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1 INTRODUÇÃO

1.3. Materiais e métodos

Segundo as classificações de Babbie (2003), esta pesquisa possui características de uma Survey por apresentar um exame de uma amostra de uma população (escritórios)9. Ainda segundo este autor, uma pesquisa Survey de caráter social empírico serve de base para análises secundárias feitas a partir de dados coletados que se tornam fontes de informação. É amplamente empregada em pesquisas comerciais e para fins descritivos. Permite que um grande número de variáveis seja quantificado e processado fazendo com que o pesquisador construa vários modelos explicativos e associativos de maneira parcimoniosa. Já de acordo com as classificações de Gil (2010), esta pesquisa possui fins exploratórios e descritivos. O método empregado é indutivo, comparativo e observacional. A abordagem é de natureza amostral quantitativa para o levantamento e qualitativa após seleção dos escritórios que forem identificados como possíveis usuários de métodos algorítmicos e paramétricos no processo de projeto. Sendo assim, a primeira parte da pesquisa buscou verificar se os escritórios utilizam

9 O nome para o universo estudado é chamado de população. No caso da Survey, uma unidade de análise pode

ser qualquer coisa. Geralmente é uma pessoa, mas pode ser uma família, uma cidade, et. No caso, a unidade de análise da pesquisa é o escritório e o conjunto de escritórios que em sua totalidade constituem o universo é a população.

tais processos e em que proporção, enquanto a parte qualitativa procura descrever como esses processos estão sendo aplicados.

De acordo com Babbie (2003), numa Survey, a coleta de dados inicial pode servir de base para que uma amostra específica de uma população (escritórios) seja selecionada a partir de critérios pré-determinados e melhor estudada. Dessa forma, esta pesquisa se desenvolveu do seguinte modo:

1 – A primeira etapa da pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica sobre o assunto.

2 – A segunda etapa envolveu um levantamento via Internet e publicações em revistas para o mapeamento de escritórios na cidade de Campinas, para a identificação da população (escritórios).

3 – A terceira etapa consistiu em uma caracterização da população, por meio do envio de e-mail, seguida pela aplicação de um questionário semiestruturado via ligação telefônica para os escritórios mapeados. As etapas 2 e 3 tiveram caráter prioritariamente quantitativo (ver Apêndice A), com tratamento estatístico dos dados coletados.

4 – A partir dos dados da etapa anterior, foram identificados os escritórios que trabalham com processos computacionais mais avançados, envolvendo algoritmos, parametrização ou sistemas generativos. Foi feita então uma visita aos escritórios que utilizam esses processos e que aceitaram participar da pesquisa. Esta etapa, de caráter qualitativo, consistiu em uma entrevista também semiestruturada. (Ver Apêndice B).

A revisão bibliográfica permitiu esclarecer quais os aspectos dentro do processo computacional deveriam ser analisados dentro dos escritórios. Com a revisão bibliográfica, pode-se compreender os processos já avaliados por outros pesquisadores dentro do universo acadêmico brasileiro, de modo que eles pudessem ser identificados nos escritórios Campineiros que utilizam os processos já mencionados. Foram feitas coletas de dados sobre os escritórios e sobre quais ferramentas e métodos são utilizados para o processo de projeto para averiguar o que havia de disponível no mercado e o que tem sido usado de maneira mais recorrente. Desse modo, foi elaborado um Road map e uma lista de contatos para identificar onde os escritórios se concentram, quais práticas são mais comuns e qual o cenário Campineiro da adoção das tecnologias abordadas.

Algumas de nossas questões de pesquisa já foram respondidas de forma qualitativa em outras pesquisas que analisaram de modo aprofundado os processos computacionais em escritórios conhecidos por utilizarem métodos computacionais de vanguarda (e.g.: OLIVEIRA, 2011). Contudo, esses trabalhos não identificaram a proporção de escritórios em que esses processos efetivamente ocorrem. Outros estudos chegaram a mapear o que se está ensinando nas escolas de arquitetura em termos de processos computacionais (e.g. MENEZES et al, 2011). No entanto, novamente, não existe um mapeamento do efetivo impacto das mudanças no mundo acadêmico com relação ao que ocorre na prática profissional. Finalmente, algumas pesquisas identificaram a porcentagem de adoção de software BIM em escritórios, mas em geral elas não verificaram se houve efetivamente uma mudança de paradigma no processo de projeto (e.g. BARISON e SANTOS, 2011).

Este trabalho se debruça sobre uma cidade com evidências de avanços no projeto computacional na área acadêmica (Campinas). Nesse contexto, procura identificar os escritórios na região efetivamente influenciados por esses novos métodos e técnicas (etapa quantitativa). Finalmente, analisa de maneira mais aprofundada apenas estes escritórios para compreender como eles aplicam esses métodos e técnicas (etapa qualitativa). Por fim, uma métrica inspirada em Achten (2009) serviu de base para avaliar o nível de computation presente nestes escritórios. A métrica também serviu de base para uma comparação entre eles.

O método comparativo, segundo Lakatos e Marconi (2007), permite a comparação entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Esse método é empregado em estudos qualitativos e pode até certo ponto explicar e apontar vínculos causais entre os fatores presentes e ausentes. As comparações puderam destacar: o nível de conhecimento sobre o assunto; as práticas sobre a forma de implementação e adoção das ferramentas e métodos; como esses escritórios lidam com tais ferramentas, além dos processos paramétricos e algorítmicos durante o projeto; o que há de comum ou de diferente entre os escritórios; quais os pontos fortes e fracos, as restrições e as possibilidades e as vantagens e as desvantagens dos processos abordados. Um delineamento mais resumido da pesquisa encontra-se na Figura 3.

Como instrumentos desta pesquisa, foram utilizados:

1 – Questionários semiestruturados para entrevistas, tanto para a primeira etapa de seleção quanto para a avaliação do processo de projeto nos escritórios selecionados;