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As pesquisas realizadas pela UNESCO (1999) revelam que o número de estudantes no ensino superior em todo o mundo cresceu de 46 milhões em 1980 para 65 milhões em 1991. A projeção feita por essa organização em relação a esse nível de educação é que as matrículas cheguem a 97 milhões em 2015 e a 100 milhões em 2025.

No que se refere ao Brasil, os últimos três Censos da Educação Superior (2000, 2001 e 2002) revelam um crescimento médio nas matrículas de, aproximadamente, 12% ao ano. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2001 o número total de matrículas naquele ano era de 3.030.754.

Ao se analisar esses dados, constata-se que o Brasil tem colaborado para que as projeções da UNESCO tornem-se realidade. Nota -se que a oferta de vagas no ensino superior tem crescido e que, concomitantemente, a soma das instituições públicas e privadas, no Brasil, de 1999 a 2001, aumentou de 1.097 para 1.391. Esses números indicam um crescimento de instituições na faixa de 26,8% nesses últimos três anos. Trindade (2001) destaca que a massificação e a privatização foram os dois traços dominantes na evolução da educação superior na América Latina. Pelos dados apresentados no Censo de 2001, publicado em 2002, esses dois aspectos dizem respeito também ao Brasil.

expansão da educação superior no Brasil, confirmam as desigualdades entre as regiões apontadas pela UNESCO na mesma pesquisa. Nas regiões Norte e Centro- Oeste do país, no período de 1990 a 1994, o movimento das matrículas foi inverso ao do país como um todo. Enquanto a taxa de crescimento das matrículas no Brasil foi de 1% nesse período, nessas duas regiões foi de 12,2%, no mesmo período.

Comparando-se os dados apresentados nos últimos três Censos, verifica-se que esse quadro de expansão na região Centro-Oeste não se alterou significativamente desde então. No que se refere ao Distrito Federal, ele contava com 24 IES em 1999, passando para 37 em 2001, configurando, assim, um crescimento da ordem de 64,8%.

Com o intuito de compreender melhor o aumento do número de IES privadas do DF, realizamos um levantamento, no início do ano de 2003, e alguns itens referentes às IES do DF relacionadas no Sistema de Educação Superior – SiedSup, do INEP (entidade mantenedora, localização, organização acadêmica e data de credenciamento). O Quadro 2 mostra o nome das IES privadas do Distrito Federal e o resultado do levantamento realizado.

Instituto Tecnológico de Brasília – Ltda Faculdade Ad1 AD1 CEILÂNDIA 1998

Instituto Tecnológico de Brasília – Itb Instituto Superior de Educação Prof Lucia Dantas AD1 CEILÂNDIA 2002

Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal S/C Ltda Instituto de Ciências Sociais – AEUDF AEUDF PLANO PILOTO 1967

Associação Internacional de Educação Continuada Faculdade de Administração de Brasília AIEC/FAAB PLANO PILOTO 2001

Associação Península Norte de Educação, Ciência e Cultura - Aspen Faculdade Cecap do Lago Norte CECAP LAGO NORTE 1999

Associação Península Norte de Educação, Ciência e Cultura - Aspen Instituto Superior de Educação do Cecap CECAP LAGO NORTE 2002

Sociedade Objetivo de Ensino Superior Centro de Ensino Superior Unificado de Brasília CESUBRA PLANO PILOTO 1990

Centro de Ensino Unificado de Taguatinga Ltda Faculdade Santa Teresinha CEUTAG CEILÂNDIA 2000

Fundação Brasileira de Teatro Faculdade de Artes Dulcina de Moraes DULCINA PLANO PILOTO 1980

União de Ensino Superior Paulo Martins - Unipam Faculdade de Administração Escola Sup Prof Paulo Martins ESPAM SOBRADINHO 2001

União de Ensino Superior Paulo Martins - Unipam Instituto Superior de Educação Paulo Martins ESPAM SOBRADINHO 2002

Instituto Euro-Americano de Educação, Ciência e Tecnologia Faculdade Euro-Americana EURO-AMERICANA PLANO PILOTO 1998

