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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento PROEJA - final.pdf (11.86Mb) (páginas 95-101)

Trabalhar a temática em questão possibilitou amplas refle- xões a respeito do processo de formação inicial e continuada para professores. É inegável que existem diversos obstáculos no per- curso, tanto de ordem pessoal quanto de implementação de polí- ticas públicas. Mas entendemos que insistir na formação docente vale a pena por se tratar de um grande investimento para o país,

tendo em vista que é a partir da educação que se gera todo e qual- quer desenvolvimento.

Diante os vários olhares que o trabalho favoreceu, um se destaca pela sua especificidade. Trata-se da discussão acerca do ensino para jovens e adultos, que tanto vem sendo discutido em âmbito educacional, ganhando espaço de discussão cada vez mais amplo e presente em nosso cotidiano.

Sabemos que essa modalidade de ensino assume caracterís- ticas que a difere das demais. Não querendo discriminá-la, mas reafirmar a necessidade de se conhecer a sua especificidade e tra- balhar de forma que possibilite à clientela sua inserção na socieda- de contemporânea, de forma digna e igualitária, oferecendo um ensino que atenda seus interesses, tanto nos aspectos cognitivos, quanto humanísticos.

Para isso, precisamos compreender que estamos tratando de um público formado de homens e mulheres trabalhadores, em- pregados e desempregados, ou em busca do primeiro emprego; filhos, pais e mães; moradores urbanos de periferia. São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais. Muitos são excluídos do sistema de ensino, e apresentam em geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências acumuladas e interrupções na vida escolar. Mui- tos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, quando criança, em função da entrada precoce no mercado de trabalho. Jovens e adultos que quando retornam à escola o fazem guia- dos pelo desejo de melhorar de vida ou por exigências ligadas ao mundo do trabalho.

Perceber esse perfil do aluno, que frequenta a Educação de Jovens e Adultos nos faz ter a certeza de que a nossa caminhada enquanto educador exige de nós muito mais desafios do que pos- samos imaginar. Sendo assim, somente a formação inicial não poderá dar conta de todos os saberes necessários aos professores.

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Capítulo IV | É imprescindível que ocorra a formação continuada. Os saberes se constroem na prática do dia a dia, no aprender a fazer fazendo, na relação com o outro, nos conflitos, nos exemplos, nas expe- riências vivenciadas... Dessa forma, é preciso ter um olhar para além do momento imediato, propiciando uma reflexão sobre a (re) construção e (re) dimensionamento dos saberes dos professo- res que atuam em turmas de PROEJA.

Um ponto importante deste trabalho, a ser retomado aqui, diz respeito às duas perguntas que levantamos no início do texto e que tínhamos a intenção de encontrar as respostas no decorrer da pesquisa. Primeiro, a formação inicial dos professores os qua- lifica a trabalhar com jovens e adultos? Segundo, a instituição que emprega o professor fornece as condições para suprir deficiências do processo de formação inicial?

De acordo com as leituras feitas e com os registros dos pro- fessores, como podemos constatar no decorrer deste trabalho, podemos afirmar que não. A formação inicial ainda vem deixan- do muitas lacunas que precisam ser preenchidas pela formação continuada. Já com relação à 2ª questão, percebemos que muitas tentativas vem sendo feitas para que isso ocorra. Mas ainda falta uma sistematização mais concreta com relação aos programas de formação implementados pelas instituições, que acontecem ainda de forma bastante pontual e desarticulado, sem uma sistematiza- ção mais precisa.

Além disso, concluímos que os professores do IFRN – Câmpus de Currais Novos que atuam nas turmas do PROEJA, não apontaram como importante a formação inicial e continuada em seu processo de qualificação. Já com relação aos eventos e pós- graduação, apontam como essenciais. Também concluímos que as especializações ofertadas são pouco participadas pelos professores.

Por fim, é pertinente ressaltar que as discussões referentes à formação inicial e continuada dos professores não se esgotam por aqui, vão muito além do que foi tratado neste trabalho,

pois se trata de uma questão ampla, complexa, que exige muita determinação pessoal, vontade e atitude política, por parte dos dirigentes governamentais.

