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Análise dos indicadores de avaliação das condições de

4.3 Mensuração e aproveitamento do Capital Humano do Corpo

4.3.1 Análise dos indicadores de avaliação das condições de

A análise documental realizada na primeira fase da pesquisa destinou-se a verificar a existência dos indicadores de avaliação apresentados nos instrumentos utilizados pela Diretoria de Avaliação da Educação Superior (DAES), do INEP, para diagnosticar a qualidade dos cursos oferecidos pelas IES.

Nesta direção, uma das ações do Governo Federal para cumprir o disposto nos artigos 9º e 46 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, no tocante à forma de avaliar e supervisionar a qualidade do ensino oferecido pelas IES, foi instituir, por meio do Decreto nº 3860, de 9 de julho de 2001, em seu artigo 17, a avaliação de cursos e IES. Essa supervisão da qualidade das IES compreende a avaliação institucional do desempenho individual das IES, considerando, entre outros, o grau de autonomia assegurado pela entidade mantenedora, a independência acadêmica dos órgãos colegiados da instituição, a auto-avaliação realizada pela instituição e as providências adotadas para saneamento de deficiências identificadas.

Entre os instrumentos de avaliação das IES, elaborados pelo INEP, estão aqueles utilizados para fins de reconhecimento dos cursos, intitulados Avaliação das Condições de Ensino e os de credenciamento e recredenciamento dessas instituições, intitulados Avaliação Institucional. Com o intuito de subsidiar esse processo, a Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior (DAES), do INEP, confeccionou, em 2002, o Manual de Avaliação das Condições de Ensino e o Manual de Avaliação

Institucional. Os dois Manuais organizam a avaliação da instituição em três dimensões: organização institucional, corpo docente e instalações. A dimensão corpo docente, por sua vez, é avaliada de acordo com as seguintes categorias de análise: formação acadêmica e profissional, condições de trabalho e desempenho acadêmico e profissional.

O sistema de avaliação fixado pelos órgãos oficiais foi instaurado com o fim de colher dados mais consistentes sobre a educação superior brasileira, o que inexistia até sua aprovação; o que dificultava uma adequada formulação das políticas com vistas à melhoria da qualidade dos cursos e das instituições. De acordo com as informações obtidas por nós na Diretoria de Avaliação do Ensino Superior/INEP (DAES/INEP), o Manual é resultado de uma série de estudos e jornadas de trabalho com professores, dirigentes e representantes de instituições públicas e privadas de educação superior e tem como objetivo atender a exigência da academia (dirigentes, professores, técnicos e alunos) e da Sociedade, no que tange o crescimento da qualidade da educação superior no Brasil.

A análise criteriosa desse instrumento constatou que os indicadores relativos à avaliação da dimensão corpo docente e alguns indicadores relativos à dimensão

organização institucional estão associados à mensuração do conhecimento e das

habilidades do docente, tal como preconiza a teoria da Gestão do Conhecimento, e se pode verificar nos dados apresentados nos Quadros 9 e 10.

Quadro 9 – Indicadores de Avaliação da Dimensão Corpo Docente e Organização Institucional do Manual de Avaliação das Condições de Ensino , utilizado pelo INEP

Titulação dos

docentes Experiência profissional do corpo docente Condições de trabalho Desempenho acadêmico profissional ? Titulação dos

docentes ? Tempo de exercício no magistério superior ? Tempo de exercício de

magistério na própria IES ? Tempo de exercício

profissional fora do magistério superior

? Docentes com experiência pedagógica

? Docentes com experiência profissional fora do magistério ? Regime de trabalho: horista, parcial ou integral ? Plano de carreira: critérios de admissão e progressão na carreira ? Política de capacitação docente ? Mecanismos de apoio à qualificação acadêmica ? Publicações: artigos, livros ou trabalhos publicados ? Produções pedagógicas, intelectuais, técnicas e culturais: propriedade intelectual depositada e registrada

Fonte: Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior – DAES - Manual de Avaliação das Condições de Ensino, 2002.

O discurso do MEC apresenta uma constante preocupação com o processo de contínuo aperfeiçoamento do desempenho acadêmico, com as ferramentas para o planejamento e gestão e com a prestação de contas à sociedade do desempenho global das IES no país. Desde que foi instituído no Brasil, em 1993, o processo permite identificar deficiências acadêmicas e/ou institucionais e fornece subsídios para a melhoria da qualidade do projeto pedagógico e do desenvolvimento institucional das IES.

Os indicadores utilizados nos instrumentos avaliativos oficiais, desde o princípio, foram sempre propostos por acadêmicos de instituições federais, em sua maioria. O Documento Básico de Avaliação das Universidades Brasileiras, da Comissão Nacional de Avaliação, datado de 1993, declara que: “ao lado de indicadores clássicos, de ordem quantitativa, a avaliação institucional implica dimensões qualitativas, inclusive aquelas vinculadas ao projeto acadêmico” (grifo nosso) (BRASIL, 1993, p. 4).