Sociedade de Educação e Cultura Caiçaras Faculdade Caiçaras FAC BRAZLÂNDIA 1998

Sociedade Educacional Brasília S/C Ltda Faculdade Brasília de Tec., Ciências e Educação Asa Norte FAC BRASÍLIA GAMA 2001

Sociedade Educacional Brasília S/C Ltda Instituto Superior de Educação de Brasília FAC BRASÍLIA PLANO PILOTO 2001

Campanha Nacional de Es colas da Comunidade - Cnec Faculdade Cenecista de Brasília FACEB CEILÂNDIA 2000

Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - Cnec Instituto Superior de Educação Cenecista de Brasília FACEB CEILÂNDIA 2002 Sociedade Educacional De Ensino Superior do Lago Ltda - Sesla - Faculdade de Negócios e Tecnologia da Informação FACNET/NDA TAGUATINGA 2001

Associação Brasil Central de Educação e Cultura Faculdade Juscelino Kubitschek FACULDADE JK TAGUATINGA 1998

Associação Brasil Central de Educação e Cultura Faculdade de Administração JK FACULDADE JK TAGUATINGA 2002

Associação Brasil Central de Educação e Cultura Faculdade de Ciências Biológicas JK FACULDADE JK TAGUATINGA 2002

Associação Brasil Central de Educação e Cultura Faculdade De Comunicação Social JK FACULDADE JK TAGUATINGA 2002

Associação Educativa de Brasília Faculdade Garcia Silveira FAGS SOBRADINHO 1996

Associação Religiosa e Beneficente Jesus Maria José Faculdade Jesus Maria Jose FAJESU TAGUATINGA 1999

União Brasiliense de Ensino Superior e Pesquisa S/C Ltda Faculdade Albert Einstein FALBE PLANO PILOTO 2001

União Brasiliense de Ensino Superior e Pesquisa S/C Ltda Instituto Superior de Educação Albert Einstein FALBE PLANO PILOTO 2002 Centro de Aperfeiçoamento em Propaganda e Marketing - Cenape Faculdade de Administração e Marketing de Brasília FAMA PLANO PILOTO 2002

Brasil Central de Educação e Cultura Faculdade Projeção FAPRO TAGUATINGA 2000

União Educacional Serrana Ltda Faculdade Serrana de Ensino Superior FASEP SOBRADINHO 2001

União Educacional Assembléia de Deus Elim Faculdade Assembleiana FASSEM SAMAMBAIA 1999

Centro de Apoio de Vivências Agrárias – Cava Faculdade da Terra de Brasília FTB RECANTO DAS EMAS 1999

Centro de Apoio de Vivências Agrárias – Cava Faculdade de Educação da Terra de Brasilia FTB RECANTO DAS EMAS 1999

União Brasiliense de Ensino Superior Instituto Brasiliense de Tecnologia E Ciência - IBTC IBTC/OBJETIVO PLANO PILOTO 1998

Instituto Compacto de Ensino Superior e Pesquisa Faculdade Compacto de Ciências Gerenciais ICESP GUARÁ I 1995

Instituto Compacto de Ensino Superior e Pesquisa Faculdade Compacto de Educação ICESP GUARÁ II 1999

Instituto Compacto de Ensino Superior e Pesquisa Faculdade Compacto de Comunicação Social ICESP GUARÁ I 2001

Instituto de Ensino Superior Social e Tecnológico Faculdade de Ciências Tecnológicas e Sociais ICESP GUARÁ I 2001

Sociedade De Educação E Cultura S/C Ltda Instituto de Educação e Ensino Superior de Samambaia IESA SAMAMBAIA 2001

Centro de Educação Superior de Brasília – Cesb Instituto de Educação Superior de Brasília IESB PLANO PILOTO 1998

Associação de Ensino Superior do Centro Oeste Instituto de Ensino Superior do Centro Oeste IESCO TAGUATINGA 2001

Centro De Estudos Superiores Planalto Ltda Faculdade Planalto de Filosofia Ciências e Letras IESPLAN PLANO PILOTO 1998

Centro de Estudos Superiores Planalto Ltda Instituto de Ensino Superior Planalto IESPLAN PLANO PILOTO 1999

