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Fonte: elaboração própria.

Desse modo, foi realizada uma metodologia criteriosa que propiciou a sintonia entre os objetivos da pesquisa; a fundamentação teórica, respaldada nos estudos e pesquisas dessa temática; os procedimentos técnicos utilizados; e a análise da coleta de dados e discussão dos resultados.

Assim, com o intuito de realizar esta investigação acadêmica conforme os preceitos teórico-metodológicos apresentados, deu-se total atenção às características específicas e essenciais da pesquisa, como também às suas dificuldades e complexidades, objetivando encontrar caminhos para melhorar o ensino e a aprendizagem e contribuir com a melhoria da educação cearense.

5.2 Campo da pesquisa

A presente pesquisa se realizou na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Maria Giselda Teixeira, instituição subordinada à Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (CREDE 08) e à Secretaria da Educação do Ceará (SEDUC) e oferta o Ensino Médio, na modalidade técnica profissional, integrada aos componentes curriculares do ensino regular, no que respeita à base nacional comum e à parte diversificada, com suporte na Lei 9394/96 e suas alterações.

A escolha da EEEP Giselda Teixeira para ser lócus da pesquisa foi, sobretudo, por ser uma escola nova, recém-inaugurada, cuja comunidade escolar aderiu e adotou a aprendizagem cooperativa como estratégia teórico-metodológica para construir sua história educacional, e, assim cumprir sua função social, como defende Minayo,

[...] pode-se dizer que a sociedade e os indivíduos têm consciência histórica. Ou seja, não é apenas o investigador que dá sentido a seu trabalho intelectual, mas os seres humanos, os grupos e a sociedade dão significado e intencionalidade e interpretam suas ações e construções. As instituições e as estruturas nada mais são que ações humanas objetivadas. (2014, p. 40).

Outro fator importante na definição da escola, em sintonia com o pensamento dessa autora, foi o posicionamento político e ideológico da comunidade escolar, ao se colocar favorável à constituição de um novo fundamento educativo, por meio da aprendizagem cooperativa, uma vez que

Ninguém hoje ousaria negar a evidência de que toda ciência, em sua construção e desenvolvimento, passa pela subjetividade e por interesses diversos. Nos processos de produção do conhecimento se veiculam interesses e visões de mundo historicamente construídos. (Minayo, 2014, p. 41, 22).

Além disso, a EEEP Giselda Teixeira atestou ser o lócus apropriado para a pesquisa, por suas características peculiares, uma vez que a escola funciona em tempo integral, com concentração de carga horária dos gestores, professores e funcionários, além dos alunos, assegurando a imersão em profundidade de toda a comunidade escolar à experiência cooperativa, pois “esta ênfase na profundidade favorece a aproximação entre a abstração dos resultados da pesquisa e a concretude da prática social.” (GIL, 2009, p. 15).

Nessa acepção, o desenvolvimento da pesquisa na EEEP Giselda Teixeira possibilitou investigar a aprendizagem cooperativa em sua totalidade e de forma sistêmica, permitindo a análise do fenômeno em suas múltiplas dimensões contextuais, pois

Quando o pesquisador se dispõe a estudar uma empresa, uma escola ou uma igreja, por exemplo, ele não precisa promover o seu fracionamento. Ele tem condições de considerar os múltiplos fatores que determinam sua estrutura, preservando a unidade do caso e sem estabelecer qualquer ruptura com o seu contexto. (GIL, 2009, p. 21).

Com essa mesma compreensão, Minayo (2014, p. 76) argumenta que um dos critérios para a definição da escolha do grupo, como no caso dessa pesquisa com abordagem quantitativa e qualitativa, deve ser afiançar que o lócus contenha as experiências que se pretende focalizar, porque “os estudos quantitativos e qualitativos quando feitos em conjunto promovem uma mais elaborada e completa construção da realidade, ensejando o desenvolvimento de teorias e de novas técnicas cooperativas.”

Face ao exposto, a EEEP Giselda Teixeira constituiu o lócus ideal para o desenvolvimento da investigação científica em aprendizagem cooperativa, por atender tanto aos subsídios da abordagem qualitativa e quantitativa, como aos demais traços característicos elencados, que se coadunam com os objetivos desta pesquisa.

