Aprendizagem cooperativa formal, informal e de base

A aprendizagem cooperativa apresenta-se alicerçada em três formas: aprendizagem cooperativa formal, aprendizagem cooperativa informal e aprendizagem cooperativa de base, que ao serem usadas de maneira combinada, os grupos de aprendizagem cooperativa se fortalecem e os seus efeitos são ampliados. (JOHNSON; JOHNSON, 1999).

Os grupos de aprendizagem cooperativa formal são aqueles que têm duração de uma aula, um bloco de conteúdos ou um período letivo, nos quais os alunos estão envolvidos em torno de um objetivo coletivo, relacionado a um trabalho intelectual, de forma a organizar o material relacionado, estudá-lo, sintetizá-lo, resumi-lo e integrá-lo a outras estruturas cognitivas.

No que se refere aos trabalhos de Slavin (2002), são empregados fundamentalmente métodos completos, nos moldes da aprendizagem cooperativa formal dos irmãos Johnson, pois são usados em períodos mais ou menos longos, como o método Trabalhos em Equipe, Êxito Individual, Torneios de Jogos por Equipes, Quebra-Cabeças e Ensino Acelerado por Equipes, dentre outros.

La Prova (2017, cap. 7, p. 1, tradução nossa), também aponta para a necessidade de trabalhar com “uma estrutura mais formal em termos de tempos, papéis e modalidades de realização”, no caso de tarefas que envolvam um grau de complexidade maior, com divisão de papéis e tarefas bem planificadas e altos níveis de interdependência positiva, habilidades sociais e interação entre os alunos.

Os grupos de aprendizagem cooperativa informal, por seu turno, são aqueles que duram apenas alguns minutos ou, no máximo uma aula, nos quais o docente usa parte do tempo para aula expositiva, demonstrações ou apresentação de filmes, seguido do trabalho em grupo e encerramento da atividade pelo professor, de forma a prender a atenção dos alunos, tornando-os mais comprometidos, além de criar um ambiente favorável à aprendizagem. (JOHNSON; JOHNSON, 1999).

Na estratégia de aprendizagem cooperativa informal o docente deve assegurar que as explicações sejam objetivas e precisas e que os alunos produzam

algo concreto. Para tal, Johnson e Johnson (1999) afirmam que é necessária uma adequada estruturação da aula:

a) organização introdutória da sala de aula e formação de pares. Início no qual o docente intenciona verificar o que os alunos já sabem sobre o assunto da aula e suas expectativas cognitivas, com duração de 4 a 5 minutos;

b) introdução sobre o assunto tratado, com a definição de objetivos, seguida de explicações simples, lógicas e sequenciadas, com duração de 10 a 15 minutos;

c) discussão em pares com o propósito de assegurar que os alunos se debrucem sobre o assunto tratado, aprofundando o conhecimento, através de uma atividade individual, do compartilhamento de sua parte com o colega e reelaboração das respostas, construindo uma síntese da compreensão da dupla, com duração de 3 a 4 minutos;

d) segunda explicação do professor, com sequenciamento ou aprofundamento do assunto tratado. Duração de 10 a 15 minutos. e) discussão em pares, com atividades sobre a segunda explicação do

professor, com duração de 3 a 4 minutos;

f) terceira explicação do professor para concluir o assunto tratado, com duração de 10 a 15 minutos.

g) encerramento da aula com a discussão e resumo entre alunos sobre o que aprenderam, propiciando a integração entre os conhecimentos prévios e os novos, com duração de 4 a 5 minutos.

Embora Slavin (2002), na maior parte do tempo, utilize técnicas de aprendizagem cooperativa formal, também recomenda a modalidade de aprendizagem cooperativa informal, inserida, de forma complementar, em atividades tradicionais, que podem durar uma aula inteira ou apenas alguns minutos.

Os grupos de aprendizagem cooperativa de base, por sua vez, têm longa duração, que pode ser de um semestre, de um ou de vários anos, até que os membros concluam uma etapa de escolaridade. Os componentes dos grupos são heterogêneos e estáveis, tendo como principal objetivo reunir-se regularmente para prestar apoio, motivar e oferecer assistência à progressão acadêmica, como também auxílio pessoal: aconselhamento, ajuda na resolução de problemas de aprendizagem e de relações interpessoais e suporte para as realizações pessoais.

Com isso, os grupos de base, que podem ser das classes ou da escola, personalizam o percurso educativo, a partir a construção de laços de confiança e solidariedade entre os componentes como um todo. (JOHNSON; JOHNSON, 1999).

