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ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

CAPÍTULO VI. ESTUDO I

6.3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este subcapítulo centra-se na análise e discussão dos dados recolhidos através das entrevistas semidiretivas realizadas aos informante-chave de uma empresa especialista em serviços de gestão e desenvolvimento de aplicações e infraestruturas (E1) e do IAPMEI (E2), complementando-os, sempre que pertinente, com os dados estruturais coligidos (Apêndices A e B). A categorização das entrevistas seguiu o método de “milha” (Bardin, 1977), pelo que as categorias foram surgindo ao longo de processo de leitura daquelas. Com vista à correta compreensão dos comentários que irão ser tecidos, torna-se imprescindível a consulta dos apêndices E, F, G e H, respetivamente com as transcrições das entrevistas, quer à responsável por uma empresa especialista em serviços de gestão e desenvolvimento de aplicações e infraestruturas (Apêndices E e F), quer à responsável pela Academia de PME (Apêndice G e H) e a esquematização dos dados por categorias, subcategorias e indicadores. A análise de conteúdo destas duas entrevistas permitiu-nos a definição de categorias que não se apresentam coincidentes, devido à especificidade própria de cada entrevistado

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no seu contexto de trabalho. Como consequência, a análise dos resultados é apresentada separadamente, fazendo-se uma abordagem comparativa numa Síntese Final.

Da análise de conteúdo da entrevista de E1 – cujas respostas incidiram preferencialmente na avaliação do processo formativo de requalificação de trabalhadores (Apêndices E e F) – ressaltam as seguintes categorias: “Recrutamento de colaboradores”; “Necessidades de formação”; “Aprendizagem informal e aprendizagem não formal”; “Processos de formação”.

A análise detalhada de cada categoria e respetivas subcategorias e indicadores pode ser consultada no apêndice I, destacando-se, agora, os seus elementos fundamentais.

Na categoria “Recrutamento de colaboradores” destaca-se, maioritariamente, o procedimento da empresa face às necessidades de contratação e à inexistência de recursos no mercado. Assim, optam por: a) anúncios; b) aceitação de candidaturas que não vão ao encontro do estipulado no anúncio; c) análise às competências evidenciadas pelo candidato; d) escola de formação, cuja duração se pode estender entre um a dois meses; e) ingresso na empresa mediante os resultados obtidos, independentemente da sua formação de base ser ou não no âmbito das tecnologias de informação.

A categoria “Necessidades de formação” aborda a importância que é atribuída ao projeto para o qual foi iniciado o processo de recrutamento, frisando-se que a formação é:

a) conduzida por uma equipa formativa composta por colaboradores da empresa, escolhida

mediante a tecnologia que se pretende abordar; b) de carácter prático e ministrada por especialistas internos, estando de acordo com as diretrizes europeias respeitantes à formação profissional para as PME (Apêndice B).

A categoria “Aprendizagem informal e aprendizagem não formal” centra-se no valor atribuído a estes dois tipos de aprendizagem, focando: a) a adaptação ao ambiente de trabalho; b) a importância dos conhecimentos e competências já desenvolvidos por trabalhadores mais experientes, facto também destacado pelas diretrizes europeias para as PME (Apêndice B).

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A categoria “Processos de formação” destaca: a) a disparidade de áreas contempladas nos processos de recrutamento; b) o enquadramento do indivíduo no âmbito dos serviços fornecidos pela empresa; c) o desenvolvimento de competências potenciado pela formação; d) a relevância das competências comportamentais para a maturação da empresa; e) o desenvolvimento de competências para chefias, tal como previsto pelas normas europeias (Apêndice B); f) a reconversão profissional do trabalhador através da adaptação dos conteúdos da formação à atividade a desempenhar (Apêndice A); g) a adaptação à área geográfica; h) o impacto profissional e pessoal das ações de formação.

Da análise de conteúdo da entrevista de E2 – cujas respostas se centraram maioritariamente na avaliação do processo formativo em contexto de trabalho nas PME (Apêndices G e H) – ressalta as seguintes categorias: “Enquadramento das ações de formação no Código de Trabalho”; “Reforço de qualificações”; “Necessidades das PME”; “Locais de formação”; “Grupo de formadores”; “Especificidades das PME”; “Métodos de formação”; “Desenvolvimento de competências”; “Tipo de aprendizagem”; “Grupo de formandos” (ver Apêndice I).

A categoria “Enquadramento das ações de formação no Código de Trabalho” destaca: a) a contabilização destas horas para o mínimo de trinta e cinco horas anuais de formação contínua, tal como previsto pela legislação portuguesa (Apêndice A); b) a relevância concedida à emissão de certificado de formação e/ou de frequência.

