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Coletamos os dados em dois momentos distintos, nos períodos compreendidos entre os meses de maio e julho de 2017 e, posteriormente, entre os meses de setembro e novembro de 2017. Nosso contexto de observação foi uma escola privada de idiomas na cidade do Natal, RN. Nesta

instituição, as aulas acontecem duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração (cada encontro) ou uma vez por semana, com 2h45 por encontro.

Devido à pesquisa, nos dois semestres de 2017, a pesquisadora entrou em acordo com a direção da escola para lecionar em turmas de nível elementar12. A escolha por turmas deste nível deu-se porque alunos inciantes apresentam uma prerrogativa de desenvolvimento maior. A ideia inicial da pesquisadora era coletar os dados com todos os seus grupos, mas, devido a problemas na carga horária13, acabou optando pela intervenção somente nas turmas com dois encontros semanais. Considerando as turmas da semana (com dois encontros), em 2017.1 a pesquisadora deu aula para três grupos, totalizando 59 alunos. Já em 2017.2, teve quatro grupos, contabilizando 47 estudantes14. Do total de 106 alunos, 54 concluíram a pesquisa.

Entre as razões que podem justificar a diferença entre o número de participantes que começaram e concluíram a coleta de dados, temos o fato de: os participantes terem achado a tarefa difícil ou desinteressante, alguns participantes terem lido um texto, ou respondido perguntas, ao invés de efetivamente produzirem oralmente, alguns participantes terem medo da exposição e não terem conseguido lidar com isso, terem dificuldade para falar pelo tempo mínimo estipulado de um minuto e terem usado a língua materna.

Resumindo, os participantes do estudo foram 54 alunos de sete turmas distintas, três no primeiro semestre de 2017 e quatro no segundo. O grupo experimental foi formado por 21 mulheres e 8 homens, enquanto o grupo controle era composto por 16 mulheres e 9 homens. Entre os 54 participantes, 17 eram do sexo masculino e 37 do sexo feminino. O número 54 representa os

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Segundo o Quadro Europeu Comum de Referência, esse nível se enquadra no usuário elementar A1, que se refere a um aprendiz que pode entender e utilizar expressões familiares do dia a dia, bem como frases básicas direcionadas a satisfazer necessidades concretas. Pode se apresentar e responder perguntas sobre detalhes de sua vida pessoal como, por exemplo: onde vive, pessoas que conhece ou coisas que possui. Pode ainda interagir de maneira simples com nativos desde que estes falem pausadamente, de maneira clara e que estejam dispostos a ajudar (Instituto Camões, 2012).

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No referido curso de idiomas, as aulas com apenas um encontro semanal são ministradas aos sábados (pela manhã e a tarde). Há um intervalo de 15 min, o que faz com que o horário total semanal seja reduzido de 3h para 2h45. Além disso, é comum alunos chegarem atrasados, ou demorarem mais que 15 min para voltar do intervalo. Assim, embora a pesquisadora tenha chegado a mencionar, em sala, a ideia das atividades com o WhatsApp, como os encontros precisavam ser mais “corridos” do que na semana, optou por não realizá-la. 14 A diminuição no número de alunos do primeiro para o segundo semestre é uma característica comum à escola. Daí o número de alunos ter sido menor, mesmo com uma turma a mais.

aprendizes que participaram de todas as fases da coleta e responderam o questionário15. O Gráfico 1 apresenta o gênero dos participantes.

GRÁFICO 1 – Gênero dos participantes

No que diz respeito à faixa etária, os participantes tinham entre 19 e 37 anos. No grupo experimental, a média de idade dos participantes é 27,3. Já no controle, 28,6. A média geral de idade dos participantes desta pesquisa (grupo controle + grupo experimental) é de 27,9. O Gráfico 2 representa esses dados.

GRÁFICO 2 – Idade dos participantes

A metodologia utilizada no curso de idiomas onde os dados foram coletados é a abordagem comunicativa16, e as tarefas17 de produção oral foram

15 Para fins de análise, ficou estabelecido que o número mínimo de áudios para que a coleta fosse validada seriam três (de um máximo de quatro). Entre os 54 participantes da pesquisa, 33 fizeram as quatro atividades e 21 fizeram três delas.

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De acordo com Larsen-Freeman (2000), a abordagem comunicativa tem como premissa básica fazer da competência comunicativa o objetivo do ensino da língua, bem como reconhecer a interdependência entre a linguagem e a comunicação (WIDDOWSON, 1990).

0 5 10 15 20 25 Grupo experimental Grupo controle Mulheres Homens 26,5 27 27,5 28 28,5 29 Grupo experimental Grupo controle Todos os participantes

todas baseadas nos temas propostos pelo livro didático. No nível elementar, o material didático utilizado é o World English 1, da National Geographic18.

Além de participantes de nível elementar apresentarem um potencial de desenvolvimento elevado, a escolha de participantes de nível A1 também se deu pelo nosso interesse em encontrar, desde os níveis elementares, formas concretas para ajudar nosso aluno a desenvolver a habilidade oral numa segunda língua. Ademais, justificamos a coleta nas turmas da própria pesquisadora devido à necessidade de orientação dos alunos durante as atividades com o WhatsApp. Além disso, era imperativo que a pesquisadora mantivesse contato frequente com os participantes, tanto para orientá-los, quanto para fornecer feedback das atividades propostas.

Outro ponto que merece destaque é a relação de solidariedade que se estabeleceu entre a pesquisadora e o participante, no período das atividades do WhatsApp. Raramente os áudios se restringiram a oito (considerando alunos que fizeram as 4 atividades – 4 áudios (uma para cada atividade proposta) + 4 feedback). Muitas vezes os estudantes reagiam ao feedback, pediam orientações sobre como começar a gravação ou expressavam suas dificuldades/desânimo, instigando uma resposta da pesquisadora (para preservar o engajamento).

Uma curiosidade sobre a troca de áudios foi a ansiedade dos alunos em receber uma resposta o mais rápido possível, após cada atividade. O WhatsApp indica, através de duas barras azuis, quando a mensagem foi visualizada (esse recurso pode ser desativado, mas não foi esse o caso, no celular da pesquisadora). Mesmo assim, já na primeira atividade, ficou claro que os estudantes esperavam algum retorno, uma palavra de incentivo, que os assegurassem que estavam no caminho certo. Pensando nisso, a pesquisadora desenvolveu três estratégias: (1) conversar como todos os alunos em sala, explicando a eles que, devido à falta de tempo, não se preocupassem se o feedback deles só viesse nas madrugadas ou nos domingos, (2) só visualizar o áudio quando pudesse mandar uma resposta 17

Embora reconheçamos o entendimento de Willis (2001) - tarefas são atividades onde a língua-alvo é usada por um aprendiz para um propósito comunicativo de forma a alcançar um resultado - em nossa pesquisa, tarefa e atividade são usados como sinônimos.

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Segundo a NatGeo, alunos que utilizam o referido material (World English 1) são caracterizados com A1+. A escola não trabalha com o World English Intro que, de acordo com a editora, abrange alunos de nível A1.

padrão, agradecendo o envio (3) criar uma resposta padrão, para recortar e colar, sempre que recebesse uma atividade: Oba! Tem áudio novo! Q ótimo!! Muito obrigada! Já estou ansiosa pra ouvir! Assim q possível, mando o feedback, tá? Vejo vc no próximo encontro! Até lá! (FIGURA 2).

FIGURA 2 – Exemplo de resposta padrão, agradecendo o envio do áudio

Devido ao fato de a pesquisadora também ser estudante (e ter tido disciplinas do mestrado para pagar no turno da tarde, nos dois semestres de 2017), com exceção de uma turma, todas as outras foram ministradas nos períodos do início da manhã e da noite. Essa informação é relevante na medida em que ajuda a explicar a faixa etária média dos participantes (adultos).19 Consideramos esse resultado como uma feliz coincidência, tendo em vista, como explicado na introdução, que a origem da nossa pesquisa é a grande quantidade de perguntas de alunos adultos, ao longo dos anos, sobre formas práticas para desenvolver a produção oral.

Embora as gravações dos áudios não precisassem, necessariamente, serem feitas através dos celulares dos alunos (que foram orientados quanto à possibilidade de usarem aparelhos emprestados de familiares e/ou amigos), todos os 54 participantes possuíam Smartphones e usaram seus próprios dispositivos durante as atividades através do WhatsApp.

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Na escola em que a pesquisadora coletou os dados, a predominância de adolescentes/crianças é no período da tarde. Pela manhã e à noite, as turmas são, na sua maioria, formadas por adultos.