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6 COLETA DE DADOS, RESULTADOS E ANÁLISES

6.5. Resultados da triagem

6.5.1 Análise estatística

6.5.1.3 Análise em relação ao BIM

A proposta de difusão e incentivo do BIM por meio do Decreto Nº 9.377 (2018), intitulado “Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling”, visa promover um maior uso do BIM na construção civil brasileira e, consequentemente, espera-se que vários escritórios passem a adotar esse tipo de abordagem e suas práticas de projeto num prazo mais curto. A adoção das ferramentas constitui um passo primordial para adoção desse modelo. Nesta pesquisa, 44 escritórios foram identificados como usuários de ferramentas que pressupõem o BIM nas práticas de projeto, apesar de muitos utilizarem as ferramentas para fins de representação e poucos construírem relações entre parâmetros ou a partir de algoritmos. Uma análise estatística foi feita, nesse caso, com o propósito de identificar quais serviços são utilizados por escritórios que supostamente se dedicam a trabalhar com as ferramentas BIM. Os resultados estão no Gráfico 13.

Gráfico 13 – Tipos de serviços prestados por escritórios que adotam ferramentas BIM

A categoria de usuários de ferramentas BIM em relação ao tipo de prestação de serviço tende a seguir o Gráfico 5 mostrado anteriormente. Há uma semelhança no comportamento dos gráficos nas barras que compreendem a arquitetura residencial até a barra de projetos institucionais. São nessas faixas que possivelmente há uma tendência no uso dessas ferramentas. O uso de ferramentas BIM foi bastante mencionado durante a triagem na fase de aprovação de projetos legais, em especial na categoria residencial, enquanto vários escritórios disseram que o uso de ferramentas BIM para projetos de arquitetura de interiores não era viável devido às limitações dos softwares ou devido ao fluxo de trabalho entre softwares. Tal colocação demonstra que, apesar do gráfico tender ao apontamento de que muitos usuários de ferramentas BIM possivelmente usam a ferramenta para projetos de interiores, essa ocorrência de fato talvez não aconteça. O mesmo pode ser visto na administração e gerenciamento de obras porque vários usuários de ferramentas BIM pouco mencionaram o uso de ferramentas para prestação desse tipo de serviço. Nesse caso, uma possível explicação é que, apesar dos escritórios oferecem vários serviços e trabalharem com diferentes categorias de projeto, existe uma certa preferência em se trabalhar com o BIM em algumas categorias. É possível que o fato de muitos escritórios estarem migrando de um modelo de se trabalhar em uma prancheta digital a partir de um processo de projeto linear e tradicional para o estágio pré-BIM implica em adequar um fluxo de trabalho ou processo de projeto. Isso pode ser feito adotando-se projetos mais corriqueiros e menos complexos como teste para adquirir experiência com as ferramentas. Um exemplo seria o teste em projetos residenciais para aprovação em prefeituras, em que soluções de projeto costumam ser mais triviais e permitem que ajustes de projeto sejam mais facilmente feitos em menor tempo, exigindo menos detalhamentos.

Comparando-se o Gráfico 13 com o Gráfico 5, é perceptível a mudança que ocorre nas faixas entre projetos urbanos, de paisagismo e industrial. Enquanto no Gráfico 5 (prestação de serviços) o número de escritórios segue a seguinte ordem: industrial (49), paisagismo (36) e urbano (29), no Gráfico 13 (relação aos usuários de ferramenta BIM) a ordem se inverte: urbano (11), industrial (10), e paisagismo (7). Essa inversão demonstra que existe uma tendência de que os escritórios que fazem projetos de paisagismo não usem softwares BIM, enquanto projetos urbanos estão mais propensos ao BIM. Observa-se que, nos projetos que tendem a maior escala e complexidade ou em que há menos escritórios prestando serviço (paisagismo e objetos), há uma tendência menor de se encontrar usuários do BIM.

No Gráfico 14, podemos ver o comportamento dos usuários de ferramentas BIM em relação ao seu ano de fundação. Os escritórios que se dizem usuários de ferramentas BIM

seguiram o comportamento do Gráfico 2 (anteriormente mostrado sobre o ano de fundação), ou seja, como uma maior quantidade de escritórios foram fundados entre 2011 e 2015, em números absolutos há mais usuários de ferramentas BIM nesse período. No entanto, algumas observações devem ser feitas. A primeira é: como a relação observada foi a cada 5 anos, o período depois de 2016 apresenta uma menor quantidade de escritórios usuários de ferramentas BIM. No entanto, a projeção esperada é de que o quinquênio 2016-2020 siga a proporção de usuários ao longo dos anos, conforme o restante do gráfico. A segunda observação é: se olharmos a proporção de escritórios fundados há mais tempo, veremos que a proporção de usuários em relação ao número absoluto de escritórios se manteve parecida. Dessa forma, fica evidente que tanto os escritórios fundados há mais tempo quanto os escritórios mais novos têm adotado ferramentas BIM, independente do ano em que foram fundados.

Gráfico 14 – Ano de fundação dos escritórios da amostra e ano de fundação dos escritórios da

amostra que usam BIM

Fonte: Autor (2019)

No Gráfico 15, a distribuição dos escritórios que utilizam ferramentas BIM seguiu com certa tendência a proporção do número de arquitetos por escritório até os escritórios com

7 arquitetos, em que a cada 4 escritórios, 1 utiliza o BIM. Como mais escritórios são compostos por até 5 arquitetos, os picos e declínios vistos demonstram essa proporção. Nos escritórios com mais de 9 arquitetos existe uma tendência de uso das ferramentas BIM numa relação próxima a 1 (barra vermelha) para 1 (barra azul).

Gráfico 15 – Número de arquitetos por escritório e número de usuários (escritórios

autodeclarados) de ferramentas BIM da amostra

Fonte: Autor (2019)

Durante a triagem, o escritório que mais possui arquitetos, num total de 20, foi um dos únicos escritórios acima de 10 arquitetos que não trabalham com as ferramentas BIM. Neste escritório, uma das sedes da empresa se encontra em Campinas e, apesar da grande quantidade de arquitetos no escritório, grupos pequenos de arquitetos ou apenas um indivíduo trabalham separadamente em todo o ciclo de um projeto. Assim, este escritório é como se fosse um conjunto de unidades ou “escritórios menores” que se juntam para compor um grande escritório. Segundo o responsável, isso descarta a necessidade de um compartilhamento no BIM.

O segundo escritório com mais de 9 arquitetos que não trabalha com ferramentas BIM se dedica a projetos de interiores residenciais, e como já elucidado, foi um dos tipos de serviço em que uma grande quantidade de escritórios mencionou uma certa dificuldade na aplicação do BIM nesse tipo de projeto. Logo, apesar da baixa quantidade de escritórios que possuem mais de 10 arquitetos, há uma grande possibilidade, e até mesmo uma tendência, de que escritórios de maior porte e com mais funcionários adotem o BIM nas práticas de projeto.