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r eSíduoS S ólidoS – PgrS

No documento PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (páginas 146-156)

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, o qual estudaremos agora, é utilizado por empresas dos ramos industriais, como indústrias alimentícias, papeleiras, químicas, metalúrgicas, dentre outras. Os resíduos sólidos provenientes dessas atividades apresentam características muito diversificadas e, geralmente, apresentam toxicidade elevada. Exemplos de resíduos: lodos de tratamentos de efluentes, óleos, cinzas, resíduos ácidos ou alcalinos, plásticos, borrachas, vidros, cerâmicas, etc. Conforme já estudado no capítulo anterior e como estabelece a NBR 10.004 da ABNT, esses resíduos podem ser classificados em perigosos (classe I), não perigosos e não inertes (classe IIA) e não perigosos O impulso na

A Norma Regulamentadora (NR-25) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que trata dos Resíduos Industriais, estabelece a obrigatoriedade da elaboração de medidas de prevenção de riscos e/ou sua eliminação quando afirma que “[...] os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores” (BRASIL, 2011, p.1).

Conforme a legislação brasileira, em especial a Lei 12.305/2010, que estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), o gerenciamento dos resíduos sólidos deve ser realizado com “responsabilidade compartilhada”, ou seja, poder público, instituições governamentais e empresas privadas são responsáveis pela gestão dos resíduos. Assim, podemos citar alguns exemplos de geradores responsáveis pelo gerenciamento dos seus resíduos:

• Geradores de resíduos públicos de saneamento básico, com exceção da limpeza pública e resíduos sólidos domiciliares.

• Geradores de resíduos provenientes de indústrias, considerando o processo produtivo e as instalações industriais.

• Geradores de resíduos de serviços de saúde.

• Geradores de resíduos da construção civil, proveniente de construções, reformas e demolições.

• Geradores de resíduos provenientes da área comercial, desde que estes não sejam semelhantes aos resíduos domiciliares.

• Geradores de resíduos em terminais rodoviários, portuários, aéreos, etc., bem como nas empresas de transporte.

• Geradores de resíduos provenientes de atividades agrossilvopastoris, desde que seja exigido pelo órgão ambiental.

A Lei nº 12.305, que estabelece o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), em seu Art. 21, apresenta o conteúdo mínimo previsto para a elaboração do plano:

a) Descrição do empreendimento ou atividade responsável pela geração de resíduos:

Proteção do Meio Ambiente

IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR

Razão Social: CNPJ:

Nome fantasia:

Endereço: Município: UF:

CEP: Telefone: Fax: E-mail:

Área ocupada pela atividade (m2): N° de funcionários:

Responsável pelo PGRS:

Responsável legal:

Descrição da atividade:

Nome do contador e telefone:

b) Caracterização dos resíduos, informando também a origem e o volume:

Item Resíduo Classe Unidade/ Eq.

gerador

Acondicion./

Armazen.

Tratamento adotado

Frequência de geração

Estoque Interno Externo

Responsável pelo empreendimento: Assinatura:

c) Relação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos.

d) Planejamento dos procedimentos operacionais relativos às etapas do PGRS:

Item Resíduo Classe

Estocagem temporária Destinação final

Observações Data de

entrada Quant. Local Data de

saída Quant. Destino final

Responsável pelo empreendimento: Assinatura:

e) Informações sobre as possibilidades de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores de resíduos.

f) Planejamento de ações preventivas e corretivas para utilização, em caso de acidentes ou gerenciamento inadequado.

g) Descrição das metas e dos procedimentos previstos para a minimização, a reutilização e a reciclagem dos resíduos.

h) Medidas saneadoras dos passivos ambientais.

i) Informações sobre os prazos para revisão do plano e prazo de vigência da licença de operação.

Assim, todos os grandes geradores de resíduos são obrigados a elaborar e implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que contemple os seguintes aspectos:

• minimização na geração: apresentar as técnicas e os procedimentos que a empresa pretende implementar para reduzir a geração e para reaproveitar os resíduos.

• segregação: separar os resíduos por classe, conforme norma ABNT NBR-10.004, identificando-os e acondicionando-os adequadamente no momento de sua geração, para evitar a mistura daqueles incompatíveis e possibilitando a reutilização, a reciclagem e a segurança no manuseio.

Proteção do Meio Ambiente

• acondicionamento e identificação: Especificar os tipos e a capacidade dos recipientes adotados, por tipo ou grupo de resíduos, realizando a sua identificação por meio de simbologia padrão e estabelecer os procedimentos corretos para o fechamento, vedação e manuseio desses recipientes. Informar os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários para as atividades de acondicionamento e transporte dos resíduos e listar os produtos químicos utilizados para a higienização dos EPIs, dos equipamentos e dos recipientes, bem como os procedimentos recomendados.

