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4.3 Instrumentos de coleta de dados

4.3.4 Análise documental

Análise documental (LÜDKE; ANDRÉ, 2014), documentação (SEVERINO, 200730), exegese de documentos (CUNHA, 2007) e pesquisa documental (MARCONI; LAKATOS, 2019) são diferentes termos para designar a técnica de pesquisa, cuja fonte de dados são documentos que podem ser escritos ou não, contemporâneos ou retrospectivos.

Sá-Silva, Almeida e Guinadi (2009), também discutem a diferente terminologia empregada: pesquisa, método, técnica e análise documental. Para esta pesquisa, entretanto, adotaremos o termo proposto por Lüdke e André (2014), análise documental, pois o caráter interpretativo incutido no termo análise31 nos parece estar mais de acordo com os objetivos

deste estudo, embora, por vezes, utilizaremos pesquisa documental e análise documental como sinônimos.

Também é frequente na literatura a distinção entre pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica. Malheiros (2011) ressalta que a principal diferença entre pesquisa documental e pesquisa bibliográfica reside na fonte dos dados. Isto é, a pesquisa documental trabalha exclusivamente com dados primários, ou seja, dados que não receberam tratamento científico, enquanto a pesquisa bibliográfica trabalha com dados secundários, como artigos científicos, materiais didáticos etc.

Uma vez que nosso objetivo é trabalhar com arquivos escolares, ou seja, dados primários, uma das técnicas de coleta de dados desta pesquisa será a análise documental.

Entendemos, portanto, que a análise documental “é um procedimento que se utiliza de métodos e técnicas para a apreensão, compreensão e análise de documentos de mais variados tipos” (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINADI, 2009, p. 5). Em outras palavras, o propósito da

30 Severino (2007, p. 124) declara que o termo Documentação pode ser tomado em três sentidos fundamentais: “como técnica de coleta, organização e conservação de documentos”, como “ciência que elabora critérios para coleta , organização, sistematização, conservação, difusão dos documentos” e como “técnica de identificação, levantamento, exploração de documentos fontes do objeto pesquisado”.

31 Segundo Appolinário (2011, p. 8) entende-se por análise: decomposição de um todo em suas subpartes; II. Estudo acerca de como as partes interagem para formar um todo; interpretação das partes para explicar o todo.

análise documental é interpretar, é fazer inferências sobre os valores, sentimentos, intenções e ideologia das fontes ou dos autores dos documentos.

E o que seria um documento? De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2000, p. 2) apud Appolinário (2011, p. 52), um documento é “qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, imagens, entre outros”.

Já para Phillips (1974, p. 187 apud LÜDKE; ANDRÉ, 2014, p. 45) são considerados documentos "quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano". Entre eles estão os arquivos escolares.

Os documentos que serão analisados nesta pesquisa serão as avaliações de leitura fornecidas pelos professores participantes apresentados anteriormente. Tratam-se, portanto, de dados primários, escritos e contemporâneos. A análise desses documentos nos parece relevante, pois poderá legitimar os dados obtidos através do questionário e da entrevista utilizados neste estudo. Concordamos com Lüdke e André (2014) ao afirmarem que a análise documental pode ser uma valiosa técnica de abordagem de dados qualitativos, uma vez que podem complementar informações obtidas por outras técnicas, ou desvelar novos aspectos de um tema ou problema.

Assim, o que se pretende através da análise documental é buscar evidências que possam fundamentar as afirmações e declarações dos participantes. Segundo Hosti (1969 apud LÜDKE; ANDRÉ, 2014), há pelo menos três situações em que o uso da análise documental é apropriado:

• quando o acesso aos dados é problemático;

• quando o interesse do pesquisador é estudar o problema a partir da própria expressão dos indivíduos; e

• quando se pretende ratificar e validar informações obtidas por outras técnicas de coleta, como por exemplo a entrevista, o questionário ou a observação.

A terceira situação descreve adequadamente os propósitos desta pesquisa e a análise das avaliações de leitura fornecidas pelos participantes poderá contrastar as informações coletadas através dos demais instrumentos. Nas palavras de Lüdke e André (2014, p. 43):

Não é possível aceitar plena e simplesmente o discurso verbalizado como expressão da verdade ou mesmo do que pensa e sente o entrevistado. É preciso analisar e interpretar esse discurso à luz de toda aquela linguagem mais geral e depois confrontá- lo com outras informações da pesquisa e dados sobre o informante.

Ao confrontar as declarações dos professores participantes com o que está materializado em suas avaliações, poderemos traçar com maior confiabilidade o modus operandi avaliação de leitura em ELE nos EF-AF e EM. A triangulação dos dados nos permitirá entender com mais clareza as questões subjacentes à prática avaliativa e quiçá poderemos, assim, contribuir para melhorias na prática docente.

4.3.4.1 Procedimentos para coleta de documentos

Antes da coleta de dados, achamos conveniente fazer um contato inicial com professores de ELE a fim de explicar os objetivos, etapas e procedimentos desta pesquisa.

Assim, informamos que, caso aceitassem participar deste estudo, disponibilizariam uma avaliação de leitura que serviria para a análise documental. Foi assegurado aos participantes que quaisquer informações que pudessem identificar a instituição a que pertenciam seriam mantidas em sigilo. Também lhes foi garantido que as informações contidas nesses documentos escolares seriam utilizadas exclusivamente para esta pesquisa.

Não houve resistência dos participantes em disponibilizar uma avaliação de leitura. A escolha do documento foi de total responsabilidade dos participantes e a única exigência feita é que a avaliação tivesse sido elaborada por eles. Apesar de não terem sido feitas exigências quanto ao instrumento avaliativo que compartilhariam, todos os participantes disponibilizaram provas utilizadas na avaliação de rendimento, o que ratifica o papel desse instrumento no contexto escolar.

Alguns arquivos foram disponibilizados para a pesquisadora antes do encontro presencial via e-mail e outros foram entregues fisicamente no dia da entrevista. Apresentamos no ANEXO B as avaliações fornecidas pelos participantes desta pesquisa.