REFERÊNCIAS

BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. O

coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: Loyola, 2008.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. Brasília, DF. MEC/UNESCO: Cortez, 2006.

RAMALHO, Betânia Leite.; NUÑEZ, Isauro Beltrán.; GAUTHIER.; Clermont. Formar o professor, profissionalizar

o ensino – perspectivas e desafios. Porto Alegre: Sulina, 2003. SILVA, Amélia Cristina Reis e; BARACHO, Maria das Graças (Orgs.) Formação de educadores para o PROEJA: intervir para integrar. Natal, 2007. 165p.

João Rodrigues Neto* mourao11@hotmail.com

Albino Oliveira Nunes** albino.nunes@ifrn.edu.br

1 INTRODUÇÃO

A

interação do ser humano com a natureza e com o ambiente construído torna-se cada vez mais complexa e desafiadora em virtude dos novos avanços científicos e tecnológicos. Sendo assim, nos últimos anos vem ganhando destaque na Educação em Ciências iniciativas que buscam promover a Alfabetização Cien- tífica e Tecnológica (ACT) discutida por diversos autores como Chassot (2007), Marco-Stiefel (2001) e Cajas (2001).

Outros autores como Vilches et al (2004) argumentam que a necessidade de contribuir para a sustentabilidade e para o desen- volvimento sustentável deveria ser, dentro desse panorama, uma das preocupações da educação científica e, no entanto, parece ser * Licenciado em Física – UERN; Especialista em PROEJA – IFRN; Servidor do IFRN/

Câmpus Mossoró.

** Licenciado em Química – UERN; Mestre em Ensino de Ciências Naturais e Matemática – UFRN; Doutorando em Química/ Ensino de Química – UFRN; Professor do IFRN/ Câmpus Mossoró.

Capítulo V

e|

Discutindo as visões sobre ciência e tecnologia dos estudantes do curso de edificações, modalidade EJA,

uma categoria esquecida dentro dessa área de ensino. A urgên- cia do pensar a sustentabilidade provém de vivermos uma era de emergência mundial em que diversos efeitos negativos das ações antropogênicas são sentidos, e mesmo assim persistem os obstá- culos para uma transformação das posturas e a construção de um mundo sustentável (VILCHES et al., 2008).

No contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o en- sino na área de ciências deveria ainda proporcionar ao estudante uma educação não apenas voltada para a visualização de conceitos ou de processos, mas que fosse pautada na busca do crescimento intelectual, moral e ético do sujeito; proporcionando aos estudan- tes, através da interação com os outros conhecimentos adquiridos na escola, a capacidade de interagir com o mundo natural e o mundo construído de uma nova forma.

Contrárias a esses princípios, as metodologias de ensino atu- almente adotadas, aparentemente, têm sua ênfase apenas nos con- teúdos conceituais, podendo dificultar a aprendizagem dos alunos devido à sobrecarga de conceitos em um curto espaço de tempo.

No contexto dessa problemática, este trabalho busca caracte- rizar o entendimento que os estudantes do Curso Técnico Inte- grado em Edificações na modalidade EJA possuem sobre ciência e tecnologia. Essa busca é fundamentada na compreensão de que as visões sobre C&T têm fortes implicações na cidadania desses indivíduos; e, de que é função da educação formal em ciências naturais, mas também das disciplinas técnicas promover a Alfa- betização Científica e Tecnológica (ACT). Ressalta-se também existência de trabalhos que defendem a inserção das discussões de natureza CTS nos cursos de formação de engenheiros e tec- nológos (VON LINSINGEN, 2006; VON LINSINGEN, 2003; BAZZO, 2002) e a lacuna no tocante a investigações direciona- das ao ensino técnico de nível médio.

Defende-se que esse elo do ensino tecnológico deve tam- bém contemplar uma discussão mais ampla sobre a ciência e a

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Capítulo V | tecnologia de maneira a formar não apenas mão-de-obra quali- ficada para o trabalho técnico, mas cidadãos conscientes de sua importância social.

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