• coleta e transporte interno: Informar se a coleta é manual ou mecânica e descrever também os procedimentos adotados nessa atividade. Relacionar os equipamentos utilizados nessa etapa com suas respectivas especificações.

Informar quais os procedimentos adotados em caso de acidente com rompimento de recipientes, vazamento de líquidos ou sólidos derramados em lugar impróprio. Descrever os procedimentos de higienização dos recipientes de coleta e transporte e relacionar os produtos químicos utilizados. Importante apresentar a planta baixa do estabelecimento com as rotas dos resíduos;

• armazenamento temporário: Descrever a área de armazenamento temporário de resíduos, obedecendo as seguintes medidas de segurança e proteção ambiental: impermeabilização do piso; cobertura e ventilação;

drenagem das águas pluviais, dos líquidos percolados e dos derramamentos acidentais; projeto de bacia de contenção; isolamento e sinalização da área; acondicionamento adequado; controle de operação; treinamento de pessoal; monitoramento da área; rotulagem dos tambores e dos contêineres;

apresentar em planta baixa a localização das áreas utilizadas para estocagem temporária dos resíduos.

• tratamento interno: Especificar o tipo e a quantidade de resíduos a serem tratados e também as características e a quantidade de resíduos resultantes do tratamento; descrever o princípio de funcionamento do equipamento utilizado para o tratamento de resíduos, bem como os procedimentos previstos para situações de emergência; apresentar em planta baixa a localização do(s) equipamento(s) utilizados no tratamento.

• coleta e transporte externo: Especificar a frequência, o horário e o tipo de veículo transportador utilizado para cada tipo de resíduo; informar se a empresa responsável pela coleta externa é o próprio gerador ou empresa contratada, fornecendo o nome, o endereço, o telefone/fax, os dados do responsável técnico, etc.; informar dados sobre o sistema de Coleta Seletiva, com a identificação dos resíduos; descrever o programa de treinamento da equipe de coleta; apresentar cópia da autorização ambiental de transporte de

para os casos de acidentes ou incidentes causados pelo manuseio incorreto dos resíduos.

• tratamento externo: apresentar as alternativas de tratamento adotadas para cada tipo de resíduo; relacionar todos os equipamentos utilizados,

informando o tipo, a marca, o modelo, as características, a capacidade nominal e operacional; apresentar cópia da Licença Ambiental da Unidade Receptora de Resíduos.

• disposição final: descrever as instalações, os processos e procedimentos que visam a destinação ambientalmente adequada dos resíduos de acordo com as exigências ambientais.

Observando as características e a classificação do resíduo, pode-se utilizar o reprocessamento, a reciclagem, a descontaminação, a incorporação, o coprocessamento, o re-refino, a incineração ou a disposição final em aterros sanitários ou industriais.

O Plano de Gerenciamento deve ser elaborado pelo gerador dos resíduos e encaminhado ao órgão ambiental competente do SISNAMA para análise e aprovação, pois é documento que integra o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades.

Quando o empreendimento não é passível de licenciamento ambiental, o plano de gerenciamento de resíduos sólidos deverá ser encaminhado às autoridades municipais competentes.

O art. 22 da PNRS estabelece que “[...] para a elaboração, implementação, operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, nelas incluído o controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, será designado responsável técnico devidamente habilitado”.

(BRASIL, 2010, p. 2).

Caro(a) aluno(a), apresento, a seguir, uma lista com algumas leis, normas, decretos, com o objetivo de orientar e fornecer diretrizes para os procedimentos necessários no manejo adequado dos resíduos sólidos.

Legislação Aplicável aos Resíduos Sólidos:

• Lei 12.305/2010 – Estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O Plano de

Proteção do Meio Ambiente

• NBR 10004/87 - Resíduos sólidos – Classificação.

• NBR 10005/87 - Lixiviação de resíduos – Procedimento.

• NBR 10006/87 - Solubilização de resíduos – Procedimento.

• NBR 10007/87 - Amostragem de resíduos – Procedimento.

• NBR 12235/87 - Armazenamento de resíduos sólidos perigosos.

• NBR 7500 - Transporte de produtos perigosos.

• NBR 7501/83 - Transporte de cargas perigosas.

• NBR 7503/82 - Ficha de emergência para transporte de cargas perigosas.

• NBR 7504/83 - Envelope para transporte de cargas perigosas. Características e dimensões.

• NBR 8285/96 - Preenchimento da ficha de emergência.

• NBR 8286/87 - Emprego da simbologia para o transporte rodoviário de produtos perigosos.

• NBR 11174/89 - Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III (inertes).

• NBR 13221/94 - Transporte de resíduos – Procedimento.

• NBR 13463/95 - Coleta de resíduos sólidos – Classificação.

• NBR 12807/93 - Resíduos de serviço de saúde – Terminologia.

• NBR 12.235/92 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos.

• NBR 7.500/00 - Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

• NBR 10157/87 - Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projetos, construção e operação.

