• Nenhum resultado encontrado

Fluxograma 4 – Sujeitos da pesquisa

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

6.1.2 Análise dos documentos da aprendizagem cooperativa

Os documentos da proposta da aprendizagem cooperativa são produzidos e organizados por meio de oficinas pedagógicas, com o fito de serem utilizadas nas formações com gestores, professores e alunos, por meio de uma metodologia similar à experiência em salas de aula cooperativas, ou seja, através de células cooperativas, nas quais todos os participantes se tornam estudantes submetidos à lógica cooperativa.

Considera-se, sendo assim, a oficina pedagógica a metodologia mais adequada aos princípios cooperativos, em função de vincular teoria e prática, por ser

uma oportunidade de vivenciar situações concretas e significativas, baseada no tripé: sentir-pensar-agir, com objetivos pedagógicos. Nesse sentido, a metodologia da oficina muda o foco tradicional da aprendizagem (cognição), passando a incorporar a ação e a reflexão. Em outras palavras, numa oficina ocorrem apropriação, construção e produção de conhecimentos

teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva. (NEIRES; NIURA, 2009, p. 77).

Nos encontros formativos, os documentos estruturados permitem que os participantes vivenciam situações didáticas, enquanto aprendem os procedimentos teórico-metodológicos da aprendizagem cooperativa, no que respeita aos conceitos pedagógicos, elementos estruturantes, avaliação, organização das atividades, organização das células, dentre outras, correspondendo, então, a “uma pedagogia que articula os conhecimentos sistematizados, com as condições concretas de vida e trabalho dos alunos, suas necessidades, interesses e lutas.” (LIBÂNEO, 1994, p. 39).

As oficinas pedagógicas do PRECE, desse modo, versam sobre a História do PRECE e seus princípios fundantes, História de Vida, os Elementos da Aprendizagem Cooperativa (interdependência positiva, responsabilidade individual, interação promotora, habilidades sociais e processamento de grupo), Parceria Professor-Aluno, Coordenadores de Células Cooperativas, Habilidades Sociais, Vivência de Conflitos, Protagonismo Estudantil, Estrutura da ETMFA e Elaboração de Plano de Aula.

Para tanto, são elaborados diversos documentos específicos, de acordo com a necessidade metodológica para o seu desenvolvimento, sendo planificadas dentro da metodologia ETMFA (Exposição - Tarefa individual - Meta coletiva - Fechamento - Avaliação), para as quais são preparadas apresentações em vídeos, músicas, projeções em powerpoint e/ou textos, que são trabalhados ao longo da oficina.

Em cada oficina, o ambiente é organizado para que os participantes se acomodem em células e vivenciem a experiência da aprendizagem cooperativa, de forma a compreender a importância da proposta e sentir seus efeitos, pois “o trabalho em grupo pode ser usado para ensinar conceitos fundamentais que são difíceis de compreender somente por meio de leituras, palestras, pesquisas de informação na web ou discussões.” (COHEN; LOTAN, 2017, p. 65).

A primeira oficina que trata da História do PRECE e seus princípios fundantes têm o objetivo maior de sensibilizar, mobilizar e apresentar a proposta a gestores, professores e alunos, de modo que possam realizar a adesão ao projeto, com base nas informações obtidas.

Após a adesão da escola é feita a oficina de História de Vida com professores e alunos, cujo objetivo é integrar as pessoas, por intermédio da empatia de cada um com a história do outro, gerando ou fortalecendo laços afetivos, como também aflorando o espírito cooperativo e solidário.

Nesse sentido, as histórias de vida permitem criar vínculos solidários entre os participantes, a partir de suas singularidades, uma vez que

O acesso à própria experiência emocional e à experiência emocional do outro permite compartilhar emoções e visões. É nesse espaço que é gerado um contato humano verdadeiro, é com esses encontros entre pessoas que são gerados vínculos que permitem interações com efeitos reais, é com isso que podemos aprender uns com os outros. (CASASSUS, 2009, p. 119).

Quanto à oficina sobre os Elementos da Aprendizagem Cooperativa, é realizada, inicialmente, uma oficina com todos os elementos, e, posteriormente, uma oficina para cada um dos cinco elementos, de modo que os participantes possam compreendê-los e aplicá-los em sala de aula com segurança.

A oficina sobre Parceria Professor/Aluno tem o intuito de mostrar aos professores e aos alunos a relevância dessa parceria para melhorar a gestão da sala de aula, já que o professor vai partilhar a sua autoridade com os coordenadores de célula. Assim, em vez de o professor administrar a sala de aula solitariamente, ele passa a dividir essa responsabilidade com os coordenadores de cada célula cooperativa, estimulando o protagonismo e a autonomia estudantil,

o trabalho em grupo muda drasticamente o papel do professor. Com ele você não é mais um supervisor direto dos alunos, responsável por garantir que façam o trabalho exatamente como você os orienta. Não é mais sua responsabilidade buscar cada erro e corrigi-lo de imediato. Em vez disso, a autoridade é delegada aos alunos e a grupos de alunos, que são encarregados de garantir que o trabalho seja feito de maneira eficiente e eficaz e que seus colegas de turma recebam a ajuda necessária. (COHEN; LOTAN, 2017, p. 121).

A oficina sobre a Metodologia ETMFA é planejada de modo a integrar teoria e prática, assim, ao mesmo tempo em que os participantes estudam cada etapa da técnica, também a vivenciam dentro das células cooperativas, o que facilita a sua apropriação.

Em seguida, é realizada a oficina sobre como elaborar um Plano de Aula na estrutura da ETMFA (ANEXO E), cuja intenção é transformar os aportes teóricos cooperativos em situações didáticas de efetiva interação social e interdependência positiva, em razão do compromisso social mais amplo do professor, pois “sua

responsabilidade é preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política.” (LIBÂNEO, 1994, p. 47).

Para essa oficina, são utilizados os livros didáticos usados pelos professores cotidianamente, de acordo com cada disciplina curricular, para que, de forma simples e prática, os professores possam compreender como adaptar uma aula no modelo convencional, para uma aula no modelo da aprendizagem cooperativa.

Conclui-se que os documentos teórico-metodológicos da aprendizagem cooperativa atendem aos objetivos propostos, ou seja, formar e instrumentalizar gestores, professores e alunos nos princípios cooperativos, a partir de estratégias pedagógicas vivenciais, nas quais os participantes são imersos à lógica cooperativa.

Além disso, verifica-se o alinhamento entre os documentos da aprendizagem cooperativa e os de gestão da escola, nos quais se afere um entrecruzamento entre princípios e normas pedagógicas.