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6 COLETA DE DADOS, RESULTADOS E ANÁLISES

6.3. Resultados preliminares

Como resultado de busca, 428 contatos foram encontrados a partir da metodologia adotada. Após a etapa da entrevista inicial, a situação dos contatos foi melhor avaliada em relação ao funcionamento de cada um. Dos 428 contatos encontrados: 11 não são escritórios

de arquitetura (são escritórios de engenharia, imobiliárias ou lojas); 32 não são de Campinas ou não funcionam mais; 290 contatos são declaradamente escritórios de arquitetura. Essa afirmação pode ser comprovada tanto pelas entrevistas na etapa de triagem quanto pelas redes sociais ativas. Um mapa resultante da informação coletada sobre esses 290 escritórios em funcionamento pode ser visto na Figura 34.

Figura 34 – Mapa de concentração dos 290 escritórios de arquitetura em funcionamento comprovado. Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Conforme o mapa, a concentração de escritórios de arquitetura em Campinas se dá nas áreas mais próximas ao centro, em especial em áreas próximas ao Cambuí, o bairro com a maior concentração de escritórios em funcionamento: ao menos 88 escritórios se localizam no bairro. Nos bairros ao redor do Cambuí, como o Centro, o Jardim Chapadão, a Vila Itapura, o Taquaral, e o Nova Campinas, o número de escritório chega a ser maior que 10 e menor que 20 por bairro. Bairros como o Bosque, o Jardim Guanabara, e outras regiões mais afastadas do Cambuí, como o Alphaville, o Centro do distrito de Sousas e a Cidade Universitária, apresentaram um número entre 5 e 10 escritórios por bairro. Os demais bairros não chegam a ter nem 5 escritórios por bairro.

Figura 35 -Mapa de rendimento médio de responsável por domicílio. Fonte: Prefeitura de Campinas (2006)

com base em dados do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística de 2000. Disponível em:

<http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/publicacoes/planodiretor2006/mapas/mapa21.jpg>. Acesso em: 10 Nov. 2019.

O mapa de concentração de escritórios por bairro (Figura 34), se comparado ao mapa de rendimento médio de responsável por domicílio (Figura 35) que foi disponibilizado pela prefeitura de Campinas (2019), sugere que, coincidentemente, as regiões mais ricas e desenvolvidas de Campinas também tendem a abrigar um maior número de escritórios de arquitetura.

Outro dado verificado (ver Gráfico 2) foi o número de registros de arquitetos no CAU- Campinas a partir de informações autodeclaradas na página “Ache um arquiteto e urbanista” no site do próprio CAU (2019). O levantamento dos registros foi feito entre os dias 13 e 15 de abril de 2019. Nessa data, 2572 arquitetos estavam registrados no CAU-Campinas. A data inicial parte dos primeiros registros encontrados que são da década de 1950. A situação dos registros pode ser vista no Gráfico 3, em que a grande maioria de profissionais, 1901 arquitetos, encontram-se com CAU ativo.

Gráfico 2 – Número de registros autodeclarados de arquitetos no CAU-Campinas entre 1950

e 2019

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados autodeclarados e disponíveis pelo CAU (2019).

A partir do Gráfico 2, fica evidente que houve um aumento considerável do número de registros ao longo dos anos. No entanto, não se pode afirmar se esses profissionais atuam efetivamente na cidade, visto que muitos profissionais podem ter registros em Campinas e atuar em outras cidades. Mesmo assim, o gráfico nos dá indícios da quantidade de profissionais de arquitetura que possivelmente possuem algum vínculo com a prática de arquitetura na cidade.

Gráfico 3 – Gráfico da situação de registros autodeclarados de profissionais de arquitetura no

CAU-Campinas entre 1950 e abril de 2019.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados autodeclarados e disponíveis pelo CAU (2019).

Após a verificação do número de registros, o levantamento foi feito com foco nos escritórios de arquitetura que se autodeclararam “escritórios”, mesmo naqueles compostos por apenas um único arquiteto. A partir disso, para a composição do Gráfico 4, 246 escritórios apresentavam informações em sites sobre o ano de fundação ou responderam sobre o ano de fundação no questionário de triagem.

Gráfico 4 – Ano de fundação de 246 escritórios que fazem parte da amostra

No Gráfico 4, a linha vermelha que representa o número de escritórios que foram fundados demonstra um aumento na abertura de escritórios ao longo dos anos no universo estudado. Deve-se considerar que muitos dos escritórios abertos ao longo do período também podem ter sido fechados. No entanto, para aqueles que compõem o universo e continuam em funcionamento, a maior quantidade foi fundada em 2012.