• NBR 8418/83 - Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais

• NBR 11175/90 - Incineração de resíduos sólidos perigosos – Padrões de desempenho (antiga NB 1265).

• NR-25 Resíduos industriais.

• CONTRAN nº 404 - Classifica a periculosidade das mercadorias a serem transportadas.

• Resolução CONAMA nº 06/88 - Dispõe sobre a geração de resíduos nas atividades industriais.

• Resolução CONAMA nº 05/93 - Estabelece normas relativas aos resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.

• Resolução CONAMA nº 275/01 - Simbologia dos Resíduos.

• Resolução CONAMA nº 09/93 - Dispõe sobre uso, reciclagem, destinação re-refino de óleos lubrificantes.

• Portaria MINTER nº 53/79 - Dispõe sobre o destino e tratamento de resíduos.

• Decreto Federal nº 96.044/88 - Regulamenta o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos.

• Portaria INMETRO nº 221/91 - Aprova o Regulamento Técnico Inspeção em equipamentos destinados ao transporte de produtos perigosos a granel não incluídos em outros regulamentos.

Os responsáveis pelos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos poderão ser multados, condenados a 3 anos de prisão e sofrer sanções administrativas em caso de descumprirem as obrigações estabelecidas na Lei nº 12.305/2010. Além disso, os responsáveis pelos resíduos deverão reparar o dano causado ao meio ambiente com a poluição dos recursos hídricos superficiais e do lençol freático. Atualmente, observa-se que o investimento técnico financeiro para a gestão adequada dos resíduos é bem menor que aquele utilizado para a reparação do dano.

Proteção do Meio Ambiente

A implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) requer uma sequência de ações, das quais podemos citar algumas:

• Definir as funções e responsabilidades de cada membro da empresa.

• Treinar e conscientizar todas as pessoas envolvidas no processo, desde a alta gerência até os trabalhadores envolvidos na produção, inclusive trabalhadores terceirizados.

• Comunicar a implementação do PGRS a todos os interessados, desde trabalhadores, acionistas, clientes, fornecedores e comunidade do entorno.

• Elaborar e controlar a documentação referente ao plano.

• Controlar os processos envolvidos no plano, desde a classificação dos resíduos até a destinação final adequada.

• Contratar empresas licenciadas pelos órgãos ambientais para realizar o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos.

Benefícios do PGRS

A implementação do PGRS apresenta benefícios sociais, ambientais e econômicos, dos quais podemos citar alguns:

a) Aumento de eficiência na utilização do material durante o processo, mediante maior controle operacional, sendo possível mensurar os resultados.

b) Redução dos gastos com a disposição final dos resíduos, por meio da diminuição das quantidades enviadas aos aterros.

c) Lucro através da venda dos resíduos recicláveis.

d) Diminuição dos impactos ambientais e visuais.

e) Preservação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis.

f) Marketing positivo da empresa, vinculada à imagem de responsabilidade social e ambiental.

O correto gerenciamento dos resíduos permite uma renda extra, por meio da venda de resíduos recicláveis.

A AGENDA 21 E OS RESÍDUOS SÓLIDOS

A Agenda 21 constitui um marco mundial importante na busca do desenvolvimento sustentável em médio e longo prazo. É o principal documento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano. Diz respeito às preocupações com o nosso futuro, a partir do século XXI. Esse documento foi assinado por 170 países, inclusive o Brasil.

O problema dos resíduos sólidos recebeu atenção especial. O tema foi discutido amplamente e, no capítulo 21, seção II - Buscando soluções para o problema do lixo sólido - são apontadas algumas propostas para o seu enfrentamento , entre as quais se destacam as seguintes recomendações:

• redução: redução do volume de resíduos na fonte (com ênfase no desenvolvimento de tecnologias limpas nas linhas de produção e análise do ciclo de vida de novos produtos a serem colocados no mercado);

• reutilização: reaproveitamento direto sob a forma de um produto, tal como as garrafas retornáveis e certas embalagens reaproveitáveis;

• recuperação: extração de algumas substâncias dos resíduos para uso específico como, por exemplo, os óxidos de metais etc.;

• reciclagem: reaproveitamento cíclico de matérias-primas de fácil purificação como, por exemplo, papel, vidro, alumínio etc.;

• tratamento: transformação dos resíduos através de tratamentos físicos, químicos e biológicos;

• disposição final: promoção de práticas de disposição final ambientalmente seguras;

• recuperação de áreas degradadas: identificação e reabilitação de áreas contaminadas por resíduos;

O correto gerenciamento dos

resíduos permite uma renda extra, por

meio da venda de resíduos recicláveis.

Proteção do Meio Ambiente

• ampliação da cobertura dos serviços ligados aos resíduos:

incluindo o planejamento, desde a coleta até a disposição final.

Fonte: ANVISA (2006, p. 35).

No documento PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (páginas 146-156)