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ANÁLISE QUANTITATIVA

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3 O MOVIMENTO CTSA E PAULO FREIRE

4.1 ANÁLISE QUANTITATIVA

A partir da tabulação dos dados quantitativos e mediante a escolha das três categorias já explicitadas anteriormente na meto- dologia, procedeu-se à inferência com base nos gráficos 1, 2, 3, 4, situados adiante.

Ao se analisarem conjuntamente os dados obtidos sobre as atitudes e crenças dos alunos dos 2º, 4º, 6º e 8º períodos do curso, respectivamente, demonstrados no gráfico 1, nota-se que não há uma diferença significativa na maneira como os estudantes perce- bem a ciência e a tecnologia, o que é detalhado abaixo. Para essa análise foram escolhidas as assertivas que apresentaram valores mais significativos (maiores ou menores).

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Capítulo V | Gráfico 1 – Atitudes e crenças por período letivo.

Fonte: 2 1,5 1 0,5 0 -0,5 -1

Elaboração dos autores (2012).

Quando se observam os quatro primeiros gráficos, relativos à assertiva de nº 6 –“A ciência e a tecnologia são um risco à saú- de”, – observa-se que o segundo período obteve um escore igual a 0,81; o quarto, igual a 0,94; o sexto, igual a 0,92 e, por último, o oitavo, igual a 0,67. A partir desses dados, é possível inferir que não existe uma diferença significativa na forma como os estudan- tes veem um risco à saúde proveniente da ciência e da tecnologia. Pode-se então concluir que os ensinamentos sobre ciência e tec- nologia não têm “evoluído” no que concerne ao conhecimento desses estudantes com relação a esse aspecto.

Na oitava assertiva – “A ciência dá resposta a nossas necessi- dades” –, o segundo, o quarto, o sexto e o oitavo períodos obtive- ram escores 0,78, 0,38, 0,92 e 0,40, respectivamente.Pode-se ver que, em todos os períodos, há uma visão positiva sobre a ciência e a tecnologia, havendo apenas uma pequena oscilação no grá- fico. Esse dado corrobora ainda mais o já argumentado sobre a não alteração das visões dos estudantes da EJA ao longo do curso acerca de C&T.

No entanto, surge um dado interessante, ao se observar que, na assertiva 12 –“A ciência que é ensinada na escola é complica- da” –, o segundo, o quarto, o sexto e o oitavo períodos obtiveram escores 0,07, 0,69, 0,54 e 0,53, respectivamente. É necessário pontuar que a assertiva 12 apresenta uma informação negativa,

e como já expresso na metodologia sua quantificação é inversa às questões de caráter positivo acima apresentadas, de maneira que um resultado positivo representa uma discordância com a afirmação apresentada. Os alunos do segundo período, recém- -ingressos na instituição, apresentam-se indecisos sobre o fato de a ciência ensinada na escola ser complicada. Já nos períodos seguintes, os estudantes discordam da assertiva, isto é, com o avanço dos alunos nas séries seguintes, a escola tem interferido bastante na compreensão destes, que passam a discordar de que a ciência escolar é complicada.

Na assertiva 17 – “Para se destacar em ciências na escola, a pessoa precisa ser muito inteligente” –, o segundo período teve um escore de -0,52, o que difere bastante dos demais, pois o quarto, o sexto e o oitavo obtiveram 0,62, 0,23, 0,13, respectiva- mente. Pode-se concluir, sobre a visão dos alunos nesse aspecto, que a instituição de ensino tem colaborado bastante com relação ao entendimento deles, ao avançar no curso nos períodos poste- riores. Ou seja, o Curso Técnico em Edificações tem ajudado a melhorar a visão sobre a ciência escolar, do que se depreende que o indivíduo da EJA passa a expressar a ideia de que todos po- dem aprender ciências, mesmo sem ser “muito inteligentes”, o que pode ter influência direta sobre a autoestima desses estudantes e sobre seu desempenho escolar. Assim, logo que o aluno chega ao Câmpus Mossoró oriundo de outra escola, parece crer que só os alunos muito inteligentes conseguem aprender ciência na escola, mas aqui, de acordo com a pesquisa, os estudantes de períodos posteriores afirmam que todos têm essa capacidade.

