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Ao analisar o plano de ensino das disciplinas, constatamos que cada curso destina uma carga horária diferente para sua execução. Nota-se também que ela está inserida em anos diferentes, nos cursos analisados, mas prioritariamente na segunda metade do curso, conforme sistematização apresentada no quadro 7.

Quadro 7: Análise das Matrizes Curriculares

Nº Local Curso Departamento CH/Ano Disciplina

1 Bauru Pedagogia Educação 68h

4º ano

Introdução ao ensino de LIBRAS 2

A

Marilia Pedagogia Educação Especial 30 h 4º ano

Fundamentos da Educação Especial

2 B

Marilia Pedagogia Educação Especial 45 h 3º ano Língua Brasileira de Sinais 3 Univesp Pró-Reitoria de Graduação 60 h 3º ano Eixo Articulador: Educação Especial e Inclusiva

A disciplina de Introdução ao ensino de Libras, pertencente à instituição I,

(Bauru) faz parte do Eixo formador 3: “Educação e Comunicação”. No caso da Univesp, a disciplina LIBRAS, com 120 horas, articula-se com a proposta do eixo articulador “Educação inclusiva e Educação Especial” que é trabalhado transversalmente no currículo. Quanto às unidades de Marília e Bauru, a disciplina de LIBRAS é mencionada nos planos de ensino como disciplina individual.

Verificamos que as disciplinas 1, 2 e 3 são identificadas, com o nome de Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, com a carga horária que varia entre 45 horas a 75 horas. No entanto, as demais são identificadas com nomenclaturas diferentes (Educação Especial, Educação inclusiva, Fundamentos da Educação Especial entre outras), cujo conteúdo programático envolve a LIBRAS.

As divergências com relação à carga horária atribuída em cada disciplina pode tornar insuficiente o tempo para o desenvolvimento do seu conteúdo programático. Essa constatação deu-se a partir da leitura de cada um dos conteúdos programáticos, apresentados de forma extensa e exaustiva.

Para exemplificar essa constatação, destacamos as disciplinas encontradas nos cursos de Licenciatura em Pedagogia da instituição III (Marília), onde as disciplina de Fundamentos da Educação Especial (carga horária de 45 horas) e Língua Brasileira de Sinais (com carga horária de 30 horas), são disciplinas que possuem uma carga horária mínima que não condiz com o conteúdo estipulado no plano de ensino, o que pode tornar o processo inexequível, focado somente no estudo da teoria.

Por outro lado, no que tange a instituição III, ainda que não mencione a LIBRAS em sua matriz curricular, é demonstrada uma preocupação em fazer o professor refletir sobre o uso da tecnologia, em uma abordagem específica e inclusiva. Explicita também uma preocupação em oferecer meios para que os futuros

professores trabalhem com os princípios da inclusão escolar. Assim, embora a disciplina esteja em consonância com a Política Nacional de Inclusão, todavia não está claro quais são os pressupostos sobre a LIBRAS, o que pode dar a impressão de que somente no seu título o curso está atento ao cumprimento do Decreto 5626/05, mas não necessariamente seus conteúdos são relacionados à essa demanda legal.

Diante desse enfoque, embora o decreto ainda não faça menção sobre a existência de diretrizes que orientam uma carga horária necessária, bem como o conteúdo que deve ser abordado na disciplina, observamos ainda que há incompatibilidades entre as disciplinas oferecidas diante das diversas possibilidades de desenvolvê-la. Porém, segundo o decreto, o professor formado (regente de classe) deve ter conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos, o que reforça a importância no cuidado com a elaboração dos programas de ensino.

Desse modo, constatamos, dos cursos analisados, que somente 03 (três) estão atendendo ao que determina a Lei. Esse aspecto pode ter como pano de fundo o fato de que a obrigatoriedade da inserção da disciplina LIBRAS para todos os cursos de Licenciatura se finaliza em 2014.