A escola se localiza no município de Palmácia, na região do Maciço de Baturité, no centro-norte do Ceará, território composto por treze municípios, dentre os quais Palmácia, Pacoti e Guaramiranga, municípios cujos alunos são atendidos, uma vez que a escola funciona em regime de consórcio educacional.

A estrutura da escola é composta de 12 salas de aula, auditório, biblioteca, bloco pedagógico administrativo, laboratórios específicos para os cursos técnicos, além dos de Línguas, Informática, Química, Física, Biologia e Matemática, conforme os padrões arquitetônicos definidos pelo MEC.

Devido à matriz curricular do Ensino Médio regular ser integrada à matriz curricular dos cursos técnicos profissionais, a escola funciona em tempo integral, de acordo com o modelo institucional estabelecido pelo governo do Ceará, como visto anteriormente.

As aulas da EEEP Giselda Teixeira começaram em agosto de 2017, entretanto, a escola somente foi inaugurada oficialmente em novembro do mesmo ano. Suas atividades letivas se iniciaram com quatro turmas de 1ª série do Ensino Médio, totalizando 180 alunos, que cursam ao mesmo tempo, o Ensino Médio regular e um dos quatro cursos técnicos ofertados: Administração, Guia de Turismo, Redes de Computadores e Segurança do Trabalho.

A escola, contudo, possui capacidade para receber até 540 estudantes, em tempo integral, das 7 às 17 horas, sendo que em 2018, foram incluídas mais quatro turmas com 180 alunos, além de continuar com as de 2017, cujos alunos

passaram para a 2ª série do Ensino Médio, totalizando 360 alunos. Somente em 2019 a escola passou a funcionar com sua capacidade total de turmas/alunos.

A metodologia da aprendizagem cooperativa foi apresentada à comunidade escolar pelo professor Rennan Luz, do Curso de Administração da própria escola, que explicou a filosofia e os princípios da proposta ao Núcleo Gestor, professores, estudantes e líderes de sala, no dia 24 de agosto de 2017. (SAMPAIO, 2017).

O diretor da escola, professor Ramilson Luz, verificou haver uma identificação com os princípios defendidos pela comunidade escolar, no que toca a parceria entre professores e estudantes, a responsabilidade individual, a autonomia intelectual, a educação emocional, a cooperação e a solidariedade como fundamentos essenciais para que a aprendizagem ocorra de forma eficaz e eficiente. (SAMPAIO, 2017).

Em outubro de 2017, o professor Ramilson Luz convidou o professor Manoel Andrade Neto, coordenador geral do PRECE, e os professores da EEEP Alan Pinho Tabosa10 para realizarem momentos de apresentação e sensibilização

com os professores da escola sobre os elementos da aprendizagem cooperativa, educação emocional e oficina sobre “História de Vida.”

A partir desse encontro, a comunidade escolar resolveu implementar a proposta da aprendizagem cooperativa, por intermédio da parceria com o PRECE, de forma a nortear a proposta curricular da escola, guiando a rotina pedagógica de todas as áreas e disciplinas do conhecimento, tanto da base nacional comum e diversificada, referente ao Ensino Médio regular, como das disciplinas dos cursos técnicos profissionais. (SAMPAIO, 2017).

Em função disso, no segundo semestre de 2017, os profissionais e os estudantes da EEEP Maria Giselda Coelho Teixeira tiveram momentos formativos e experienciais dentro da filosofia da aprendizagem cooperativa.

No dia 17 de novembro, o professor Manoel Andrade retornou à escola, juntamente com os formadores do PRECE, para exposição acerca das experiências

10 A Escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa foi inaugurada em 2010, com a administração compartilhada entre SEDUC e UFC, sob a coordenação do PRECE, que implementou a proposta da aprendizagem cooperativa desde a sua inauguração e permanece até hoje. Trata-se, por conseguinte, de uma escola piloto, onde são elaboradas metodologias e técnicas cooperativas, para expansão nas demais escolas que adotam a proposta. Ademais, a escola tanto recebe visitantes que desejam conhecer e aprofundar os conhecimentos em aprendizagem cooperativa, como os seus profissionais colaboram com a formação de professores e alunos de outras escolas, para dar o testemunho de suas experiências.

do programa e aplicação de oficinas sobre Habilidades Sociais, assim como, Planos de Aula na metodologia ETMFA11, por área do conhecimento.

