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4 O PROGRAMA DE PREFERÊNCIAS COMERCIAIS PARA OS ANDES

4.2 A Andean Trade Preference Act

A Andean Trade Preference Act - ATPA foi promulgada em 4 de dezembro de 1991 e entrou em vigor em 22 de julho de 1992. A referida lei estabeleceu a concessão de preferências tarifárias, durante um período inicial de dez anos, para produtos selecionados provenientes de quatro países andinos: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Os termos da ATPA são semelhantes aos da Caribbean Basin Economic Recovery Act - CBERA, que, em 1983, criou o programa de preferências para os países da Bacia do Caribe, comumente referido como Caribbean Basin Initiative - CBI.

O principal objetivo declarado da ATPA é promover a diversificação das exportações e o amplo desenvolvimento econômico, capazes de oferecer alternativas econômicas sustentáveis que diminuam a produção de culturas utilizadas para a fabricação de drogas na região andina.

Apesar dos quatro países andinos já serem beneficiados pelo SGP dos Estados Unidos, a ATPA inclui uma pauta maior de produtos. Ao contrário do SGP, pela ATPA a elegibilidade dos beneficiários não é afetada pelo limite de necessidade competitiva ou pelo sistema de graduação. Permanece vigente, no entanto, a possibilidade de suspensão da isenção tarifária por meio de salvaguarda autorizada pelo presidente dos Estados Unidos, no caso de necessidade de controle temporário do nível de importação32.

4.2.1 Designação dos beneficiários

A designação formal dos beneficiários do programa é feita pelo presidente dos Estados Unidos. Para tanto, o presidente deve observar as seguintes limitações:

32 Entre 1991 e 2003, foram impostas medidas de salvaguardas que afetaram produtos andinos em duas ocasiões. Em 1996, o presidente suspendeu a isenção tarifária para vassouras de milho provenientes da Colômbia, suspensão que durou de 28.11.96 a 27.11.99. Em fevereiro de 2000, foi imposta salvaguarda contra a importação de fios condutores e tubos de aço provenientes dos países da ATPA (UNITED STATES TRADE REPRESENTATIVE, 2003, p. 7).

a) não podem ser designados beneficiários: (i) países comunistas;

(ii) países que:

• tenham nacionalizado, expropriado ou removido o controle da propriedade de cidadão norte-americano, ou de empresa, parceria ou associação com participação norte-americana de pelo menos 50%;

• tenham adotado medidas para repudiar ou anular qualquer contrato ou patente, marca ou outra propriedade intelectual detida por cidadão norte-americano ou empresa, parceria ou associação com participação norte-americana de pelo menos 50%, cujo efeito seja a nacionalização, expropriação ou remoção da propriedade ou controle;

• tenham imposto taxas, tributos ou outras medidas relacionadas à propriedade cujo efeito seja a nacionalização, expropriação ou remoção da propriedade ou controle. Nesse caso, a autorização pode ser dada desde que o presidente dos Estados Unidos declare que houve a devida compensação aos proprietários, boa fé por parte do país que impôs as medidas ou o caso tenha sido submetido à resolução por meio de arbitragem;

(iii) países que deixem de reconhecer decisões arbitrais envolvendo cidadãos norte- americanos, empresas, associações ou parcerias norte-americanas ou com participação norte-americana de pelo menos 50%;

(iv) países que oferecem acesso preferencial a produtos de países desenvolvidos, exceto os Estados Unidos, de forma a afetar negativamente o comércio dos Estados Unidos;

(v) países cujas empresas estatais divulguem, através de veículos de comunicação em massa, materiais protegidos por direitos autorais detidos por partes norte- americanas, sem a devida autorização;

(vi) países que não tenham acordo para extradição de cidadãos norte-americanos; (vii) países que não estejam comprometidos com os direitos trabalhistas

internacionalmente reconhecidos.

O presidente dos Estados Unidos pode designar um país que se enquadre em um dos itens acima, exceto os itens (iv) e (vi), se considerar adequado para a economia norte-americana ou por motivo de segurança nacional, desde que devidamente justificado ao Congresso.

b) Critérios de elegibilidade:

(i) interesse do país em ser designado beneficiário; (ii) condições econômicas e padrão de vida no país;

(iii) em que medida o país tem garantido que os Estados Unidos terão acesso eqüitativo e razoável aos mercados e commodities daquele país;

(iv) o cumprimento pelo país das regras da OMC;

(v) o grau com que o país utiliza-se de subsídios à exportação ou impõe requisitos de desempenho exportador ou conteúdo local que distorcem o comércio internacional; (vi) o grau com que as políticas comerciais do país, relativamente aos demais

beneficiários, contribuem para revitalizar a região;

(vii) o grau com que o país está implementando medidas para proteger seu desenvolvimento econômico;

(viii) a adoção, pelo país, de medidas para assegurar aos trabalhadores os direitos trabalhistas internacionalmente reconhecidos;

(ix) o compromisso do país em garantir a proteção e o exercício dos direitos de propriedade intelectual detidos por norte-americanos no país;

(x) em que medida o país proíbe seus cidadãos de divulgarem materiais protegidos por direitos autorais, inclusive filmes e materiais televisivos, cujos direitos pertençam a norte-americanos, sem prévia autorização;

(xi) a certificação de que o país satisfaz os requisitos de cooperação no combate às drogas;

(xii) a cooperação do país na administração dos dispositivos da ATPA.

O presidente pode retirar ou suspender a designação de um país ou limitar a aplicação dos benefícios tarifários, caso considere que mudanças nas circunstâncias justifiquem tal medida.

4.2.2 Produtos elegíveis

A ATPA abrange grande parte das linhas tarifárias, mas foram excluídas linhas relacionadas aos seguintes produtos:

a) artigos têxteis e de vestuário; b) alguns calçados;

c) atum enlatado; d) petróleo e derivados; e) relógio e suas partes;

f) artigos de couro (malas, bolsas, vestuário); g) açúcar, xaropes e melaços;

h) rum e táfia.

Permanecem vigentes, no entanto, o sistema de quotas tarifárias para produtos agrícolas, estando isenta apenas a importação intra-quota, bem como medidas de natureza não tarifária, como requisitos sanitários e fitossanitários.

4.2.3 Regra de origem

Para que os produtos possam se beneficiar, devem satisfazer à regra de origem que determina que o custo ou valor dos insumos locais (oriundos de um dos beneficiários do ATPA) mais os custos diretos do processamento, realizado dentro de países beneficiados pelo ATPA, correspondam a no mínimo 35% do valor aduaneiro do produto. São válidos, para efeito do cálculo do percentual, além dos insumos provenientes de um dos países beneficiários, os insumos provenientes de Porto Rico, Ilhas Virgens norte-americanas e países beneficiários da CBERA. Também se consideram como satisfatórios os produtos que contenham 20% de conteúdo local e os demais 15% originários dos Estados Unidos (excluindo Porto Rico).

4.2.4 Avaliação de resultados do programa

Pela ATPA, o presidente dos Estados Unidos está obrigado a apresentar relatórios trienais sobre o programa, incluindo os possíveis efeitos sobre a erradicação e substituição de culturas utilizadas para a produção de drogas. Cabe à United States International Trade Commission - USITC apresentar relatórios anuais sobre o impacto do programa sobre as indústrias e

consumidores dos Estados Unidos, bem como indicar, a partir do trabalho em conjunto com outras agências, a efetividade do programa na questão do combate à produção de drogas. Já à Secretaria de Trabalho compete revisar e avaliar, anualmente, o impacto do programa sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos.