• Nenhum resultado encontrado

5 CATEGORIAS E TAXONOMIAS DE REPRESENTAÇÃO E PENSAMENTO NA

5.2. Taxonomia de Oxman

Em seu artigo, Oxman (2006) cria uma classificação taxonômica de acordo com a forma que o pensamento e os processos computacionais e digitais são aplicados, e aponta as características e propriedades únicas que estão emergindo em novas formas no processo digital. Segundo a autora, o processo de modelagem provê uma estrutura analítica para identificar elementos, links, relações, processos e propriedades do projeto digital. Dessa forma, os modelos podem ser estudados de acordo com uma taxonomia. Os componentes dessa taxonomia usam como base de classificação o tipo de interação e o processo que um projetista usa ao se trabalhar com o computador na hora de projetar e representar suas ideias. Para isso, a autora se apropria das características dos processos cristalizados ao longo da evolução dos métodos de projeto e que estão consagrados em quatro modelos: a representação, a geração, a avaliação e o desempenho.

A) A representação está relacionada à mídia.

B) A geração se refere ao uso de processos generativos. C) A avaliação inclui processos de julgamento e análise.

D) O desempenho está relacionado às considerações programáticas e contextuais que deverão ser atendidas.

As classes de interação são externas quando diz respeito ao modo direto e tradicional de se lidar com as formas. A interação será do tipo interna quando o jeito de lidar com a forma tiver a mediação por meio de certos ambientes digitais, processos ou mecanismos computacionais. De acordo com esses critérios, quatro classes de interação são propostas por Oxman:

A) Interação com a free form ou aquela baseada em papel em meio não digital de representação: é feita por meio de croquis, desenhos à mão ou modelos físicos para criação de projetos.

B) Interação com construtos digitais, ou aqueles baseados no uso tradicional do CAD para rascunhos, desenhos e modelos digitais.

C) Interação com um meio de representação digital gerado por um mecanismo, ou aquele feito de maneira indireta como num processo generativo. Nesse caso, o projetista interage com a estrutura digital que foi gerada a partir de um conjunto de

regras e relações predefinidas para serem traduzidas numa regra processada pelo computador.

D) Interação com um ambiente digital que gera uma representação digital: é a típica interação com partes operacionais de um mecanismo de projeto generativo. Nesse caso o projetista interage com o mecanismo computacional que gera a representação digital.

Com base nessas interações, Oxman explica e distingue as classes paradigmáticas que fazem parte do modelo digital.

A) O primeiro deles é o modelo CAD dividido em modelo descritivo e modelo preditivo. O CAD descritivo é vinculado ao uso representacional do CAD direcionado à manipulação gráfica de objetos digitais. Porém, com a evolução das relações entre o modelo físico e o digital, o processo se torna dual e, dessa forma, a função descritiva de um modelo fica mais integrada a lógica do material e da manufatura. Assim, os modelos descritivos evoluíram para uma integração do virtual e do material. Além das funções de desenho, modelagem e renderização, o CAD pode exercer a função de automação de análise e síntese por meio de processos analíticos sobre modelos geométricos, assim, surge o CAD preditivo. Essa predição está ligada à estimativa de custos, comportamento de estruturas e desempenho ambiental e também tem permitido uma maior integração entre equipes de profissionais que trabalham de forma colaborativa. Enquanto o CAD descritivo tende a ser mais implícito e próximo ao projeto feito no papel, o CAD preditivo tende a tornar o processo mais explícito. No CAD, conexões explícitas indicam que há uma ligação entre uma base de dados de representação e uma avaliação. Em ambos os casos a forma de design thinking é isomórfica, ocorrendo de forma linear e sequencial à medida que o fluxo de informação vai sendo gerado e, a priori, o designer lida com a estrutura geométrica de um projeto de objeto.

