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4.2 Opiniões dos aprendizes em relação à experiência com o aplicativo

4.2.1 Análise e discussão dos dados da escala Likert

No que diz respeito à primeira afirmação da escala Likert - Costumo usar o WhatsApp para atividades voltadas ao aprendizado de Inglês – nenhum dos participantes concordou totalmente. Cinco participantes do grupo controle discordaram parcialmente e sete do grupo experimental fizeram o mesmo. Nove participantes (observando os dois grupos juntos) nem concordaram, nem discordaram. Ainda considerando os dois grupos juntos, onze participantes concordaram parcialmente. A maioria concordou ou discordou parcialmente da

afirmação, 10 no grupo controle e 12 no grupo experimental (ver gráfico 3). Conforme podemos observar, os dados mostram que, independente do grupo, a maior parte dos participantes relatou não ter o hábito de usar o WhatsApp para atividade voltadas ao aprendizado de inglês, o que pode representar um indicativo de que o potencial desse aplicativo no desenvolvimento de uma L2 ainda é subutilizado.

GRÁFICO 3 – Resposta à primeira afirmação da escala Likert – Experiência com o aplicativo para aprendizado de Inglês

Conforme discutido na fundamentação teórica, estes dados parecem explicitar que as tecnologias digitais e, em especial, o M-Learning (LAOURIS E ETEOKLEOUS, 2005), vêm ganhando cada vez mais espaço nos dias atuais. Em paralelo, considerando a popularidade do aplicativo WhatsApp no Brasil (de acordo com o seu site oficial, cerca de 120 milhões de pessoas o utilizam) e os resultados da nossa pesquisa, nós, assim como outros pesquisadores trazidos na nossa fundamentação teórica (COSTA, 2013; PORVIR, 2013; BOUHNIK, DESHEN, 2016), defendemos que o referido aplicativo pode representar uma ferramenta com potencial ao aprendizado de uma L2 e que seu uso sistemático para esse fim deve ser explorado mais explorado pelos professores no futuro.

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Grupo controle Grupo experimental

Considerando a segunda afirmação da escala Likert - Tive dificuldades em falar pelo tempo mínimo de um minuto – o gráfico 4 mostra que nenhum dos participantes discordou totalmente, ou seja, nenhum participante afirmou achar fácil a tarefa de gravar sua fala. Observando os dois grupos juntos, sete participantes concordaram totalmente e sete discordaram parcialmente. Dezesseis participantes nem concordaram, nem discordaram. A maioria concordou parcialmente com a afirmação, 10 no grupo controle e 14 no grupo experimental. Mesmo tendo a liberdade de gravar seus áudios onde achassem mais conveniente, de poder praticá-los quantas vezes desejassem e de não sofrer a pressão de ter que produzir uma fala imediata, aqui consideramos especialmente relevante destacar o fato de que não houve participantes que declarassem ter achado simples falar pelo tempo mínimo.

GRÁFICO 4 – Resposta à segunda afirmação da escala Likert - Dificuldades em falar pelo tempo mínimo

Baseados na nossa discussão teórica, é possível desenvolver um alto grau de compreensão em uma segunda língua sem que o mesmo aconteça na produção. Porém, de acordo com Swain (1995), é somente na produção que o aprendiz testa hipóteses e, com isso, se torna capaz de entender o que consegue ou não expressar. Ou seja, por um lado, a fala requer um maior

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esforço do aprendiz, já que o compele a ser um sujeito ativo. Por outro lado, representa o caminho mais eficaz para o desenvolvimento da produção oral. No nosso estudo, o curto período de tempo destinado à intervenção pedagógica, somado ao nível de proficiência dos participantes, pode ter contribuído para as respostas obtidas.

No que tange à terceira afirmação da escala Likert - Gostei da experiência de gravar e enviar meu speaking – analisando os grupos controle e experimental juntos, nenhum dos participantes discordou parcialmente ou nem concordou, nem discordou. Três participantes discordaram parcialmente. A maioria concordou totalmente, dezoito no grupo experimental e dezenove no grupo controle. Nove participantes do grupo experimental concordaram parcialmente, e cinco fizeram o mesmo, no grupo controle. Ou seja, com base nas respostas, é seguro dizer que a experiência de gravar e enviar o speaking, embora tenha sido novidade, foi vista com bons olhos pelos participantes.

