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3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DA TAREFA 4

3.5.2 Análise da Tarefa 4 referente ao grupo I

Pela análise das produções escritas dos entrevistados do GI, pode-se notar que quatro entrevistados do GI apresentam respostas matematicamente aceitáveis para a tarefa 4. As respostas escritas apresentam poucos ou nenhum argumento explicando como os entrevistados chegaram às conclusões, na maior parte dessas respostas escrevem que chegaram à conclusão

“olhando a figura de frente”. Foram observadas dificuldades nas resoluções de I2, I3, I5 e I6. O participante I2 apresentou dificuldade no item b, não conseguiu identificar as letras e seus respectivos lugares na figura 4. A dificuldade de I3 foi um pouco maior que a de I1, não conseguiu identificar qual figura representa a vista de frente da peça tridimensional e se confundiu nas letras e seus respectivos lugares nas figuras 2, 3 e 4. Tanto I2 quanto I3 conseguiram identificar as faces ocultas e representá-las como o esperado para a tarefa. Já no caso de I5 e I6, ambos responderam satisfatoriamente aos itens a e b, porém apresentaram dificuldade no item c. No caso de I5, ele identifica que há três faces ocultas, mas não identifica a forma dessas faces, e I6 identifica as faces de trás e a lateral direita corretamente, só não identifica a face que representa a base da peça.

As Figuras 51, 52, 53 e 54, apresentam as respostas de I2, I3, I5 e I6, respectivamente:

Figura 50 – Resolução da Tarefa 4 pelo entrevistado I2

Figura 51 – Resolução da Tarefa 4 pelo entrevistado I3

Fonte: A autora, com base nas produções escritas dos entrevistados, 2020.

Figura 52 – Resolução da Tarefa 4 pelo entrevistado I5

Figura 53 – Resolução da Tarefa 4 pelo entrevistado I6

Fonte: A autora, com base nas produções escritas dos entrevistados, 2020.

Pelas observações realizadas e análise das produções orais dos entrevistados do GI, nota-se que estão em concordância com as produções escritas. Todos os integrantes do GI justificam suas respostas de modo perceptivo e intuitivo. Em suas falas, os sete que responderam satisfatoriamente o item a explicam que escolheram a figura 2 por imaginar (ou “pensar”) que estão olhando a peça de frente, sem se referir à comparação de formas ou alguma outra estratégia. Nas respostas os entrevistados usam termos como: “essa parte é mais alta” (I1, I2); “aqui tem um degrau” (I4); “tem uma certa profundidade” (I6); “é como se dobrasse a

folha” (I6), para expressar que as faces da peça estão em profundidades e posições diferentes.

Em sua resposta, I3, que apresentou maior dificuldade nos itens a e b, diz; “ eu pensei que como

D está primeiro (no sentido de mais próximo do observador) ele teria que ser maior”, se

referindo à posição que a face D teria na vista frontal.

Em relação ao item c, as respostas orais são similares às escritas. No caso do GI, somente I4 identifica em sua fala que as faces ocultas têm o mesmo contorno das faces apresentadas nas figuras numeradas de 2 a 4.

Pode-se notar que todos os integrantes do GI constroem uma imagem mental da peça tridimensional representada pelo número 1 na figura dada, visto que nas respostas aos itens a e b, utilizam termos como “imaginando” e “pensando”. E I1, I2, I3, I4, I6, I7 e I8 dão indícios de produção de imagem mental ao citarem as faces ocultas da peça.

Houve, também, a utilização de representações externas nas resoluções por parte de todos os participantes do GI. As produções dos entrevistados evidenciam o uso da imagem dada para responder a tarefa e a produção de outras imagens (das faces ocultas).

Como seis entrevistados do GI, a partir da figura 1, identificam as vistas e completam as figuras de 2 a 4 com as letras correspondentes à cada parte da peça 3D, verifica-se a ação de interpretação da figura. Os dois entrevistados que tiveram dificuldade nessa identificação interpretam a figura para a confecção das faces da peça que não são vistas na imagem dada. Assim infere-se que houve a ação de interpretação da figura por parte dos integrantes do GI, embora quatro deles tenham demonstrado dificuldade na resolução da tarefa, que pode estar relacionada a dificuldades em relação a essa ação.

Observa-se que quatro integrantes do GI mobilizam as habilidades de percepção de relações espaciais, de posições espaciais, de discriminação visual e de conservação da percepção ao responder os itens da tarefa 4, relacionadas à capacidade de identificar corretamente as características das relações entre as vistas e a peça, a capacidade de relacionar a posição das vistas em relação à peça 3D e a si mesmo, a capacidade de comparar as vistas à peça identificando suas semelhanças e diferenças visualmente e a capacidade de reconhecer as três faces ocultas e seus formatos.

Os outros quatro participantes mobilizaram satisfatoriamente algumas das habilidades referidas, porém apresentaram dificuldade em uma delas. Dois entrevistados, I2 e I3, apresentaram dificuldade na mobilização das habilidades de percepção de relações espaciais, de posições espaciais e de discriminação visual. Os outros dois apresentaram dificuldade em relação a reconhecer as faces ocultas, sendo que I6 tem dificuldade em reconhecer uma das faces (a base) e I5 apresenta dificuldade em reconhecer as três faces e seus formatos, o que evidência dificuldade na mobilização da habilidade de conservação da percepção.

Com respeito ao emprego da função heurística (que está relacionada à exploração das figuras, consequentemente à mobilização das habilidades para visualização) nesta tarefa, pode- se inferir pelo exposto que seu emprego ocorreu por parte de quatro dos entrevistados do GI, visto que para eles houve o reconhecimento das formas e reconfiguração, e que os outros quatro apresentaram dificuldades em relação ao emprego da função.

Observa-se que o emprego da função discursiva pelos integrantes do GI apresenta uma maior defasagem em relação ao observado no GJ. Nota-se nas produções dos integrantes do GI, ao justificarem o raciocínio empregado na resolução da tarefa, a falta de argumentos. Muitas vezes não sabem como justificar suas conclusões e têm maior dificuldade em escrever o que pensam. As poucas justificativas apresentadas são pautadas na percepção e intuição, o que nos leva a inferir que, embora haja o emprego da função discursiva, esta é pouco efetiva.

Como observado em relação ao GJ, também nas respostas dos entrevistados do GI, a dificuldade em relação à aplicação efetiva da função discursiva e da heurística dão indícios de

que, embora haja a passagem entre os registros figural e língua natural pela coordenação entre as funções heurística e discursiva, há dificuldades nessa conversão.

Pode-se observar que quatro integrantes do GI apresentam respostas que foram consideradas matematicamente aceitáveis à Tarefa 4, mesmo com dificuldades na justificação, por apresentarem as conclusões esperadas. Eles identificam que a figura 2 corresponde à vista frontal e completam as formas com as letras corretamente, reconhecem e apresentam as três faces ocultas da peça tridimensional. Os outros quatro apresentam dificuldade em pelo menos um dos itens da tarefa.