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No documento PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (páginas 117-127)

Para iniciarmos o estudo sobre o manejo da água pluvial urbana, precisamos definir o que é água pluvial.

Águas pluviais são as águas que resultam das precipitações atmosféricas (chuva, neblina, granizo, neve) e caem nos telhados, coberturas, etc., chegando ao solo e infiltrando-se ou podendo escoar na superfície. De uma forma mais simples, é a “água da chuva”. Fazendo parte do ciclo hidrológico, esta é muito importante para a humanidade, na medida em que controla ou interfere nos

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processos da natureza. Podemos citar alguns “serviços ambientais” prestados pela água pluvial:

• manutenção da biodiversidade e do ecossistema urbano;

• recarga de corpos hídricos;

• Recarga do aquífero;

• Solvente universal.

Conforme a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, em seu art. 3º, a drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas é o “[...] conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas”

(BRASIL, 2007, p. 3).

A drenagem de águas pluviais é assunto que preocupa muito os administradores públicos, pois, entre os setores do saneamento, é aquele que não pode falhar, pois, caso contrário, apresenta consequências imediatas, visíveis e, geralmente, de grande impacto.

Com o objetivo de minimizar problemas relacionados aos recursos hídricos, precisamos realizar a “gestão dos recursos hídricos urbanos”, ou seja, acompanhar e controlar a disponibilidade hídrica e a drenagem urbana. Assim, para realizar a gestão das águas pluviais, precisamos monitorar as chuvas, entender o ciclo hidrológico, realizar a previsão do microclima e destinar, adequadamente, a água precipitada por meio do uso de práticas que diminuam os impactos da urbanização e garantam disponibilidade da água da chuva.

Quando pensamos em gestão da água, é importante conhecer os principais sistemas relacionados à água no meio ambiente urbano, quais sejam:

• mananciais de águas;

• abastecimento de água;

• saneamento de efluentes domésticos;

• controle da drenagem urbana;

No Brasil, ainda levar o esgoto para longe das pessoas, resíduos sólidos provenientes da precipitação pluviométrica sobre as superfícies.

Essa água recebe tratamento e retorna aos rios, fechando o ciclo hidrológico.

O controle das inundações ribeirinhas é realizado para evitar que as inundações naturais atinjam as populações que ocupam áreas pertencentes ao leito maior do rio. Infelizmente, as pessoas esquecem o ciclo hidrológico da água e ocupam áreas que podem sofrer impacto de inundações.

Um sistema de drenagem bem projetado e com manutenção eficiente proporciona alguns benefícios:

• gastos menores com manutenção de vias públicas;

• valorização das propriedades localizadas na área com sistema de drenagem;

• rápido escoamento das águas superficiais, evitando problemas de trafegabilidade em caso de chuvas intensas;

• redução de prejuízo às propriedades e, principalmente, diminuição do risco de perdas humanas;

• eliminação de áreas alagadas, com águas estagnadas e também formação de lama;

• diminuição dos impactos ambientais, causados pela chuva. Exemplo: erosões e poluição de rios e lagos.

• redução da ocorrência de doenças causadas pelo contato com água poluída.

No Brasil, ainda é muito utilizado um sistema misto, em que a rede de drenagem tem capacidade de transporte elevada, e, com isso, escoa o esgoto e as águas pluviais. Desta maneira, possibilita levar o esgoto para longe das pessoas, porém causa elevado impacto ambiental sobre o sistema fluvial.

Antes de lançar as águas pluviais nas redes coletoras, podemos adotar algumas medidas de controle com o objetivo de diminuir o volume de água a ser escoada e, também, aproveitar a água pluvial para atividades que não necessitam de água potável. Veja alguns exemplos no quadro 9 a seguir:

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Quadro 9 - Principais medidas de controle na fonte OBRAS CARACTERÍSTICA

PRINCIPAL FUNÇÃO EFEITO

Pavimento poroso

Pavimento com camada de base porosa com reservatório.

Armazenamento temporário da chuva no local do próprio pavimento. Áreas externas

Infiltração no solo ou reten-ção, de forma concentrada e linear, da água da chuva

infiltração Depressões lineares em terreno permeável.

Infiltração no solo ou retenção no leito da vala, da chuva caída em áreas camada não saturada e/ou saturada do solo, da chuva caída em área limítrofe. do esgotamento pluvial de áreas impermeabilizadas

reservatório Telhado com função reservatório.

Armazenamento temporário da chuva no telhado da edificação. e/ou infiltração no solo do escoamento superficial da e/ou infiltração no solo do escoamento superficial da abaixo do nível do solo.

Armazenamento temporário do escoamento superficial da área contribuinte.

Retardo e/ou redução do escoamento pluvial da área contribuinte.

Condutos

Área de escape para en-chentes.

O sistema de escoamento das águas pluviais urbanas

O escoamento das águas pode ocorrer de duas maneiras:

• Natural: depressão no terreno, riacho e ribeirão.

• Artificial: subdividido em microdrenagem (sarjetas, bocas de lobo, galerias) e macrodrenagem (canais abertos e fechados).

A etapa denominada de microdrenagem é, geralmente, constituída dos seguintes itens:

a) Pavimento da via.

b) Sarjetas.

e) Estações de bombeamento.

