o uso de EPI é o SESMT6 (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) ou a CIPA, porém nas empresas onde não haja obrigatoriedade de CIPA o “empregador deverá fornecer e determinar, sob orientação técnica, o uso de EPIs”, os quais devem ter Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Além dos EPI´s faz-se necessário a disponibilização de equipamento de proteção coletiva (EPC) que objetiva proteger todos os trabalhadores expostos a determinados riscos. Como exemplos citam-se os cones de sinalização, fita de sinalização, grade metálica dobrável, sinalizador do tipo strobo, cabines de segurança biológica, manta isolante/cobertura isolante, capela química, vaso de areia, mangueira de incêndio, sprinkle, luz ultra violeta, dispositivos de pipetagem, entre outros (GARCIA e CREMONESI, 2006).

Mesmo sendo ciente de que a CIPA não é obrigatória para a Polícia Federal, a criação de círculos de controle de qualidade e grupos de profissionais especializados em segurança pode ser um diferencial em relação às outras forças policiais e levar à criação de uma doutrina de segurança do trabalho policial.

Além disso, é necessário que após a implantação de procedimentos de segurança nas unidades que as inspeções sejam realizadas, pois com o advento de entrada de novos servidores, aliado ao fato da rotatividade entre as unidades, bem como de questões de manutenção de equipamentos e mudanças de espaço físico, as inspeções sejam realizadas e apontados os pontos que merecem atenção.

Segundo Garcia e Cremonesi (2006, p. 3) as inspeções de segurança “consistem na observação dos ambientes de trabalho e na identificação de agentes

6 Segundo Campos () o SESMT complete conta com os seguintes profissionais: engenheiro de

segurança do trabalho (EST), técnico de segurança do trabalho (TST), médico do trabalho (MT), enfermeira do trabalho (ET) e auxiliar de enfermagem do trabalho (AET). Para o dimensionamento da equipe há que se considerar o número de empregados da empresa e o grau de risco da atividade desenvolvida pela empresa, conforme preconiza a NR-4.

de riscos que poderão transformar-se em causas de acidentes de trabalho”. O principal objetivo dessas inspeções é propor medidas e ações que possam impedir a ação dos agentes identificados.

A criação de um mecanismo que permita monitorar os incidentes e acidentes é primordial para que se tenha o registro histórico dos riscos. Assim, quando da criação de procedimentos de segurança, ou mesmo nos casos de inspeção, facilitaria o processo a partir de dados reais. Para tanto, a utilização de um sistema informatizado para coleta de dados bem como divulgação é primordial. A estrutura poderia ser na forma de wiki para que um ambiente de colaboração fosse desenvolvido.

A comunicação de acidentes é uma obrigação legal, segundo Garcia e Cremonesi (2006), pois a empresa precisa fazer a comunicação do acidente à Previdência Social no primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e no caso de morte, a comunicação é feita imediatamente à autoridade competente. No caso dos relatos dos incidentes ou acidentes de menor monta não há este registro e, portanto, a criação de uma ferramenta que permita compartilhar estas situações é primordial.

O mais importante é criar uma cultura de segurança onde todos se sintam responsáveis na comunicação os incidentes para evitar que os riscos se concretizem e transformem-se em acidades. Para tanto sugere-se a criação de campanhas internas de segurança que divulguem e criem uma cultura prevencionista.

Um dos pontos principais é o oferecimento de cursos e treinamentos na área de prevenção. Os cursos poderiam ocorrer, em um primeiro momento, na Academia Nacional de Polícia na fase de curso de formação inicial e ser continuados através de cursos EAD disponibilizados na plataforma Moodle, já existente. Os treinamentos como combate à incêndio e outros precisam ser presenciais, porém o suporte didático/pedagógico pode ser dado através de plataforma EAD com a inclusão de fóruns temáticos para debates e inclusão de boas práticas.

Outro ponto importante que deve ser considerado é a questão do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). Apesar de existirem as rotinas de exames admissionais, periódicos e demissionais, deve-se pensar em elevar os serviços para um patamar prevencionista, conforme previsto nas NR 7 e NR 9 que dão destaque à Saúde Ocupacional. Segundo Garcia e Cremonesi (2006) o PCMSO

é um instrumento clínico-epidemiológico e parte integrante de um conjunto de medidas prevencionista e devem estar articulados com as demais NRs. Entre outros objetivos, o PCMSO busca a prevenção e a antecipação no aparecimento e no desenvolvimento/agravamento de doenças ocupacionais e de outras doenças relacionadas com o trabalho. Importante destacar que o PCMSO deve ser reavaliado constantemente, pois novos riscos podem surgir devido a mudanças nos ambientes, novos equipamentos, novos processos, etc.

Sugere-se por fim, a criação de um PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) que objetiva a preservação da integridade física e mental, bem como o conforto para todos os trabalhadores. O PPRA apresenta medições e avaliações ambientais dos agentes de risco e propõe melhorias e procedimentos.

Apesar dos respondentes não terem identificado medidas preventivas, foi sugerido por um dos respondentes o acesso a determinados pareceres técnicos e informações disponibilizados na biblioteca da Criminalística. Porém em consulta, verificou- se que as iniciativas são em relação à adequação de traje para o uso em laboratório.

Constatada a existência de alguns poucos documentos, observou-se entre os peritos que participaram da pesquisa o desconhecimento dos mesmos. Assim, sugere-se que os normativos existentes deveriam ser mais bem divulgados. Um dos entrevistados disse que “deveria existir um setor responsável pela orientação/promoção de treinamentos sobre os riscos e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual”.

Assim, para a continuidade deste trabalho, sugere-se a criação de uma comissão para tratamento dos riscos, não apenas da perícia, mas de toda a polícia haja vista que as atividades não podem ser desvinculadas umas das outras e boa parte dos riscos elencados pelos peritos está suscetível a qualquer servidor que trabalhe na Polícia Federal, independente do seu cargo ou mesmo se é efetivo ou contratado/terceirizado.

6 CONCLUSÃO

A seguir serão apresentadas as considerações finais a respeito do trabalho bem como as sugestões para os trabalhos futuros.