GRÁFICO 5 – Resposta à terceira afirmação da escala Likert – Impressões sobre a eficácia da atividade

Embora o uso do WhatsApp para desenvolver a produção oral ainda não seja uma prática recorrente nas escolas, as pesquisas vêm sinalizando que o aplicativo contribui para otimizar o tempo de sala de aula, permite que se

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aprenda em qualquer hora e lugar e melhora a comunicação e a aprendizagem contínua (PORVIR, 2013). O fato de a maioria dos alunos ter declarado que gostou da experiência é importante porque representa mais uma porta para auxiliar a aprendizagem de uma segunda língua, em especial devido a três grandes vantagens trazidas pelo M-Learning: a autonomia, a mobilidade e a flexibilidade (OLIVEIRA, 2014). Autonomia porque dá ao aluno a prerrogativa de organizar seu próprio estudo. Mobilidade porque garante que o aprendizado aconteça em qualquer ambiente (não só na sala de aula). Flexibilidade, pois permite que professores e alunos interajam além do horário regular.

Em relação à quarta afirmação da escala Likert - Achei que o feedback da teacher me ajudou a melhorar meu speaking – nenhum dos participantes discordou parcial ou totalmente. Cinco participantes nem concordaram, nem discordaram. Quinze concordaram parcialmente e a maioria concordou totalmente, 19 no grupo experimental e 15 no controle. Neste ponto julgamos importante destacar que, além da maioria dos participantes ter declarado que o feedback os ajudou a melhorarem suas falas, este número foi mais expressivo no grupo experimental, o que corrobora nossa hipótese de que feedback de gramática (feedback explícito) favorece mais o desenvolvimento oral.

GRÁFICO 6 – Resposta à quarta afirmação da escala Likert – Impressões sobre o feedback

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De acordo com a literatura, feedback não deve ser entendido apenas como reflexão, tanto para que os aprendizes identifiquem os pontos fracos das suas produções, quanto para encorajá-los a continuar produzindo. Para que o feedback seja efetivo, é preciso que todos os envolvidos (quem recebe e quem dá o feedback) o vejam como uma troca de experiências e conhecimentos (NASSAJI; SWAIN, 2000). Ou seja, o feedback, pelo seu caráter dialogado, pode ser uma aliado no processo de aprendizagem. Ademais, o feedback incentiva os alunos a testarem suas hipóteses, além de orientar os aprendizes na modificação ou no reprocessamento de seu output (SWAIN, 1993; 1995). O fato da maioria dos participantes, em ambos os grupos, terem achado que o feedback ajudou a melhorar o speaking representa um indicativo de que o feedback pode ter ajudado os participantes a desenvolver sua produção oral. Mais ainda, nossos dados explicitam que o grupo experimental gostou mais de receber o feedback do que o controle, o que representa um indicativo de que os alunos preferem receber feedback explícito e vai ao encontro da nossa hipótese de que o feedback de gramática traria mais benefícios aos participantes.

Analisando as respostas à quinta afirmação da escala Likert - Gostei da liberdade de poder gravar meu speaking onde achasse melhor – observando os dois grupos juntos, sete participantes discordaram parcial ou totalmente. Nove nem concordaram, nem discordaram. Oito concordaram parcialmente. A maioria concordou totalmente, 16 no grupo experimental e 14 no controle. Ou seja, conforme podemos observar no Gráfico 7, a maior parte dos participantes considerou o fato de poder gravar o speaking onde achasse melhor como algo positivo. Aqui achamos interessante comparar estes dados com os obtidos na primeira afirmação da escala Likert (Costumo usar o WhatsApp para atividades voltadas ao aprendizado de Inglês), pois o fato de os participantes tenham gostado da autonomia que tiveram parecem reforçar nosso entendimento acerca da relevância de voltarmos nossos olhos para o uso do WhatsApp como uma ferramenta a mais na aprendizagem de L2.