Este fato ajuda a esclarecer o paradoxo entre o discurso dos acadêmicos que propuseram os indicadores de avaliação e as críticas desses mesmos acadêmicos sobre o processo avaliativo e sua vinculação com as teorias científicas da Administração de Empresas. Quando se trata da avaliação de IES privada, os acadêmicos afirmam estar preocupados com a qualidade, eficácia e eficiência das atividades desenvolvidas por essas IES, admitindo que a mensuração do desempenho dessas instituições deve ser realizada pela aferição do cumprimento de parâmetros de qualidade estabelecidos por eles mesmos, principalmente no que se refere à dimensão corpo docente.

Para mensurar essas dimensões, os acadêmicos propõem indicadores quantitativos provenientes de distintas teorias administrativas científicas. Outras vezes, quando se trata da avaliação das instituições federais de ensino, os mesmos acadêmicos não aceitam os parâmetros em vigor por considerarem que as IES públicas possuem especificidades tais que tornam a avaliação da dimensão corpo docente desnecessária.

Ao comparar os indicadores utilizados por Sveiby (1998) para mensuração dos ativos intangíveis de uma empresa e aqueles utilizados pelo sistema federal de ensino na avaliação das condições de ensino das IES, verifica-se uma significativa similitude entre os mesmos, conforme intentamos demonstrar por meio do Quadro 10.

Quadro 10 – Comparativo do Monitor de Ativos Intangíveis de Sveiby e dos indicadores do Manual de Avaliação das Condições de Ensino das IES, utilizado pelo INEP

Monitor de ativos de Sveiby

Manual de Avaliação das Condições de Ensino e de Credenciamento de IES do INEP

Competência das Pessoas

Avaliação do Corpo Docente da Instituição

Crescimento/Renovação

a) Graduação na carreira profissional b) Tempo de exercício profissional

c) Custos de treinamento e educação

d) Nível de escolaridade

e) Tempo de exercício profissional

a) Plano de carreira: critérios de admissão e progressão na carreira

b) Tempo de exercício no magistério superior e tempo de exercício profissional fora do magistério superior

c) Política de capacitação docente; incentivo de apoio à participação em eventos científicos e acadêmicos

d) Titulação docente

e) Tempo de exercício profissional na própria IES

Eficiência

a) Mudança no valor agregado por profissional

b) Proporção de profissionais por área de atuação

c) Número de objetivos estabelecidos que foram alcançados conforme planejamento (alavancagem)

a) Atividade de ensino, pesquisa (ou prática de investigação) e extensão e sua articulação Produções pedagógicas, intelectuais e culturais: propriedade intelectual depositada e registrada

b) Proporção aluno/professor por curso

c) Mecanismos de acompanhamento sistemático dos objetivos da instituição

Estabilidade

a) Taxa de rotatividade dos profissionais

b) Média etária dos profissionais c) Estabilidade profissional na instituição

d) Tempo de serviço na instituição

a) Tempo de exercício no magistério superior e tempo de exercício profissional fora do magistério superior; tempo de exercício profissional na própria IES

c) Regime de trabalho: horista, parcial ou integral; Plano de carreira docente: critérios de admissão e progressão na carreira; política de capacitação

d) Tempo de exercício profissional na própria IES

Quadro construído pela autora baseado nos indicadores do Monitor de Ativos Intangíveis de Sveiby (1998) e nos indicadores do Manual de Avaliação das Condições de Ensino da DAES/INEP

A análise dos Quadros 9 e 10 permite identificar que os indicadores pro postos por Sveiby (1998) para mensurar alguns dos ativos intangíveis em uma organização – no caso o Capital Humano – encontram-se igualmente presentes nos instrumentos de avaliação realizada pelo MEC/INEP e servem de parâmetro para constatar a formação e a qualificação profissional dos docentes das IES e a sua atuação ou desempenho na gestão acadêmica, no ensino e nas demais atividades afins (DAES, INEP, 2001).

As dimensões contempladas pelo Manual de Avaliação das Condições de Ensino que recebem maior peso na análise dos resultados das categorias avaliadas são as referentes à formação acadêmica e profissional do docente e às condições de trabalho do docente na IES, ponderadas com 35 pesos cada uma. Pode-se, então, constatar, a partir dos referidos documentos, que o Ministério da Educação considera o Capital Humano dos docentes como sendo de maior importância para o cumprimento da missão da IES e a avaliação da qualidade de ensino oferecida pela instituição.

O discurso dos dirigentes e gestores das IES privadas mostra a preocupação dos mesmos com os resultados de suas instituições, com o preenchimento das vagas disponibilizadas e com seu crescimento no mercado educacional, que se mostra cada vez mais competitivo devido ao crescimento da demanda e à expansão da educação superior. Parece haver, no entanto, uma resistência, por parte destes, em aceitar a avaliação externa, pois entendem que os indicadores utilizados nem sempre estão de acordo com a realidade da IES, além de temerem os resultados da avaliação, pois este pode levantar dúvidas sobre a eficiência e a eficácia de sua estrutura e da educação que oferecem. Por sua vez, a análise dos indicadores dos instrumentos de avaliação

oficial indica que estes foram construídos com base em modernas teorias de gestão e seus parâmetros de avaliação. Algumas destas teorias de gestão, como a Gestão do Conhecimento, consideram o Capital Humano como o principal recurso das organizações e priorizam a sua utilização para o alcance dos objetivos organizacionais e o aprimoramento da eficácia e de eficiência dos serviços educacionais prestados ao consumidor.

4.3.2 Utilização dos indicadores do Manual de Avaliação das Condições de Ensino