Diante desses dados e em virtude de nossa experiência pessoal, quando fizemos parte da elaboração de dois cursos de aperfeiçoamento em Educação a Distância (EaD), propomos algumas reflexões para o ensino da LIBRAS. Uma delas relacionada com a carga horária, pois durante o processo de elaboração desses cursos, essa questão era muito discutida. Havia uma preocupação sobre o tempo destinado para a aprendizagem ser suficiente para executar todos os conteúdos propostos. Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que a carga horária destinada às disciplinas poderia ser estendida de modo transversal ao currículo da licenciatura, perpassando as disciplinas desde o primeiro ano do curso, tornando os pressupostos da lei mais exequíveis.

Outro fator observado na análise das matrizes é que, aparentemente, todas divergem na questão dos conteúdos, algumas atendendo somente a questões práticas ou linguísticas em detrimento dos conteúdos teóricos/educacionais. Além disso, os assuntos referentes a aspectos educacionais parecem bastante

abrangentes, de modo que, dependendo da abordagem metodológica, o professor pode explorar diversos conteúdos dentro da temática de cada disciplina.

Nenhuma das matrizes apresenta assuntos voltados à cultura surda. Assim, fica vaga a questão de como trabalhar uma língua contextualizada com a sua cultura. A introdução da LIBRAS como disciplina curricular deve ser articulada a uma necessidade de que todos os envolvidos compreendam a especificidade da cultura surda, não apenas com relação á sua língua. A legislação vigente aponta que é a partir da compreensão desses aspectos que o professor pode atuar contemplando toda a singularidade da pessoa surda.

Em pesquisa realizada por Dallacqua e Brochado (2010), enfatizam que: ...evidenciam que os formadores responsáveis pela elaboração das matrizes curriculares e ementas, em sua maioria consideram importante que o ensino da LIBRAS se dê atrelado ao conhecimento sobre a cultura surda, o processo de interpretação LIBRAS – Português – Português - LIBRAS, bem como sobre os múltiplos aspectos envolvidos no processo educacional da pessoa surda, especialmente o bilinguismo e o processo de inclusão. (VITALIANO; DALLACQUA; BROCHADO, 2010, p.10).

Assim, as ementas das disciplinas não devem se restringir somente ao ensino da LIBRAS, mas, devem ter em vista o contexto educacional em que esses professores irão atuar, tornando imprescindível a abordagem de conteúdos relacionados à cultura e história dos alunos surdos.

A ementa da disciplina da Instituição III, traz uma proposta interessante que inclui conteúdos relacionados ao processo de tradução/interpretação da LIBRAS, bem como a compreensão das mudanças necessárias no ambiente educacional para favorecer a Inclusão. Além disso, enfatiza a proposta bilíngue e a prática de LIBRAS em seu desenvolvimento da expressão visual-espacial. Sendo assim, podemos afirmar que esta ementa está bastante condizente com a proposta do decreto.

Ainda na instituição III, a LIBRAS é apresentada como foco principal na ementa, sendo consideradas as características da aprendizagem dos discentes surdos, bem como as mudanças no ambiente escolar, para que se torne bilíngue e desenvolvimento de práticas da expressão visual e espacial. Assim, a ementa

atende plenamente ao previsto no decreto Artigo I, capitulo 2, “considera-se pessoa

surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.” (BRASIL, 2005)

Ainda nesta disciplina, na ementa encontramos informações voltadas a uma proposta bilíngue, prevista no decreto 5626/2005, em seu capitulo III, artigo 5º, “deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que

LIBRAS e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue”.

Em nossas incursões “documentais” pelas Instituições que fizeram parte deste estudo, não encontramos uma organização curricular que permitisse tanto o conhecimento satisfatório da LIBRAS voltada para a comunidade surda, nem a inserção do professor em processo de formação, nos aspectos culturais que envolvem a comunidade surda.

Outro ponto a ser ressaltado, é que em nenhum dos planos analisados foi possível constatar que a disciplina LIBRAS interage com as outras disciplinas que compõem a matriz curricular, a exemplo dos estágios supervisionados que são realizados nos anos iniciais do ensino fundamental. Assim, os cursos não articulam a disciplina a eventos que envolvem a comunidade surda ou até mesmo a discussão dessa temática e participação em pesquisa de campo junto à comunidade surda.