GRÁFICO 7 – Resposta à quinta afirmação da escala Likert – Liberdade para escolher onde gravar

O uso do celular no aprendizado de uma segunda língua pode representar uma flexibilização do aprendizado, que passa a ocorrem também fora do ambiente de ensino tradicional. Segundo Menezes (2009), essa prerrogativa é especialmente benéfica quando levamos em conta alunos que têm dificuldades para se comunicar (que são tímidos, por exemplo), já que o celular proporciona um ambiente confortável para o desenvolvimento da comunicação oral, desenvolvendo a confiança do estudante e estimulando a privacidade. O WhatsApp também pode contribuir para reduzir o nível de ansiedade dos alunos (HAN; KESKIN, 2016). Assim, o WhatsApp, ao dar ao aluno a possibilidade de regravar seus áudios e de se auto corrigir quantas vezes julgar necessário, pode contribuir para o aprendizado, como indica nosso estudo.

No que concerne à sexta afirmação da escala Likert - Gravei meu áudio várias vezes, antes de enviá-lo para a teacher – nenhum dos participantes discordou totalmente ou nem concordou, nem discordou. Oito participantes, considerando os grupos controle e experimental juntos, discordaram parcialmente. A maioria dos participantes concordou. No grupo experimental, 8 concordaram parcialmente e 16 totalmente; no controle, estes números foram 9 e 13, respectivamente. Na prática, o Gráfico 8 mostra que, de maneira geral, os participantes disseram ter gravado o áudio várias vezes, antes de enviá-lo.

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Estes dados se alinham com nossos achados em relação a acurácia (ver seção 4.1). e parecem corroborar nosso entendimento de que, ao praticarem, os aprendizes desenvolvem sua produção oral.

GRÁFICO 8 – Resposta à sexta afirmação da escala Likert – Número de áudios gravados

Em consonância com o que trabalhamos na nossa fundamentação teórica, a mente humana possui limitações no que tange à sua capacidade de armazenamento de informações. Atividades que, em princípio, exigem bastante atenção para serem realizadas, tendem, com a prática, a se tornarem automáticas. Em outras palavras, segundo Gass (1997), uma tarefa que, no começo, exige alta capacidade de processamento pode, através de repetições, se tornar automática. Nesse sentido, quanto mais o aprendiz pratica, mais ele desenvolve a automaticidade. Além disso, de acordo com o entendimento de Swain (1995), ao terem a oportunidade de editarem seu output, os alunos podem melhoram sua produção oral. Logo, os resultados sugerem que o interesse dos participantes em regravarem seus áudios, antes de enviá-los, pode ser um indicativo da relevância desse tipo de atividade no desenvolvimento da produção oral em L2.

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Por fim, considerando a sétima e última afirmação da escala Likert - Planejei cuidadosamente o meu speaking, antes da primeira gravação – nenhum dos participantes nem concordou, nem discordou ou discordou totalmente. A maioria concordou totalmente (17 no grupo controle e 15 no experimental). Analisando os dois grupos juntos, sete participantes discordaram parcialmente e quinze concordaram parcialmente, conforme representado no gráfico 9. Em suma, conforme podemos observar no Gráfico 9, a maioria dos participantes disse ter planejado o speaking com cuidado, antes da primeira gravação , o que significa que esse planejamento pode ter impactado nossos resultados de forma positiva, pelo menos no que diz respeito à acurácia.

GRÁFICO 9 – Resposta à sétima afirmação da escala Likert - Planejamento da produção oral

Conforme discutido na fundamentação teórica, o aprendiz não consegue focar a atenção, ao mesmo tempo, em todos os aspectos necessários à produção da língua. Com isso, temos o efeito trade-off, no qual o aprendiz tenta equilibrar a lacuna em algum aspecto focando em outro. O planejamento feito antes de desempenhar uma tarefa oral pode ajudar a equilibrar esse processo. Segundo Skehan (1996), o planejamento pré tarefa pode levar o aprendiz a

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entender melhor o que deve fazer e refletir sobre a atividade, além de contribuir para que o falante tenha um tempo para planejar o que pretende dizer. Nesse sentido, o fato de terem um tempo para pensarem sobre o que querem falar pode representar uma vantagem no nível de desempenho de aprendizes de uma segunda língua (FOSTER; SKEHAN, 1996).