Instituo Rui Barbosa do Brasil Ltda Faculdade Michelangelo MICHELANGELO PLANO PILOTO 2000

Millenium Consultoria e Treinamento Ltda Faculdade Millenium MILLENIUM PLANO PILOTO 2002

Multieducativa Sociedade Educacional Ltda Faculdade Multieducativa MULTIEDUCATIVA CEILÂNDIA 2002

Sociedade de Ensino Tecnologia Educação e Cultura Faculdade Alvorada de Informática e Processamento de Dados SETEC/ALVORADA PLANO PILOTO 1988 Sociedade de Ensino Tecnologia Educação e Cultura Faculdade Alvorada de Educação Física e Desporto SETEC/ALVORADA PLANO PILOTO 1992

União Brasiliense de Educação e Cultura Universidade Católica de Brasília UCB TAGUATINGA 1974

União Educacional de Brasília Instituto de Ciências Sociais Aplicadas UNEB PLANO PILOTO 1981

União Educacional de Brasília Instituto de Ciências Exatas UNEB PLANO PILOTO 1988

União Educacional Certo - Unicerto Faculdade de Letras União de Ensino Superior Certo UNICERTO TAGUATINGA 2000

União Educacional Certo - Unicerto Faculdade de Cienc. Exatas e Tecnológicas da União de Ensino UNICERTO TAGUATINGA 2001

Centro de Ensino Unificado de Brasília Centro Universitário de Brasília UniCEUB PLANO PILOTO 1968

Universidade Paulista14 UNIP PLANO PILOTO

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC – Faculd de Ciências Agrárias do Planalto Central UNIPLAC/AGROPLAC GAMA 1997 União Educacional do Planalto Central UNIPLAC - Faculd de Ciências Gerenciais do Planalto Central UNIPLAC/CIGEPLAC LAGO SUL 1999 União Educacional do Planalto Central UNIPLAC – Faculd de Ciências Contábeis do Planalto Central UNIPLAC/CONPALC LAGO SUL 1998 União Educacional do Planalto Central UNIPLAC - Faculd de Ciência e Tecnologia do Planalto Central UNIPLAC/FACIPLAC GAMA 1999

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC - Faculdade de Medicina do Planalto Central UNIPLAC/FAMELAC GAMA 2002

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC - Faculdade de Farmácia do Planalto Central UNIPLAC/FARMPLAC GAMA 2001

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC – Faculd de Reabilitação do Planalto Central UNIPLAC/FARPLAC LAGO SUL 1989

União Educacional do Planalto Central UNIPALC - Faculd de Arquitetura e Urba do Planalto Central UNIPLAC/FAUPLAC PLANO PILOTO 1999

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC - Faculdade de Enfermagem do Planalto Central UNIPLAC/FENPLAC GAMA 2000

União Educacional do Planalto Central UNIPLAC – Faculd de Odontologia do Planalto Central UNIPLAC/FOPLAC GAMA 1986

União Educacional do Planalto Central UNILAC - Faculdade de Ciências Jurídicas do Planalto Central UNIPLAC/JURPLAC GAMA 2002

União Pioneira de Integração Social Faculdades Integradas da Upis UPIS PLANO PILOTO 1973

Elaborada com base em dados do Sistema da Educação Superior – SiedSup/INEP (www.inep.gov.br) março de 2003 e dados coletados via telefone.

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A pesquisa constatou que a Universidade Paulista – UNIP não aparece na relação de IES dessa região, por se tratar de uma filial da matriz de São Paulo. Em entrevista telefônica com o dirigente da filial da IES de Brasília, este esclareceu que foi concedida autorização temporária de funcionamento dessa fora da sede. Para fins deste trabalho, a UNIP foi computada como mais uma IES no DF.

