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2 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA AVALIATIVA

2.3 O desenho da pesquisa

2.3.2 Aplicação dos questionários

Aplicados somente aos coordenadores de cursos presenciais de graduação, os questionários me possibilitaram colher dados referentes aos aspectos institucionais, de formação acadêmica, ano de nascimento e sexo dos sujeitos pesquisados. Eles contribuíram na análise dos dados obtidos a partir das questões que levei a campo sobre o ENADE, sua relação com os cursos de graduação, o papel desse exame e seus dados nos processos de gestão e avaliação das instituições e cursos de graduação e também dos processos regulatórios para a ES.

Elaborarei um questionário para aplicação junto aos coordenadores dos cursos presenciais de graduação sediados nos campi do Pici, Benfica e Porangabussu, situados em Fortaleza, e cujos alunos concluintes já tenham se submetido ao ENADE até o ano de 2013. Com 38 questões fechadas e 2 abertas, o questionário foi elaborado com questões cujas respostas, em sua maioria, foram estruturadas em três ou cinco opções: sim, não ou em parte; e concordo totalmente, concordo, discordo, discordo totalmente e prefiro não responder. Com isso, pretendi que os sujeitos se posicionassem sobre as questões ao pensar sobre as relações e desdobramentos do ENADE nos cursos avaliados e, com isso, avaliassem o ENADE como instrumento avaliativo e de auxílio à gestão acadêmica (vide APÊNDICE A e ANEXO B).

Como em minha pesquisa avaliativa não tive a intenção de generalizar os dados obtidos para a população docente dos cursos pesquisados nem tampouco para o universo da UFC, para a aplicação dos questionários, utilizei uma amostragem não probabilística definida

pelos critérios de intencionalidade e conveniência5. Além do mais, como a população é relativamente pequena, foi possível aplicar os questionários a um número de pessoas relativamente próximo ao total do universo pesquisado. Abaixo, referentes apenas aos cursos presenciais de graduação sediados em Fortaleza, seguem o quantitativo de cursos, de cursos cujos alunos concluintes tenham realizado o ENADE até 2013, número de coordenadores de cursos de graduação, número de coordenadores de cursos cujos alunos passaram pelo ENADE até 2013 e número de coordenadores que responderam ao questionário da pesquisa.

Tabela 1 - Dados sobre quantitativo de cursos de graduação e coordenadores

Total de cursos em Fortaleza 88

Cursos com ENADE 62

Nº de coordenadores 72

Nº de coordenadores de cursos com ENADE 49

Nº de coordenadores respondentes 42

Fonte: Dados elaborados por mim com referência a janeiro de 2014.

A construção da amostra me apresentou algumas pequenas dificuldades, pois há cursos com dois coordenadores, mas que eram identificados para o ENADE como sendo apenas um curso para inscrição dos alunos, como foi o caso de Engenharia de Teleinformática, Ciências Econômicas e Administração, que possuem oferta diurna e noturna. Ou, então, de cursos que passaram apenas uma vez pelo ENADE, como a Zootecnia e Engenharia de Pesca, ou de cursos que passaram duas vezes, como Biblioteconomia, e que não voltaram mais a ser integrados à realização do exame por escolha do INEP.

Afora esses casos, houve a situação de cursos como Ciências Biológicas e Geografia, que ofertam duas modalidades de curso - licenciatura e bacharelado e assim são catalogados pelo INEP para a realização do ENADE -, mas que possuem apenas um coordenador; houve, por fim, o caso mais complexo, que foi o curso de licenciatura em Letras, com várias habilitações, sendo catalogado pela INEP como cursos diferentes, mas que possuem apenas um coordenador responsável por todas as habilitações dos cursos diurnos.

5 Segundo Barbetta (2007), a amostragem por conveniência é adequada e frequentemente utilizada para geração

de ideias em pesquisas exploratórias, de modo que é o pesquisador que define quais as unidades convenientes para a pesquisa. Por outro lado, a amostragem por intenção baseia-se na escolha deliberada e exclui qualquer processo aleatório. Os elementos que deverão compor a amostra são julgados como adequados tendo como base escolhas de casos específicos, na população onde o pesquisador está interessado. É o pesquisador que seleciona os elementos pertencentes à amostra, por julgar tais elementos bem representativos da população.

Essas dificuldades foram suplantadas a partir da minha definição para a pesquisa de aplicar questionários para tantos coordenadores houvesse, independentemente da quantidade de cursos cujos concluintes tenham participado do ENADE no período de 2010 a 2012. Justifico essa escolha, pois, no período em que estive em campo, o INEP havia disponibilizado publicamente, em seu site institucional, os relatórios referentes ao ENADE até o ano de 2012.

Antes da aplicação do questionário, realizei um teste piloto que inicialmente não demonstrou nenhum problema de compreensão para preencher o questionário, contudo, à medida que a pesquisa ia avançando e quando me era possível aplicar pessoalmente o questionário com o docente, alguns problemas do instrumento foram se evidenciando, informados pelos próprios docentes, como o fato de não haver a opção “Não sei responder” e “Não se aplica”. Assim, algumas respostas que poderiam ter sido enquadradas em uma destas últimas opções foram registradas como “Prefiro não responder”, segundo os próprios respondentes. Como já estava avançada a pesquisa, não poderia mais refazer os questionários e prossegui levando em conta tal observação.

Feitas as observações acima, informo que distribuí ao todo 46 questionários no período de agosto a outubro de 2014 e que 42 foram respondidos. Nesse processo, procurei o máximo possível fazer pessoalmente a aplicação do questionário junto ao coordenador para que pudesse entrevistá-lo de maneira informal e registrar algumas impressões sem o uso de gravador. Percebi que esse procedimento foi muito vantajoso, pois todos os docentes com quem assim procedi responderam a parte discursiva do questionário, diferentemente daqueles a quem apenas pude entregar o instrumento para devolução posterior. Esse procedimento me possibilitou uma melhor aproximação, que me viabilizou o agendamento posterior de entrevistas.

Embora os dados dos questionários tenham sido organizados e trabalhados estatisticamente, meu manuseio com eles foi fundamentalmente qualitativo para o desenvolvimento de minha interpretação dos dados, seguindo, assim, a compreensão de Bauer e Gaskell (2002) de que “os dados não falam por si mesmos, mesmo que sejam processados cuidadosamente com modelos estatísticos sofisticados” (p. 34). Dessa forma, a análise prévia dos questionários e as pequenas entrevistas informais com alguns coordenadores me possibilitaram selecionar aqueles com quem eu faria uma entrevista mais demorada e detalhada com o uso de gravador.