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CAPÍTULO VII. ESTUDO II

A. TRATAMENTO DOS RESULTADOS

7.3.3. QUESTIONÁRIO FINAL

Este questionário, disponibilizado no final do processo formativo, pretende aferir a qualidade dos procedimentos adotados, surgindo em consonância com o objetivo geral 2 e, em particular, com os objetivos específicos 2.2 e 2.3 que se centram na avaliação do modelo formativo e respetivo retirar de conclusões. Através da consulta do apêndice N, poder-se-á constatar que o mesmo é composto por três blocos:

Bloco 1 – permite estabelecer uma comparação entre este processo formativo e

outros já frequentados pelos participantes;

Bloco 2 – pretende compreender qual o grau de satisfação dos participantes

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Bloco 3 – possibilita uma compreensão dos benefícios pessoais e/ou profissionais

que julgam poder obter deste tipo de processos formativos, bem como a indicação de eventuais sugestões e/ou comentários.

A. TRATAMENTO DOS RESULTADOS

Após aplicação do questionário e respetiva recolha de dados, procedemos:

1. ao tratamento estatístico dos três itens de respostas fechada (Apêndice R); 2. à análise de conteúdo proposicional dos quatro itens de resposta aberta

(Apêndice S).

Deste modo, verificámos que os intervenientes são unânimes em considerar este processo formativo distinto de qualquer outro em que já tenham participado. Esta dissemelhança deve-se: a) à impossibilidade de estabelecer uma comparação (“Não tem nada a ver com formações que já fiz”; “Não dá para comparar com nenhuma formação que tenha tido porque é por e simplesmente diferente); b) à centralidade conferida à reflexão (“Fazer da reflexão um ponto de partida para construir uma formação foi surpreendente”; “Nunca tinha tido uma formação que me permitisse olhar para dentro e dar a minha opinião e aplicar os meus conhecimentos”); c) à importância concedida ao participante enquanto entidade aprendente (“Um exemplo motivador de uma formação que parte do formando”; “Saber que eu sou essencial para todo o processo é motivante”); d) ao poder motivador da metodologia e/ou atividades (“A música, as histórias e os vídeos ajudam a tornar a formação mais leve, menos enfadonha sem perder seriedade”; “Os exercícios motivam, não se tornam chatos”; “As actividades e o diálogo que se cria é motivador”); e) à criatividade do processo (“Conceito de formação diferente e criativo”; “Não é um tipo de formação habitual. Diria até que é criativa”); f) à consciencialização de competências já desenvolvidas (“É uma formação que se centra nas aprendizagens que vamos fazendo ao longo da vida”; “Ajuda a tomar consciência das aprendizagens que já se fizeram”); g) ao desenvolvimento de um plano individual de ação (“É a primeira formação que se propõe analisar e melhorar as minhas competências”; “Nunca tinha tido uma formação que tivesse um plano individual

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de ação”); h) ao regime de formação online (“Formação assim só no computador é a primeira vez”; “Primeira formação que é fora de uma sala ou oficina”).

60% dos inquiridos indica estar satisfeito com o processo formativo e 33% afirma estar muito satisfeito. As razões manifestadas para justificar esta satisfação baseiam-se nos seguintes aspetos: a) a forma como está estruturado (“Gostei bastante da forma como estava estruturada”; “Gostei muito da forma como a formação foi desenvolvida, do apoio e do plano individual de ação no final”); b) o efeito transformador da reflexão (“Pensei que iria ser uma perda de tempo reflectir sobre mim e vejo-me a descobrir competências e a fazer aprendizagens que não imaginei”; “Partir de mim, das minhas vivências e das minhas competências. Gostei”); c) a centralidade atribuída ao indivíduo (“Criativa e motivadora. Voltada para cada um dos formandos”; “Vi-me ao espelho. Numa formação é a primeira vez”); d) o acompanhamento proporcionado (“Formação muito bem acompanhada”; “Acompanhamento muito bom”). 8% dos participantes revela-se indeciso quanto ao seu grau de satisfação, optando pela hipótese “nem satisfeito, nem insatisfeito”. O cerne da sua argumentação para esta escolha reside na inexistência de uma certificação formal (“Não é que não tenha gostado mas como não tem certificado não sei bem se vai ser útil”; “Isto hoje se não se der um papel, depois é difícil provar que fizemos a formação”).