Tal situação nos leva a refletir também sobre a aparente falta de empenho e compreensão por parte da universidade, com relação à complexidade e importância da inserção da disciplina de LIBRAS na formação inicial do professor.

Ao longo desse trabalho, realizamos uma discussão sobre a inserção da disciplina de LIBRAS nos cursos de formação de professores articulada a formação inicial do futuro professor. Informamos que a formação desse futuro professor deverá envolver o domínio de uma segunda língua e, consequentemente, a compreensão da singularidade linguística, por meio do conhecimento de outra cultura que, ao ser desconsiderada, pode acarretar sérios problemas ao desenvolvimento social e intelectual do educando surdo, pois, o professor necessita conhecer o surdo para além de suas necessidades de comunicação.

Compreender como o ensino tem sido processado e a formação do professor que irá atuar com o aluno surdo na escola regular é condição efetiva na garantia, tanto a qualidade desse processo, como a inclusão social e intelectual do individuo surdo, que até na ocasião parece ainda não ter se efetivado.

Em relação ao currículo como seleção, organização, avaliação e transmissão de uma determinada cultura, bem como o seu recorte, percebemos que as necessidades e especificidades dos surdos, ainda não são elementos principais e fundamentais inerentes a esse processo.

Com uma formação que varia entre 45 horas/aulas, e 75 horas/aulas semestral, com carga horária de 1hora/aula ou 2 horas/aulas semanais durante o semestre, os professores tem contato apenas com informações generalistas sobre a pessoa surda e a surdez, não sendo capacitado para o trabalho pedagógico que irá desenvolver o processo de alfabetização dessa criança.

Independentemente da organização da disciplina, bem como do total de carga horária estipulada para a mesma, todas as disciplinas apresentam em seus planos uma vasta bibliografia e um conteúdo programático muito bem organizado. Embora, o tempo destinado à disciplina seja insuficiente para abordar todas essas informações, a mesma é ofertada no final dos cursos, onde o aluno em função do tempo não possuem a oportunidade de realizar pesquisas extraclasses.

Assim, após a análise realizada, nos deparamos com único cenário: a LIBRAS na formação de professores dos cursos de Pedagogia para atuar com surdos na escola comum na Unesp, ocorre como um cumprimento da lei.

Haja vista que formação inicial docente foi pensada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, nº 9394/96, com objetivo de subsidiar a formação do professor, bem como, formar professores do ensino regular para integrar estudantes surdos em classes comuns, entendemos que, neste contexto, os cursos de Pedagogia da Unesp, a partir da disciplina de LIBRAS, devem passar a desempenhar uma tarefa muito maior do que vem sendo realizada.

Cabe a esses cursos, que formam o professor alfabetizador, organizar uma estrutura da disciplina melhor, envolvendo conteúdo programático que observe a desigualdade linguística entre os pares, aumentando a carga horária e semestre de oferecimento, e permitindo ao professor em formação, conhecimentos e condições

satisfatórias de tempo e de pesquisa, para conhecer e desenvolver a comunicação com a criança surda satisfatoriamente.

Partindo de tais constatações, acreditamos ser de fundamental importância repensar sobre a organização das disciplinas analisadas, propondo que as mesmas sejam articuladas ao currículo geral da formação inicial do professor que atuará nos anos iniciais do ensino fundamental.

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caminho percorrido nesta pesquisa consistiu em investigar e aprofundar discussões sobre temas específicos, relacionados aos objetivos que consistem em: analisar os currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia da Unesp a fim de identificar quais disciplinas são voltadas a Educação Inclusiva e Especial, complementando as disciplinas de Libras; analisar os planos de ensino das disciplinas de Libras e suas implicações na construção de um currículo inclusivo; bem como compreender e indicar o que deve ser considerado em uma proposta de disciplina de Libras para constar nos planos de ensino analisados.

A análise apresentada sobre os dados coletados foi confrontada com esses objetivos específicos, a fim de verificar se os programas de ensino das disciplinas selecionadas de fato contemplam a possibilidade de que o futuro professor construa práticas que incluam o estudante surdo, ou seja, se as disciplinas favorecem a formação contextualizada do futuro professor.

