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Não menos importante do que a resolução e prevenção de conflitos com outros usos e atividades, a existência de um ordenamento setorial da atividade aquícola permitirá aos produtores existentes verem as suas áreas salvaguardadas de, por exemplo, especulação imobiliária ou tentativas de reutilização para outras atividades. Este facto trará uma maior valorização das unidades de aquacultura e permitirá aos produtores terem uma maior segurança caso queiram efetuar investimentos.

Por outro lado, para os novos investidores será mais fácil e rápido encontrarem as áreas mais adequadas para instalarem novas unidades, se já estiverem perfeitamente identificadas e pré licenciadas. Tomemos por exemplo a Área de Produção de Monte Gordo. Através do Anúncio de procedimento nº 3990/2014 e respetivo caderno de encargos, um investidor sabe exatamente o local onde poderá estabelecer o seu novo projeto, o tipo de cultura e espécies permitidas, duração da concessão e qual o plano de monitorização que terá de implementar, entre outros. Este facto traz uma maior

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previsibilidade ao negócio, um menor investimento em diversos estudos (exº. impacto ambiental, pois já está feito), maior segurança jurídica e uma menor incerteza na obtenção do licenciamento. Enquanto o ordenamento não estiver implementado, os investidores terão de encontrar o(s) local(ais) para implementarem as suas unidades, verificar nos diversos planos de ordenamento existentes para uma mesma área se é possível instalar a nova unidade, efetuar os estudos de impacto/incidências ambientais, efetuar o pedido de licenciamento e aguardar que este lhe seja concedido.

7.3 - Conclusão

Com este capítulo pretendeu-se expor a importância que o correto planeamento da aquacultura poderá ter no futuro da atividade no nosso país. Quer a nível de zonas de águas de transição quer em mar aberto, a existência de um único plano de ordenamento irá facilitar o licenciamento da atividade, proceder à simplificação e redução de procedimentos administrativos, redução de custos de contexto, maior segurança jurídica e acima de tudo, manter a aquacultura como uma atividade de relevo no panorama nacional, contribuindo para o aumento da produção de pescado no nosso país. No entanto e para o caso do mar aberto, a proposta do Plano de Situação poderá ter o efeito contrário ao esperado, uma vez que é pretendido pelo mesmo afastar as atuais zonas de produção para além das duas milhas na costa do Algarve. Este facto poderá tornar inviáveis as unidades de produção devido ao aumento dos custos de produção, sem contar com os custos de deslocalização das estruturas e lucros cessantes. No caso das águas de transição ainda não se sabe o que irá ser proposto, mas é esperado que o Plano possa identificar as atuais áreas de produção e novas áreas com potencial em zonas adequadas para a produção.

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