92% dos inquiridos considera que este tipo de processo formativo poderá comportar benefícios quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Relativamente aos primeiros entendem que: a) o conhecimento de si é essencial (“Descobri aspectos de mim que não conhecia”; “Percebi que algumas das mudanças porque passei me tornaram quem sou hoje”); b) as competências não se desenvolvem exclusivamente por via formal (“Compreendi que há competências que fui desenvolvendo ao longo da minha vida”; “Percebi que as aprendizagens do passado me levaram a escolher esta profissão”); c) a identificação com o Outro depende da minha abertura (“Identifiquei-me com situações contadas pelas personagens”; “Emocionei-me com histórias de vida. Não pensei que fosse acontecer”). No que concerne aos benefícios de ordem profissional, os participantes consideram que: a) o crescimento pessoal influi na sua qualidade enquanto profissionais (“Acho que quando ficamos a conhecer melhor as nossas competências podemos tornar-

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nos melhores profissionais”; “Eu acho que pode ter benefícios pessoais e profissionais porque são lados que se complementam”); b) a consciencialização das competências desenvolvidas é importante para a empresa (“Na minha opinião em empresas pequenas é importante que o trabalhador esteja consciente das suas competências porque isso só pode trazer vantagens à empresa”; “Uma empresa ganha com um colaborador que reflecte sobre si e o seu trabalho”); c) a valorização deste tipo de processos formativos pela entidade patronal é essencial (“Eu acho que tem benefícios pessoais e profissionais resta é saber se a entidade patronal está disposta a apostar neste tipo de formações”; “Qualquer desenvolvimento que se faça tem benefícios para a pessoa e para o profissional só que é preciso que a entidade patronal reconheça o valor deste tipo de formações”). Já 8% dos participantes demonstra-se indeciso quanto à verificação de benefícios pessoais e profissionais, uma vez que a tendência da entidade patronal é para se preocupar com o lucro financeiro da empresa e não com a satisfação dos seus colaboradores (“Mesmo que tenha benefícios não estou a ver o meu chefe a dar valor a este tipo de formação”; “Posso estar errado mas a maior parte dos patrões quer é que entre dinheiro na empresa e não que os trabalhadores se sintam realizados…”).

B. CONCLUSÕES

A análise efetuada aos dados recolhidos após a aplicação do questionário final permite-nos formular as seguintes considerações:

1. Parece ser reconhecida a qualidade inovadora deste processo formativo,

ressaltando-se a metodologia e as atividades criativas que apelam à reflexão e que permitem um acompanhamento individualizado do formando/participante.

2. No destaque conferido ao acompanhamento é dada relevância ao plano individual

de ação (Apêndice T), uma ferramenta nova com potencial transformador.

3. Parece identificar-se uma estreita relação entre o crescimento pessoal, o

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Este facto implica que se trabalhe a valorização deste tipo de processos formativos junto dos responsáveis pelas empresas.

7.4. SÍNTESE COMPARATIVA

Não obstante o facto de se tratar de instrumentos de investigação – questionário inicial; documentos pessoais; questionário final – cumpridores de objetivos diversos, parece-nos relevante esquematizar uma visão global das principais temáticas que focam. A sistematização, que de seguida apresentamos (Quadro 4 da nossa autoria), possibilita uma leitura comparativa dos três momentos de recolha de dados do Estudo II, prefigurando elementos a considerar para a proposta de um modelo formativo. Ressaltam, pois, os seguintes temas: “Aprendizagens prévias”; “Competências linguísticas”; “Relação com o Outro”; “Ações de formação”.

Quadro 4

Síntese comparativa

Temáticas Questionário inicial

(Q1) Documentos pessoais (DP) Questionário final (Q2) 1. Aprendizagens prévias  Concomitância de uma aparente valorização da experiência prévia e sua desvalorização ou desconhecimento.  Processo reflexivo, consciencializador de competências desenvolvidas.  Metodologia e atividades promotoras da reflexão. 2. Competências linguísticas

 Desenvolvimento por via formal, não formal e informal;  Contacto com profissionais

oriundos de outros países.

 Importância concedida à língua inglesa;  Necessidade de reforço e renovação de conhecimentos.  Necessidade de reforço de conhecimentos. 3. Relação com o Outro  Aceitação da presença;  Abertura nula ou limitada.

 Identificação de estereótipos e preconceitos;  Repulsões ocultas.  Presumível reconhecimento da necessidade de abertura. 4. Ações de formação  Participação dependente da função do colaborador e/ou área de atuação da PME;  Satisfação/inclusão do

trabalhador;

 Despesa versus investimento.

 Crescimento pessoal, profissional e organizacional;  Plano individual de ação.  Inovação;  Valorização do processo formativo.

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