A categoria “Reforço de qualificações” apresenta: a) a atuação da Academia de PME do IAPMEI na dinamização de ações de formação; b) a praticabilidade e relevância dos temas e áreas abordados nas ações de formação; c) a impossibilidade de conferir um nível de qualificação, estruturado pelo Quadro Nacional de Qualificações, na maioria das ações de formação; d) o curso de formação de formadores em gestão de PME e o reconhecimento mais formal do mesmo; e) a inexistência de uma caracterização rigorosa do público alvo das ações de formação.

A categoria “Necessidades das PME” centra-se: a) no processo de desenvolvimento de competências atuais e futuras úteis para as PME; b) na inexistência de um verdadeiro

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diagnóstico de necessidades formativas; c) na sensibilização e capacitação dos empresários para adoção de práticas que se coadunem com um novo regulamento; d) envolvimento dos empresários em iniciativas macro conducentes à adaptação das sua empresas à digitalização da economia e desenvolvimento de competências digitais.

A categoria “Locais de formação” evidencia: a) a cobertura nacional da Academia de PME, através das parcerias estabelecidas com associações empresariais que, estando fisicamente próximas das empresas, disponibilizam o espaço para o desenvolvimento das ações de formação.

A categoria “Grupo de formadores” sublinha: a) a responsabilidade do IAPMEI pela seleção dos formadores; b) o estabelecimento de protocolos com entidades de desenvolvimento empresarial; c) a eventual seleção de colaboradores internos para a função de formador quando os temas abordados assim o justifiquem.

A categoria “Especificidades das PME” aborda: a) o enquadramento geral da formação, no sentido em que todas as empresas, sem exceção, são contempladas; b) a restrição da frequência de determinadas ações de formação, especificando-se o perfil do público alvo.

A categoria “Métodos de formação” foca: a) o papel do formador na diversificação das metodologias e estratégias a empregar nas sessões de formação; b) a adequação dos exemplos a este tipo de empresas, à semelhança do indicado nas diretrizes europeias para as PME (Apêndice B); c) a dificuldade em diversificar os métodos pedagógicos em ações de formação de curta duração; d) a possibilidade de aplicar metodologias diferenciadas quando são trabalhadas áreas específicas.

A categoria “Desenvolvimento de competências” centra-se: a) nas diferenças entre a formação não financiada e a formação cofinanciada; b) na ausência de uma análise cuidada às funções do formando dentro da empresa e ao contributo da ação para o desenvolvimento de competências necessárias à sua rotina profissional (formação não financiada); c) no Programa Formação-Ação, enquadrado no Sistema de Incentivos às empresas no âmbito da Qualificação e Internacionalização do COMPETE 2020, que prevê

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não só mudanças nas empresas, mas também o desenvolvimento de competências de gestão do empresário (formação cofinanciada); d) na implementação de uma metodologia de acompanhamento e avaliação em três momentos (abertura, desenvolvimento e encerramento da ação); e) no papel do consultor na elaboração do diagnóstico organizacional e do plano de atuação e na indicação dos ganhos; f) na ausência de uma metodologia de avaliação de desenvolvimento de competências individuais; g) na mobilização das empresas nacionais para a participação em ações de formação; h) na recetividade das empresas no setor da metalomecânica à participação em ações de formação e o seu impacto, quase imediato, sobre as mesmas.

A categoria “Tipos de aprendizagem” destaca: a) a importância conferida a cada um dos tipos de aprendizagem; b) a aprendizagem não formal com o desenvolvimento de projetos que preveem uma certificação final que atesta a participação do indivíduo na ação de formação, bem como as suas competências na área trabalhada; c) a aprendizagem informal, valorizando-se os conhecimentos que o indivíduo já detém e a sua aplicabilidade no desenvolvimento de determinadas ações de formação.

A categoria “Grupo de formandos” centra-se: a) na seleção e constituição dos grupos formativos; b) na não interferência da Academia de PME do IAPMEI na constituição do grupo, reservando-se, todavia, o direito a discriminar pré-requisitos e/ou aconselhar à não participação de dada empresa na ação de formação, atendendo à especificidade dos conteúdos/exemplos (formação não financiada); c) na responsabilidade das associações de desenvolvimento empresarial protocoladas na seleção das empresas e funcionários e consequente composição dos grupos, garantindo apenas que os requisitos de elegibilidade do programa são cumpridos (formação cofinanciada).