No conceito clássico de drenagem, utiliza-se a expressão: “Toda água circulante deve ir rapidamente para o esgoto, evitando insalubridades e desconfortos,

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nas casas e nas ruas”. (SILVEIRA, 2002, p. 7). Nesse sistema de drenagem, o início ocorre nas edificações em que a água pluvial é recolhida nas áreas de contribuição (telhados, pátios, etc.), por meio de calhas, e transportada por tubulações e condutores até ser lançada nas galerias pluviais que conduzem até o corpo receptor mais próximo (riachos, rios, lagos, etc.).

O projeto das galerias, considerando a vazão de água e as condições físicas e econômicas, poderá optar por formatos circulares, retangulares, trapezoidais ou mistos. Sempre que o escoamento superficial é inviável, são instaladas “bocas de lobo” para encaminhar a água até as redes de águas pluviais. Conforme a complexidade requerida para o sistema, ainda são implantadas obras complementares, como os bueiros, dissipadores de energia e estações elevatórias.

No conceito moderno de drenagem urbana, o escoamento adequado e, também, a destinação correta das águas pluviais, não é aquele realizado o mais rápido possível, mas sim o escoamento que apresenta maiores benefícios para a sociedade e para o meio ambiente.

A NBR 15527/2007 que recomenda os padrões de qualidade para as águas pluviais, também estabelece a frequência de manutenção de cada componente do sistema de drenagem urbana:

• dispositivo de descarte de detritos: inspeção mensal e limpeza trimestral;

• dispositivo de descarte do escoamento inicial: limpeza mensal;

• calhas, condutores verticais e horizontais: semestral;

• dispositivos de desinfecção: mensal;

• bombas: mensal;

• reservatório: limpeza e desinfecção anual.

Higiene e segurança do trabalho em serviços com águas pluviais

Ao executar trabalhos relacionados a águas pluviais, desde a construção do sistema de drenagem de águas pluviais urbanas até a operação, envolvendo a manutenção dos diversos componentes, é necessário observar e cumprir as diversas Normas Regulamentadoras de cada tipo de trabalho realizado, além da

Ao relacionar os riscos envolvidos nessas atividades, podemos observar que são idênticos aos riscos já enumerados na seção anterior, quando tratamos do esgoto doméstico. Assim, sugiro que você faça novamente a leitura deste tópico, bem como das medidas de segurança aplicáveis a este trabalho.

Além dos riscos já apresentados, podemos acrescentar mais um risco: expor o trabalhador, nas instalações de elevação e tratamento, ao aumento brusco de caudal e inundações súbitas. Para esse risco apresentado, podemos sugerir algumas medidas de segurança, tais quais: estabelecer acessos compatíveis com a previsão de níveis de inundação; vigiar a situação pluviométrica durante todo o desenvolvimento do trabalho nas áreas de risco e adotar medidas de evacuação do local.

O trabalho em redes pluviais ainda não está bem definido, assim como estão as atividades desenvolvidas dentro de indústrias, hospitais, etc., em que os riscos já foram estudados e catalogados em diversas áreas. Cabe ao Engenheiro de Segurança do Trabalho avaliar todas as operações/ações executadas nos trabalhos ligados ao saneamento básico e, em especial, às redes pluviais, comparando-os com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho com o objetivo de valorizar uma atividade laboral muito importante para a preservação do meio ambiente e, certamente, para a preservação de vidas humanas e seus respectivos patrimônios.

A título de informação, leia o artigo Processo de Trabalho em Redes de Esgotos Pluviais ou Mistas da Cidade de Porto Alegre:

Readaptação ou Ampliação de Condutas e Procedimentos da NR33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em espaços confinados, de Luiz Francisco Pedroso Lopes, disponível em: <http://www.ppci.com.br/

pdf/nr33repm.pdf>. Acesso em: 4 set. 2013.

Atividade de Estudos:

1) Descreva as etapas que compõem um sistema de abastecimento de água.

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2) Quais são os riscos físicos geralmente encontrados no trabalho com esgoto doméstico?

3) Qual a lei que criou o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)? O que ela dispõe?

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4) O que é logística reversa?

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c onSiderAçõeS f inAiS

Podemos dizer que o saneamento básico brasileiro está amparado por meio de legislação própria. A Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 é um marco regulatório na história do saneamento. Essa lei estabelece as diretrizes básicas em âmbito nacional e a política federal de saneamento básico.

Vimos, nesse capítulo, que o saneamento básico é composto por um “[...]

conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas” (BRASIL, 2007, p. 3). Desta forma, nós, engenheiros de segurança do trabalho, precisamos desenvolver ações e atitudes com o objetivo de fornecer um ambiente salubre aos trabalhadores envolvidos com o saneamento básico e, assim, possibilitarmos um índice maior de população saudável.

r eferênciAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos sólidos – classificação. Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos

Jurídicos. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de

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fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jan. 2007, p. 3.

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2.010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010, p. 2.

BRASIL. R 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (104.000-6). Aprovada pela Portaria nº 33, de 27/10/1983.

1983. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/4.

htm>. Acesso em: 19 set. 2013.

GOMES, Beatriz Emília; REZENDE, June Maria Passos; CERQUEIRA, Marli.

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IBGE. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.

Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Tratamento de água. 2011. Disponível em: <http://

www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-agua/tratamento-2.php>.

Acesso em: 19 set. 2013.

RECESA. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento

Ambiental (Org.). Resíduos sólidos: saúde e segurança do trabalho aplicadas ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos : guia do profissional em treinamento: nível 1. Belo Horizonte: ReCESA, 2008. 56 p.

SILVEIRA, A. L. L. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In Hidrologia: ciência e aplicação. 4. ed. cap. 2, Porto Alegre, RS: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.

C APÍTULO 4

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