Durante a realização deste estudo, o desafio inicial foi identificar material bibliográfico específico que atendesse à temática da inserção da disciplina de Libras nos cursos de Licenciatura, tendo em vista que trata-se ainda de uma temática com produção escassa.

Para desenvolver essa ação, organizamos algumas etapas e diferentes estratégias para a construção do corpus teórico do estudo e do reconhecimento do campo de investigação, a saber: primeiramente foi feito o levantamento bibliográfico sobre os temas (Trajetória histórica da Educação de surdos, Políticas sobre a educação inclusiva, Formação de professores, Libras e Currículo;, posteriormente, realizamos a análise do Projeto Político Pedagógico dos cursos de Pedagogia da UNESP e selecionamos os campi que analisaríamos os planos das disciplinas que atendiam aos critérios para análise do objeto de estudo. Por fim, procedemos à análise do material coletado e à compilação do presente documento.

Os resultados da primeira etapa da pesquisa apontaram que, embora exista uma vasta quantidade de estudos na área da Educação, Educação Especial e surdez, são poucas as publicações sobre a formação inicial do professor para atuar

com o aluno surdo, poucas as propostas que apontam para um currículo inclusivo e, menos ainda, que abordam a inserção da Libras como disciplina nos cursos de licenciatura. Por isso, apontamos para a necessidade de novos estudos, que enfatizem não apenas os aspectos teórico da Libras, mas que viabilizem novas propostas e estratégias de ensino que assegure a formação da PS.

Quando falamos que as pesquisas não deveriam ser ancoradas somente na teoria, não estamos descartando esses pressupostos, até mesmo porque, sem teoria não há como realizar uma prática bem sucedida. De tal modo, a maioria dos artigos, dissertações, PPP e planos de ensino que analisamos, apontavam para os aspectos teóricos, mas não traziam, em sua maioria, novas estratégias de ensino para formar o professor, bem como novas possibilidades do processo de ensino e aprendizagem da PS.

Vale ressaltar que não estamos afirmando que a efetivação com qualidade não ocorreu até o momento, mesmo porque, por meio da análise dos dados da pesquisa verificamos que a implementação das indicações pedagógicas da disciplina de Libras na Unesp, em algumas unidades verificadas, estão em processo de efetivação da disciplina na matriz curricular. No entanto, devido a pouca quantidade de pesquisas na área, mesmo após 8 anos o Decreto ser instituído, não conseguimos ter uma visão mais ampla de como esta realidade vem acontecendo em âmbito nacional.

Por isso, acreditamos que a partir dos próximos anos, novas pesquisas surgirão com apontamentos e discussões na área, o que possibilitará para os futuros pesquisadores, uma maior análise e maior aprofundamento em suas reflexões, podendo obter um olhar mais acurado e a comparação deste trabalho com demais na área.

Desse modo, constatamos que a formação necessária do professor que irá atuar nos anos iniciais do ensino fundamental da escola regular deve contemplar o ensino da disciplina de Libras numa perspectiva diferenciada da que encontramos, no contexto da matriz curricular dos cursos de Pedagogia.

Essa reestruturação passa pelo aprofundamento tanto dos conteúdos que permitam aos professores conhecer e lidar com as especificidades da surdez e da aprendizagem do aluno surdo, bem como, da ampliação da carga horária destinada

à disciplina, de modo a garantir tempo suficiente para que a prática da Libras se efetive nessa formação.

Além disso, deve haver uma articulação dessa disciplina com as demais disciplinas do currículo, ou mesmo com os estágios curriculares supervisionados.

Outro ponto a ser contemplado nessa reestruturação é o de que a disciplina deve ser ofertada desde o início do curso, permitindo ao aluno, futuro professor, amadurecer e discutir com profundidade as informações e conhecimentos desenvolvidos, ampliando-os por meio de pesquisa extraclasse e cotejando os conhecimentos com aqueles específicos da docência a partir das demais disciplinas.