4.2.1 Integração da aprendizagem cooperativa formal, informal e de base

Os Johnson e Johnson (1999) defendem que a aprendizagem cooperativa para ser amplamente empreendida deve ser utilizada mediante a integração dos três tipos de aprendizagem cooperativa formal, informal e de base.

Para esse fim, os irmãos Johnson (1999) orientam a agregação dos três tipos de aprendizagem cooperativa em aulas com duração de 50 e 90 minutos, conforme descrição sintética presente no Quadro 4:

Quadro 4 - Exemplo de aula com integração dos três tipos de aprendizagem cooperativa

Aula de 50 min Aula de 90 min

Passo Atividade Tempo Passo Atividade Tempo

1

Boas vindas do professor e

reunião dos grupos de base 10

1 Reunião dos grupos de base.

10

2

Possibilidade 1: ensino direto (aula expositiva do professor), aprendizagem cooperativa informal. Possibilidade 2: Trabalho em grupos de aprendizagem cooperativa formal. Possibilidade 3: combinação do ensino direto (aula

expositiva do professor), com grupos de aprendizagem cooperativa informal e depois com grupos de aprendizagem cooperativa formal.

35

2 Ensino direto com

aprendizagem cooperativa informal.

25

3

Trabalho com uma atividade em grupos de aprendizagem cooperativa formal.

40

4

Ensino direto com grupos de aprendizagem cooperativa informal.

10

3 Reunião de encerramento

com os grupos de base 5 5

Reunião de encerramento com

os grupos de base. 5

Fonte: elaboração própria, com base em Johnson e Johnson (1999).

Nas aulas de 50 minutos, inicialmente o professor deve reunir os grupos de base para a saudação inicial e desfazer tensões indevidas ou desnecessárias, que podem prejudicar a aprendizagem, verificar se os alunos fizeram a tarefa da aula anterior, compartilhar recursos e materiais e fortalecer as relações interpessoais, com duração de apenas 10 minutos.

Em seguida, o professor pode introduzir a aprendizagem cooperativa, por meio de três modelos possíveis: 1 – aprendizagem cooperativa informal, com aula expositiva do professor, seguida por trabalho em duplas instantâneas; 2 – atividades em grupos de aprendizagem cooperativa formal, nas quais os professores devem apresentar os objetivos da aula e zelar para que as tarefas propiciem a interdependência positiva e a responsabilidade individual; 3 – combinação da aula expositiva direta, com atividades breves em grupos de aprendizagem cooperativa informal (breves), seguida por atividades nos aprendizagem cooperativa formal (que podem se prolongar para a aula seguinte). A duração dessa etapa é de 35 minutos.

A aula se encerra com o reagrupamento da turma em grupos de base, na qual os alunos anotam três a quatro pontos que aprenderam e uma ou duas perguntas sobre o assunto. Ao se retirarem da sala, entregam ao professor os resumos do que os grupos aprenderam e as questões que gostariam de aprender sobre o assunto, com duração de 5 minutos.

As aulas de 90 minutos, por seu lado, seguem essencialmente os mesmos passos das aulas de 50 minutos, porém com uma distribuição de tempo maior para desenvolvimento das atividades, sendo mais fácil concluir o assunto em uma só aula, como se explana: 1. reunião dos grupos de base, com duração de 10minutos; 2. aula expositiva do professor, seguida da formação de grupos de aprendizagem cooperativa informal, com o objetivo de garantir a concentração dos alunos no assunto e difundir as informações, com duração de 25 minutos; 3. realização de atividade de aprendizagem cooperativa formal, para a resolução de problemas e aprendizagem mais aprofundada, com duração de 40 minutos; 4. aprendizagem cooperativa informal, em que o professor faz o fechamento da aula, logo após pode solicitar aos grupos a realização de uma atividade rápida, com duração de 10 minutos; e 5. encerramento da aula com uma segunda rodada dos grupos de base, para que o professor possa se assegurar que todos os alunos aprenderam a tarefa, averiguar se alguém precisa de ajuda, permitir que os alunos sintetizem o que aprenderam, demostrem como podem aplicar o novo conhecimento e festejem a aprendizagem dos grupos, com duração de 5 minutos.

Com base na perspectiva de integração da aprendizagem cooperativa formal, informal e de base os professores podem planejar diversas combinações de aula, de acordo com as características da turma, dos assuntos a serem tratados e dos tempos destinados às aulas.