Nos dias 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro de 2017, todos os professores e 60 estudantes selecionados como coordenadores de célula participaram de um curso de imersão na Comunidade de Cipó, em Pentecoste – CE (local onde surgiu a aprendizagem cooperativa no Ceará), com a realização de oficinas sobre liderança, células cooperativas, educação emocional, aprendizagem cooperativa e sucesso acadêmico, como também, participação e observação de aulas ministradas pelos professores na EEEP Alan Pinho Tabosa e da equipe do PRECE, utilizando a Técnica ETMFA; e Oficina de Conflito de Vivências. (SAMPAIO, 2017).

Foram três dias de formação, nos quais, professores e alunos vivenciaram e aprofundaram os conceitos acerca dos princípios fundantes da aprendizagem cooperativa, entendendo, desse modo, o funcionamento teórico-metodológico da proposta.

No dia 27 de dezembro de 2017 o prof. Manoel Andrade regressou à escola profissional para avaliar os primeiros passos da implementação da proposta da aprendizagem cooperativa e planejar as ações para o ano letivo de 2018.

Atualmente, a aprendizagem cooperativa faz parte do Projeto Político Pedagógico, do Regimento e da Sistemática de Avaliação da escola, tanto no que respeita a questões gerenciais como pedagógicas, que conduzem as ações desenvolvidas cotidianamente. Nessas condições, os profissionais da escola intencionam assegurar a aprendizagem dos alunos, por intermédio dos princípios cooperativos.

Nesse cenário, o Prof. Dr. Manoel Andrade tem sido o grande sustentáculo direto para que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolva com eficácia no seio da escola, ao acolher o desejo da equipe de educadores em construir uma educação que potencialize a aprendizagem dos alunos, sob a égide da aprendizagem cooperativa.

O segundo semestre do ano letivo de 2017 foi especialmente de experimentação, de estudo e pesquisa acerca da aprendizagem cooperativa, porém,

no ano letivo de 2018 toda a escola passou a funcionar com a proposta, universalmente, com o suporte pedagógico da equipe dos formadores do PRECE.

A pesquisadora acompanhou essa trajetória inicial da escola por ser coordenadora da CREDE 08, e, devido ao seu objeto de investigação ser a aprendizagem cooperativa, antes de ser remanejada para trabalhar na região do Maciço de Baturité, uma vez que já estava estudando e participando dos encontros formativos e de acompanhamento aos docentes das escolas de Fortaleza, junto à equipe do PRECE.

Em função disso, a pesquisadora manifestou seu interesse em desenvolver a pesquisa na EEEP Giselda Teixeira, com o intuito de analisar a inserção da proposta da aprendizagem cooperativa em uma escola profissional, no início de suas atividades letivas, sendo sua proposição aceita pela comunidade escolar.

Face ao exposto, no capítulo seguinte se adentrará à proposta da aprendizagem cooperativa, de modo a averiguar a concepção teórica que a ampara, assim como os procedimentos pedagógicos necessários à sua implementação, assegurando sua integração à identidade educativa da escola.

5.3 Amostra da pesquisa

Para selecionar a amostragem da pesquisa, que pudesse representar significativamente o universo investigado, utilizou-se a classificação não- probabilística, pois “não apresentam fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente de critérios do pesquisador” (GIL, 2008, p. 91).

Dentre os tipos de procedimentos não-probabilísticos existentes se optou pela amostragem por cotas, haja vista ser o que possui maior rigor, sendo desenvolvido em três etapas, como explica Gil:

a) classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a ser estudado;

b) determinação da proporção da população a ser colocada em cada classe, com base na constituição conhecida ou presumida da população; e

c) fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo tal que a amostra total seja composta em observância à proporção das classes consideradas. (2008, p. 94).

Dessa forma, a amostra da pesquisa é composta, inicialmente, pelos professores das quatro áreas do conhecimento e disciplinas dos cursos técnicos profissionais, tendo em vista a necessidade de uma visão sistêmica do desenvolvimento da proposta de aprendizagem cooperativa e a interação entre as áreas e disciplinas, assim como a evolução integral dos discentes.