Tanto no Gráfico 2 de registros do CAU quanto no Gráfico 4 do ano de fundação, o crescimento nem sempre foi constante, sendo que em alguns anos houve quedas tanto no número de registros quanto no número de escritórios. É interessante observar que, em alguns anos, o número de escritórios teve picos de aumento, enquanto o de profissionais registrados não acompanhou o mesmo comportamento, tendo algumas quedas. No entanto, tal comportamento necessita de mais investigações para quaisquer conclusões, o que não cabe no escopo desta dissertação. O que de fato é relevante salientar é que há um abismo grande entre o número de escritórios e o número de profissionais registrados no CAU de Campinas, o que nos leva a crer que muitos profissionais vêm a Campinas apenas para estudar e depois atuam em outros lugares, ou exercem outras funções não vinculadas à arquitetura, ou trabalham como autônomos, ou ainda trabalham em escritórios registrados por outros profissionais.

O último aspecto que pode ser observado, de acordo com as etapas de levantamento em sites e a triagem, foram os tipos de projetos desenvolvidos pelos escritórios. 279 dos escritórios em funcionamento apresentaram dados referentes ao assunto. Os resultados apresentados no Gráfico 5 mostram que, em Campinas, grande parte dos escritórios trabalham com projetos de arquitetura de pequena escala, em especial projetos residenciais e comerciais de menor complexidade. Um grande número de escritórios trabalha com projetos de interiores, em sua maioria residenciais e comerciais, conforme era mencionado nas entrevistas e sites. Uma pequena parcela dos escritórios trabalha com projetos urbanos e paisagísticos. Alguns escritórios se dedicam a atividade de gerenciamento ou administração de obras. Vale ressaltar que muitos escritórios trabalham com vários tipos de projeto simultaneamente, cabendo ao gráfico apresentar apenas a quantidade de escritórios em relação aos tipos de projeto que desenvolvem.

Gráfico 5 – Tipos de projetos desenvolvidos por escritório no universo encontrado

Fonte: Autor (2019)

Em comparação com os dados do censo do CAU (2012) sobre a profissão do arquiteto no Brasil, 92% dos arquitetos ativos que foram entrevistados pelo CAU-BR responderam que trabalhavam efetivamente na área de arquitetura e urbanismo. O Censo ainda trouxe dados sobre a atuação dos profissionais:

Um terço (34%) dos profissionais trabalha majoritariamente com concepção de projetos. Um número menor, mas significativo, 15,88%, participa regularmente na fase de execução. A Arquitetura de Interiores é também uma demanda frequente, com quase 15% dos profissionais dedicados a essa área. Pequenas parcelas do total da categoria dedicam-se a atividades como Planejamento Urbano (3,99%) e Paisagismo (3,36%). (CAU, 2012, p.9)

O censo do CAU (2012) sobre o Brasil em comparação com Gráfico 5 sobre Campinas revela uma proporção parecida no número de profissionais que trabalham em diferentes atividades. Tanto no gráfico quanto no Censo a proporção de escritórios que trabalham com projetos urbanos e paisagísticos é bem menor, sendo os demais projetos e a arquitetura de interiores as áreas que mais abarcam as atividades dos profissionais, ou seja, Campinas tende a seguir o perfil de distribuição das atividades de arquitetos semelhante ao que ocorre no Brasil como um todo.

6.3.1 Número de escritórios resultantes da catalogação e triagem

A situação dos escritórios a partir da catalogação e das respostas se encontram no Gráfico 6. Dentre os 428 contatos, 96 foi a quantidade de escritórios os quais não se pode afirmar se funcionam. Desses 96, 80 apareciam com o nome encontrado nos termos de busca ou não possuíam site ou alguma forma de contato disponível e 16 tinham as redes sociais inativas por mais de um ano. Considerando todos os 96 nomes cuja situação de funcionamento é incerta, 384 representa a possibilidade máxima (universo) de escritórios Campineiros encontrados.

Gráfico 6 - Situação dos 428 nomes que foram encontrados

Fonte: Autor (2019)

Do universo possível de 385 escritórios, 80 não puderam ser entrevistados porque seus nomes apareceram apenas mencionados em alguma das fontes de busca, mas não possuem site, nem rede social, nem telefone nem e-mail para contato; 16 possuíam redes sociais inativas e não responderam a nenhum contato (juntamente com os 80, formam os 96 que não se pode afirmar se funcionam). 31 escritórios não responderam algumas das perguntas, mas havia alguma informação disponibilizada em sites e redes sociais dos mesmos e, nesse caso,

apenas informações parciais foram coletadas, como o ano de fundação, a localização e os tipos de projeto que o escritório desenvolve; 69 pediram que o questionário fosse enviado por e-mail, mas não o responderam; 15 escritórios atenderam a ligação uma única vez, mas não responderam o questionário e não forneceram e-mail; 185 foram aqueles que responderam todas as perguntas sobre o uso de computadores e programação no processo de projeto; 5 responderam que não gostariam de participar da pesquisa, mas possuíam alguma informação em sites e redes sociais.