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Como já referido anteriormente, a prioridade 2 apenas receberá 15% do valor total do MAR2020. Mas estes 15% não são dirigidos somente às empresas privadas de produção. É preciso ter em conta que no primeiro anúncio de abertura de candidaturas (Anúncio nº 04/2016) dirigida à medida “Desenvolvimento sustentável da aquacultura”, com uma dotação orçamental prevista do FEAMP de 20,25 milhões € e uma dotação total dos apoios (FEAMP mais despesa nacional) de 27 milhões €, foram aprovados 72 projetos sendo que apenas 38 foram dirigidos às empresas privadas. Tendo em conta os projetos aprovados, a dotação inicial teve de ser ampliada, tendo os apoios atribuídos pelo FEAMP ultrapassado os 32,5 milhões €. As restantes candidaturas aprovadas foram relativas a projetos de universidades e institutos públicos que absorveram mais de metade (54% equivalente a aproximadamente 17,4 milhões €) da dotação final do FEAMP para este período de candidaturas. O IPMA foi a entidade que mais beneficiou com a primeira fase de abertura de candidaturas a esta medida, tendo absorvido cerca de 21% do apoio direto do FEAMP, enquanto que o Instituto Superior Técnico (8%), Universidade de Aveiro (7%), Universidade do Algarve (6%), Faculdade de Ciências de

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Lisboa (4%) e outros Institutos/Universidades/Centros de investigação (8%) absorveram o restante. Quer isto dizer que, numa primeira abertura de candidaturas, não foram apenas as empresas privadas de aquacultura a beneficiar dos apoios, apesar de estarem desde 1 de janeiro de 2014 sem poderem aceder aos mesmos, mas também as entidades públicas dependentes do orçamento de estado. Dos 38 projetos atribuídos às empresas privadas, 4 foram para estabelecimentos conexos com um apoio do FEAMP na ordem de 1 milhão € (3%). Os dois maiores projetos aprovados em termos de valor, absorveram cerca de 8,8 milhões € do apoio FEAMP, cerca de 27% do previsto neste período de candidaturas. As restantes empresas de aquacultura beneficiaram apenas de um apoio FEAMP de 5,3 milhões € (16%).

Entretanto, em 2017 foi aberto um novo período de candidaturas para esta medida, através do Aviso nº 15/2017, com uma dotação orçamental do FEAMP de 9,75 milhões € e uma dotação total dos apoios (FEAMP mais despesa nacional) de 13 milhões €. Tendo em conta as circunstâncias descritas no anterior Aviso, este novo Aviso já salvaguardou uma importante fatia da sua dotação orçamental para as empresas de aquacultura. Assim, os investimentos produtivos tiveram um apoio de 9,75 milhões € da dotação total, enquanto que a inovação ficou com 3,25 milhões €. Ainda não existe informação disponível sobre a distribuição dos apoios por projeto, mas sabe-se que foram aprovados mais 15 projetos nesta medida até 30 de Junho de 2018, com um apoio FEAMP de 8,6 milhões €, através da análise dos vários pontos de situação disponíveis no site do MAR2020 [17].

Em resumo, esta medida tinha no final do mês de junho um apoio público de quase 55 milhões € (41,1M€ do FEAMP e 13,7M€ de despesa nacional), representando uma taxa de compromisso de 79,1% (a mais elevada de todas as prioridades), mas apenas 16,6% já foi devidamente pago e validado.

Na medida “Saúde e bem-estar animal”, cujo período de candidaturas se encontrava permanentemente aberto (atualmente já não está), foram aprovadas 10 candidaturas até 28 de fevereiro de 2018, sendo que 4 delas foram de universidades e institutos públicos. No entanto, estas 4 candidaturas absorveram 90,22% do valor total do apoio FEAMP atribuído, enquanto que o apoio às mortalidades (dirigido aos produtores) apenas usufruiu dos restantes 9,78%. O IPMA absorveu cerca de 41% do apoio atribuído a esta medida, tendo a Universidade de Aveiro ficado com 39%. Até 30 de Junho de 2018 foram aprovadas mais 5 candidaturas, com um apoio FEAMP de 16,3 mil €. Pelo valor depreende-se que as mesmas foram destinadas a apoiar mortalidades de bivalves e não projetos apresentados por entidades públicas. No final de junho de

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2018, o valor total do apoio atribuído foi de praticamente 2 milhões € (com pouco mais de 1 milhão € já pago). Este apoio ultrapassou a sua dotação inicial de 1,33 milhões €.

Em meados do corrente ano houve necessidade de efetuar uma reprogramação do programa operacional. Uma das medidas beneficiada com um reforço de verbas foi o “Desenvolvimento sustentável da aquacultura”, com mais 9,33 milhões € (7M€ do FEAMP). Outra medida que viu as suas verbas serem reforçadas com mais 2 milhões € foi a “Promoção da saúde e bem-estar animal”. A medida de “Saúde pública” (apoia os produtores de bivalves aquando das interdições por toxinas durante longos períodos), manteve o seu orçamento. Todas as restantes medidas “Aumento do potencial do sítios aquícolas”, “Aquacultura biológica e serviços ambientais”, “Constituição de seguros das populações aquícolas” e “Promoção do capital humano e ligação em rede” viram as suas verbas diminuir. A principal razão para este facto está na ausência de candidaturas para estas medidas, enquanto que as do “Desenvolvimento sustentável da aquacultura” teve 87 candidaturas apresentadas até 30 de junho de 2018 e a medida “Promoção da saúde e bem-estar animal” 15 candidaturas.

O programa operacional MAR2020 criou muita expectativa nos produtores nacionais, pois estes estavam desde o início de 2014 sem poder aceder a apoios comunitários. Além disso, criou uma série de medidas que vinham a ser reivindicadas pelo setor, onde se destaca o seguro aquícola e os apoios às interdições da apanha por presença de toxinas ou mortalidades massivas. Mas como se viu pela descrição da aplicação dos fundos até 30 de junho de 2018, o setor produtivo apenas utilizou cerca de 43% dos apoios disponibilizados até esta data. As entidades públicas (institutos e universidades) foram quem mais beneficiou destes, fruto também de terem uma taxa de apoio FEAMP de 75% (as empresas privadas têm apenas 38% ou 50% se contarmos com a comparticipação nacional). Em relação a outras prioridades e tal como aconteceu em anteriores programas operacionais, embora agora em menor escala, o governo português dá grande destaque ao setor da pesca (29% dos apoios totais). O setor da comercialização e transformação viu reforçado o seu nível de apoio em relação ao anterior programa operacional, contando já com uma taxa de compromisso de 66,9%. Uma nova prioridade prevista no FEAMP passou também a usufruir de uma verba de 67, 3 milhões €, destinada a controlos, inspeções e recolha de dados das pescas (prioridade 3). Este apoio é destinado apenas a entidades públicas, tal como o previsto nas prioridades 6 (7,1 milhões €) e 7 (30,4 milhões €).

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