Concluímos que da forma como a disciplina vem sendo implementada, em apenas um semestre, não é plenamente possível ensinar e aprender Libras, pelo simples fato de desconhecermos, geralmente, a especificidade presente no ensino e na aprendizagem de uma língua sinalizada.

Os cursos, ao contemplar esta disciplina, devem, além de cumprir com a lei, dar a atenção merecida para o ensino de Libras e para o papel fundamental que ela exerce na formação de profissionais que atuam na Educação Básica com sujeitos surdos, que farão parte de todas as esferas da sociedade (MOURA, 2010).

Consideramos também que sendo a disciplina de Libras um instrumento curricular de conquista legal nos cursos de licenciatura, esses devem vincular esses conhecimentos à discussão sobre a educação da PS, que de acordo com as políticas educacionais atuais, deve ser inclusiva. Defendemos a permanência de uma matriz curricular inclusiva, que contemple aspectos mínimos de comunicação e proposta bilíngue para essa formação.

LibrasOutra alternativa seria, para maior aproveitamento da disciplina, a continuidade dos estudos, em formação continuada, uma vez que na ação o professor poderá ter uma formação teórico e prática, que é uma das recomendações no término da disciplina, indicando, inclusive, os caminhos para buscar o aprimoramento contínuo.

Um dos papéis da formação inicial, posto por alguns autores seria incentivar a formação continuada e permanente dos professores. Como observa Imbernón (2009, p. 66)

É necessário estabelecer uma formação inicial que proporcione um conhecimento válido e gere uma atitude interativa e dialética que conduza a valorizar a necessidade de uma atualização permanente em função das mudanças que se produzem. (IMBERNÓN, 2009, p. 66)

Portanto, esta dissertação nos remete a algumas reflexões que indicam a uma grande preocupação, e consequente necessidade, do desenvolvimento dessa disciplina nos cursos de formação de professores que atuarão nos anos iniciais.

A Libras deve ser incluída como disciplina obrigatória no currículo dos cursos de Pedagogia. Isso é fato, mas também deve ser ministrada com uma carga horária justa, ementa, objetivos, conteúdos e avaliação condizentes com essa carga horária e com as demandas da legislação vigente. As instituições de Ensino superior, que formam professores, devem, portanto, estabelecer em seus currículos um conteúdo programático de Libras que permita uma formação de qualidade, onde haja a articulação entre a teoria e a prática, bem como devem prever no seu plano de ensino propostas que levem o futuro professor ao contato com as pessoas surdas, lhe conferindo uma formação bilíngue, por exemplo, por meio de uma articulação da disciplina com o estágio curricular supervisionado. E, principalmente, devem propor uma revisão da carga horária da disciplina, buscando uma ampliação da mesma, a fim de oferecer condições para que o professor tenha tempo para acessar as informações fundamentais para lidar e desenvolver, satisfatoriamente, o conhecimento da comunicação em Libras para a educação da pessoa surda.

A necessidade de direcionar um tempo mais significativo de aulas práticas às disciplinas que envolvem a Educação Especial, a exemplo da Libras, ficou evidenciada em nosso estudo. Aulas práticas de Libras, supervisionadas por docentes com formação específica, deveriam fazer parte da matriz curricular desses cursos analisados, onde os graduandos deveriam estagiar em escolas com alunos surdos incluídos.

Em nossa prática docente junto à Educação Infantil, presenciamos, muitas vezes, a introspecção a que muitos alunos surdos se “submetiam”, ficando literalmente separados dos demais, em um canto, brincando sozinhos e, nas salas

de aulas, da mesma forma, com o olhar longínquo, como se o pensamento navegasse para fora da sala de aula.

Ter a possibilidade de diminuir as barreiras da comunicação, provocá-los, instigá-los, compreendê-los, promovê-los e porque não, puni-los quando necessário, seria um grande passo em favor da Educação Inclusiva que tanto buscamos.

Isso, entretanto, não se faz de forma ingênua e amadora. É necessário viabilizar iniciativas de formação, tanto inicial quanto em serviço, e a inclusão efetiva, não demanda apenas a participação dos docentes, mas de toda a comunidade