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2 DOS DOCUMENTOS OFICIAIS À REALIDADE DO PROEJA NO IFRN CÂMPUS NATAL–ZONA NORTE

No documento PROEJA - final.pdf (11.86Mb) (páginas 59-62)

A correlação entre alguns documentos oficiais e a realidade do PROEJA no IFRN foi necessária para consecução de nosso objeto de estudo que foi uma análise a respeito do cumprimento das funções reparadora, equalizadora e qualificadora nessa moda- lidade de ensino. Entende-se que quando essas funções são cum- pridas integral ou parcialmente, caminha-se numa perspectiva de resgate para o efetivo exercício da cidadania dos jovens e adultos. Estes foram privados, pelas políticas excludentes deste país, de um direito social básico - uma educação de qualidade - norteada, conforme Documento Base (2007), pelo trabalho, ciência, tecno- logia, humanismo e cultura geral.

Desse modo, o PROEJA, através das funções citadas acima, assegurar-lhes-á oportunidades, por meio de uma formação inte- gral, melhor dizendo, uma educação com vistas a uma formação geral aliada à educação profissional técnica de nível médio. Isso porque, sendo o acesso à educação, a porta de entrada para a cidadania, possibilitará àqueles sujeitos participar ativamente da vida na sociedade, principalmente nessa atual, marcada por gran- des transformações e inovações tecnológicas, exigindo-se cada vez mais saberes e competências.

Segundo Hotz (2010, p. 3), o PROEJA “se constitui em uma política que pretende reparar as falhas cometidas pelo próprio Estado em períodos anteriores”. Em que este, ainda conforme a referida autora (2010, p. 2) “não propiciou as condições para que a atual população de jovens e adultos tivesse tido acesso ao ensino

em idade própria”. Assim, fazer a reparação dessa dívida marcada na história da sociedade brasileira, conforme o Parecer nº 11, de maio de 2000, do CNE (2010, p. 6) “é um imperativo e um dos fins da Educação de Jovens e Adultos”. Desse modo, além de cumprir essa função reparadora, tenha também as funções equa- lizadora e qualificadora.

Ao propor reparar o dano causado pela exclusão da população do acesso ao sistema educacional, segundo Hotz (2010, p. 4), “EJA e o PROEJA estariam exercendo a função equalizadora, na medi- da em que diminuiriam as desigualdades existentes entre o públi- co dessa modalidade de ensino e os que tiveram acesso à educação na idade própria”. Isso possibilitaria a esses indivíduos, conforme o Parecer CNE/CEB 11/2000, “novas inserções no mundo do tra- balho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação” (2010, p. 9). Contribuiria, portanto, para seus efetivos exercícios da cidadania, entendendo que a educação é um instrumento de mobilidade social e que seu acesso é uma das condições essenciais para o desenvolvimento da cidadania.

2. 1 O CURSO TÉCNICO DE NÍVEL

MÉDIO INTEGRADO EM INFORMÁTICA NA MODALIDADE EJA

O Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Informática na Modalidade EJA foi o primeiro curso a ser implementado no âmbito do PROEJA no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) Câmpus Natal- -Zona Norte em 2006.2, autorizado pela Resolução nº 26/2005 do Conselho Diretor do CEFET-RN. [1] Com duração de três

anos, cujos profissionais formados atuarão nas áreas de progra- 1 Centro Federal de Educação Tecnológica. A partir de 23/09/2009, passou a se chamar

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Capítulo III | mação, desenvolvimento Web, manutenção de computadores e redes de computadores.

Para a formação das primeiras turmas do referido curso em 2006.2, segundo informações de Alessandro José de Souza, chefe do Departamento na época do período de implantação do PROEJA no CEFET, “não houve seleção, pois não havia concorrência suficiente para ser realizado o exame. Todos os inscritos entraram”, perfazendo um total de 81 alunos, distribuídos em duas turmas, sendo uma com quarenta e outra com quarenta e um alunos.

A partir de dados do Sistema Interno do Serviço Social (SISS), do IFRN Câmpus Natal-Zona Norte, e da Diretoria Aca- dêmica da referida instituição e de questionários aplicados duran- te o estudo, realizamos um perfil dos alunos.

De acordo com a pesquisa realizada pelo SISS (2010), e poste- rior relatório, dos 81 (oitenta e um) alunos matriculados no men- cionado curso em 2006.2, 33 (trinta e três) aderiram à referida pesquisa, podendo-se verificar, através da análise desses dados, a forte presença feminina, 48,49%, apesar da predominância mas- culina de 51,51%. Observou-se também a existência de um gran- de contingente de jovens, perfazendo o percentual de 75,75%. Percebeu-se, ainda, que os adultos com mais de 25 anos, em sua maioria, ficaram excluídos do sistema. No que diz respeito à ins- tituição de ensino, 84,85% concluíram o ensino fundamental em escola pública, 12,12% em escola particular e 3,04% não infor- maram. Quanto ao nível de escolaridade desses jovens e adul- tos que ingressaram no PROEJA de Informática em 2006.2, de acordo com os dados da Diretoria Acadêmica do IFRN Câmpus/ Zona Norte, das 81 entradas, 72,84% tinha ensino fundamental, 19,76% ensino médio, 1,24% superior incompleto, 2,46% gradu- ação e 3,7% não informaram. Assim, quanto ao nível de escolari- dade desses ingressantes no PROEJA de Informática em 2006.2, notou-se que sua maioria era originária de escola pública e possuía

apenas o ensino fundamental, grau de escolaridade exigido para o ingresso nos cursos de educação profissional técnica de nível mé- dio. Entretanto, entendendo-se que o PROEJA tem como meta, de acordo com o Documento Base (2007) contemplar a elevação da escolaridade com profissionalização, constatou-se, conforme os dados expostos acima, muito embora, num percentual menor, a presença de alunos com ensino médio completo e até mesmo com superior incompleto e graduação.

Os dados da tabela abaixo, sobre a situação dos alunos do curso de Informática do PROEJA do IFRN até abril de 2010 apontam resultados preocupantes, que comprometem o êxito desse programa ao se fundamentar nas diretrizes que norteiam o Documento Base e o Parecer CNE/CEB 11/2000, no que diz respeito ao acesso, evasão, jubilamento, permanência e conclusão destes, considerando o período de entrada – 2006.2 – e o período normal de conclusão – 2009.1.

Tabela 1 – Situação administrativa dos educandos do curso integrado de Informática na modalidade EJA no IFRN Câmpus Natal-Zona Norte até abril de 2010.

No documento PROEJA - final.pdf (11.86Mb) (páginas 59-62)