Assim, todos os dezenove professores da escola responderam a questionários estruturados, cujo objetivo, dentre outros já elencados, foi subsidiar o delineamento da amostra da entrevista semiestruturada, com a participação de cinco professores, enumerando um professor de cada uma das quatro áreas do conhecimento: Linguagens e Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas tecnologias; e, também, considerando-se a necessidade de representação de um professor da área técnica-profissional da escola.

Para a escolha dos cinco professores, utilizou-se a definição por cotas, cujos critérios se relacionaram ao grau de identidade e/ou aceitação da estratégia teórico-metodológica da aprendizagem cooperativa ao responder os questionários, a saber: dois professores que demonstraram maior identificação e/ou aceitação com a proposta, dois que evidenciaram menor identificação e/ou aceitação com a proposta, e um que confirmou neutralidade diante da proposta.

Fazem parte da amostra da pesquisa, também, os alunos da 2ª série do Ensino Médio da escola, por terem participado do primeiro momento da implantação da aprendizagem cooperativa, visto que no ano de 2017 as atividades letivas contemplaram esses alunos, que estavam na 1ª série.

Na feição quantitativa, foram aplicados questionários estruturados com 45 alunos. A definição desta amostra teve como regra a participação dos discentes no curso de imersão em aprendizagem cooperativa, ocorrida na comunidade de Cipó, em Pentecoste, com a equipe de formadores do PRECE, delimitados pela assinatura dos Termos de Assentimento em participar da pesquisa.

No que toca à participação dos alunos na formação na comunidade de Cipó, Sampaio (2017) informou que a escola estabeleceu quatro critérios para a seleção de 60 estudantes, quais sejam:

a) pesquisa sobre o perfil liderança dos alunos realizada com os professores da escola, na qual foi solicitado que relacionassem 10

(dez) estudantes que mais se destacaram com o perfil de liderança e solidariedade;

b) pesquisa sobre o perfil de liderança dos alunos realizada com todos os estudantes da Escola, na qual foi solicitado que relacionassem 10 (dez) colegas que mais apresentaram o perfil de liderança e apontassem os que mais contribuiriam para a aprendizagem no trabalho em equipe; c) atitude solidária, na qual todos os estudantes foram convidados a

participarem de um momento, no horário do almoço, para discutir estratégias para melhorar o rendimento dos colegas de sala que apresentaram baixo rendimento no período letivo anterior;

d) frequência nas aulas;

e) elaboração de uma Carta de Intenção pelos alunos, demonstrando interesse em participar do Curso de Liderança na Comunidade de Cipó, Pentecoste-CE.

Para a tabulação dos dados, foi atribuída uma pontuação a cada um dos requisitos expostos, na qual os 15 estudantes de cada turma mais citados pelos colegas e pelos professores foram pré-selecionados para participarem da formação, totalizando 60 alunos. Na análise da postura solidária, levou-se em consideração o conteúdo da Carta de Intenção solicitada para demonstrar interesse em participar da Formação e em assumir, posteriormente, o papel de coordenador de célula.

Dos 60 alunos que participaram da formação em aprendizagem cooperativa na comunidade do Cipó, apenas 45 assinaram o termo de assentimento em participar dessa pesquisa e 43 responderam os questionários estruturados. Dentre os 43 alunos, 8 foram selecionados como representantes para participar da entrevista semiestruturada.

Para a entrevista semiestruturada da análise qualitativa, foram escolhidos 8 alunos, seguindo o mesmo critério por cotas utilizado na escolha dos professores, neste caso: dois alunos de cada curso técnico-profissional da escola: Administração, Guia de Turismo, Rede de Computadores e Segurança do Trabalho. Além disso, fez-se a distinção, por curso, conforme o grau de identificação e/ou aceitação dos alunos quanto a estratégia teórico-metodológica da aprendizagem cooperativa, ao responder os questionários, a saber: um aluno em cada curso que demonstrou maior e menor identificação e/ou aceitação com a proposta.

As amostras dos sujeitos da pesquisa, de acordo com os critérios definidos por cota, tanto para professores como para alunos, culminaram na delimitação observada no fluxograma 4, a seguir.