B) Modelos de formação digital são modelos que vêm da experimentação e mudam o conceito de se iniciar pela forma. Ao invés disso, inicia-se pela formação. As técnicas digitais são a base desse modelo. No processo de interação, o projetista usa scripts que irão controlar, interagir e operar com a lógica não-determinística do ambiente de geração, mais que deixar explícito a representação em um sistema CAD tradicional ou no papel. A interação e o controle permitem que o ambiente digital entregue o desempenho com ênfase na qualidade formal e geométrica do projeto, apesar da alta

performance e qualidade gráfica que o ambiente virtual tem proporcionado. O controle nesses ambientes faz com que uma subárea leve o projetista a se transformar em um

digital toolmaker. As subcategorias que compõem os modelos de formação são:

modelos topológicos, os modelos de associação e os modelos dinâmicos.

- Os modelos de formação topológica são baseados na exploração topológica e nas geometrias não-Euclidianas. As interações são feitas por manipulação com NURBS e operações de “Lofting”. Modelos morfológicos de complexidade, assim como a hiper- conectividade e a hiper-continuidade e as condições biológicas de conectividade (tais como rizomas), fazem parte das associações com os modelos de formação topológica. - Os modelos de formação associativa são baseados em técnicas paramétricas de projeto. Tanto geometrias standard quanto não-standard podem ser geradas e manipuladas. A forma de interação do usuário pode ocorrer no nível de modelagem formal com um conjunto de técnicas, por exemplo, usando-se funções definidas no Grasshopper, ou ele pode acessar ferramentas embutidas no software para geração de

scripts, como no uso do Python para criação de algoritmos. Conceitos como

adaptabilidade, mudança, continuidade, conectividade e proximidade fazem parte do corpo teórico que descrevem as características comportamentais desse modelo. -Os modelos de formação baseados em movimento, como o próprio nome já sugere, são gerados a partir da articulação da forma (Figura 26). Conceitos como dinamismo, estágios de evolução morfológica, interação e design responsivo utilizam técnicas como keyframe animation, cinemática inversa e acelerada, campos de força dinâmicos e emissão de partículas para processo de geração de formas. A interação do design com a estrutura se dá mediante um meio de animação que gera a forma. A geração é comumente feita em programas capazes de fazer simulação de movimentos seguindo leis da física. Ao projetista cabe à função de idear as regras que geram o movimento e que podem ser controladas de forma paramétrica.

Figura 26 - Vídeo animação Flourishing feita por James Owen San Francisco Based British Artist, James Owen, Creates Motion Graphics Using Simple Mathematical Formulas. Disponível em:< https://parametric-

architecture.com/flourishing-by-james-owen/>. Acesso em 07 Abr. 2019

C) No modelo de projeto generativo há características que o diferem do modelo de formação. Nos modelos de formação, aspectos geométricos da relação estrutural são definidos, porém qualidades formais não são predefinidas de forma que a formação impede uma representação formal explícita no sentido convencional do visual design

thinking. Nos modelos de geração, o projetista interage com o mecanismo de geração

que é responsável pela emergência formal que é derivada de regras, relações e princípios. A forma é, nesse caso, resultado de um processo pré-formulado. Existe uma necessidade exigida do projetista que é alimentar o modo de interação para guiá- lo ao encontro das soluções desejadas. Dois subgrupos fazem parte dos modelos generativos: as gramáticas da forma (shape grammars) e os modelos evolutivos. D) Modelos gerados a partir de desempenho podem ser tanto de formação quanto de geração e são guiados pelo desempenho ou comportamento desejados de um objeto, coisa, projeto, etc. Podem ser definidos tanto por uma técnica de formação quanto por um processo generativo cuja definição é parametricamente controlada por problemas do contexto, sejam eles o local, as condições climáticas, o programa de necessidades, os custos financeiros, as questões sociais, culturais, ecológicas e até mesmo tecnológicas, além de forças externas, como cargas atuantes na estrutura, acústica, transporte. No caso dos modelos compostos de geração com base em desempenho, a própria informação pode ser considerada uma força externa que manipula e ativa

processos digitais responsivos que são transparentes ao projetista. No entanto, esse modelo composto não deve ser confundido apenas com um modelo de simples avaliação. Num modelo baseado em desempenho o objeto é gerado pela simulação da do seu próprio desempenho.

E) Modelos Compostos são hipoteticamente e teoricamente possíveis, contanto que haja uma combinação dos modelos anteriormente descritos.