Na afirmação 19, “quanto mais conhecimento científico existe, mais preocupação há para nosso mundo”, o segundo, o quarto, o sexto e o oitavo períodos obtiveram um escores 0,33, 0,00, -0,69, 0,67. De acordo com a oscilação significativa do grá- fico nessa questão, pode-se ver que provavelmente o curso não influi num crescimento nas séries seguintes para aprendizagem

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Capítulo V | do aluno, dado que o comportamento não indica uma regulari- dade no crescimento ou na diminuição no valores de crença pelo contrário parece haver uma aleatoriedade nessa evolução.

Na afirmação 20 “a ciência ajuda a preservar/recuperar a na- tureza”, os escores do segundo, do quarto, do sexto e do oitavo períodos são 0,59, 1,25, 0,38, 0,47, respectivamente. Apesar de uma rápida oscilação no gráfico, há outra concordância de todos os estudantes a respeito da afirmativa. Isso reafirma que, com ex- ceção da visão sobre a ciência escolar, a princípio parece que não há uma interferência do curso técnico nas crenças sobre C&T.

Com o objetivo de aprofundar a análise sobre as categorias escolhidas e previamente descritas, foram construídos os gráficos 2, 3 e 4, com os dados do quarto período já apresentados no gráfico 1, contudo, desta vez agrupados segundo as categorias (C&T-Sociedade, C&T-Ambiente e Ciência Escolar) como pode ser percebido logo abaixo.

Gráfico 2 – Relação entre ciência, tecnologia e sociedade.

Fonte: 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 A1 0,69 0,44 0,38 0,44 0,62 0 0,94 0,19

A3 A4 A6 A8 A13 A14 A19

Elaboração dos autores (2012).

Nesse gráfico, apresentam-se os dados relacionados às asserti- vas que dizem respeito à relação entre C&T e sociedade, que po- dem ser lidas no anexo. Tendo-se em vista que a maior parte das crenças apresenta valores acima de zero, e nenhum valor negativo

pode-se inferir que os alunos do quarto período acreditam que a ciência e a tecnologia contribuem positivamente para a sociedade. Observa-se também que esses alunos desprezam os aspectos nega- tivos que esse binômio possa trazer à humanidade.

Gráfico 3 – Relação entre ciência, tecnologia e ambiente.

Fonte: -0,3 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 A5 0 0,69 0,25 -0,06 1,25 0,38

A9 A11 A16 A20 A22

Elaboração dos autores (2012).

A partir do gráfico 2, pode-se perceber que atitudes (depre- endida a partir do conjunto de crenças expressas) dos alunos sobre a relação entre ciências, tecnologia e meio ambiente caracteriza-se como positiva perante o binômio e sua influência no ambiente. Nota-se claramente que, somente na assertiva 5, os estudantes não souberam opinar ou foram neutros. E quando opinaram so- bre a assertiva 16, expressaram uma visão negativa ao concordar que C&T geram impactos ambientais. Aqui se pode ressaltar que a relação com o ambiente encontra-se problematizada e demarca- -se como um avanço perante a visão em relação à sociedade trata- da no gráfico anterior.

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Capítulo V | Gráfico 4 – Visões sobre a Ciência Escolar.

Fonte: 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5

A2 A7 A10 A12 A17 A18 A21

0,12

0,62 0,69 0,62

1,44 1,44

0,88

Elaboração dos autores (2012).

Quando se analisa o gráfico 4 acima, e nota-se valores acen- tuadamente positivos (1,44; 0,88) chega-se à conclusão de que os alunos apresentam sobre a ciência escolar atitudes e crenças ainda mais positivas que as expressas nas categorias anteriores, o que pode ser percebido quando esses estudantes concordam que todos podem aprender ciências e que a ciência aprendida na escola serve mesmo depois de saírem dela. Aqui cabe a ressalva de que, pelo menos a princípio, o curso técnico parece estar agindo favoravel- mente, uma vez que possibilita uma ressiginificação da ciência e das tecnologias ensinadas na escola.

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