Santa Maria, Gama, Samambaia, Riacho Fundo, Recanto das Emas, Ceilândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Brazlândia, Paranoá, Guará e Candangolândia. Até 1993, o DF possuía apenas uma IES funcionando fora do Plano Piloto. Atualmente, esse quadro mudou, mas o Plano Piloto ainda continua detentor de 44% das IES privadas, com 19 instituições de ensino em funcionamento nessa região. As demais estão distribuídas da seguinte forma: 8 em Taguatinga, 5 em Ceilândia, 3 em Sobradinho, 2 no Gama, 2 em Samambaia e as demais estão em Brazlândia, Guará, Lago Norte, Lago Sul e Recanto das Emas.

Até 1950, o acesso às universidades na América Latina era restrito às elites, ou seja, apenas 2% dos jovens de 18 a 24 anos estavam matriculados no ensino superior no Brasil. Na década de 60, esse percentual subiu para 6%. O início da massificação desse nível de educação se manifesta quando a porcentagem atinge 13,5% (1980), 16,6% (1990) e 20% (2000) (Trindade, 2001). Os dados apresentados no Quadro 2 revelam que a demanda pela educação superior não é mais privilégio de uma determinada classe social, como mostram as pesquisas das décadas de 70 e 80, mas que o anseio pela educação superior está em todas as classes sociais. Algumas IES foram abertas em outras Regiões Administrativas do DF como forma de atender às necessidades de sua população, mesmo nas regiões de baixa renda.

Corroborando o pensamento de Bruner (1990), com relação à América Latina, percebe-se que a expansão das IES privadas do Distrito Federal seguiu alguns dos

efeitos da massificação apontados pelo autor: (1) a regionalização, com a abertura de instituições de ensino nas diversas Regiões Administrativas do DF; (2) a privatização, com aproximadamente 70% das matrículas nas IES privadas; (3) a feminilização, uma vez que os dados do último Censo mostram que 57,3% das matrículas das instituições privadas são do sexo feminino, como veremos mais adiante; e (4) a concentração, com os cursos das carreiras de ciências sociais, educação e administração de empresas sendo os mais procurados pelos alunos. Acredita-se, ainda, que esses cursos continuam sendo os mais oferecidos pelas IES privadas, provavelmente, por serem os de mais fácil montagem e os menos onerosos para as instituições e os alunos.

Quanto à massificação do acesso à educação superior, a pesquisa realizada por Sampaio (1998) estabelece uma relação entre este fenômeno e a queda da qualidade do setor. A autora ressalta que alguns pa íses da América Latina, principalmente Argentina e México, adotaram um critério mais restritivo de seleção, voltado para as elites, conseguindo, assim, preservar a qualidade dos seus sistemas nacionais de educação superior.

Acredita-se que a expansão do ensino superior no DF está vinculada não só ao crescimento demográfico da região, cuja população é, hoje, de 2.051.14615 habitantes, mas também pela crescente demanda proveniente do aumento do número de alunos concluintes do ensino médio nos últimos anos e pela necessidade de atualização e formação permanente requerida pelo mercado de trabalho. Além disso, houve ainda a

15 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000. Disponível em <http/:

exigência de que todos os profissionais do ensino possuíssem, até 2007, formação superior, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fazendo com que muitos docentes das redes pública e privada, buscassem sua titulação e adequação profissional para continuar atuando no mercado de trabalho.

Esses percentuais de aumento de instituições privadas e de suas matrículas demonstram, ainda, na perspectiva da privatização, que a Universidade de Brasília – UnB dificilmente teria condições de atender à demanda de alunos para cursar a educação superior no Distrito Federal, mesmo com a abertura de cursos no turno noturno. Se computarmos o total de vagas abertas nos últimos anos por aquela Universidade, ainda assim teríamos uma defasagem muito grande em relação à demanda de estudantes à procura da educação superior. Desta forma, os empresários do setor educacional encontraram no DF novas oportunidades de expandir seus negócios, com a abertura de novas IES.

3 METODOLOGIA

Este capítulo refere-se aos procedimentos metodológicos que nortearam nosso trabalho, referenciados nos princípios da pesquisa em ciências sociais e na investigação em educação. O presente capítulo foi dividido em três partes: a primeira trata da caracterização da investigação, a segunda descreve a população e a amostragem da pesquisa e a terceira esclarece sobre os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa para o alcance dos objetivos a que se propôs.